Regina Mills
A véspera das eleições está me deixando louca. Eu sabia no que estava me metendo e em como minha vida irá mudar caso eu vença, mas estando tão perto assim acaba sendo um pouco assustador.
Olho no relógio em cima da cabeceira. São 02:38 da manhã. Emma está deitada no meu colo e dorme tranquilamente. Retiro o cabelo que estava em seu rosto e beijo sua testa levemente. Observo ela em seu glorioso sono e por um momento sinto inveja, mas ao notar que eu tenho o privilégio de ter essa visão, logo isso passa e dar lugar ao sentimento de gratidão.
Começo um carinho em seus cabelos e logo escuto seu suspiro de satisfação, deixo meus pensamentos fluir e espero até que o sono seja maior que eles.
~•~
Emma Swan Cassidy
Acordo com o despertador tocando ao meu lado. Regina nem ao menos escuta a barulheira, o que me faz estranhar. Levanto e vou até o banheiro fazer minhas higienes matinais e tomar um banho.
Após quase meia hora, volto para o quarto e encontro Regina na mesma posição em que estava quando levantei. Caminho em sua direção e sento na cama.
- Rê? Amor? Acorda. - Chamo a sacudindo delicadamente.
- Só 5 minutinhos. - Escuto sua voz embaixo das cobertas dizer.
- Não amor, já passam das 06:40h. Você vai se atrasar. - Digo lembrando que o julgamento é as 08:30.
Preguiçosamente Regina senta na cama e esfrega seus olhos com um biquinho muito lindo.
- Hoje o sono estava pesado né? - Falo de forma divertida.
- Fui dormir quase quatro da manhã. - Ela comenta.
- O que? Porque? - Indago.
- Ansiedade, os pensamentos a mil. - Minha namorada fala.
- E porque não me acordou para eu ficar com você? - Questiono franzindo a testa.
- Eu não ia te tirar do seu sono tranquilo só por que eu entrei em uma epifania de madrugada. - Regina diz se levantando.
- Pois deveria. Namorada serve para isso também. - Comento.
- Bom dia amor! - Regina diz me dando um selinho.
- Bom dia. - Repondo e ainda sentada na cama observo enquanto ela caminha até o banheiro.
N
a mesa do café da manhã, Regina come de forma um pouco desesperada por conta do atraso.
- Mamãe Regina, a comida não vai correr. - Henry fala me fazendo rir.
- Eu sei querido, é que eu estou um pouco atrasada e quem precisa correr sou eu. - Ela responde um pouco envergonhada.
- Eu sempre falo isso para ele quando está comendo apressado demais. - Explico.
Terminado o café da manhã, Regina, eu e Henry saimos. A morena ficou de levar o garoto e eu aos nossos respectivos colégios antes de ir para seu destino.
- Vai fazer o que enquanto estou fora o dia inteiro? - A morena pergunta sem olhar para mim.
- Estudar, trabalhar e eu marquei de almoçar com o Kill hoje. - Comento e vejo ela virar a cabeça lentamente em minha direção.
- O capitão de araque? - Ela indaga mesmo sabendo a resposta.
- Ele mesmo. - Confirmo rindo.
- Interessante. - É tudo o que ela se limita a dizer.
- Amor, ele é meu amigo. - Digo.
- Que admitiu que gostava de você, mas tudo bem. - Ela diz.
- Mas eu já deixei claro que estou com você e que entre nós dois só vai ter amizade. - Rebato.
- Emma, eu sou sua namorada e não sua dona. Você quer almoçar com ele? Vá. Você sabe seus limites. - Regina diz ainda sem olhar para mim.
- Exato, eu sei. Assim como você sabe os seus com a Rachel. - Confirmo e vamos o caminho todo em silêncio.
Regina para em frente ao colégio do Henry e desço rapidamente para levá-lo até a entrada e volto para seguirmos o caminho.
- Não precisa sentir ciúmes. - Falo. - Eu só quero ser sua.
