One-shots Mevie/Malvie e Dofi...

By GabbyGrimhilde

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Neste livro, estarei traduzindo uma coletânea de oneshots Mevie - As mesmas poderão ser voltadas tanto para r... More

Não correspondida - Mevie
Isso se chama valsa - Mevie
Insubstituível - Mevie
O Desenho - Mevie
Fio Dourado - Mevie
A Conversa com Lonnie - Mevie
Aracnofobia - Mevie
Evil Dreams - Mevie
Ewww - Mevie
7 Minutos no céu - Mevie
Única - Mevie
Cupcakes - Mevie
1,2,3 - Mevie
Primeiro Natal em Auradon - Mevie
Tinta Rosa?! - Mevie
Bad girls club - Mevie (+18)
Never Enough - Mevie
Prom Queen - Dofia
Um novo rubor
3:15

Me esforçarei para ser melhor - Mevie

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By GabbyGrimhilde

• Autora: Swanjonhesonicee
• Tags: Romance/Drama
• Personagens: Mal/Evie
Palavras: 4.7K

Obs: Passa-se durante e após a cena da briga de Mal e Evie, em D3

~🌙

Mal pôde ouvir sua própria voz soando em seus ouvidos, depois de gritar a mesma coisa repetidamente, sem sorte. O peso de seu erro ficava cada vez mais pesado em seus ombros, conforme a noite ficava mais fria. Olhou desesperadamente a brasa de Hades, agora num escuro e apagado tom de azul. Celia havia lançado a pedra na água, em um ataque de fúria. Demonstrando que estava realmente com raiva. Todos estavam, na verdade. Até por que, esse era o preço a se pagar, após quebrar a confiança deles. Mal sabia que estava ferrada. No entanto, ela ainda olhou para Uma, pedindo ajuda.

— Que a chama da brasa renasça!  — Mal tentou, pela última vez, devolver a vida à brasa. Mas, nada aconteceu. Não teriam como vencer Audrey sem ela.

No entanto, isso não parecia mais importar. Uma parecia entediada e despreocupada quando puxou roboticamente sua concha. A concha que apenas momentos antes havia reagido à magia de Mal, agora estava fria e insensível, assim como sua dona.

— ...Que pena. — Uma encolheu os ombros. Logo, acotovelou Harry, que estava parado bem atrás dela, com os ombros caídos. — Eles que se virem, vamos achar o Gil.

Mal conseguiu ouvir o coração de Uma se quebrar. Ela o notou quando a mesma passou por ela, sem dizer mais nada. E Harry parecia tão triste quando seguiu logo atrás da pirata, com os olhos fixos no chão, não querendo deixar Mal perceber o quão magoado estava.

— Não... — Mal exalou, com sua voz falhando.

Tudo estava desmoronando. E tudo era culpa dela. Queria endireitar as coisas, mas, como ela poderia fazer algo assim, quando seus companheiros, e seus amigos já haviam desistido dela?

— Uma! — Gritou Mal, numa última tentativa de chamar sua atenção. Mas, Uma não se virou, deixando Mal sozinha, parada ali. Olhando as duas de muitas outras pessoas, que havia decepcionado.

Mal se sentia tão estúpida. Em que diabos ela estava pensando, quando teve aquela ideia tão terrível? Fechando a barreira para sempre. Que ridículo. Mas, acima de tudo, Mal se sentia uma covarde. Essa não era ela.

Bertha estava apavorada. Ela havia desapontado Celia, Uma e Harry, e aquilo se sentia péssimo, mas Mal sabia que a culpa dolorosa que atormentava seu estômago, só iria aumentar.

Porque agora, ela teria que enfrentar a única pessoa que sabia que havia decepcionado mais que todos. Mal nunca havia se sentido tão assustada em toda a sua vida e olha que ela tinha muitas histórias assustadoras para contar.

