#PIMENTINHADECABINHO ☀️
boa noite povoo eu cheguei.
MEU DEUS 2 MIL LEITURAS N TAVA PREPARADA
ENFIMM, cap novo
leiam com atenção. (para erros, comente ‼️)
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...
— Jungkook!
Gritei desesperado e ele me soltou, assustado.
Nem falei nada e me levantei desesperado para pegar a caixinha de som e a mochila com a intenção de sair o mais rápido possível dali.
— Eu passei muito dos limites? — Ele perguntou e era nítida a preocupação no seu tom de voz. Quando olhei em seus olhos, eles pareciam preocupados igualmente.
Permaneci calado e abaixei a cabeça, apertando a alça da mochila em meu ombro antes de começar a andar para abandonar o auditório.
Quando estava descendo as escadas na lateral do palco ele correu até mim e colocou o corpo na minha frente, me proibindo de seguir.
— Jimin... Desculpa se eu forcei alguma coisa com você, eu não queria-
— 'Tá tudo bem, Jungkook — o interrompi. — Só não faça isso de novo, nunca mais.
Abaixei a cabeça outra vez e passei por ele, finalmente indo embora.
Eu caminhava rápido sem sequer olhar para trás, permanecendo nesse ritmo até chegar ao meu dormitório. Estava me sentindo mal e um tanto atordoado, mas a verdade é que:
Jungkook não tinha culpa nenhuma nisso.
A culpa era minha.
Totalmente minha.
Ele é apenas um cara que está atraído por supostamente uma "garota" e só agiu daquela forma mais ousada porque eu dei a ele liberdade para isso. Ele não estava errado e o que ele fez foi comum, se não fosse o fato de que eu o faria ir contra sua política de vida o fazendo beijar um homem pela primeira vez sem saber, um beijo gay.
Merda, isso seria tão errado! E o maior problema é que eu teria feito isso. Teria feito se não fosse pelo puxão que Jungkook me deu, que pela proximidade repentina e afoita dos nossos quadris, me fez acordar e perceber que ao encostar-se a mim, ele sentiria muito mais coisa do que deveria. Muito mais volume do que deveria.
O que me fez gritar e entrar em pânico.
Mas se não fosse por isso, provavelmente eu não teria parado, o que fez com que eu me sentisse ainda pior e percebesse que eu não posso confiar em mim mesmo. Não quando estou perto dele.
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— Podem deixar as bolsas ali no armário. — Namjoon pediu e assim eu e Jisoo fizemos.
— E então, vai dizer agora qual era a surpresa que tinha para a gente? — Pergunto.
— Vou. Chega de suspense. — Ele abre a porta do estúdio de dança, e assim que entro, encontro a sala completamente vazia, a não ser por Hoseok que acabava de fazer um alongamento apoiado na barra de suporte na frente do espelho.
Olhei para Namjoon indagando em silêncio o que isso significava, porque eu não estava entendendo nada.
— Ah, oi... Vocês já chegaram. — Hoseok percebeu a nossa presença, se recompôs ajeitando a postura e sorriu de jeito sincero e amigável enquanto vinha caminhando em nossa direção.
Garoto do sorriso lindo da porra.
— O que é isso? — Jisoo perguntou e eu fiquei feliz por saber que não era o único perdido por aqui.
— Ainda não contou para elas?
— Eu quis fazer surpresa. — Namjoon olhou pra nós e sorriu como se tivesse a solução para todos os problemas no mundo. — Então... Digamos que eu tenha conseguido a ajuda que vocês duas precisavam.
— Como assim?
Perguntei eufórico e Hoseok tratou de responder.
— Eu estava com pendência em uma matéria do primeiro período e meu professor me disse que tudo bem se eu pagasse com monitoria.
Não são todos os dias que tenho tempo, mas ao menos umas três vezes na semana eu vou poder ajudar vocês com a coreografia da sua apresentação. Namjoon já me explicou tudo sobre a temática do trabalho. Conheço vários estilos de dança e vai ser uma boa pro que precisam.
