One More Night

By PizzaDuarda

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Na frente das câmeras, uma amizade. Por trás delas, um amor interrompido por um contrato profissional. Caitr... More

Capítulo 1: Fúria encoberta
Capítulo 2: Eu pensei que você voltaria
Capítulo 3: Uma noite
Capítulo 4: Retorno a realidade
Capítulo 5: Prova real
Capítulo 6: Inconformado
Capítulo 7: Encarando as consequências
Capítulo 8: Escolhas
Capítulo 9: Revelações
Capítulo 10: Depois de tudo
Capítulo 11: Não faça mais isso!
Capítulo 12: Limites
Capítulo 13: Uma noite - parte II
Capítulo 14: Dia da mudança
Capítulo 15: 1° semana
Capítulo 16: Baby bump
Capítulo 17: IFH
Capítulo 18: Happy birthday Sammy!
Capítulo 19: Momentos
Capítulo 20: Loving and fighting
Capítulo 21: Pesadelos
Capítulo 22: Provocações
Capítulo 23: Efeito colateral
Capítulo 24: Cinema, jantar e...
Capítulo 25: Edimburgo - Parte I
Capítulo 26: Edimburgo - Parte II
Capítulo 27: Edimburgo - Parte III
Capítulo 28: Edimburgo - Parte IV
Capítulo 29: Reconciliação
Capítulo 30: Conexão
Capítulo 31: You broke me first
Capítulo 32: Irlanda - Parte I
Capítulo 33: Irlanda - Parte II
Capítulo 34: Irlanda - Parte III
Capítulo 36: E a verdade é contada...
Capítulo 37: It's a...
Capítulo 38: It's a... - Parte II
Capítulo 39: To build a home
Capítulo 40: inseguranças e hormônios
Capítulo 41: Tour de divulgação
Capítulo 42: Tour de divulgação - Parte II
Capítulo 43: volta pra casa
Capítulo 44: Papai tem conversa séria com bebê
Capítulo 45: That's a wrap
Capítulo 46: odeio mudanças
Capítulo 47: a volta dos que não foram
Capítulo 48: concessões
Capítulo 49: tudo desmorona
Capítulo 50: 30 semanas
Capítulo 51: Curso de pais
Capítulo 52: O outro
Capítulo 53: welcome, baby girl!
Capítulo 54: o que a madrugada guarda...
Capítulo 55: Happy Birthday, Cait
Capítulo 56: desentendimento
Capítulo 57: jogo de sedução
Capítulo 58: Surpresa
Capítulo 59: Surpresa - Parte II
Capítulo 60: Hormônios
Capítulo 61: O começo
Capítulo 62: O parto
Capítulo 63: Depois do parto
Capítulo 64: pequenos momentos
Capítulo 65: Natal
Capítulo 66: Pai e filha
Capítulo 67: Primeiro encontro
Capítulo 68: afogar o bico do ganso
Capítulo 69: os finalmentes
Capítulo final: Happy Ending - Parte I
Capítulo final: Happy Ending - Parte II
Capítulo final: Happy Ending - Parte III

Capítulo 35: Irlanda - Parte IV

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By PizzaDuarda

Dedicado a TODOS vocês que me fizeram chorar com os comentários no capítulo passado!!! Muito obrigada mesmo por todo o carinho, espero que aproveitem bastante os dias de felicidade!!! ❤️😘

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— No que você está pensando? — Pisquei e encontrei os olhos azuis tão profundos quanto o oceano e tão límpidos quanto o céu de Cait me olhando com demasiada atenção.

— Em como é bom ter você em meus braços.

— Eu estava em seus braços ontem e antes disso também. — Dei uma risada e capturei seus lábios com o meu. — Está tudo bem, Sammy? — rocei nossos lábios e me afastei para encara-la nos olhos.

— Estou feliz. Mais do que isso, Cait. Estou completo agora que estamos juntos de novo e radiante que em breve teremos nosso bebê conosco. — acariciei sua barriga que sempre parecia maior durante amanhã, como se o bebê se esticasse todo e a barriga o seguisse.

— Eu também estou radiante, querido. — sorriu para mim, acariciando meu maxilar com seus dedos.

— É diferente sabe?

— O que?

— Ter você nos meus braços agora.

— O que mudou?

— Nós, eu acho.

— Nós não mudamos, Sammy. Éramos um do outro antes e nunca deixamos de ser... não de verdade de qualquer modo. — me deu um sorriso triste, pelo tempo perdido que não podíamos recuperar. — A única diferença agora é de agora para ontem é que nós finalmente aceitamos o que já sabíamos, amor. E todo aquele peso de tentar manter o sentimento, a verdade... afastados, não existe mais.

— Eu te amo, sabia? — murmurei roçando nossos lábios.

— Eu amo você. — murmurou de volta e tomou minha boca na sua. Nossas línguas exploraram mutualmente de maneira lenta, apreciando o toque de nossos lábios, o gosto de nossas línguas unidas. — Temos que conversar. — murmurou assim que nossos lábios se desgrudaram.

— Precisamos mesmo? — ela bufou e eu ri. — Tudo bem, Cait. Manda.

Quando Cait ou eu queríamos saber algo, fazíamos um jogo de perguntas e respostas.

— Você teve alguma coisa com a Chloe?

— Não, nunca tivemos nada além de amizade. E você amava o Tony?

— Não. Eu tentei me fazer amá-lo, mas... não conseguia. Meu coração sabia antes de mim de que não podia amar outra pessoa além de você. — Sorri, beijando sua bochecha. — O que ela estava fazendo no pub no seu aniversário?

— Eu não a convidei, foi puro acaso ela está lá logo naquele dia.

— Péssimo timing! — Alegou com uma carranca e eu assenti.

— De fato. Você realmente quis dizer aquilo?

Fazia meses que queria fazer essa pergunta. Aquela frase ecoava em minha cabeça nos momentos mais inesperados e causava um aperto no meu coração toda vez "teria sido sua culpa".