Infelizmente, respirando fundo, Mal se virou para olhar sua linda namorada de cabelos azuis. Evie se aproximou dela com passos lentos e a expressão em seu rosto era algo que Mal nunca havia visto nela. Ou pelo menos, não dirigido a ela. Raiva. Pura raiva. Os olhos de Evie estavam olhando para Mal com tanta dureza, que a fez estremecer. Mal começou a entrar em pânico. Ela precisava fazer algo.

— Evie... — Começou, com seus olhos suplicando compreensão. — Eu sinto muito. — Evie continuou caminhando em sua direção, como um gato selvagem e Mal começou a gaguejar, se sentindo incrivelmente pequena. — Desculpa, é que... Eu pensei que... — Mal não conseguia formar bem as palavras, quando Evie parou em seco. Não muito longe, mas também não tão próxima da de roxo. Mal odiou isso. A azulada estava definitivamente mantendo distância. — Eu tive medo de contar pra você, eu pensei que ia perder a minha namorada. — Isso não era mentira. Mal se sentiu culpada por mentir, desde o dia anterior ao qual visitara a casa dela. — Mas, eu tinha que fazer alguma coisa, eu tinha que... Proteger Auradon.

A expressão de Evelyn não se suavizou, nenhum pouco. Pelo contrário, ficou ainda mais rígida. Mal se deu conta do porque rapidamente.

— ...Então, fechar a barreira foi ideia sua?

A voz de Evie enviou calafrios pela coluna de Mal, e não de uma forma boa. Era como uma faca em seu coração. Ela estava com raiva, sim. Mas a dor que surgiu e cobriu sua bela voz, foi o que fez Mal se sentir péssima. Ela precisava arrumar as coisas.

— Eu fiz isso pra gente. — Mal tentou explicar com tanto desespero, gesticulando entre eles com uma mão trêmula. — Pensando nas... Nossas vidas, que a gente tem aqui agora. — Adicionou, tentando fazer com que Evie a entendesse, apesar de que seu argumento era horrível.

— Nas nossas vidas? — Evie parecia não conseguir acreditar no que via e ouvia. Era como se ela não reconhecesse a garota a sua frente. O sangue de Mal gelou. — E as crianças que a gente deixou pra trás na ilha? — Evie continuou e sua voz falhou, com seus olhos cobertos pelas lágrimas. Mal teve que desviar o olhar por um momento, pois não podia suportar. — Prometemos para elas... Elas contavam com isso. — Evie soava incrivelmente desconsolada, com sua voz quebrando e falhando.

Mal sentiu seus olhos começarem a arder, enquanto olhava diretamente para Evie. A vergonha e a culpa a estavam corroendo. Ela engoliu um soluço. Ela tinha razão. Mal havia sido uma covarde egoísta. As palavras de Uma, ecoaram em sua cabeça.

"Você só pensa em si mesma".

— Pensei que representaria os filhos dos vilões. — Evie voltou a falar e Mal sentiu suas pernas começarem a tremer, ameaçando falharem. — Mas em vez disso, você mentiu...

O tom acusatório de Evie, era algo ao qual Mal definitivamente não estava acostumada, mas sabia que o merecia. Então, ela permaneceu ali, permitindo que Evie a delatasse até que seu coração fosse destroçado.

— Mentiu pro Jay. — Continuou com o mesmo tom de acusação, enquanto apontava o filho do Jafar, que estava de pé atrás dela, com o maxilar apertado. — Mentiu pro Carlos. — O garoto desviou o olhar assim que seu nome foi mencionado, seu rosto com sardas repleto de tristeza.

Só então, Mal pareceu perceber que os garotos estavam ali, tão decepcionados e feridos por suas ações. Os olhos de Bertha encheram-se de lágrimas, enquanto Evie a fitava diretamente nos olhos.

— E mentiu pra mim.