— Meu deus eu não acredito! — Jisoo tapou a boca com as mãos e deu vários pulinhos de alegria. — Jimin, isso é perfeito! A gente não vai mais pagar mico na frente da turma toda!
— Como se isso fosse possível. Talentosas do jeito que são? — Namjoon interveio. — De qualquer forma, eu tenho aula agora. Vou deixar vocês duas aqui com Hoseok e 'tô saindo. Vocês parecem ter muito trabalho pela frente. — Se virou e estendeu o braço para Hoseok para se despedir. — Valeu mesmo, cara. Vou ficar te devendo essa.
— Quê isso. Conte comigo sempre.
— Tchau, meninas! A gente se fala mais tarde.
— Tchau, e muito obrigada! — Corri até ele para dar um ultimo abraço, quase pulando em seu colo. — Não tenho palavras pra te agradecer! Salvou nossas vidas. — Eu sorria tanto que parecia que os cantos dos meus lábios iriam até rasgar.
Enquanto Jisoo também correu para agradecê-lo antes que ele fosse embora, eu fui até o meio do estúdio e comecei a me alongar.
Por sorte eu já estava aquecido por causa das aulas que tive na parte da manhã e por isso meus movimentos fluiriam com muito mais facilidade. Eu precisava estar preparado e me dedicar ao máximo, ainda mais porque vou ter Hoseok me auxiliando, um dos melhores no que faz – junto com o Jungkook, é claro.
Na SNU, conversas e fofocas correm rápido, e a fama desses dois como bons dançarinos e coreógrafos não é nem um pouco humilde.
Fiquei sabendo que eles já ganharam várias competições de dança e inclusive foram chamados para fazer parte de um grupo famoso no exterior como parte da equipe, mas que recusaram a proposta porque o foco deles não é o brilho do palco ou o glamour das câmeras, e sim, ser o nome e o responsável por trás dos holofotes como o criador das performances.
— E aí, prontas para começar?
— Se com prontas você quer dizer nervosas, tensas e ansiosas? Sim, acho que estamos — brinquei.
— Nervosas por quê? Tenho fontes confiáveis que me asseguraram que as duas são muito boas no que fazem. Só preciso tirar vocês de dentro desse molde certinho e requintado que é o balé, para que possam se delinear a outros estilos. — Pai amado, esse homem fala com tanta propriedade e convicção que daqui a pouco, ao invés de responder com ele com um "sim", eu vou é latir. — Já escolheram alguma música?
— Eu e Jimin estávamos pensando em "Birds", do Imagine Dragons. A melodia é linda e bem expressiva. Ela é lenta no ponto certo para o balé moderno, mas ao mesmo tempo tem o trap de fundo com batidas marcantes e que dão suporte para acrescentar outro estilo, como street dance, por exemplo.
— Ainda não conheço, mas vocês podem me mostrar depois. E quanto à letra?
Eu continuei — A letra é um ponto muito importante para a nossa apresentação. Como o Namjoon já deve ter te adiantado, a professora Han exigiu que fosse uma coreografia que transmitisse uma idéia, um sentimento, sabe? Gostamos de "Birds" justamente por isso, ela fala sobre um amor muito forte entre duas pessoas e que é capaz de sobreviver a tudo, inclusive ao término. O relacionamento acaba, mas o amor não. Deu pra pegar?
— Ela reforça bem esse conceito dos pássaros também, essa coisa de voar em várias direções, ser livre. — Jisoo acrescentou.
Hoseok levou vou uma mão até o queixo e juntou as sobrancelhas, pensativo.
— Acha que dá pra tirar uma ideia legal a partir do que a gente falou? — Perguntei apreensivo por causa do silêncio dele.
Hoseok é tão ridiculamente talentoso e bom no que faz, que se ele disser que não gostou da música eu sou capaz de trocá-la sem nem pensar duas vezes. O que esse homem me mandar fazer, eu faço.
— Dá, e como. — Ele respondeu por fim, e eu suspirei aliviado. — As possibilidades são muitas, muitas mesmo. Vamos ter que tirar um tempo só para organizar essas idéias.
