Um Novo Conto de Rapunzel

By Gabrielbila

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Raquel tem um sonho: ir ao show da sua banda favorita que se apresentará pela primeira vez no Brasil, bem no... More

Prólogo
Capítulo 1 - Raquel
Capítulo 2 - Flávio
Capítulo 3 - Raquel
Capítulo 4 - Flávio
Capítulo 5 - Raquel
Capítulo 6 - Flávio
Capítulo 7 - Raquel
Capítulo 8 - Flávio
Capítulo 9 - Raquel
Capítulo 10 - Flávio
Capítulo 11 - Raquel
Capítulo 12 - Flávio
Capítulo 13 - Raquel
Capítulo 14 - Flávio
Capítulo 15 - Raquel
Capítulo 16 - Flávio
Capítulo 17 - Raquel
Capítulo 18 - Flávio
Capítulo 19 - Raquel
Capítulo 20 - Flávio
Capítulo 21 - Raquel
Capítulo 22 - Flávio
Capítulo 23 - Raquel
Capítulo 24 - Flávio
Capítulo 25 - Raquel
Capítulo 26 - Flávio
Capítulo 27 - Raquel
Capítulo 28 - Flávio
Capítulo 29 - Raquel
Capítulo 30 - Flávio
Capítulo 31 - Raquel
Capítulo 33 - Raquel
Capítulo 34 - Flávio
Capítulo 35 - Raquel
Capítulo 36 - Flávio
Capítulo 37 - Raquel
Capítulo 38 - Flávio
Capítulo 39 - Raquel
Epílogo - Raquel

Capítulo 32 - Flávio

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By Gabrielbila

Eu jurava que ela não ia aceitar, mas aceitou de primeira. Quase comemorei quando ela disse que queria passar esse tempo na minha casa. Para quem achou que nunca mais a veria, eu tinha bastante sorte.

Não conversamos muito no caminho, apesar de eu estar ansioso para falar com ela sobre aquele assunto e esclarecer tudo o mais rápido possível.

O clima já não era mais aquele estranho de quando eu cheguei na casa do Patrick. A Raquel me tratava quase normalmente, só não era tão intensa e espontânea como sempre foi. Mas talvez fosse também por causa do baque por descobrir o maior segredo de sua vida há algumas horas atrás.

Chegamos ao apartamento perto do horário do almoço. O Luiz e o Marcos faltaram chorar quando me viram entrar. E o Cam veio correndo pular alegre em mim e na Raquel.

- Caraca, graças à Deus, a gente já não sabia mais o que fazer aqui! - O Luiz veio me dar um abraço.

O Marcos estava sentado numa cadeira, parecendo que tinha acabado de sair de um sufoco.

- Flavião, o que aconteceu contigo? - Ele perguntou. - Você teve que ir até São Paulo para buscar a menina?

Eu e a Raquel demos uma risada leve e os tranquilizamos.

- Calma, gente. Eu estou bem. E não, não precisei ir até São Paulo.

- E onde esteve até agora? - O Luiz estava se recuperando do nervosismo que provavelmente passaram com o meu sumiço. - Você sabe que teve prova do seu curso hoje na faculdade, não sabe?

Havia até me esquecido... O fim de semana foi tão louco que não lembrei nem de estudar. Sorte que era de uma matéria que eu dominava bem, se não, estaria lascado...

- Se os professores soubessem da aventura que eu vivi, nem me dariam prova para fazer.

Eles me arregalaram os olhos curiosos.

- Desculpa, nem falamos com você. - O Luiz disse à Raquel. - Você deve ser a Raquel. Eu sou o Luiz, e o do cabelinho arrumado ali é o Marcos.

- Eu sei quem vocês são. - Ela sorriu cumprimentando-os. - O Flávio sempre falou muito de vocês.

- É, ele fala de você também. - Ele deu uma piscadinha e eu quis matá-lo internamente. O Luiz força para ser inconveniente, não é possível.