— Não, Sam. Não! — ela segurou meu rosto entre suas mãos, sabendo ao que exatamente eu me referia. — Você poderia me perdoar por isso? Eu... — ela fungou. — Eu estava tão assustada por quase ter pedido ervilhinha e estava cega de ciúmes pelo abraço que vi... eu jamais culpei você. Só queria te machucar naquela hora porque é meu mecanismo de defesa. Eu ataco quando estou vulnerável... — ela suspirou e ergueu o olhar de novo para o meu — Você pode me perdoar?

— Eu já te perdoei, querida. — beijei sua testa. — Eu só queria saber se era mesmo como se sentia.

— Não era e nunca será! Sinto muito, Sam. — ela colou nossas testas e me abraçou. — Sinto muitíssimo. Nem posso imaginar o quanto esse pensamento tem rondado sua cabeça desde aquele dia... me desculpe.

— Me desculpe também — murmurei contra os seus cabelos. — Eu não deveria ter deixado você acreditar que estava namorando, não deveria ter deixado você se sentir daquele jeito.

— Me desculpe por ser tão difícil.

— Me desculpe por desistir.

Ela se afastou para me olhar nos olhos de novo.

— O que mudou agora, Sam?

— O que?

— Do que éramos antes. — ao ver meu olhar confuso, ela explicou: — O que mudou para termos certeza de que vai dar tudo certo dessa vez? Não deu antes e nós nos amávamos... eu sei que agora tem a ervilhinha, mas isso é o suficiente?

— Não é só a ervilhinha. Nós estamos diferentes também, Cait. Nós sabemos o que é ficar um sem o outro e sabemos que não queremos que isso aconteça de novo. Nós não estamos entrando com ressalvas e vamos lutar para que nosso amor vença.

— Eu não vou desistir mais de você. — garantiu segurando minha nuca.

— E nem eu de vocês. — A beijei novamente e deixei que nossos corpos levassem quaisquer dúvidas embora.

[...]

O acampamento Balfe já estava em toda atividade quando nós dois saímos da barraca que compartilhamos de mãos dadas. Conforme passávamos por alguns desgarrados que ainda não havia se juntado ao resto da família para o café da manhã, recebíamos olhares desconfiados ou sorridentes. Ao chegarmos na mesa, Cait não deu bom dia ou criou expectativas, apenas parou em frente a mesa onde a maior parte da família estava sentada e disse:

— Estou grávida!

Todos a encaram como se ela tivesse perdido a cabeça. Eu a encarava como se ela tivesse perdido a cabeça. Era para termos chamado o pai dela para conversas primeiro, ter passado pelas ameaças de morte com vida e, depois, contaríamos para o resto da família com algum tato.

— Podem perguntar. — Concedeu.

— Quando?

— Quanto?

— Como?

— Você é o pai?

— Não acredito.

— Você o que?

— Não acredito! — A voz de Lorraine soou mais alta e mais animada do que todas as outras e então ela estava em nossa frente, puxando a irmã para um abraço apertado. — Não acredito! — repetiu e se afastou. — Nós vamos ter bebês juntas, Cat!

— Você está mesmo grávida?

— VAMOS TER OUTRO PRIMINHO? — uma das crianças gritou, atraindo a atenção das outras que vieram correndo.

— TITIAAAAAA

— TITIOOOOO

— Tá legal! Todos os pestinhas para o lago. — ninguém se mexeu ou fez qualquer indicação de que havia escutado o avô. — AGORA! — A firmeza no tom de voz de Jim poderia ter feito montanhas caírem e as crianças saíram correndo para o lago junto com Kev. Me aproximei mais de Cait, não me orgulho disso, mas o fiz. — Tem algo mais para dizer?

— Como o que, papai?

— Quando é o casamento? — Caitríona merecia um prêmio por manter o rosto impassível e outro por nem ao menos piscar.

— Não vamos nos casar, papai. Ao menos não em seus termos. — toda minha atenção se voltou para ela e ela me deu um sorrisinho. — Ainda estou esperando, Heughan.

— Caitríona...

— Pai, eu não sou uma criança. Sam e eu somos adultos, e, apenas nós dois podemos tomar as decisões sobre o nosso futuro e do nosso bebê. — coloquei minha mão na base de sua coluna e me aproximei.

— Senhor Balfe, eu amo a sua filha e amo o nosso bebê. Iremos fazer tudo para que ele cresça em um ambiente repleto de amor e carinho. Prometo.

— Pai?

— Jim é apenas um velho babão. — Comentou Annie se aproximando do marido e segurando sua mão. — Querido, você não está feliz com a notícia?

— Estou, mas...

— Mas? — Annie o encarou com a sobrancelha erguida.

— Eles vão ter um filho sem casar.

— Se eu me lembro bem, nós não éramos casados quando concebemos o Kevin.

— O que? Eca! — Cait tampou suas orelhas com as mãos, me fazendo rir. Ela me deu um chute.

— Jim. — A voz de Annie soou irredutível. Parece que eu não era o único sob o poder de uma Balfe.

— Estou muito feliz com a notícia, querida. — Ele olhou para Cait com os olhos transbordando amor e eu me senti emocionado. — Você é uma mulher incrível e uma filha maravilhosa. Tenho certeza que será uma mãe excelente.

— Oh, papai! — Cait me soltou e abraçou o pai com força, enquanto ele acariciava os seus cabelos com demasiado carinho.

Os dois separaram o abraço e Cait voltou para o meu lado.

— Enquanto você, Heughan... suponho que será um bom pai também.

— Pai tem mais uma coisa que precisamos contar.

— São gêmeos?

— O que? — Falamos juntos. — Não! — Negou Cait apressadamente. — Já estou de cabelos brancos pensando em como educar uma criança, imagina duas?

— Nós educamos sete.

— Por isso vocês são os meus heróis. — Eles riram, mas Cait não. Ela estava nervosa, suas mãos soavam, ela mordia os lábios e desviou o olhar dos dele mais de uma vez. — Nós... eu ainda estava com o Tony quando eu e Sam dormimos juntos.

Silêncio.