- É impossível não ter ciúmes de você. - Ela fala. - Acho que quando encontramos a melhor coisa das nossas vidas o medo de perder é algo constante.
- Você é muito fofa meu Deus. - Falo revirando os olhos e beijo seu pescoço.
- Amor! Eu estou dirigindo. - Ela diz. - Posso causar um acidente.
- Ah tá, desculpe. - Falo pondo a mão em sua coxa e levando para dentro de sua saia.
- Emma Swan! - Minha namorada grita me fazendo gargalhar.
Regina me deixa em frente ao colégio e lá me despeço com um beijo caloroso de boa sorte.
Assim que entro no lugar avisto James de longe e então passo a caminhar em sua direção.
- Bom dia meu Herói. - Falo.
- Bom dia Ems. - Ele diz um pouco cabisbaixo.
- Nossa! Que bom dia caloroso. Senti a animação daqui. - Comento.
- Ai amiga, sinto muito, mas é que ontém eu tive um date péssimo. - Ele fala.
- Como assim? - Indago curiosa.
- Tipo aquela coisa de catfish, sabe? Na internet é uma coisa e na vida é outra. - Ele responde fechando seu armário e então passamos a caminhar, pois minha primeira aula será dele.
- E ele era feio? - Pergunto.
- Não, ele era um gatinho, mas estava com vergonha porque era gordo. - Ele diz. - Mal sabe ele que eu adoro os ursinhos. - James diz me fazendo rir.
- E ele não merece uma chance? - Pergunto. - Você gostou dele.
- Não sei, ele mentiu sobre quem ele era e eu fico me perguntando sobre o que mais ele é capaz de mentir, entende? - Ele fala.
- Entendo. - Digo. - Tadinho do meu amigo.
- A triste vida do viado solitário. - James fala e é impossível não rir. - Sortuda é você.
- Eu? - Pergunto.
- Sim, namora aquela deusa grega e que te ama. - Ele diz.
- É, eu sou muito sortuda. - Comento e então chegamos na sala aonde somos somente professor e aluna.
~•~
Ao sair do colégio vou direto o encontro de Killian.
Marcamos no restaurante perto do escritório, pois assim ficaria mais fácil para mim.
Ao longe noto um homem sentado e só pela forma de se vestir, já sei que se trata do meu amigo.
- Olá Kill. - Falo pondo uma mão em seu ombro.
- Emma! - Ele se levanta e me cumprimenta. - Confesso que fiquei surpreso com seu convite.
- Por que? - Pergunto me sentando.
- Sabe? Sua namorada não gosta muito de mim. - Ele diz.
- Não é bem assim. E Regina confia em mim. - Digo.
- Bom, então fico mais aliviado. - Ele fala. - Mas então quais as novidades? - Ele pergunta querendo mudar de assunto e mentalmente eu agradeço.
- Estudando muito, trabalhando e vendo uma forma de me multiplicar. - Falo divertida.
- Nossa, achei que ouviria "Minha namorada me levou para a Tailândia semana passada e foi incrivel" - Ele responde.
- Quem dera! Regina anda mais estressada que eu. - Comento. - Talvez ir a Tailândia não fosse algo ruim.
- É, acho que ser ela não é fácil. - Ele diz.
- Pode ter certeza que não é. - Falo. - Mas e você? - Pergunto.
- Trabalhando, sendo pai e conheci alguém. - Ele diz e vejo um sorrisinho no final da última frase.
- Opa! Alguém? - Pergunto me endireitando na cadeira.
- Sim, ela é incrível e é tão boa com a Alice. - Ele diz.
- E vocês já estão sério ou ainda é só flerte? - Pergunto.
- Bom, ainda não é oficial, pois eu quero ir devagar sabe? - Killian diz. - Ela estava envolvida com alguém até pouco tempo atrás e então não quero assustá-la. - Ele fala por fim.