Mal sufocou um soluço quando suas lágrimas caíram por suas bochechas ao ouvir isso. Ela preferiria que Evie estivesse gritando com raiva, que doeria menos. A angústia absoluta na voz dela. Seus olhos, cheios de lágrimas, seus lábios tremendo quando sua voz trêmula falhou completamente, enquanto ela apontava para si mesma, logo acima de seu coração enquanto falava aquelas palavras. Evie parecia tão triste. Seu corpo estava tenso e trêmulo e Mal temeu que a garota se deixasse cair alí mesmo.

— Somos a sua família! — Ela finalizou ainda tremendo, balançando a cabeça em negativo, como se fosse uma tentativa desesperada de recordar à Mal, de que eles estavam juntos nessa.

E isso foi a gota d'água para Evelyn, pois, ela deixou cair os braços em um movimento resignado.

Mal se agitou, ao dar-se conta do que estava prestes a acontecer.

— Evie... — Mal chamou, soando igualmente desconsolada, sentindo as lágrimas em seu rosto, mas Evie levantou uma mão e fez o que ela mais temia. Lhe deu as costas, caminhando até Jay, Carlos e Ben, claramente magoada o suficiente para continuar olhando-a nos olhos.

— Evie, para! — Mal suplicou, mais desesperada do que nunca.

Mas a mencionada não estava mais a escutando.

— Eu não tive escolha! — Mal gritou, embora não acreditasse em suas palavras, nem mesmo por um segundo. Ela só queria que Evie fizesse algo. Que gritasse, arrancasse seu coração... Qualquer coisa seria melhor do que tê-la lhe ignorando.

Enquanto gritava numa tentativa de chamar a atenção da princesa azul, Mal foi cegada por uma luz brilhante e se assustou com o som do trovão. Tudo foi tão intenso, que ela foi obrigada a cobrir o rosto com as mãos. Terminou tão rápido como começou, e quando a fada foi capaz de ver novamente, seu peito se apertou ao ver seus amigos e a Evie, de pé alí. Transformados em pedra. Audrey finalmente os tinha alcançado e tirou tudo o que mais importava para Mal. Sua família. O amor de sua vida.

Ela não conseguia respirar.

— Não... — Ela soluçou, deixando as lágrimas caírem livremente.

Ela nunca havia se sentido tão sozinha. E tudo era sua culpa. Sem a brasa, não poderia quebrar o feitiço e estava sozinha devido à sua decisão estúpida e mau julgamento. Ela havia decepcionado a todos. Ela estava muito fraca para quebrar um feitiço e deixou suas emoções nublarem os pensamentos, levando à perda da vida que ela tanto queria proteger.

"Aí está você, sozinha."

"E você merece isso."

Ela caminhou lentamente até Ben primeiro. Ben, que depois de tudo, era seu amigo e quem nunca mereceu esse destino. Ela piscou quando caíram mais lágrimas. Ben que havia pedido que ela o ajudasse dessa vez, já que ela não era mais obrigada a participar do deveres reais, nem nada. E havia falhado. Ela sacudiu a cabeça. Nunca deveria ter sido ela a escolhida para ajudar em tal decisão.

Logo que se afastou de Ben, ela parou na frente de Jay. Seu "irmão" mais velho, que nunca havia falhado com ela. Seus olhos voltaram a encher-se de lágrimas, ao recordar de como Jay estava disposto a levá-la de volta para Ilha, sozinho, caso ela não aguentasse mais um dia em Auradon. Eles não ficariam mais juntos como família, mas ele estava pronto pra dar um jeitinho, apenas para ver Mal feliz. E ela havia falhado com ele.

Em seguida, lentamente ela se ajoelhou em frente a Carlos, que estava prestes a acariciar Dude, quando foi atingido pelo feitiço. Carlos, seu "irmão" mais novo. Carlos, que ficou protetoramente ao lado dela durante a coroação, e que estava mais do que pronto para ir contra o rei de Auradon se fosse necessário. E ela também havia falhado com ele.

Mal sabia que tudo era culpa dela. Não tinha como evitar, não havia como culpar a ninguém mais e teria que reconhecer o erro, caso quisesse arrumá-lo.