Lembrando que, o mérito da coreografia tem que ser todo de vocês. Eu só irei auxiliar e ensinar o outro estilo. É o street dance mesmo que vão querer?
Quanto ao street dance, eu não estava muito certo, nem mesmo seguro. Mas Jisoo ficou tão empolgada com ele quando a gente estava decidindo ontem à noite sobre qual estilo iríamos escolher que eu não consegui dizer não.
Não sei se tenho imponência suficiente pra dançar algo tão marcante e tão pomposo quanto esse gênero, mas se de toda forma eu vou ter que aprender uma novidade, por que não essa? Espero que eu consiga me sair bem...
— Sim! — Jisoo concluiu com brilho nos olhos.
— Beleza. Vamos começar.
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O dia seguinte começou de um jeito bem agitado. Tive uma aula que começava às sete da manhã, mais duas até o horário do almoço incluindo uma teórica, e meu almoço foi uma correria que só, porque sim, eu estava evitando o Jungkook.
Não queria pensar nem na hipótese de encontrá-lo no refeitório da música, então no único tempo que tive de intervalo, eu atravessei parte do Campus inteirinho só para comer na lanchonete do prédio de Artes depois de inventar uma desculpa esfarrapada para não ter encontrado os hyungs e a Jisoo no refeitório.
Fiquei avulso? Sim. Mas tinha um tempão que queria conhecer aquele lugar e as particularidades físicas e únicas dele, então aproveitei a oportunidade.
Todas as paredes do prédio são cobertas por pinturas e desenhos de diversos estudantes que já passaram por ali ao longo dos anos. É incrível ver as assinaturas dos ex-alunos estampadas em um show de cores e criatividade, com um toque de imaginação e peculiaridade exclusivo e característico de cada um.
A tão sonhada paz e o sossego só vieram agora.
Bem, mais ou menos... Tem meia hora que estou no meu dormitório organizando meu material, arrumando minha cama, – deixei uma verdadeira baderna quando saí às pressas hoje cedo – e dando uma ajeitada na minha parte do armário, ordenando algumas roupas e colocando outras para lavar. Isso não é exatamente o que eu chamaria de relaxar, mas pelo menos aqui posso usar um short curto e um camisão três vezes maior que o meu número. Sei que usar um shortinho minúsculo de lycra preto e apertado pode ser arriscado por destacar mais do que o necessário do volume que eu ostento no meio das pernas caso a Jisoo apareça por aqui, mas a blusa grande me dá segurança suficiente por ser bem comprida.
Depois de prender essa cabeleira ruiva em um rabo de cavalo bagunçado com um elástico preto, – eu daria tudo agora pra poder arrancar essa peruca, misericórdia – me sento na cama e ligo meu notebook. Minha vontade era pegar o fone e jogar uma partida de Overwatch, mas infelizmente tenho uma coreografia para criar e acho que assistir alguns vídeos pode me ajudar a ter inspiração. Portanto, nada de Overwatch e partiu abrir o YouTube.
Eu mal me acomodei em meio às almofadas e já escutei batidas na porta. Quem deveria ser? Jisoo não bateria, o quarto é dela também, ela tem as chaves. E ninguém nunca me procurou aqui antes.
De qualquer forma, me levantei e comecei a caminhar descalço e de forma preguiçosa até alcançar e girar a maçaneta.
Misericórdia.
Jungkook estava parado na frente do meu dormitório com a cabeça baixa e o cotovelo apoiado na lateral da porta na altura da cabeça, enquanto sua mão se escondia nos cabelos da nuca, entregando sua postura relaxada. A primeira coisa que ele fez quando percebeu que eu abri a porta, foi erguer a cabeça lentamente enquanto me analisava dos pés a cabeça, fazendo questão de demorar nas minhas coxas descobertas. Puta merda. Que vergonha... A blusa é tão grande e o short é tão pequeno, que parece que estou usando só ela e absolutamente nada por baixo.