- Super entendo. - Comento. - Mas então, vai me contar quem é ela ou vai fazer suspense? - Pergunto.
- Vou fazer um pouco mais de suspense, mas assim que der certo você será a primeira a saber. - Ele fala.
Killian e eu aproveitamos o tempo que tinhamos e colocamos todos os assuntos em dia durante o almoço.
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Durante a tarde vou para o escritório e caminho até a sala de Regina como de costume, mas ela ainda não estar lá. Ela tinha dito que esse julgamento séria longo, mas de qualquer forma decidir checar e confesso que me sentir um pouco frustrada ao não vê-la sentada em sua cadeira.
Saio da sua sala e volto ao trabalho e lá atendo algumas ligações, remarco reuniões e Organizo algumas papeladas com processos que serão repassados.
Já passam das quatro quando sinto meu celular vibrar.
- Alô? - Atendo sem ao menos ver quem é.
- Loira poderosa! - Escuto a voz de Zelena do outro lado da linha.
- Oi Zel! - Digo animada.
- Regina já chegou? - Ela indaga.
- Ainda não, ela disse que hoje seria um dia longo.
- Espero que ela ganhe a causa. - A ruiva comenta.
- Tenho certeza que ela irá conseguir. - Falo. - Ela se preparou MUITO pra isso.
- Sim. - Zel concorda. - Mas eu queria saber se chegou algum pacote para Regina ai? - Ela pergunta.
- Que eu saiba não. Você mandou aqui para o escritório? - Indago.
- Sim, a previsão de chegada era para hoje. - Pergunto.
- Bom, vou ver lá embaixo. - Falo me levantando.
- Obrigada cunhadinha linda. - Zel fala.
Vou até a recepção e descubro que tinha chegado um pacote destinado a Regina pela manhã e ao pegar nas mãos vejo uma pequena caixa.
- Está aqui sim Zel, estou com ele nas mãos. - Confirmo e escuto ela vibrar.
- Graças a Deus que deu tempo. - Ela diz.
- Posso saber o que é? - Pergunto.
- É surpresa. Você deve dar isso a Regina amanhã, quando ela ganhar as eleições. - Ela explica me deixando mais curiosa ainda.
- Ah Zel, conta o que é! - Peço.
- Não! - Ela fala me fazendo revirar os olhos. - E nem revire esses olhos. - A ruiva diz me assustando.
- OK, tem alguma câmera aqui ou... - Falo olhando para todos os lados.
- Não precisa, eu te conheço melhor do que você imagina. - Ela diz.
Após me despedir de Zelena pego a pequena caixa e passo a olhar como se eu tivesse olhos de raio-X. Fico assim por algum tempo e até tento balançar a caixa para ver se reconhecia algum som, mas nada acontece.
Fico tão concentrada nisso que nem ao menos percebo a presença de Rachel.
- Olá Emma. - Ela diz me fazendo tomar um pequeno susto.
- Oi Rachel! - Falo saindo mais escandalosa do que pretendia.
- Regina está? - Ela indaga.
- Não, ela está em julgamento ainda. - Explico.
- Bom, você pode entregar esses documentos a ela? Não poderei voltar aqui hoje, pois tenho um encontro. - Ela diz me deixando um pouco surpresa.
- Claro! - Falo pegando os papéis de sua mão.
- Obrigada! - Ela diz e faz menção de sair, mas então volta e me encara.
- Emma, podemos tentar não ficarmos em um clima ruim toda vez que nos encontramos? - Rachel pergunta.
- Claro, com certeza! - Respondo tentando dar o sorriso mais simpático que consigo. E ela apenas ascente e vai embora.
Está na hora de deixar essas coisas de lado e agir com profissionalismo.
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Regina Mills
20:40h foi o horário em que o juri tomou sua decisão. Já passei por diversos julgamentos, mas o momento em que o juiz dá a sentença sempre me faz sentir um nó na garganta e dessa vez não foi diferente.
