Capítulo 33 - Raquel

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Acreditei nele sem desconfiar. Eu sabia que estava falando a verdade. Do contrário, não teria se importado tanto com a minha segurança, e nem me devolveria o boneco. E também, com o amigo dele falando mal da Sara de dez em dez minutos, foi quase impossível de duvidar que o Flávio viveu realmente um relacionamento abusivo.

Percebi que toda a minha raiva era pura incerteza. Eu dizia que não, mas queria ter ouvido a explicação dele. Deixei me levar pela emoção do momento e o xinguei de todos os nomes, batendo os pés, não querendo mais vê-lo. Mas lá no fundo, o arrependimento me dava pontadas.

No fundo, tudo o que eu queria, era ouvi-lo dizer que me ama. E foi o que ele fez, quando eu tive coragem dizer antes. Parece que eu flutuei quando ouvi o "Eu também amo você" dele... Só flutuei mais quando nos beijamos de novo. Vi a cena do céu estrelado à minha volta novamente, como no show. E a magia foi a mesma...

Ficar na casa do Flávio com os amigos dele era muito divertido. Passei o dia inteiro jogando videogame com eles e rindo, e no segundo dia, que o Flávio esteve fora a tarde inteira, conheci as namoradas do Luiz e do Marcos, que foram lá visitá-los. As duas são muito legais, viramos até amigas... Todo mundo me tratava super bem. Isso me fazia muita falta, e eu nem tinha noção do quanto...

No dia seguinte, os três foram para a faculdade de manhã. Eu fiquei sozinha com o Cam, brincando com ele. Foi outro que se deu super bem comigo... E eu me apeguei rápido, não quis largá-lo mais.

Eu não podia sair do prédio, por causa do risco de ser encontrada pela minha... Pela Heloíza. A polícia ainda não havia dado resposta da busca, mas isso já estava prestes a acabar. Eu estava só aguardando os meninos voltarem da faculdade, pois à tarde, íamos até a polícia apresentar as provas de que Glória Torres não existia. Depois disso, as buscas certamente seriam reforçadas, tratando-se de uma suspeita de um dos casos mais famosos do país.

Faltando um tempo ainda para que eles voltassem, eu assistia televisão tranquilamente com o Cam deitado ao meu lado no sofá. E quando menos esperei, a campainha tocou.

Fiquei aflita, pois os garotos pediram que eu não atendesse a porta. Pensei em ignorar, mas a campainha tocou novamente poucos segundos depois. Resolvi ir verificar...

- Quem é? - Perguntei me aproximando da porta.

- É a síndica! - Uma mulher respondeu com uma voz fina e irritante. - O Flávio, ou qualquer outro morador está?

Olhei pelo olho mágico, e só vi um cabelo preto e um pouco do óculos vermelho. A mulher estava de cabeça baixa. Ou só era muito baixa mesmo...

- Eles estão na faculdade, mas voltam já. E eu não moro aqui...

- Querida, eu preciso que abra urgente. Vim fazer uma vistoria, pois chegou aos meus ouvidos que algo na estrutura deste apartamento está pondo em risco a segurança de outros moradores.

Ué? Que estranho. Eu já estava ali há dois dias e tudo funcionava normalmente...

- A senhora tem certeza? Não me lembro de ter nada com defeito aqui.

- Sim, tenho certeza, os próprios moradores não sabem. Tem a ver com a fiação. Preciso resolver essa questão o mais rápido possível. Por favor, abra.

Eu tinha ordens para não abrir, mas se era tão sério assim... Fiquei sem opções. Vai que o fio estourasse e acabasse acontecendo alguma coisa comigo sozinha lá?

Ao abrir a porta, mal consegui ver amulher. Só o que eu vi foi uma mão apertando um pano contra o meu rosto àforça, bloqueando a minha respiração.

Um Novo Conto de RapunzelWhere stories live. Discover now