— Jim. — Annie o cutucou na barriga e ele piscou atordoado.

— Você o ama, Cait?

— O que?

— Você ama o Sam?

Ela olhou para mim e de volta para o pai e então respondeu: — Sim, eu o amo. Mas não foi algo planejado ou...

— Está tudo bem.

— Está?

— Sim. Você se arrepende da forma como as coisas aconteceram, certo? — assenti. — Então é tudo o que pode fazer sobre o passado, querida. O passado não volta, não podemos refazer os erros que cometemos, mas podemos nos arrepender por eles e decidirmos ser melhores no futuro.

— Obrigada, papai. — suspirou. — Estou contando isso porque... não fizemos o DNA.

— Caitríona, você não escondeu a gravidez do outro, escondeu?

— Claro que não, pai. Contei aos dois e deixei que tomassem uma decisão.

— E você escolheu criar o bebê. Por que? — O olhar de Jim podia ser comparado a uma lâmina.

— Porque amo sua filha.

— E isso será o suficiente se quando o bebê vier, tiver a cara do outro?

— Pai!

— Sim. — respondi simplesmente. — Mesmo que não houvesse nenhuma chance de eu ser o pai biológico, eu tomaria a mesma decisão. E eu amaria esse bebê da mesma forma. — Repousei minha mão em seu ventre e Cait sorriu emocionada.

— Há alguma possibilidade dele vir atrás do bebê depois? — Jim questionou. Cait deu de ombros como se até mesmo pensar nisso a desse calafrios, assim como eu.

— Eu deixei tudo as claras com ele. Mas sou uma figura pública, pai. Não posso estar despreparada caso algo sobre isso vaze para a mídia, preciso proteger meu bebê.

— Você já é uma mãe excelente, querida. — Disse dona Annie.

— Estamos todos com vocês. — Concordou o senhor Balfe e foi isso. Havíamos saído vivos da revelação.

[...]

Toda a família de Cait escutou com paciência a história, sem julgamentos ou repreensões. Depois fomos tomados em abraços e parabenizações intermináveis — Já que a família era imensa — e sorrimos verdadeiramente para cada um deles. E depois disso vieram as crianças mais do que entusiasmadas com o novo priminho ou priminha e comigo. Era estranho ser o objeto de curiosidade das crianças, mas era ainda mais estranho vê-los tão animados com a perspectiva de que eu voltaria em todos os Torneio dos Balfe's. Isso era de longe o que mais importava para eles.

— Hora do RUGBY! — Uma das crianças gritou trazendo a bola consigo e correndo de um lado para o outro.

— Pronto para ser derrotado de novo? — Debochou Cait ao meu lado.

— Tudo gira entorno de ganhar para você? — Perguntei fingindo estar irritado. Ela me deu um olhar de deboche.

— É claro que sim. — revirei os olhos. — Antes de começarmos... queria te dizer uma coisa. — me virei para ela totalmente e ela se aproximou, passando seus braços ao redor dos meus ombros. — Eu aceito.

— Aceita o que?

— Comprar uma casa com você.

— Mas nós ainda nem...

— Não importa, Sammy. Nada disso importa além de estar com você e acho que é um ótimo grande passo para darmos agora.

— Não é maior que um bebê. — ela ri.

— De fato, não é.

— Está certa disso? — assentiu e eu a beijei apaixonadamente enquanto a girava em meus braços. Ela ria no meio do beijo e apesar de sentir outros olhares em nós, nada mais importava. — Estou muito feliz.

— Eu também. — ela me deu mais um beijo antes de se libertar dos meus braços e ir para o lado do seu time.

Rugby.

Eu era bom em rugby. Muito bom. Então tínhamos uma chance de vencer. O time verde — meu time —, não sabia o que era vencer desde que Kevin assumiu a liderança, mesmo sendo sortidos. Então hoje, eu iria vencer. Não só por mim, mas por eles e principalmente para tirar aquele sorrisinho convencido e arrogante do rosto de Caitríona Balfe.

— Vamos time! — Anne Marie gritou.

Me aproximei de onde o time verde estava reunido e Kev dava um discurso motivacional pouco empolgado. Vergonhoso!

Estamos prontos para ganhar? — questionei me aproximando, as crianças deram gritinhos entusiasmados e até mesmo David se animou.

— Estou sempre pronto para ganhar da Caitríona. — revirei os olhos, mas dessa vez concordava com o estranho irmão super competitivo dela.

— Então vamos ganhar! Certo, Kev? — ele assentiu.

— Time verde no três! — todos colocaram suas mãos por cima da dele. — 1, 2, 3!

— TIME VERDE! — Gritamos juntos e fomos para a formação.

As regras do torneio Balfe era um pouco diferentes do Rugby original. Tínhamos 3 tempos de 15 minutos para que as crianças não ficassem cansadas rápido – mas na minha opinião essa regra valia muito mais para ajudar os adultos –; as crianças menores podiam passar a bola para frente – simplesmente para que não roubassem a bola deles com facilidade –; e vencia o time com maior média que era calculada a partir de maior quantidade de pontos e menor quantidade de faltas – provavelmente pra diminuir a quantidade de faltas que David e Caitríona deveriam infligir um no outro.

Jim Balfe era o juiz. De novo. E graças aos céus por isso, porque não existia ninguém mais capacitado do que ele para conter a competitividade sanguinária de David e Caitríona, esses dois deveriam ter sido um jogador agressivo de hóquei em uma outra vida. Mas, nem mesmo eles, eram ousados o suficiente para tentavam roubar com o pai como juiz ou cair na porrada na frente dele. Uma pequena misericórdia para o restante de nós que apenas queria diversão.

— Todos preparados? — a voz de Jim ressou alto como um trovão. Todos nós já tínhamos vestido nossos equipamentos e com a confirmação Jim apitou e o jogo começou.