"Esse não é o "conto de fadas" do seu pai. E não, não é culpa da sua mãe, você ter falhado."

Então, Mal foi até Evie e parou para olhá-la. Sua linda namorada estava transformada em pedra por sua culpa. Evie, que estava disposta a voltar a viver na Ilha, por que o único que importava era estar com Mal. Evie, que estava mais do que disposta a amar Mal a longa distância, apenas por querê-la feliz, mesmo que isso significasse estar com outra pessoa. Evie, quem de todos os humanos existentes no mundo, escolheu a Mal. O silêncio da noite fria foi ensurdecedor quando Bertha, gentil e cuidadosamente, colocou a mão sobre a bochecha de Grimhilde, sua visão estava em borrões por conta das lágrimas não derramadas. Ela se aproximou e rodeou Evie com os braços, apoiando a cabeça sobre seu peito soluçando, por não escutar os batimentos constantes de seu coração e não sentir o calor habitual de seu abraço.

A ideia de não voltar a escutar a voz de Evie e de não voltar a sentir seu calor, era absolutamente insuportável. Imaginar que os últimos pensamentos da azulada antes de se tornar pedra, foram repletos de tristeza e decepção e que Mal não tinha forma de dizer o quanto lamentava, estava acabando com ela.

— Irei resolver isso... Eu prometo. — Mal sussurrou, olhando para o rosto de Evie.

E com isso, a mesma se aventurou pelo bosque. Com ou sem a brasa, ela iria deter a Audrey e quebrar seu feitiço. Não importava o quê.

•🐉

"Você só é metade Hades. A brasa não fará por você, o que faz por mim."

As palavras de Hades ecoaram pela mente de Mal, quando se sentou próxima da cama de Audrey. Tudo o que aconteceu foi um borrão enorme, comparado ao que estava realmente atacando os pensamentos de Mal.

Como encontrou a Audrey, segurando Celia e ameaçando machucá-la. Como Mal não pensou duas vezes em se transformar em dragão para lutar contra ela, mesmo sem ter a ajuda de ninguém. Como tentou acender a brasa com seu fogo de dragão. Como estava perdendo outra batalha, mesmo transformada. Como Uma e Harry apareceram e se juntaram a ela, mesmo depois da mesma tê-los traído, ganhando a batalha. Como olhou uma Audrey adormecida, vítima da maldição do cetro. Como a princesa estava deitada em sua própria cama, ainda adormecida, depois de Mal tê-la trazido, por não saber aonde mais poderia levá-la. Como chegaram Uma e Harry, um pouco depois, seguidos por seus amigos e Evie. A maldição havia se quebrado e Mal queria se lançar nos braços de Evie e chorar durante uma hora inteira, mas pensou melhor ao ver que a de azul puxou uma cadeira até o lado oposto da cama.

— Ela não quer acordar...

Mal escutou a voz preocupada de Evie e abaixou a cabeça envergonhada. Ela ganhou a batalha, mas ainda assim conseguiu estragar as coisas. Ela não podia quebrar a maldição sozinha. Ela não era o suficiente para a brasa.

Lentamente, ela virou-se para seus amigos. Se esforçando para manter o contato visual.

— Só tem uma pessoa, no mundo, que pode ser capaz de desfazer isso. E essa pessoa é o Hades. — Disse resignada. Ela precisava pedir a ajuda dele. Era a única forma de arrumar a bagunça que ela havia criado. Sentiu os olhos de Evie sobre ela e teve que se abster de chorar por causa do quão preocupada ela parecia.

— Hades? — Ben perguntou, parecendo angustiado. — Ele não faria. E eu não arriscaria.

Mal virou para ele e negou com a cabeça.