Quando encontrou meus olhos que por sinal não tinham como estar mais arregalados, ele deu um sorriso e ergueu uma das sobrancelhas, afrontoso. E eu? Bem, eu não fiz nada. Só continuei encarando ele com essa cara de idiota sem dizer nem uma palavra.
Não preciso nem me olhar no espelho pra saber que minhas bochechas estão brigando pra se decidir se ficam no tom de escarlate ou cor de rosa.
Jungkook tem uma habilidade incrível de me fazer ficar com vergonha e querer fugir pros Montes de Israel viver para com os discípulos. Ainda mais estando seminu.
Ele olha fundo nos meus olhos e pergunta — Não vai me convidar pra entrar?
Não! Sabe o trabalhão que eu tive pra fugir de você o dia todo?
— Olha, Jungkook... Eu acho que não seria u-
Ele percebeu meu nervosismo e suavizou sua expressão — Não precisa ficar apreensiva. Eu só quero me desculpar com você. Me desculpar de verdade... Ontem você deixou o auditório daquele jeito e saiu tão assustada que nem tive tempo de raciocinar direito.
— Já falei que não precisa. Está tudo bem mesmo. Juro. — Cruzei os dedinhos próximos ao bico que formei nos meus lábios.
Jungkook seguiu com os olhos atenciosamente meus últimos movimentos e tentou reprimir um sorriso leve.
Após alguns segundos, voltou a me encarar — Se estivesse mesmo tudo bem, você não teria passado o dia se escondendo de mim.
Como ele sabe?
Suspirei alto, ansioso, e apoiei o peso do meu copo em uma perna só, me sentindo completamente patético por ele ter percebido.
— Como você sabe?
— Não precisa ser nenhum gênio para perceber o porquê de você ter entrado na sala de controle assim que me viu no início do corredor hoje de manhã.
Tentei me defender — Eu poderia ter um bom motivo pra ter entrado lá.
— Jura? — Riu sem realmente achar graça. — Porque eu sei ler, e o enorme aviso que tinha na porta dizia "entrada permitida somente para funcionários", em letras bem grandes e vermelhas, do tipo bem chamativas. Então a não ser que quisesse levar uma advertência, não teria nenhum outro motivo para você ter entrado lá dentro. — Se desencostou da parede e cruzou os braços.
Deus, me leva.
Eu fechei e pressionei os olhos me perguntando mentalmente se não existia no mundo um sujeito mais óbvio em passar vergonha do que eu. Como pode alguém dar vexame com tanta frequência assim?
Sinceramente...
— Entra. — Me dei por vencido e me afastei para o lado para que Jungkook pudesse entrar, fechando a porta em seguida.
Eu puxei uma cadeira arredondada branca oferecendo silenciosamente para ele se sentar, e assim que o fez, eu me acomodei sentado com as pernas cruzadas uma sobre a outra em cima da minha cama, fazendo questão de pegar uma almofada para colocar no meio das pernas pra que não haja nenhum risco de ele ver a Bela "Adormecida" no meio delas.
Não acredito que chamei meu pau de Bela.
Ainda bem que eu nem tinha dignidade mais para perder.
Ignorando esse fato, eu notei que Jungkook estava observando minuciosamente cada detalhezinho do meu lado do quarto, analisando cada canto. Seus lábios estavam pressionados e os olhos eram curiosos – ainda bem que eu tinha arrumado tudo antes de ele chegar. Depois de terminar sua averiguação rápida, ele fez uma espécie de beicinho e se levantou da cadeira. Em um movimento rápido, ele a virou ao contrário e se sentou outra vez com as pernas abertas uma de cada lado, apoiando os cotovelos sobre o encosto dela que agora estava na frente e cruzou os dedos unindo as mãos uma na outra.
