Aceite meu coração

By OneHistoricLover

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Duologia Recomeços - Livro 01 No auge de sua juventude, Victoria Jones pensava já estar ciente de todos os se... More

Epígrafe
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Quatorze
Quinze
Dezesseis
Dezoito
Dezenove
Vinte
Vinte e um
Vinte e dois
Vinte e três
Vinte e quatro
Vinte e cinco
Vinte e seis
Vinte e sete
Vinte e oito
Epílogo
Bônus!!!

Dezessete

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By OneHistoricLover

James

Estava claro quando despertei.
   Não. Claro, não. Chegava à ser eufemismo usar tal termo, para referir-se aquela situação. A luminosidade ali presente era tão forte, que custei à abrir os olhos, tendo em vista a forma como os resplandecentes raios de sol passavam por entre as brechas de meus olhos.

    Espreguiçei-me, antes de vir a abrir em absoluto meus olhos; a primeira coisa que notei foi a evidente – e atípica – claridade. Meu aposento era revestido por um papel de parede escuro, e cortinas de mussolini, que cobriam todos e quaisquer resquícios de claridade; portanto, acordar em um ambiente completamente contrário à meus prós contra a luz solar, era no mínimo, suspeito.

  Ainda sonolento, tratei de erguer-me nos cotovelos. Minha cabeça parecia girar, no momento em que o fiz. Era uma dor insuportável e latejante. Toquei levemente minha testa, recostando-me na cabeceira da cama.

Foi nesse momento, que percebi que definitivamente, não estava em meu aposento; o papel de parede do ambiente em que estava era rosa, e as cortinas estavam todas abertas. – explicando o fato da claridade.

Olhei para os lençóis que cobriam meu tronco para baixo; até mesmo o cheiro era diferente. Aquela coberta tinha um cheiro realmente agradável; lembrava-me o odor de narcisos, fundidos ao cheiro de lavanda.

Soltei as cobertas, passando os olhos pela extensão daquele belo e – extremamente – arrumado, aposento. Pousei os olhos na penteadeira, local onde estava uma trouxa velha e surrada;

Pisquei.
Então... Aquele aposento era de...

   — Que bom que você acordou! Já estava ficando preocupada.

Virei o rosto, olhando na direção onde uma jovem loira sorria e carregava uma bandeja por entre seus braços. Era Victoria.

    — Então — continuou ela —, você dormiu bem?

Desviei os olhos dela, para a bandeja que carregava consigo.
Ela seguiu meu olhar e aproximou-se, pondo a bandeja sob a beirada da cama.

   — Victoria... O que aconteceu?

Ela inclinou-se e pôs a bandeja por sob minhas pernas, com cuidado e delicadeza. Assim que ela aproximou-se, pude concluir que o cheiro de lavanda e narcisos vinha dela. – especificamente de seus fios loiros e sedosos.

Depois que pôs o desjejum próximo á mim, Victoria sentou-se na beirada da cama, assumindo uma curta  distância de mim.

Ela avaliou atentamente meu rosto, antes de dizer:

   — Você realmente não lembra de nada da noite anterior?

Fiz que não com a cabeça e ela baixou os olhos, parecendo decepcionada.

   — Certo. — suspirou—, claro que não se recordaria! Estavas completamente embreagado... — murmurou isso tão baixo, que tive a impressão de que estava falando sozinha.

Olhei para ela.

   Sua aparência estava digna de uma dama, com o penteado posto no topo de sua cabeça, e seu vestido azul-claro, alinhado à perfeição.

Ela ergueu os olhos e ao notar meu olhar sobre si, enrubesceu. Era realmente encantadora, a forma como aquelas maçãs do rosto bem acentuadas, tornavam-se rosadas.

  — C-Como vim parar aqui...? — perguntei apontando para seu quarto.

   — Bem, ontem a noite o encontrei na biblioteca. Você estava péssimo, James. E estava — fez uma careta — bêbado. Realmente muito bêbado.  Então depois de ter dito algumas coisas, você acabou adormecendo.

Foi a minha vez de enrubescer; senti meu rosto ficar vermelho com a hipótese de Victoria ter-me visto embriagado. Lembrava-me vagamente de depois da saída de meus pais, ter ido à meu aposento e posteriormente, à biblioteca, local onde meu pai mantinha suas bebidas.