— Talvez ele faça isso por mim. — Mal sentiu os olhos de Evie sobre ela novamente. Preocupada. Ela estava preocupada. Evie era a única pessoa a qual Mal havia contado sobre Hades e a mesma sabia o quão delicado era esse assunto. Estava aflita, ao notar que Mal estava prestes a revelar esta informação para todos. Bertha sentiu que um peso era liberado de seus ombros. — Ele é o meu pai.

O silêncio reinou no quarto enquanto as pessoas dentro dele, processavam aquela nova informação. Ben parecia aterrorizado. Carlos e Jay compartilharam um olhar incrédulo. Celia não estava surpresa pois havia descoberto antes, em sua busca pela brasa e Mal havia deixado bem claro que era para manter em segredo. Uma arqueou uma sobrancelha levemente, mas não parecia estar muito surpresa. A brasa tinha sentido. Harry parecia estar perdido em pensamentos.

— Ok... Eu vou ter que mandar os guardas até lá.  — Ben rompeu o silêncio, provavelmente dezenas de medidas de segurança se passaram por sua cabeça, enquanto cruzava os braços trêmulos.

— Posso pegar uma carona? — Uma perguntou. Todos os olhares foram para ela, que encolheu os ombros. — A Ilha é o meu lar. E eu quero proteger ela. — Explicou.

— Bom, então. Vai precisar do seu imediato. — Harry disse, caminhando atrás de Uma e colocando suas mãos sobre os ombros dela, que sorriu levemente para ele antes de rolar os olhos.

— Ela vai tá bem cuidada. — Disse Mal em voz baixa. E ela falava sério.

Uma e Harry lhe deram um sorriso pequeno, mas honesto.

— Eu posso ir também? — Celia falou, após se levantar do sofá, surpreendendo a todos. Mal a fitou preocupada e a mais nova deu de ombros. — Eu não posso estar em dois lugares. — (Mas a ilha é onde está o meu pai). Celia não completou isso, mas Mal sabia que estava implícito, portanto, não adiantaria protestar. Ela não tinha o direito de fazê-lo. Era hora de começar a consertar as coisas, assim, Mal se levantou e fitou Uma.

— Eu acho que a Evie tava certa. — Começou, com uma voz honesta e genuína. Havia decidido parar com as mentiras e a esconder os pensamentos. Evie tinha razão. Bom, Evie tinha muita razão. E com isso, Mal sentiu os olhos de Evie sobre si, pela terceira vez. — E acho que poderíamos ter sido amigas.

Mal sorriu leve mas verdadeiramente. E ficou feliz em ver que Uma havia retribuído o sorriso, apesar de que revirou os olhos, como se estivesse tentando evitar de que a vulnerabilidade dela a contagiasse.

Mal respirou fundo.

— E desculpa por mentir sobre isso, gente. Vocês merecem coisa melhor.

Jay balançou a cabeça e respondeu de imediato, como se estivesse ansioso para dizer: — Você só tá tentando fazer o que é certo.

Jay e Carlos lançaram olhares compreensivos.

— É.

Mal virou o rosto para Uma, que também tinha uma expressão compreensiva. Uma, de todas as pessoas, estava lhe dizendo que entendia. Talvez, Mal e ela não fossem tão diferentes assim. Uma teria feito de tudo para proteger o que é importante para ela e talvez seja por isso que ela pôde entender o por que Mal fez tal coisa. A de cabelos púrpura se sentiu mais leve. E estava agradecida por Jay, Carlos e Uma lhe darem uma segunda oportunidade. Mas, não era exatamente deles que ela queria escutar isso.

Mal tinha medo de olhar. Demorou um segundo para ela finalmente se obrigar a olhar pra Evie, que estava de pé próxima a cadeira. Mal não conseguia lê-la num todo e isso lhe assustava.

Uma batida.

— Eu entendo. — Evie falou, encolhendo os ombros.

E isso foi tudo. Mal viu que a expressão dela se suavizava, só um pouquinho e isso só trouxe um pequeno sorriso ao seu rosto. Mas, ela conhecia Evie melhor que ninguém e logo seu sorriso se desfez.