O Marcos, após cumprimentá-la, me perguntou sem poder controlar a ansiedade:

- Mas e aí, Flavião, conta para nós que aventura foi essa!

Nós todos nos acomodamos no sofá, e eu e a Raquel contamos a história todinha. Cada um contou a sua parte. Fomos desde a pancada, até as revelações da caixa. Os meninos ficaram boquiabertos. E quem não ficaria, né?

- Mas... E a polícia? Já está atrás dessa pirada? - O Marcos disse preocupado.

- Está, sim. - Raquel respondeu. - Demos a eles todas as características dela. Forneci todos os dados, a placa do carro... Mas do jeito que ela é, pode ser que demorem a encontrá-la. Hoje, eu acho que vão até a minha casa para investigar, mas eu não volto lá de jeito nenhum. Vou deixar o Patrick cuidando dessa parte.

O Luiz olhava para o nada, refletindo sobre algo. Deu a impressão de que estava demorando para processar tudo o que contamos. Nós achamos engraçado.

- O que é que foi, Luiz? - Perguntei cutucando.

- Cara... - Ele olhou para mim ainda boquiaberto. - Eu tô sem palavras. Que mulher doida. E eu aqui que achava que a Sara fosse a pessoa mais maluca e obsessiva que eu já vi...

Para que eu fui perguntar? Ele tinha que estragar o clima bom tocando no nome dela. Caramba! A Raquel forçou uma risada simpática, mas eu vi que se incomodou ao escutar a palavra "Sara".

- Bom, enfim... - Mudei de assunto. - A Raquel vai ficar aqui por um tempo só até as coisas se acertarem, tudo bem?

Os dois concordaram sem nenhuma objeção.

- Ela pode ficar com o sofá-cama se quiser. - O Luiz falou, super solícito. - Eu fico lá no quarto com os dois, tenho um saco de dormir guardado.

- Não, imagina! - A Raquel disse. - Você não precisa deixar a sua cama por um saco de dormir só por minha causa. Flávio, tem certeza que eu não vou incomodar? - Ela virou-se para mim.

- Eu passei um mês inteiro no acampamento dormindo nesse saco. - Ele respondeu antes que eu falasse qualquer coisa. - Posso ficar nele por quanto tempo precisar. Fica tranquila. O que importa é não deixar a mocréia te achar enquanto a polícia não der notícias.

Ela riu agradecendo. Um silêncio um pouco constrangedor tomou conta do ambiente, e foi aí que eu decidi que era a hora...

- Raquel, vamos comigo até o quarto rapidinho? Tem uma coisa que eu queria te dar...

A mesma expressão de quando nos vimos pela primeira vez depois da briga voltou ao seu rosto. Já era hora de acabar com tudo isso, de uma vez por todas.

Entrando no quarto, mal olhei para trás. Fui logo abrindo a minha gaveta de cuecas, o que a fez me olhar estranho, claro. Mas pareceu entender tudo quando eu tirei o boneco do Comissário Quan lá de dentro.

- Isso é seu. - Dei na mão dela, que fitou o boneco com um olhar não muito feliz.

Ela não respondeu nada. Só ficou segurando-o e olhando para mim sem sorrir.

- Raquel, eu nunca quis esse boneco de você. E agora, quero menos ainda...

Claramente mexida ainda com o nosso momento desagradável do dia anterior, ela olhou para baixo.

- Você deve estar confusa e não consegue pensar em como eu posso estar falando a verdade, não é?

Balançou a cabeça positivamente.

- Na verdade, eu não sei bem como enxergar seu lado nessa história. Aquela menina me mostrou tantas evidências. Fotos, histórias que faziam total sentido... Mas eu errei com você, Flávio. Não lhe dei a chance de se explicar, já cheguei fazendo um escândalo. Desculpa...