— Olha, Jimin, eu sei que posso ser meio abusado às vezes, mas não faz parte do meu caráter agarrar uma mulher contra a vontade dela. Eu estava, estupidamente, com muita vontade de beijar você e... — se remexeu inquieto sobre o assento — eu pensei que fosse recíproco. Eu podia estar muito enganado, mas, não sei... O jeito como você me olhava... Arfava... As reações do seu corpo... — meus olhos captaram quando seu pomo de adão se moveu para cima e para baixo. — Mas isso não me dá o direito de agir com você da forma como eu agi. Eu não transmito a imagem de alguém muito decente, confesso, mas a realidade não é bem essa. Eu tenho plena consciência dos meus erros e... Para ser sincero, eu fiquei louco hoje quando vi você se escondendo de mim daquele jeito... Assustada, não sei dizer... — ele respirou fundo e esfregou o rosto com as mãos, reflexo da sua preocupação nítida e aflição. — Eu me senti o cara mais fodido do mundo por saber que de alguma forma eu assustei você com as minhas atitudes e, — jogou os cabelos para trás, nervoso, e me encarou sério — Eu só quero te pedir desculpas... De verdade. Ainda mais porque você já deixou bem claro pra mim que era assexual, que não se interessava por homens nem por mulheres. Talvez tenha até sofrido um trauma no passado e eu não respeitei isso indo lá e agarrando você-
Jungkook estava falando tão rápido e sem sequer piscar que eu me senti até mal por vê-lo se sentindo tão nervoso e culpado por algo do qual ele não tinha parte alguma. Eu precisava pará-lo.
— Jungkook... Ei... — Impulsionei meu corpo para frente e agarrei suas mãos, o fazendo se calar instantaneamente. — Calma...
Suas mãos estavam suadas e eu fiquei com pena dele. Ele não tinha culpa nenhuma de nada. Não era para menos ele estar se sentindo assim, afinal, eu gritei com ele quando me dei conta de que ele poderia sentir algo a mais no meio das minhas pernas e entrei em pânico. O fato de eu ter fugido quando o vi de manhã também não colabora em nada, mas a verdade é que eu fiquei com vergonha da situação toda e não me senti forte o suficiente para encará-lo de novo.
— Jimin, assédio é uma coisa muito séria e-
— Você não me assediou, Jungkookie... Você não fez nada — tentei soar o mais calmo que conseguia para ver se ele se acalmava também.
— Você me disse desde o início que eu poderia te parar a hora que eu quisesse. E eu não parei porque eu não quis. Eu deixei você continuar. Porque eu gostei... Inclusive gostei muito.
Ele pareceu ficar ainda mais confuso e perdido
— Mas então porque você...
— Sinceramente? — Soltei suas mãos e me afastei, ajeitando minha postura outra vez sobre a cama. — Eu menti pra você quando disse que era assexual, e isso deve ter ficado bem claro quando percebeu como meu corpo reage a você... — corei um pouco. — Mas a verdade é que eu sou uma bagunça, Jungkook. Uma completa bagunça. Sei que seria só uma ficada. Que não se trataria de algo sério, até porque já tenho consciência de que você não curte esse tipo de coisa, mas ainda assim, ainda que seja só pra dar uns amassos... Eu. Não. Sirvo. Pra. Você. — Tomei uma postura extremamente séria. — É complicado demais, confuso demais, e se você for esperto o suficiente não vai querer ter nada nesse sentido comigo... Nem me pegar, nem me beijar... Ou vai acabar se arrependendo muito — quando descobrir que eu sou um homem — depois.
Ele franziu o cenho e piscou algumas vezes tentando assimilar as informações que despejei sobre ele de uma só vez. Falar tudo isso, ainda que não tenha sido nada revelador demais, foi muito difícil para mim.
Principalmente olhando diretamente para essa carinha linda de confuso dele. Como ele consegue ser fofo até nessas situações?
Ele franziu o cenho — Eu não estou entendendo... Como assim depois?
Eu puxei o ar fundo e desviei o olhar para um canto do dormitório — Não me faça uma pergunta na qual eu não vou poder te dar a resposta, Jungkook. É muito particular e eu não quero mais falar sobre isso.
— Não vai me contar nem se eu insistir muito, não é?
Voltei a olhar para ele, pressionei os lábios e balancei a cabeça em negação — Sinto muito...
Ele ficou analisando o meu rosto e dava pra ver o quanto ele ainda estava confuso, e agora também curioso.
