Desculpa se atrapalhei sua leitura com a atualização dos capítulos (é por uma boa causa), mas, por favorzinho, deixe um comentário e sua estrelinha para me incentivar a continuar <3
Beijos purpurinados,
Kami <3
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Dei o meu máximo para fugir de Victor Hugo durante toda a semana. Mas era impossível. Toda vez que ele descia as escadas para tomar o seu café me puxava para si, roubando um beijo e insistindo para que eu tomasse café com ele. E, mesmo que tentasse me distrair com seus beijos, eu sabia que não deveria me envolver com ele e com essa situação. A cada investida sua que eu recusava, ele soltava uma risada que aprendi a reconhecer como a mais sincera de sua parte.
— Helena!
— Sim, senhor? — Entro em seu escritório e logo sou recepcionada com um beijo.
— Se quer um beijo, basta pedir. — Suas mãos permanecem uma na minha cintura e outra no meu rosto. — Não precisa me chamar de "senhor".
— Desculpa, é força do hábito. — Ele parece se irritar quando me afasto.
— Contratei um jardineiro — avisa contornando sua mesa e sentando-se atrás dela.
— Mesmo? Essa casa vai ficar ainda mais bonita com o jardim bem cuidado — comemoro.
Eu mesma já havia tentado cuidar do jardim, mas minhas habilidades com a terra são pouquíssimas, para não dizer nulas. O lugar realmente precisava de certa atenção e me deixa extremamente feliz que Victor Hugo tenha decidido contratar alguém que possa fazer isso.
— Também contratei uma nova pessoa para cuidar da limpeza do andar inferior — fala olhando feio para a tela do celular.
— Isso significa que... — Meu coração dispara.
Ele não pode simplesmente me demitir assim, pode?
— Sim, significa...
— Não pode me demitir porque não transei com você! — Meu argumento sai como um grito e imediatamente Victor Hugo volta seu olhar para mim. — Isso não é justo!
— Helena...
— Exatamente! Não é justo. E se isso é uma forma de tentar fazer eu me...
— Isso é ofensivo! — Se aproxima de mim, irritado.
— Sim, ofensivo, Victor Hugo! Se quiser me demitir...
— Quem está falando de te demitir, mulher? — Sua voz aumenta gradativamente. — Helena, você está fazendo duas funções desde que chegou. Eu só estou te promovendo à cozinheira da casa.
— Então eu não estou sendo demitida? — Ele realmente está irritado, mas tentando se controlar.
Por que eu tenho de ser tapada assim? Ele só está tentando fazer algo legal.
— Não, Helena, você não está sendo demitida. — Seu rosto está vermelho. — Muito menos por não transar comigo.
— Eu, me desculpa, nem sei o que dizer... É que eu pensei...
— Pensou o quê, Helena? — Ele está magoado, e com razão. — Que sou um escroto que faria você usar seu corpo como moeda de troca para manter o emprego?
— Não eu...
— Não precisa cozinhar nada para mim hoje. — Pega o celular em cima da mesa. — Pode tirar o resto do dia de folga. — Encara-me por alguns segundos e sai do escritório balançando a cabeça negativamente.
— Espera... — O sigo até a porta da frente. — Eu sinto muito... — Ele sequer vira para olhar para mim. — Victor Hugo? — faço uma última tentativa.
— Não devo voltar hoje — avisa abrindo a porta e fechando em seguida.
— Que merda, Helena! — grito comigo mesma. — Você é mesmo uma idiota!
~*~
Nos últimos dias estávamos assistindo a novela juntos, mas hoje, depois de ter sido tão estúpida a ponto de falar as merdas que falei para Victor Hugo, resolvi me punir não assistindo ao episódio em que finalmente a mocinha ia contar que o bebê que perdeu era filho do mocinho.
Refiz toda a faxina que havia feito no dia anterior e quando deu quatro horas da tarde ele ainda não havia voltado. Vic chegou pouco depois que terminei de secar o chão e, com a barriga já começando a aparecer, colocou os pés apoiados no pufe da sala e sentou na poltrona.