David marcava Caitríona. De novo. E apesar de eu estar me esforçando muito para prestar atenção no jogo, ciente de que ela sabia se proteger muito bem do irmão, meu coração disparava toda vez que a bola chegava até um deles. Ninguém jogava com tanta fúria. Bom, talvez as crianças... elas não tinham nenhum um senso de equilíbrio ou força e acabam se jogando umas em cima das outras para roubar a bola, o que ocasionava em um monte de crianças jogadas em cima da outra no meio do campo. As batalhas entre os adultos eram um pouco mais controladas, já que tínhamos a ciência de que não era um jogo de verdade – diferente de Cait e David – e tínhamos o controle de nossos próprios corpos – diferente das crianças.

Mas até que era divertido assistir as batalhas de Cait e David pela bola, principalmente quando ele apanhava dela. Isso me fazia sorri muito largamente.

— David! — gritou Caitríona quando ele a agarrou para pegar a bola.

— Vamos irmãzinha, me passa a bola. — murmurou. Ela deu um chute no calcanhar dele que deve ter doído. Muito. E ele caiu gemendo no campo.

Ouvi gargalhada das crianças dos dois times enquanto Jim se apressava até os dois com uma carranca. Devia estar acostumado com as briguinhas no campo.

— Papai já desistiu de expulsar qualquer um dos dois. — Explicou Deidre se aproximando, enquanto Jim repreendia Cait pelo chute e brigava com David por ter a segurado.

— Ele lembra que ela está grávida né? — perguntei com uma carranca.

— Ele nunca a machucaria de verdade. — conforta Deidre. — Nem ela a ele. Muito. — acabei rindo, incapaz de contestar a informação que Deidre passava.

— Os dois vão ficar discutindo até acabar o primeiro tempo? — murmurou Francis, que eu nem vi que tinha se aproximado.

Uma criança passou por nós gritando e correndo até o primo mais próximo, jogando-o no chão. Seus pais não se mexeram para intervir, então eu também não o fiz, me concentrando ao invés disso, na discussão acalorada no centro do gramado.

— Ele é um idiota, pai! — grunhiu Cait.

— E ela é uma cabeça de vento. — ela o fuzilou com o olhar.

— Isso tem cara de estratégia do David! — Anne Marie sugeriu irritada.

— Não é não! — protestou Lorranie.

Todos a lançaram um olhar cético e ela revirou os olhos, mas não tentou contestar mais. Os irmãos sabiam o que falavam.

— Papai está voltando. — alertou Kev.

— Os dois estão proibidos de cobrirem a mesma área. — avisou aos capitães dos times, Anne Marie e Kevin. — Modifiquem as estratégias. Caitríona daquele lado — apontou para o outro lado — David nesse.

Os mais velhos assentiram e começaram a discutir – mesmo sendo de times adversários – sobre quem marcaria quem. Em menos de dois minutos, a nova formação estava pronta e nós estávamos em campo de novo.

— Pronto para levar um chute? — Cait debochou quando se aproximou de mim.

— Parece que seus irmãos me odeiam. — Ela riu se aproximando. — Você não vai tomar a bola de mim.

— Nem se eu te prometer perversidade mais tarde? — piscou lentamente.

— Seu pai estava tão errado! — retorqui passando a bola para trás.

— Droga, Heughan! — ela tentou conter a pessoa que carregava a bola, mas eu me coloquei em sua frente, a marcando. — É o seu funeral!

Meu time marcou. Cait soltou vários palavrões, enquanto David, ria igual um idiota.

Uma das crianças do time verde perdeu a bola para a irmã carrancuda que estava no time adversário e outro menino do time verde tomou a bola dela, a fazendo grunhi de raiva e correr como nunca vi antes. Ela recuperou a bola e marcou o ponto sozinha.

Cait pegou a menina no colo e a girou, arrancando gargalhadas. Jim apitou, mas eles não estavam prontos na formação, o que resultou em nossa vantagem e o próximo ponto foi muito rápido.

Anne Marie e David entraram em uma batalha acirrada, na qual nenhum dos dois saiu ganhando quando a caçula do David tomou a bola e marcou ponto no pai. Anne Marie, apesar de ter pedido a bola, não se incomodou nem um pouco.

Tive que usar um pouco da minha vantagem em me exercitar demais — segundo Cait — para correr mais rápido que cinco crianças e quatro adultos para marcar o próximo ponto.

No intervalo, estávamos com a desvantagem de 2 pontos. Águas foram distribuídas como se estivéssemos em uma liga júnior do esporte e as crianças bebiam e então voltavam a correr em ziguezague, enquanto os adultos, ficavam vergonhosamente sentados bebendo água por mais de cinco minutos. Senti Cait se aproximando, mas do que vi e ela se sentou em meu colo. Automaticamente passei meus braços ao seu redor e repousei uma das mãos em seu ventre ainda mais inchado do que o comum.

— Oi. — murmurou me dando um beijo no pescoço.

— Oi. — murmurei de volta enterrando meu rosto em seu pescoço e inspirando seu cheiro natural. — Você é muito cheirosa. — ela ri e sua risada rebevera por todo o meu corpo.

— Como posso estar cheirosa depois de correr de um lado para o outro por 15 minutos?

— Talvez eu só ache que você é cheirosa de qualquer jeito. — ela ri e me dá um selinho. — Pensei que fossemos arqui-inimigos agora.

— Só no campo... — murmurou roçando seu nariz na minha bochecha. — Por mais estranho que seja, estou muito inclinada a largar tudo e fugir com você até um lugar que possamos ficar a sós.

— Isso não me surpreende nada, você sempre foi uma ninfomaníaca. — ela me dá uma cotovelada, me arrancando gargalhadas. — Mas nós não vamos.

Ela revira os olhos.

—Todo mundo já sabe que estamos juntos agora e que eu estou grávida. Não tem porque fingir que não fazemos sexo. — ri em seu pescoço e ela me puxou para olhar para ela com uma carranca no seu lindo rosto. — Mamãe tem necessidades...

— Não me importo de saberem que fazemos sexo. — Ela me deu um olhar cético. — Não mais de toda forma... nós não vamos porque meu time está prestes a massacrar o seu.