— Mas ainda podemos ser amigos — falei.
Jungkook arqueou as sobrancelhas, surpreso
— Amigos?
O clima estava um pouco tenso, portanto eu tentei mudá-lo fazendo uma brincadeira.
— Contanto que não se apaixone por mim... Eu não vejo problemas.
Ele riu — Ó meu Deus, eu teria que fazer um esforço muito grande para não me apaixonar por você. — Dramatizou com sua melhor falsa expressão de temor, me fazendo rir também.
— E então, qual o problema? Tem a masculinidade frágil demais para fazer amizades com mulheres? — Cerrei os olhos e sorri provocativo.
— Não costumo fazer amizades com mulheres que estou constantemente querendo beijar. — Ergueu um dedo em argumentação.
— Já descartamos essa possibilidade, então... — pressionei os lábios. — E aí, amigos?
Jungkook me olhava com aqueles olhinhos duvidosos como se pensasse profundamente se deveria ou não aceitar a minha oferta de amizade. Contanto que ele parasse de tentar algo que envolvesse a boca dele na minha ou o corpo nu dele sobre meu, eu não via problemas com a possível formação dessa amizade um tanto quanto peculiar. Afinal, quais as chances de isso dar errado?
— Tudo bem. — Ele concluiu após um tempo, desapoiando os cotovelos e cruzando os braços. — Amigos.
Seu rosto estava com uma expressão divertida, como se ele estivesse querendo rir.
— Ótimo! — Eu sorri empolgado e estendi a mão para que ele pudesse apertar. Ele apertou e voltou a cruzar os braços novamente.
— Agora que somos amigos, — argumentou ele com olhos curiosos, pretensiosos e um sorriso ladino — por que tem uma cueca no canto da sua cama?
Já, já te respondo. Espera só um minutinho que a minha pressão caiu aqui.
Meus olhos pareciam querer saltar para fora e eu me levantei apavorado olhando para todos os cantos até encontrar a bendita cueca preta da Calvin Klein estirada próximo à minha almofada de cacto. Corri para pegá-la enquanto ouvia a risada do Jungkook ao fundo como trilha sonora do meu desespero.
Deus! Deve ter caído quando eu estava arrumando as roupas no armário. Quando acho que não tem como piorar, vem o universo e me faz uma dessas!
Depois de embolar a peça e guardar dentro da gaveta eu voltei a me sentar, completamente embaraçado, olhando para Jungkook que ainda sorria divertido.
— Andou recebendo visitas, Jimin? — Pergunta ele na intenção de me provocar.
— O quê? Não! C-claro que não! — Respondo meio desesperado. — Eu só... só gosto de usar... como shortinho... pra dormir. — olho para o meu colo, envergonhado, e sinto minhas bochechas queimarem. — É muito confortável.
Tentei dar um sorriso, mas ele deve ter saído bizarro de tão forçado. No meu cu não passava nem agulha agora.
— Vai ser impossível não pensar em você agora todas as noites antes de dormir usando cuequinhas masculinas por baixo do pijama.
— Eu não uso pijama.
Jungkook para de sorrir imediatamente e seus olhos se escurecem.
Ai, não...!
Ele deve estar imaginando dormindo pelado agora, ou melhor, pelada.
Com direito a seios e vagina.
— Com pijama eu quis dizer que não uso o uniforme... O pijama propriamente dito.
Entende? — Tentei me concertar rapidamente. — Eu só coloco umas camisas enormes e isso é o que eu uso pra dormir.
— Tipo essa que está usando agora? — Pergunta ainda me olhando com o olhar nublado.
— Sim... — Respondo incerto.
Ele passeia com os olhos pelas minhas coxas outra vez e raspa a garganta — Fica ótimo em você.
Eu não consigo mais decifrar seu olhar sobre meu corpo, mas é inacreditável como todos os meus pelos se eriçam apenas com o fato de estar sob a atenção de seus orbes.
— E você, usa pijama? — Tento tirar o foco do assunto de mim.
— Não.