— Hugo está um porre hoje! — diz após desligar a ligação que recebeu dele.
— Onde ele está? — questiono rapidamente. — Quer dizer... eu... bem, ele... O que ele disse? O que ele fez?
— Pediu para eu vir entrevistar os novos funcionários, mas, por algum motivo, o idiota marcou para cinco horas da tarde — resmunga. — Sabe, eu pensei que ele estava mais tranquilo, nos últimos dias Hugo está mais o meu irmão e menos o homem amargurado que havia se tornado.
— Mesmo? — Sento ao seu lado, interessada.
— Sim, ele até mesmo me levou um presente para o bebê. E hoje me ligou super irritado, praticamente exigindo que eu viesse para ver a contratação desses funcionários.
— Talvez tenha sido algo no trabalho...
— Ele te tratou mal, Helena? Se ele te tratar mal, avisa que eu acabo com ele.
— O quê? Não, Vic. O seu irmão não me tratou mal.
— Você viu alguma coisa hoje? Talvez alguém que estava com ele...
— Eu o vi quando saiu. Ele disse que eu não precisava cozinhar porque não sabia que horas voltaria.
— Eu mesma terei de encurralá-lo — reclama ao mesmo tempo que a campainha soa. — Mas vamos lá, mocinha. Precisamos entrevistar algumas pessoas para a limpeza e um jardineiro. Quem sabe não encontramos um gostosão para te fazer companhia? — diz piscando o olho e minha mente me leva diretamente ao seu irmão sem camisa me beijando no sofá.
— Vou abrir a porta — aviso ao despertar com o segundo toque da campainha.
~*~
Se eu não soubesse que Victor Hugo estava irritado por minha causa e pela situação que causei mais cedo, diria que ele pediu para sua irmã fazer as entrevistas simplesmente porque ela é totalmente competente.
Vic não perdeu tempo. Foi educada, como sempre. Sensível e objetiva. Como se fizesse isso todos os dias, fez as perguntas certas e pediu para que eu acompanhasse, pois, segundo ela, nas próximas eu quem deveria fazer as entrevistas.
Pouco antes do horário de chegada de Leo, já havíamos entrevistado todos e selecionado os favoritos de Vic.
— Acho que deveríamos contratar a Paloma e o Luís — informa com um sorriso.
— Eu até concordo sobre a Paloma. — Sua entrevista foi bem melhor que qualquer entrevista que eu tive na vida. — Ela não parece ter medo do trabalho e acho que o tempo de serviço não vai atrapalhá-la na faculdade. — Ela comentou que o emprego era para ajudá-la com os custos do seu curso.
— E o gostosão do Luís? — pergunta após concordar comigo sobre Paloma.
— Você não pode contratar alguém só porque ele é gostoso, Vic — respondo rindo.
— Ué, mas e se for um garoto de programa?
— Victoria!
— Eu só estou brincando, Helena. — Dá de ombros enquanto toma a terceira latinha de refrigerante de uva. — Esse bebê vai acabar me fazendo desenvolver uma bela de uma gastrite. De qualquer forma, ele realmente é bom. Você não viu o que ele fez naquele pequeno canteiro em trinta minutos?
— Se você quer contratar ele porque é bom, eu não posso dizer que está errada.
— É pelos dois motivos. — Dá de ombros recolhendo suas coisas. — Ele é gostoso e bom no que faz.
— Victoria!!!
— Eu estou falando do serviço dele, Helena. Que mente suja! — Minha amiga gargalha. — Você pode avisá-los? Vou pedir para alguém entregar os contratos aqui ainda essa semana. Ok?
Concordo com a cabeça e a acompanho até o carro.
— Manda um beijo pro Leo. E não dê atenção para qualquer merda que o meu irmão falar. Quando eu o vir, vou resolver seja lá o que ele tem.
— Espero que ele fique bem.
— É, eu também. — Me sopra um beijo antes de ir.