— Não acredito que você está trocando sexo por uma vitória! — murmurou chocada. — No que você se transformou?

— Em um Balfe? — retorqui e ela me deu um outro olhar bravo que a deixava ainda mais linda. — Nós podemos até apostar outra coisa.

— É mesmo? — seus olhos brilharam com interesse.

— Se o meu time ganhar, você tem que dizer que eu sou o melhor.

— E se o meu ganhar?

— Sou o seu brinquedinho por uma semana. — ela aproxima sua boca da minha.

— Eu nem preciso ganhar para isso, amor. — ela me beija castamente e se levanta do meu colo com sua força de vontade renovada. — VAMOS LÁ TIME! — Gritou correndo até o outro lado do campo e eles começaram a conversar de forma bem empolgada.

Mais uma vez, eu marcava Cait. Mas dessa vez ela não se contentou em apenas tentar me seduzir, ela me desconcertava com palavras e me fazia ficar desorientado – para dizer o mínimo – e roubava a bola. Depois de uma chamada de David, que estava quase me jogando no chão para fingir uma fratura e retornar ao seu antigo posto, vi que ser bonzinho com Cait não me rendia nada.

— Ei! — gritou quando eu a peguei no colo, mas ela não me chutou com havia feito com David. A arrastei para longe da bola enquanto as crianças riam, Jim não apitou. — ISSO É FALTA, PAI!

Nada.

Logo o jogo intenso se tornou em uma série de brincadeiras desconexas com as crianças mais interessadas em correr e gritar do que na bola, Cait agora ria toda vez que eu a pegava no colo e a girava para longe da bola e nem mesmo o restante dos adultos estavam tão interessados em ganhar. Eles pegavam seus filhos e os colocavam nos seus ombros e corriam cegamente atrás da bola entre gargalhadas.

Por fim, Jim apitou para encerrar o jogo, mas todos estávamos nos divertindo muito para parar de brincar. Pelos próximos dez minutos, corríamos e ríamos pelo campo, mas parei ao lado de Cait quando a vi sozinha próxima a uma árvore.

— Cansada?

— Você é um trapaceiro. — acusou.

— Você tentou me seduzir para te passar a bola.

— Isso deveria ter funcionado. Estou começando a achar que devo entrar em greve de sexo! — Ri e a puxei para mim pela cintura, a dando um beijo na nuca suada.

— Você está mais necessitada do que eu, querida. — provoquei, lambendo de seu pescoço até sua orelha para provar o meu caso e ela estremeceu em meus braços. Mas não se deu por vencida, empinando sua bunda e jogando contra a minha pélvis. — Cruel.

— EM PÚBLICO! — Lorraine gritou nos fazendo rir, mas não nos afastar.

Estávamos muito além da vergonha alheia. Mas Cait afastou sua bunda do meu princípio de ereção e girou em meus braços, passando seus braços ao redor do meu pescoço.

— Você não está no controle, Heughan.

— E nem você, Balfe. Mesmo dizendo isso a si mesma.

— Parece que nenhum de nós dois tem controle quando se trata um do outro. — sorriu e eu sorri, incapaz de contradize-la.

De repente, uma nova comoção se iniciou. As crianças riam e corriam com se fugissem e inesperadamente alguém surgiu com uma arminha de água de brinquedo. Os gritos se tornaram mais altos, mas eram gritos de alegria.

— Você? — olhei abismado para Jim que tinha sido o primeiro a aparecer com a pistola de água. Ele riu envasado.

— Você não achava que um homem que planejou um acampamento de verão com os filhos não fosse capaz de se divertir, achou Heughan?

Estava muito chocado para rebater e Jim jogou água na minha cara.

— ROUPA DE BANHO! — Ele gritou e as crianças correram de volta para suas barracas. — Garotos, preparem o escorrega! — avisou para os filhos e Cait me puxou pelo braço antes que eu pudesse piscar, ainda muito chocado por ver Jim se divertindo.

— Seu pai não é...

— O que você esperava?

— Para dizer o mínimo. — concordei. Ela me puxava entre barracas nas quais ouvia-se o murmúrio de crianças animadas para o que viria. — O que acontece agora?

— Diversão, Sammy.

— E os jogos?

— O time verde ganhou o último. Papai anuncia o ganhador na noite da fogueira.

— E o que fazemos no restante do dia? — ela me deu um sorriso safado, me empurrando para dentro de nossa barraca. — Cait?

— Vamos trocar de roupa e ir brincar um pouco com todos eles.

— E depois?

— Vamos brincar um pouco sozinhos. — sorriu maliciosa e começou a tirar a roupa.

Cait vestiu um biquini e apesar de tê-la visto sem nenhuma roupa a poucas horas, sua barriga já parecia diferente. Maior. E linda. E Deslumbrante.

— Sua barriga...

— Eu sei... — acariciou a protuberância com um sorriso. — Pensei que ia diminuir como faz todas as manhãs... mas parece até que aumentou, você não acha?

Incapaz de dizer uma única palavra, apenas assenti. Maravilhado com aquela barriga maior do que antes mostrando que nosso bebê estava crescendo e saudável.

— Você está linda. — ela riu.

— Você sempre diz isso.

— É sempre verdade. — ela se sentou em meu colo e me deu um beijo.

— Pronto para a diversão mais insana que já viu?

Cait não mentiu. Quando voltamos para o centro do acampamento, longe das barracas, havia arminhas de brinquedo com quase todas as crianças, uma piscina de plástico montada e um escorrega improvisado que ia do topo do pequeno monte até lá embaixo – no qual várias crianças já escorregavam com gargalhadas ecoando. Era incrível! Até mesmo Annie, a matriarca da família, estava com uma roupa de banho e se divertia jogando água na cara de seus filhos.

— Sua família é maluca! — Falei abismado, mas com um imenso sorriso. Cait riu, pegando a minha mão.

— Bem-vindo a família, papai. — Ela me deu um beijo na bochecha e me puxou até o topo do monte para escorregamos.