Como era bom ouvir aquilo... Quando dizem que a esperança é a última que morre, não estão mentindo.

- Você não tem que se desculpar, Raquel. A Sara fez tudo de propósito. Ela soube te manipular, fez tudo direitinho para te deixar daquele jeito. Você não tem culpa.

- Mas quem é essa menina então, Flávio? E por que tinham fotos de vocês dois juntos no celular dela?

Respirei fundo para falar sobre o meu passado obscuro. Eu não gosto nem de lembrar...

- A Sara realmente foi minha namorada... - Eu disse vendo-a arregalar os olhos com a resposta.

- Namorada, não! Patroa. - O Luiz falou lá de fora. Percebendo que a porta estava entreaberta, me lembrei que não dá para ter privacidade nenhuma naquele apartamento sem se trancar. Bati a porta com raiva mandando o Luiz ir se ferrar.

- Continuando... - Retomei. - Eu namorei a Sara por um bom tempo. Mas não era um namoro que me fazia bem. Todos sempre me alertaram sobre ela ser uma pessoa péssima, e eu ignorava aguentando todos os desaforos dela, achando que estava feliz. Acho que você já pôde perceber que os meninos aqui em casa não a suportam... Eu vivi esse inferno com ela, até conhecer você e ter noção de que aquilo era tudo, menos um namoro, então, resolvi terminar. Mas ela não aceitou isso muito bem...

- E por que ela estava no show, no mesmo setor que a gente? - A Raquel estava menos desconfiada, mas ainda assim, queria explicações.

- A Sara foi a vencedora do concurso dos ingressos. Aquele que você participou. A produção mandou os ingressos por e-mail, e ela só imprimiu dois e esqueceu os outros dois salvos no meu computador. Assim que nós terminamos, lembrei disso e levei esses dois ingressos restantes para você. Então, nisso eu menti... Os ingressos não eram da minha irmã, ela provavelmente nem sabe o que é Lights in the Night.

A cabeça da coitada da Raquel devia estar estourando. Mas pelo menos, deu para ver que tudo o que eu disse fazia sentido. Bem, nem tudo...

- Foi só isso que eu não entendi. Por que você nunca me contou que namorava nem antes, e nem depois de terminar?

Ah, essa resposta era fácil. Só era meio difícil de ser dita...

- Eu mesmo me fiz essa pergunta por muito tempo. - Falei envergonhado admitindo a minha própria burrice. - No começo eu achava que não queria falar sobre ela com você porque queria aproveitar meus momentos alegres sem pensar nesse namoro horrível. Mas depois eu percebi que... - Parei um pouco para tomar a coragem que eu devia ter tomado há muito tempo. - Que era porque eu estava apaixonado por você.

Ela quis sorrir, mas se conteve. Porém, não pôde disfarçar que gostou do que ouviu.

- Você... está falando sério, Flávio?

- É, estou... - Não conseguia encará-la direito. - Desde o dia em que nos conhecemos. Eu só demorei para me dar conta disso, e escolhi levar essa história para um caminho onde viraria uma bola de neve. Como sempre faço... Ah, se eu não tivesse o Luiz e o Marcos para abrirem meus olhos de vez em quando...

Ela esboçou um sorriso, mas sem dizer nada, me deixando confuso e ansioso. Será que isso significou alguma coisa? Poxa, eu finalmente abri meu coração.

- Você está me achando um doido, não está? - Perguntei tímido. - Eu não sabia como contar isso pra uma garota que provavelmente sempre me achou um bobão...

- Sério? - Disse se aproximando. - O beijo que eu te dei foi um beijo de quem te acha bobão?

Se minha esperança precisava ser restaurada, a Raquel conseguiu fazer isso dizendo apenas uma frase. Então... Eu também era mais do que só um amigo que contava piadas ruins? O beijo não foi por impulso no calor do momento? Significou o mesmo que para mim?