"Eu entendo" e "Eu te perdôo" eram duas coisas diferentes.

Seus olhos ainda ardiam pelo choro de antes e agora voltaram a arder ainda mais. Evie não a perdoou. Ela a entendeu, mas não a perdoou. Mal sentiu seu coração afundar no peito. Estava com tanto medo de perder Evie, que acabou a perdendo de qualquer forma.

De repente, o quarto pareceu extremamente pequeno e seu estômago começou a doer. Sentiu que todo mundo olhava para ela e Evie, a tensão no cômodo a agoniava. Ela precisava sair dali.

Então, ela o fez. Ignorando as perguntas de Carlos e Jay sobre aonde ela estava indo. Saiu do quarto com pressa, se deixando correr até o lado externo dos dormitórios, na escuridão da noite. Pois, não morava mais em Auradon Prep e não poderia se esconder no antigo dormitório dela e de Evie. Muito menor ir para o castelo da azulada.

Ela não sabia para onde ir. Se sentia sozinha e frustrada consigo mesma. O contraste entre o frio da noite e as lágrimas quentes rolando por seu rosto, que ela furiosamente enxugou passando as mãos pelas bochechas, foi um lembrete cruel de que suas lágrimas seriam o único calor que ela receberia, enquanto estava de pé na entrada da Auradon Prep. Se aproximou de uma mesa no gramado e se sentou, apoiando os cotovelos na madeira fria, enquanto pressionava a palma das mãos contra as pálpebras.

Ela só queria que Evie voltasse. A ideia de que ela virasse pedra por toda a eternidade, a deixava com um mal sabor na boca, apesar de que o feitiço já se havia quebrado, ela havia recuperado Evie, mas não da forma que queria, não é?

Ela deixou escapar um soluço sufocado. E logo outro. E outro. Perder Evie foi como se todo seu mundo tivesse parado de girar e a sensação de viver em um mundo onde Evie não era sua namorada, era simplesmente agonizante.

— ...Mal?

A nomeada se assustou ao escutar a voz de Evie, que veio de trás dela. Ela girou no banco, e viu que a mais alta realmente estava ali, com uma expressão de preocupação no rosto. Uma que era familiar para Mal.

A mais baixa não pensou, apenas soluçou mais forte do que pretendia, quando levantou e abraçou Evie, chorando ainda mais que antes. Porque ver a azulada ali, sã e salva, era o que mais importava e ela só precisava senti-la, mesmo que fosse por um momento. Estava mais do que pronta para que Evie a afastasse como merecia. Entretanto, Evie não faria isso. Evie estava magoada, sim, mas, ela não suportava ver Mal daquela forma e não a deixaria jamais. A mais alta a abraçou e Mal sentiu o calor que tanto amava. Ela chorou até não poder mais.

Mal não sabia quando tempo permaneceram ali. Ela queria ficar assim para sempre, mas sabia que não podia. Tinha que arrumar as coisas, ou pelo menos tentar. Lentamente, ela se afastou do abraço de Evie e voltou a se sentar na mesa e a de azul fez o mesmo.

— Eu sinto muito, por tudo. — Mal murmurou, balançando a cabeça. Evie a olhou e ficou em silêncio. — Não sabia o que estava pensando. — Sua voz ameaçou falhar. — Eu não deveria ter sido a encarregada de ajudar o Ben; deveria ter sido você.

— ...Eu? — Evie perguntou em voz baixa.

— Qual é, Evie... — Mal a olhou seriamente. — Você é a conselheira do Ben, com respeito a cada assunto da Ilha. E eu odeio o fato de não terem te chamado para a reunião. Odeio que pensaram que a filha da Malévola seria melhor... Fiquei tão surpresa com os acontecimentos que estraguei tudo, em vez de te manter informada, como você merecia e como deveria ter sido. Se você estivesse lá, nada disso teria acontecido. — Mal negou com a cabeça miseravelmente. — E então, eu segui adiante e piorei tudo. — Mal quebrou o contato visual, a mesa borrada pelas lágrimas que voltaram a brotar em seus olhos. — Estou tão ferrada, Evie.