Escorregamos juntos. Separados. Com as crianças. Brincamos de guerrinha de água entre si e contra eles, encurralamos os irmãos de Cait junto com as crianças com nossas pistolas de água e os obrigamos a se jogarem no lago – alguma das crianças pularam juntos – e até mesmo Jim e Annie foram parar no lago.

Quando Cait estava ocupada em uma guerrinha de água com David, Anne Marie se aproximou com um sorriso de quem estava certa o tempo todo.

— Sam.

— Anne.

— Eu sempre soube que vocês dois iam acabar juntos.

— E eu sempre soube que você gostava mais de mim.

— A muito mais! Não suportava aquele seboso do Tony. — ri.

— Seus irmãos me odeiam?

— Aqueles idiotas? — ela apontou para onde Francis tentava erguer Kevin para arremessa-lo do escorrega improvisado. — Não, não te odeiam. Na verdade todos somos Team Sam.

Estreitei o olhar. — Eu soube que havia mais de um team.

— Com pouca adesão — fez gesto de descaso. — Confie em mim. O único com probabilidade de te superar era o Team Fred, mas esse está mal há algum tempo...

— Quem é Fred?

— O namorado de infância da Cait.

— O que levou ela para assistir Trainspotting? — estreitei os olhos de novo.

— Acho que sim.

— Ele ainda está por ai?

— Ah sim! Ele é amigo da família.

— Hm... — Anne Marie gargalhou atraindo a atenção de Lorraine.

— O que foi?

— Sam está com ciúme do Fred.

— Do Fred?

— Do Fred. — Anne Marie concordou e as duas começaram a rir, revirei os olhos. Mulheres Balfe...

Logo os dois irmãos que tinham acabado de escorregar se aproximaram ao ouvir as risadas e em uma pergunta silenciosa para as irmãs sobre do que se tratava a risada, receberam a resposta e logo estavam rindo juntos.

— Eu ainda estou aqui sabe...

— Você vai ter um filho com ela. — ponderou Francis.

— E vocês não são crianças de 14 anos. — completou Kevin.

— O relacionamento deles acabou anos. — emendou Anne Marie.

— Apesar de ele continuar perdidamente apaixonado pela Caitríona. — murmurou Lorraine e eu a fulminei com o olhar, rendendo uma nova rodada de risadas.

— Ela não dá bola para ele anos. — disse Deidre se aproximando, de alguma forma já ciente da conversa. Eles por acaso se comunicavam por telepatia? — Mas ele ainda tem esperanças de que ela vai voltar para Monaghan e então os dois vão se casar, ter uma casa de dois andares e cinco filhos.

Cinco filhos? — repeti perplexo. Eu estou apavorado com a possibilidade de criar um e o cara quer cinco?

— E dois cachorros. — completou Lorraine.

— Cait é uma pessoa de gatos, não cachorros.

— E é por isso que nós torcemos mais para você, Heughan. — concedeu Francis.

— Pobre Fred... quando descobrir que a Cait ta grávida vai ficar arrasado... — murmurou Kevin. — Talvez até venda a casa que comprou pensando no futuro dos dois.

— Ele comprou uma casa? — repeti ainda mais perplexo. E o grupo de cinco irmãos assentiram com pesar, deviam morrer de pena do cara.

— O que está acontecendo? — Todos viramos na direção de Cait parecendo muito culpados. — Sam? — eu estava sem a mínima capacidade de fala

Eu sabia sobre esse cara, é claro. Cait falou dele para mim quando éramos apenas amigos lá no início e depois seu nome voltou na premier de trainspotting, mas eu não sabia que ele era tão próximo da família até hoje ou que havia comprado a porra de uma casa!

— Sammy! — Cait se colocou na minha frente, as risadas dos seis irmãos aumentaram. — Dá para você deixar isso para lá?

— Ele comprou uma casa, Cait.

— E?

— E? — repeti indignado, os irmãos ainda riam. — Uma casa é uma coisa grande.

— Eu nunca quis morar com ele. — estreitei os olhos. — A culpa não é minha que ele mantém esperanças de uma coisa que não existe há muito tempo, Heughan. — revirei os olhos e ela também. — Agora vocês seis — ela apontou para os irmãos. — Parem de falar sobre o Fred na frente do Sam ou de qualquer um. Nós terminamos há mais de 20 anos atrás e não vou voltar com ele. Entendido?

Até David concordou de imediato ao olhar fulminante de Cait, que então se virou para mim.

— E você pare de ser idiota. — resmungou. — Se eu quisesse estar com outra pessoa, eu estaria. Mas estou com você, então se controle Heughan! — e saiu marchando.

Nós nos entreolhamos e houve um acordo mútuo de ninguém se meter com uma mulher grávida prestes a matar um. E voltamos para as brincadeiras.

Cait me perdoou depois de alguns beijinhos e promessas de compensação em nossa barraca mais tarde.

Eu estava prestes a descer pelo escorrega improvisado quando o senhor Balfe apareceu – me surpreendendo mais uma vez –, ele se aproximou e ergueu a sobrancelha de forma sugestiva.

— Que tal uma aposta, Heughan?

— Vai pedir para eu ficar longe da sua filha? — ele riu alto.

— Caitríona sabe se cuidar. Ela tem três irmãos. Ela pode te chutar tão forte que esse bebê vai ser o último que você produzirá. — acabei rindo junto com ele, ele tinha razão.

— Então o que quer?

— Se esse velho homem vencer... vocês vão ter que vir para a Irlanda no parto.

A... então era sobre isso.

— Sua filha não vai ficar feliz comigo apostando sobre isso e eu não quero provocar a fúria de uma Balfe. Muito menos uma Balfe grávida.

— Isso é medo de perder, Heughan?

— É medo de que sua filha faça exatamente o que o senhor atestou sobre. — ele riu.

— Você é um homem sábio, meu genro.

Será que eu tinha infartado e aquilo era o céu? Jim Balfe não estava apenas conversando comigo, ele estava me elogiando?! E ainda havia me chamado de genro! DE G-E-N-R-O! Será que o mundo ainda continuava a girar depois disso?