Eu não soube bem o que responder. Fiquei paralisado com o que ela disse. Todos os sentimentos bons explodiam dentro de mim, e eu não soube como colocá-los para fora.

- Então... Você também sente o mesmo? - Eu quis confirmar.

- Flávio, - Ela ria da minha lerdeza. - Eu agarrava o seu braço sem motivo nenhum o tempo todo. Fui a viagem inteira deitada no seu ombro. Fazia questão que você me chamasse e aparecesse na minha casa todos finais de semana. Nada disso te deu pistas?

Eu precisava urgentemente pedir que o Luiz e o Marcos me alertassem sobre qualquer coisa de agora em diante. E precisava dar mais ouvidos a eles também...

- É que eu não tinha certeza... - Dei uma desculpa para não parecer tão tonto.

- É, e depois do que aconteceu, nem eu... - Voltou a ficar séria. - Mas depois de ver que você tomou uma garrafada por mim, foi trancado num closet, e fez de tudo para me procurar e me ajudar mesmo eu tendo gritado aquelas coisas horríveis para você, a certeza voltou. Eu amo você, Flávio. - Sorriu novamente ao dizer.

Estaria eu no céu? Ou talvez, sonhando?

- Você pode me beliscar só para eu saber que não estou dormindo?

Gargalhando, ela me deu um soco no ombro, e eu, como sempre, reclamei de dor.

- Ok, eu já tinha esquecido que você tem seu próprio modo de me acordar. - Falei.

Fitei aqueles olhos lindos mais apaixonado do que nunca. E sussurrando as palavras "Eu também amo você", me aproximei dela, deixando que nossos lábios decidissem sozinhos o que fariam naquele momento. E eles tomaram a melhor decisão...

#

A Raquel passou o dia no videogame com os meninos. E eu não imaginei que fosse tão boa naquele jogo. Deixava os dois juntos no chinelo. Eles se deram muito bem com ela. Bem até demais. Se uniram até para me zoar... O Luiz fez questão de contar com detalhes a minha lerdeza para expressar meus sentimentos, e ela não parava de rir, contando sobre as minhas caras de apavorado indo visitá-la.

E o Cam, parece que gostou mais dela do que de mim. Não desgrudava da menina. Até deitou no colo dela, coisa que só faz comigo.

Foi uma tarde bem divertida, apesar de tudo o que passamos. Ela estava a salvo, feliz, e o mais importante, gostava de mim da mesma forma. Meu sonho se realizando depois de tanto esperar...

Decidi que levaríamos todas as provas que tínhamos contra a Heloíza para a polícia só no dia seguinte, porque depois de tanto perrengue, achei que merecíamos um descanso. Mas me lembrei que no dia seguinte, teria que passar a tarde inteira na faculdade fazendo a prova que eu perdi, então resolvemos ir um dia depois, que eu teria a tarde livre.

Fui no dia seguinte para a faculdade correr atrás do prejuízo, deixei a Raquel com os meninos em casa à tarde, com quem ela já estava bem familiarizada, e fiz a minha prova. Nunca pensei que demoraria a tarde toda. A prova não foi difícil, mas foi longa...

Fui sem bicicleta, então, voltei a pé também. Coisa que eu já estava acostumado a fazer, pois o meu prédio é perto do campus, dá para ir andando tranquilamente... Porém, acabei mudando de ideia nesse caminho de volta.

Desde que saí da faculdade, senti que estava sendo seguido. Não vi nada, mas tive essa sensação. Achei esquisito porque não é uma área muito perigosa. Olhei para trás algumas vezes para me certificar, mas nunca via ninguém.

Julguei ser coisa da minha cabeça. Eu estava lá desde de manhã, meu cérebro já devia estar cansado...

Por via das dúvidas, acelerei opasso. Eu tinha uma denúncia para fazer no dia seguinte, e uma futura namoradapara ajudar. Não dava para ficar de bobeira...

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