   — Sinto muito por tê-la incomodado e dado tanto trabalho... Fui infantil em descontar minhas frustrações na bebida. — lancei um olhar hesitante à ela —, imagino o quão desagradável deve ter sido para a senhorita, ter de aturar minhas lamentações...

Ela deu um meio sorriso e hesitante, pôs uma de suas mãos sob a minha.

   — James, está tudo bem. Sendo sincera com você, fiquei feliz de estar lá, para ajudá-lo. E quanto à seu comportamento... Bem, cada um lida com a sua dor de uma forma diferente, não? E ademais, é natural que estivesse angustiado e acabasse  chorando. É humano, James.

Fiquei literalmente sem palavras.

   Naquele momento, senti-me o pior das espécimes, pela forma como havia tratado aquela moça gentil à minha frente. Ela havia cuidado de mim. Havia trago-me para seu próprio aposento, mesmo depois de tudo o que eu havia feito.

   — James... — inferiou ela —, gostaria de conversar com você...

A interrompi, antes que ela terminasse sua frase.

   — Não, sou eu quem gostaria de conversar com você. Gostaria de pedir-lhe perdão, pela forma rude e grotesca como agir com você. Realmente, sinto-me envergonhado diante de minhas ações à cerca de sua pessoa.

Ela piscou e entreabriu os lábios, esbanjando de uma expressão mortificada e surpresa.

Arqueei uma sobrancelha e ela recompôs-se, pigarreando antes de dizer:

   — Bem, isto foi... Inesperado. Mas ainda assim, sinto-me satisfeita por seu pedido de desculpas. Eu o perdoo, aliás. — mordeu o lábio inferior —, e... Há algo que eu deveria dizer-lhe.

Arqueei uma sobrancelha.

   — Que seria...?

   — Gostaria de agradecê-lo por ter defendido-me de seu pai e por ter interferido na decisão de seu pai, à cerca do arranjo. É graças à você, que minha família já deve estar agora, na posse da quantia.

Sorri.
Os olhos dela caíram para meus lábios, como se um simples sorriso fosse algo completamente atípico de minha pessoa. – o que de fato, deveria ser.

   — Não há por quê agradecer-me, Victoria. Tudo o que fiz, fora apenas atos que correspondem à minha moral e honra, como homem.

Ela assentiu, pondo uma mecha loira atrás de sua pequena e delicada orelha.

   — Veja bem, James. Sei que começamos de maneira errada, devido às circunstâncias de nossa união, mas quero que saibas que estou realmente disposta à mudar o meu comportamento ou a minha compostura, para que possamos nos dar bem.

  — Victoria, você não precisa mudar nada em seu comportamento ou compostura. Não vês? — apontei para mim —, sou eu, quem deve fazê-lo.

Ela sorriu.

  — Se você diz...

Fiz uma careta.

   — Aliás, como vim parar aqui? Especificamente em seu aposento?

Ela abriu um sorriso presunçoso.

   — Você me restringiu sobre entrar em seu aposento e portanto, o trouxe para o meu. — ela enrusbesceu —, realmente sinto muito por ter de acordar em outro local que não seja a confortável instalação de seu quarto, mas...

    — Não. Na verdade, para mim, aqui está ótimo. Eu gostei da forma como você mandou que aprontassem seu quarto. — omiti a parte de ter adorado o cheiro de lá – dela –, para evitar constrangimentos posteriores.

Permanecemos algum tempo em silêncio, apenas fitando um ao outro. Como esperado, depois de alguns segundos, Victoria desfez o contato visual, e  fitou suas mãos.

Fixei meu olhar para a bandeja diante de mim; frutas e diversas outras guloseimas estavam postas ali.

Retirei uma das uvas e ergui-a sob minhas mãos, pausando sua trajetória até minha boca apenas para dizer:

   — Muito obrigado pela gentileza de ter trazido meu café da manhã. E também por ter cedido sua cama e seu quarto para mim.

Ela sorriu.

   — Por nada. O prazer foi meu.

Engoli a uva e apontei para a bandeja.

   — Então, porquê não se junta à mim?

Ela arregalou os olhos.

   — Está me convidando para fazer o desjejum com você?

Assenti, ainda com os olhos e atenção presos na comida diante de mim.

Victoria hesitou por apenas alguns segundos, até por fim, inclinar-se e retirar uma uva do cacho.

Permanecemos os dois em um silêncio estranhamente confortável, durante todo o período que se deu, o café da manhã.

Algo me dizia que nosso matrimônio não seria tão ruim assim, no final das contas.


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