— Eu tenho ser, senhor. — Ele ri e se deita para escorregar. — 50 pratas de que eu chego primeiro! — digo. Ele me olha com um sorriso que eu já vi muitas vezes em sua filha. O sorriso competitivo.

— Fechado!

Nós deslizamos até a parte baixa do monte e eu perdi as minhas cinquenta pratas, mas valeu a pena.

A brincadeira não cessou até que o sol estivesse quase se pondo. Ao invés de almoços formais, Annie havia preparado pequenos lanches para quem ficasse com fome, mas todos estávamos famintos e cansados quando nos reunimos para o jantar daquela noite.

— Sam, você faz as honras? — Perguntou Jim para mim com um sorriso generoso nos lábios. Eu nem sabia que ele era capaz de sorrir antes, muito menos para mim. Retribui o sorriso e assenti. Estava preparado agora.

Entrelacei meus dedos nos de Cait e mandei que todos fechassem os olhos.

— Papai do céu, nós somos muito gratos por tudo o que o Senhor vem nos proporcionado. Desde a diversão até as refeições, mas, sobre tudo, somos gratos a família. E eu sou especialmente grato por ter sido agraciado com tantas coisas maravilhosas... Por ter encontrado o amor da minha vida — Cait deu um leve aperto na minha mão — e por ela me amar de volta... por ela estar me proporcionando a coisa mais maravilhosa, assustadora e desafiadora que um homem pode passar na vida: ser pai. E por ter me incluído nessa família super competitiva — risadas — super esfomeada — mais risadas — e definitivamente super insana! — mais risadas. — Sou muito grato por tudo isso. Obrigada por nos proporcionar momentos tão maravilhosos com a família e espero que possamos todos estar aqui para nos divertir ainda mais no ano seguinte. Amém!

— Amém! — as vozes da família absurdamente grande de Cait soaram juntas.

Cait olhou para mim com os olhos cheios d'água e um sorriso que tirava todas as minhas estruturas.

— Vamos comer!

Todos se sentaram e começamos a atacar a refeição maravilhosa.

[...]

Estávamos novamente no topo do monte, agora sem o plástico que tinha sido usado de escorrega no caminho. O sol já havia se posto, a fogueira queimava lentamente, aquecendo nossos dedos congelados. Cait estava recostada em mim assim como na outra noite, mas era diferente. Melhor. Alguém tocava um instrumento estranho e um principio de musica em coro surgia ao redor da fogueira. A sensação era a da mais pura paz. As vozes se elevaram e a música calma se transformou pouco a pouco, acordando os sonolentos que logo estavam de pé dançando sem nenhum ritmo.

Ri contra a cabeça de Cait e apertei mais entre os meus braços.

— Isso é muito agradável.

— Não vai ser tanto quando te fizerem dançar.

— E por que eles fariam isso?

— Você é o único escocês aqui, Heughan. Eles vão querer aprender...

— Aprender o que? — A lancei um olhar desconfiado e ela sorriu.

— A dançar a dança escocesa.

— Você não...

— TIO SAAAAAAAAAAAAAM! — Uma das crianças gritou, me fazendo me interromper no meio da frase e olhar em sua direção. Várias crianças estavam juntas em uma espécie de circulo me olhando com olhinhos transbordando esperança.

— Sim?

— Você pode ensinar a gente a dança escocesa? — murmurou timidamente agora.

Lancei um olhar irritado para Cait.

— Você nunca dançou para mim. — murmurou como se isso justificasse.

— Você é uma pessoa cruel. — ela sorriu ainda mais. Me ergui, incapaz de dizer não para aqueles olhinhos azuis, verdes e castanhos brilhantes que brilhavam em ansiedade.

— Quem está pronto para ser um escocês?

— EUUUUUU! — gritinhos animados soaram das crianças, enquanto um bufo foi emitido do outro lado da fogueira, provavelmente do meu sogro.

De maneira inesperada, começaram a tocar no ritmo das músicas escocesas e tive que me esforçar muito para não transparecer o meu nervosismo e me concentrar apenas nas crianças e não em Cait ou no senhor Balfe me julgando.

— Primeiro vocês precisam de um kilt!

As crianças murmuram chateadas porque não tinham um, mas de alguma forma, prevendo – ou tendo planejado aquilo –, Caitríona e suas irmãs preparam as crianças com pedaços improvisados de tecido para formarem um kilt rústico, mas bom o suficiente para que enganasse. Cait foi quem improvisou o meu, sorrindo a cada toque "acidental" que dava.

— Você planejou tudo isso, não foi?

— Talvez. — ela me deu um selinho quando finalizou tudo e se afastou, abrindo espaço para mim e para as crianças.

— Certo! — murmurei resignado. As crianças me olhavam com expectativas. — Primeiro coloquem uma das mãos na cintura desse jeito — mostrei como eles precisam fazer — A outra mão é erguida dessa maneira. — as crianças seguiram a instrução. — A perna do lado da mão da cintura é a que vai se erguer, mas vamos alternar... — mostrei os movimentos para as crianças que concentradas seguiam minhas instruções. — Muito bem! E então nós dançamos!

A música aumentou de intensidade e as crianças começaram a me seguir conforme repetíamos os passos ensaiados. Os pais batiam palmas e riam e alguns homens até foram empurrados para se juntarem a nós. Meu olhar encontrou o de Cait e sorri envergonhado. Acima de tudo, tinha vergonha de fazer feio na sua frente, mas ela parecia estar gostando e me deu um sorriso que me motivou a dançar ainda mais rápido, girando, pulando, girando.

Ao fim da música, estávamos exaustos. As crianças desabaram no chão próximos aos avós, como se fossem imãs atraídos para eles. Annie deu um beijo na testa de cada um, enquanto Jim acariciava seus cabelos. Segui até onde Cait estava. Ela me esperava com um lindo sorriso nos lábios e antes que eu pudesse me sentar, ela se levantou, me puxando consigo. Conforme caminhávamos para mais e mais distante do calor da fogueira, a voz de Jim Balfe ressoava mais distante contando uma típica história Irlandesa.