Após o resultado caminho diretamente para o meu carro e então dirijo automaticamente para a casa de Emma. Tinha dito que dormiria sozinha hoje, pois sairei cedo para a viajem até Albany, mas eu preciso dela.
Assim que bato na porta de seu apartamento e ela abre, desabo em seus braços.
- Oi meu amor! - Ela fala com um sorriso, mas ao ver meu estado, logo ele morre. - O que aconteceu?
- Preciso de você hoje. - Falo. - Pode me dar abrigo? - Pergunto.
- Claro que posso. - Emma responde sorrindo para mim, mas não consegue esconder o semblante preocupado.
Entro e então reparo que ela estava vestida com um baby doll azul de seda que simplesmente a deixava maravilhosa.
- Você atende todo mundo assim? - Pergunto.
- Todo mundo não, só quem vem a essa hora. - Emma responde me provocando.
- Virei aqui todos os dias a essa hora. - Comento e ela ri.
-Mamãe Regina! - Henry vem correndo em minha direção e então pego ele no colo e encho de beijos.
- Oi meu amor! - Falo.
Converso um pouco com Emma e Henry, mas preciso de um banho, então pego uma das roupas minhas que estão aqui e caminho até o banheiro.
Quase duas horas depois Emma bate na porta do banheiro.
- Amor, você está bem? - Ela indaga.
- Estou sim. - Respondo e finalmente saio da banheira, porém minha vontade era de ficar por pelo menos mais umas horas lá.
Quando saio Emma está sentada na cama com uma cara apreensiva.
- Meu Deus! Olha o seu estado. -Ela diz e olho para minha mão que parecia de uma senhora de 95 anos.
- Não se preocupe amor, daqui a pouco volto ao normal. - Comento rindo.
- Está tudo bem? - Emma indaga.
- Está sim. - Respondo.
- Como foi o julgamento? - Ela pergunta.
- Eu perdi a causa. - Digo e vejo seus olhos se arregalarem.
- Como assim? - Ela questiona.
- É, meu cliente foi condenado a mais de 75 anos de prisão em regime fechado em um crime inafiançável. - Explico. - Mas tudo bem, pois ele realmente matou aquela mulher.
- O que?! - Mas... Ele não jurava que não havia matado? E todas aquelas provas que pareciam falsas e tudo aquilo que não estava batendo? - Emma pergunta quase desesperada.
- Bom, aparentemente eram reais, pois ele simplesmente confessou sem ao menos me avisar. - Respondo.
- Oh meu Deus! Eu sinto muito! - Minha namorada diz e me abraça.
- Não estou mal por que ele foi condenado, afinal se ele é culpado ele deve pagar, mas... Eu acreditei nele, acreditei na sua inocência e quase coloquei aquele monstro na rua. - Falo.
- Regina, amor... Você não foi a única, várias pessoas também acreditavam na inocência daquele homem, inclusive eu. - Escuto a loira falar.
- Tudo bem, mas eu sou advogada e isso foi de uma incompetência tremenda amor... E isso me faz pensar se eu estou pronta para comandar aquele lugar. - Confesso.
- Você não está raciocinando direito. Esse julgamento não tem nada a ver com sua competência em relação as empresas. Não deixe sua insegurança fazer você pensar algo assim. Você apenas acreditou na história daquele homem e foi até as últimas instâncias para libertá-lo, esse é o seu trabalho e você o faz muito bem, tenha certeza disso. - Emma fala olhando no fundo dos meus olhos e sinto verdade em tudo o que ela diz.
- Eu espero que eu esteja a altura disso. - Falo.
- Está brincando? Você é perfeita! - Minha loira fala. - Amanhã quando você vencer, vai mostrar que aquela empresa só pode ser comandada por um nome: Regina Mills.
- Assim eu espero. - Digo sentindo um certo alívio.
- Você verá. - Ela fala e me dá um sorriso.
Amanhã será um dos dias mais decisivos da minha vida.
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