— Então faz igual a mim vestindo roupas aleatórias?
— Também não. — Finalmente sobe o olhar para encontrá-los nos meus e curva a lateral dos lábios num sorriso que chegava a ser quase pecaminoso. — Eu não uso roupa. Não uso nada.
Que maravilha...
Lindo. Dá até vontade de rir.
De nervoso.
Eu aqui sentindo meu rosto até pegar fogo de tão vermelho e a peste sorrindo satisfeita por conseguir me deixar sem graça.
— Jimin! Você não vai acreditar em quem eu acabei de...
Olhei para o lado e vi Jisoo paralisada na porta dividindo o olhar entre nós dois, meio abobalhada.
— Okay... — Ela assimila depois de um tempo, aparentemente ainda levemente perdida. — Hm... Eu... Vou ali na cozinha dar comida pro meu gato. Vocês não precisam parar com o que estavam fazendo só porque eu cheguei. Não vou nem aparecer por aqui. Fiquem à vontade.
Eu franzi o cenho — Mas você não tem um gato.
— Bom te ver, Jungkook! — O cumprimenta e desaparece no outro cômodo.
E eu começo a rir.
— Ai meu deus. Ela vai me encher de perguntas agora.
— E essa é a minha brecha para deixar vocês duas sozinhas. — Se levanta já guardando a cadeira debaixo da escrivaninha.
— Não precisa ir se não quiser.
O acompanho quando ele vai em direção à porta.
— Eu adoraria ficar mais, mas tenho algumas coisas para resolver. — Ele dá o passo que o leva para fora do quarto, mas se vira para me olhar. — Te vejo por aí?
Eu concordo e começo a rir — Prometo não me esconder mais de você nos corredores e nem no refeitório.
Jungkook cerra os olhos — Veja bem... Então é por isso que não apareceu na hora do almoço também.
— Oops...! — Tapo a boca e começo a rir mais.
Ele balança a cabeça e sorri também.
— Até mais, Park Jimin.
— Até mais, Jeon Jungkook.
Mesmo depois de nos despedirmos, ele não vai embora.
Por que ele não vai embora?
Jungkook ficou de pé na minha frente analisando meu rosto, principalmente meus olhos, o que começou a me deixar extremamente ansioso. O que ele estava esperando? Eu deveria dizer alguma coisa?
Em meio a meus dilemas internos, ele deu um passo para frente e começou a se inclinar na minha direção.
Não sei o porquê, mas eu automaticamente fechei os olhos e prendi a respiração.
Como se estivesse aguardando por algo.
E isso foi tão... Estupidamente ridículo! Eu não deveria reagir assim, tão entregue. Do que adianta dizer mil e uma coisas para afastá-lo de mim se o meu corpo fraco e atraído insiste em se entregar dessa forma? Como se houvesse um magnetismo entre nós que me puxasse para ele.
Eu deveria me afastar. Correr na direção oposta.
Deveria... Mas não faço.
Tudo o que consigo fazer é esperar.
Esperar ansiosamente pelo que ele tem a me oferecer.
Com o estomago carregado de coisinhas flutuantes que me despertam uma sensação mágica e ao mesmo tempo me fazem querer vomitar, o que eu tanto aguardava finalmente chega.
E assim eu sinto seus lábios tocarem o canto dos meus. Quentes, macios e suaves. Como um selar inicialmente planejado para a bochecha, mas que por ou ato de descuido – ou atrevimento – se deslocou para a lateral, ocasionando um encontro insolente, mas igualmente arrebatador. Foi um selar casto e um pouco demorado, mas suficientemente capaz de deixar minhas pernas bambas e meu coração arrítmico.
Quando voltei a abrir os olhos, ainda um pouco entorpecido, Jungkook já estava de costas para mim caminhando para longe, e antes de dobrar o corredor, ele se virou uma ultima vez e sorriu daquele jeito dele presunçoso de ser.
E assim que ele desaparece das minhas vistas, eu levo as duas mãos para a cabeça.
Aonde foi que eu me meti?
continua....
e aí, gostaro?????
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