— Para onde a senhorita está me levando? — questionei entrelaçando meus dedos nos dela. Mas ela não se virou ou respondeu, apenas continuou me puxando.

Paramos em uma espécie de clareira na qual só conseguíamos enxergar um pedaço do céu reluzente de estrelas. Cait então se aproximou, roçando nossos lábios.

— Lembra quando estávamos na casa da sua mãe há alguns anos?

— É claro que me lembro. — a abracei pela cintura, aproximando nossos corpos. — Não esqueço nenhum momento com você.

Ela deu um sorrisinho.

— Nós estávamos sob um céu muito parecido com esse e com tantos sonhos... — ela murmurou, nossos olhares se encontraram e vi que os seus estavam tomados por uma emoção intensa. — Você disse que ficaríamos juntos até muito depois de estarmos velhinhos e naquele dia eu acreditei em você. Eu desejei isso. Ser sua para sempre. — ela segurou meu rosto com as duas mãos. — Eu quero que você saiba, Sam, que apesar de todos os meus medos e incertezas, eu sempre tive certeza do amor que sinto por você. — ela enxugou uma lágrima solitária que escorreu por minha bochecha e me lançou um olhar de admiração, carinho e ternura que fez meu coração sacolejar dentro do peito. — Nós vamos estar juntos até estarmos velhinhos, Sam? — repetiu a pergunta que havia feito a tanto tempo atrás com o nosso destino ainda era entrelaçado.

E até muito muito muito depois disso, amor. — repeti, fixando meu olhar no seu. Não queria que ela apenas ouvisse, queria que ela visse e que ela sentisse que éramos certos. Sempre fomos e sempre seríamos. — Eu te amo, Caitríona Balfe. — murmurei roçando meus lábios em sua maça do rosto. — Pensei que naquele dia eu não poderia te amar mais, mas estava errado. Porque a cada dia que passa o meu amor por você cresce, se duplica, triplica... Eu te amo tanto que sou incapaz de pensar em como seria viver sem você de novo.

— Você não está propondo, está? — me afastei para encará-la, temendo encontrar um olhar de pânico em seu rosto, mas ao invés disso encontrei uma Cait risonha com um brilho apaixonado no olhar.

Ainda não. — ela estreitou os olhos. — Quando eu propor você vai ficar muito surpresa.

— É mesmo? — debochou.

— Oh sim. E vai ser muito romântico. — ela estreitou mais os olhos. — Muito romântico. — reafirmei. — E ao menos um de nós dois vai estar de joelhos e chorando.

— Provavelmente você/ eu. — Falamos juntos e rimos. — Você me conhece tão bem... — murmurei aproximando meus lábios do seu rosto novamente.

— Melhor do que a mim mesma. — murmurou sentindo meus lábios tocarem sua clavícula.

— Eu te amo.

— Eu te amo.

— Obrigado por me fazer o homem mais feliz do mundo.

— Obrigada por me ver por completo, incluindo a minha família louca, e me amar assim mesmo.

— Sempre. — e então nos beijamos. Doce e lentamente, sentindo o sabor um do outro, aproveitando um ao outro.

[...]

Os dois voltaram para a fogueira da família minutos depois com cara de culpados e se sentaram próximos aos pais de Cait. As crianças agora pulavam de um lado para o outro como se sua fonte de energia fosse inesgotável enquanto os adultos continuavam as canções doces e suaves que se erguiam até as estrelas.

A senhora Balfe sorriu para a filha e o genro, como se ela soubesse tudo o que eles fizeram e aprovassem, fazendo os dois ficarem da cor de dois tomates. O senhor Balfe se virou para eles e sorriu. Sam pensou que jamais veria o sogro sorrir para ele, mas essa era a segunda vez em um dia que isso acontecia e ele estava começando a achar que o sogro não apenas gostava dele, mas havia o abraçado como parte da família. Na tarde seguinte, os dois iriam retornar para a Escócia e para suas rotinas atribuladas, mas voltariam com a certeza de que tinham o amor incondicional de suas famílias, assim como os seus apoios. E nada poderia parecer mais certo.

Sam apertou mais Cait em seu abraço, transmitindo calor, conforto e segurança que apenas ele era capaz de fornecer a ela desde quando ela sentiu os seus braços em volta de si pela primeira vez. Ninguém mais. Ela o deu um sorriso de lado, recebendo um beijo carinhoso na bochecha em troca e juntos se aninharam um no outro. E o mundo era cheio de possibilidades de novo

∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆

Nota: Oi pessoal!!! Mais um capítulo repleto de gatilho e fofura para vocês, feito com todo o coração!

Nota 2: eu disse para algumas que esse podia ser o capítulo final da fic, porque é tão bonito ver a conclusão das coisas... Mas sei que vocês (assim como eu) estão loucos para descobrir mais sobre ervilhinha e quem sabe acompanhar esse parto???

Nota 3: O que falar sobre Jim Balfe brincando com arminha de água? Alguém poderia me explicar como não amar esse homem?🤣🤣🤣🤣🤣

Nota 4: Cait e David quase se matando MAIS UMA VEZ, Sam já tava tendo uma síncope antes de Jim colocar ele no lugar...👀

Nota 5: O que dizer dos cunhados de Sam, provocando-o sobre o Fred? Ahakajdkajdkakdke E ele dançando com as crianças não foi a coisa mais fofa?🤣🤣🤣🤣

Nota 6: Eu PRECISEI pegar esse paralelo com o capítulo da Irlanda porque é LINDO ver a evolução dos dois como casal, pais e pessoas 😭😭😭😭🥺

NOTA ESPECIAL: Gostaria de lembrar que o acampamento Balfe é TOTALMENTE da minha cabeça, mas seria MUITO LEGAL se existisse um evento assim com uma família tão grande quanto a da Cait e tão cheia de crianças, não seria??? E mais uma vez agradecer por todos os comentários e 🌟 do capítulo anterior.

Próximo capítulo: Os amigos descobrem sobre a novidade 😳

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