— Não, você não está, Mal. — Protestou Evie, negando com a cabeça.

A de roxo a fitou, com os olhos marejados.

— Eu estou, olha o que eu fiz. — Ela falou. — Não sou como você. Evie, você teria tomado uma boa decisão para todos, por que Deus sabe que você nunca pensa em si mesma primeiro, mesmo quando deveria. Eu sou egoísta e covarde. Eu estava com tanto medo, que escolhi o caminho covarde e não pensei em ninguém mais que, você e eu. E não tem desculpas para a mentira, mas eu menti porque sabia que estava errada. Essa não sou eu. — Mal negou com um gesto de cabeça e tentou secar as lágrimas.

— Mas, eu não consegui te contar. Estava com medo de te perder e ainda estou. — Abaixou a cabeça. — Me desculpe por ter abraçado do nada, mas eu... Pensei... — Saiu um soluço. — Você tinha sido transformada em pedra e eu pensei que havia te perdido para sempre e que tinha sido culpa minha.

Evie viu Mal cobrir todo o rosto novamente, incapaz de deixar de chorar e colocou suavemente as mãos sobre a da mais baixa.

— Ei, olhe para mim...

Seu tom era gentil e afetuoso, mas Mal negou com a cabeça. Ela não merecia.

— Por favor, olhe para mim, M. — Insistiu Evie, com o mesmo tom. — Vamos. Não posso dizer algo?

Mal respirou fundo e deixou que Evie retirasse suas mãos do rosto. A de azul afastou as mechas roxas, levantou o queixo dela e começou a secar suas lágrimas com os polegares.

— Sim, você me magoou. — Evie começou e Mal franziu o cenho. — Cometeu um erro que machucou as pessoas ao seu redor. Mas, o que eu disse era verdade. Eu entendo. Entendo que você estava assustada e agiu com esse medo. M, honestamente, eu não sei o que eu teria feito no seu lugar, sabendo que o homem que tentou machucar minha família e amigos, é meu pai. Você foi colocada injustamente numa situação impossível e tentou fazer o correto.

— Eu não fiz para prejudicar as crianças da Ilha.... — Mal murmurou, com tristeza.

— Não, você não fez. — Concordou Evie. — Eu fiquei com raiva por conta disso, por um momento. Porque conheço minha namorada e sei que nunca deixaria que outras pessoas sofressem, principalmente por que você sabe como é estar do outro lado de Auradon. — Evie colocou uma mão na bochecha de Mal, que se inclinou ao toque. — Todo mundo comete erros. Você cometeu esse e cometerá muitos mais. Assim como eu também. Não somos perfeitas. Então, o que temos que fazer, é reconhecer esses erros e viver com eles. Aprender e crescer deles. — Mal se agarrou a cada palavra que saia de Evie. — Você seguiu em frente e enfrentou a Audrey. Estava pronta para fazê-lo sozinha e sem ajuda. — O tom de Evie se tornou protetor. Ela havia saído do feitiço preocupada com Mal. — Mas, o que realmente me magoou, foi o fato de que você mentiu a respeito. A todos nós. Ao Jay e Carlos. Somos sua família. Eu sou sua namorada. Se um de nós erra, consertamos juntos, por que somos uma equipe. Não podemos nos permitir mentir assim, Mal.

Mal soluçou suavemente enquanto olhava Evie com tristeza.

— Eu sei... Eu sinto muito... — Sussurrou, derrotada. — Me desculpe por estragar tudo. — Mal adicionou, referindo-se ao relacionamento das duas. — Eu não sei como resolver.

— M, eu não vou terminar nosso namoro por causa disso.

Mal piscou e havia esperança brilhando em seus olhos. — Não?

Evie negou com a cabeça e deu um sorriso para Mal.

— Não seja boba. Sim, você errou hoje. Amanhã poderá ser eu. Você me deixaria se tivesse acontecido ao contrário?

— O quê?! E, que merda de pergunta é e-

— Viu só? Teríamos resolvido, como estamos fazendo agora. — Evie riu levemente, interrompendo as queixas de Mal e seu tom realmente ofendido. — Sabe como pode resolver?

Mal fitou Evie em silêncio.

— Não volte a fazer. Da próxima vez que você tiver que passar por algo como isso, lembre-se desse dia e peça ajuda. Porque, minha linda namorada, está tudo bem pedir ajuda quando se sentir sozinha ou em meio a uma difícil escolha. E seja o que for, resolveremos. Juntos. E se estragarmos tudo, pelo menos estaremos juntos e tentaremos resolver juntos. Você sempre anda com o peso do mundo sobre os ombros e está tudo bem nos deixar retirá-los de você. Nunca estará sozinha.

E Mal escutou. Ela ouviu cada palavra. Evie mal sabia que o peso em seus ombros fora retirado por ela.

— Eu prometo, E. — Mal assentiu e sem pensar, agarrou a mão livre da azulada. — Por favor, não me deixe.

Evie sorriu.

— Não vou a lugar algum. — A mais alta a tranquilizou, apertando sua mão. — Mas, precisa se por no meu lugar.

— Eu sei. — Mal assentiu. — Eu sei que te magoei e você tem todo o direito de estar chateada. Eu nunca quis que isso acontecesse. Eu não queria estragar tudo, mas...

— Mas não somos perfeitas. — Evie a interrompeu.

— Então... — Mal a fitou. — Estamos bem? Você... Me perdoa? — Perguntou em voz baixa.

Evie assentiu e sorriu, um sorriso que Mal conhecia muito bem:

— Sim, estamos. Mas, chega de mentiras.

— Chega de mentiras. Eu prometo. — Mal assentiu, falando sério. — Eu vou me esforçar. Então, poderei me tornar uma melhor versão de mim mesma. Eu devo isso a mim, a você e a todos que me importam.

E Evie acreditou nela.

— Vem cá. — A azulada deu um abraço em Mal e ela enterrou o rosto no peito da mais alta. Podia chorar de novo, ao ouvir os batimentos constantes de Evie. Ela havia sido muito mais amável do que todos os outros. Para Mal, ela era muito melhor do que todos os outros.

— Eu te perdôo. — Evie finalmente disse e foi honesto e gentil.

Mal a apertou ainda mais.

— Obrigada por não desistir de mim. — A de cabelos púrpura murmurou, com a voz um pouco abafada por ainda estar agarrada em Evie.

— Eu nunca o faria. — A azulada assegurou, acariciando os cabelos de Mal. — Todo mundo comete erros. Nunca deixe que essa seja a razão para desistir de alguém ou de esquecer todo o bem que ela te fez.

A de olhos verdes pareceu processar essas palavras, antes de assentir em voz baixa.

— Eu te amo, minha princesa. — Mal disse num sussurro vulnerável, fechando os olhos.

Evie sorriu largo.

— Eu te amo, meu lindo dragãozinho.

E com isso, Mal já havia se tornado uma melhor versão de si mesma. E Evie havia crescido com ela, suas próprias palavras ecoaram em sua cabeça.

Mal sentiu que o peso que havia em seu peito, havia saído por completo. Finalmente podia respirar novamente. Só havia sobrado a promessa que tinha feito para Evie e si mesma. Seguir crescendo e aprendendo, para continuar se fortalecendo, junto com o amor de sua vida.

E como ninguém estava imune a cometer erros, Evie sabia que também precisava ser melhor. Para ser mais forte, junto com a garota dos seus sonhos.

"Prometo que o farei sozinha."

Ambas pensaram enquanto se abraçavam protetoramente, perdendo-se nos braços uma da outra.

___________

Obrigada por lerem e até a próxima 💜💙✨

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