Edward Cullen sempre foi bom em ler as pessoas, quando humano muitas vezes ele era observador o bastante para adivinhar seus pensamentos. Talvez tenha sido esse seu lado que o fez receber seu dom, ou apenas tenha apurado essa habilidade.
Seu pai, Carlise, tinha uma teoria de que os dons dos vampiros poderiam estar relacionados com características marcantes ou um desejo forte da nossa antiga vida humana.
Desde sua transformação, o vampiro sempre soube o que todos pensavam, até ele conhecer Isabella Marie Swan, que era a única que não estava exposta ao seu poder — ou era isso que ele pensava.
Atualmente o Cullen se encontrava a espera de seus irmãos no estacionamento do colégio, acompanhado de sua namorada. Os pensamentos captados por ele tinham a mesma voz de seus donos, porém em meio a essas infinitas vozes em sua cabeça, uma delas não era escutada; e, por incrível que pareça, não era somente a de Bella.
O vampiro avaliava do outro lado do estacionamento, uma mulher de cabelos ruivos e sua atual professora, esta que estava focada em seu celular como se esperasse ansiosamente por algo.
— Encarar não é muito educado, Edward. — a voz de Alice o desconcentrou por alguns momentos, fazendo ele se sentir envergonhado por ficar analisando a professora.
Alice e Jasper haviam chegado sem que ele notasse. Ainda constrangido e ignorando a risada de sua namorada, passou a mão na nuca antes de voltar a olhar a mulher.
— Eu não consigo escutar os pensamentos dela. — não era mentira, a mente de Fleury Volkov na opinião de Edward era enigmática.
— Assim como eu? — questionou Bella meio surpresa.
— Não exatamente igual... — Edward ficou em silêncio ao perceber a ruiva virar a cabeça na direção que estavam, como se sentisse que era observada pelo Cullen.
Por que ele está me encarando? — de maneira súbita, como se um botão fosse desligado, Edward escutou a voz, ou melhor, o pensamento de Fleury, não o impedindo de franzir as sobrancelhas surpreso.
Vamos apenas sorrir de maneira simpática, pra fingir que isso não é estranho. — novamente se pôde ouvir o pensamento da mulher, que segundos depois abriu um sorriso em direção a eles que fora retribuído pelos demais, menos Edward.
Sem tempo para raciocinar o acesso a mente de sua professora, ele novamente foi "bloqueado" pela peculiaridade dela, não podendo mais ouvir os pensamentos da mulher.
A voz de Bella soou chamando-o, fazendo Edward voltar sua atenção para ela. Mais uma vez sem perceber, os outros Cullen haviam chegado ao estacionamento e o olhavam com preocupação — menos Emmett, esse estava achando a expressão idiota do irmão engraçada.
O leitor de mentes queria explicar com mais detalhes o que havia acontecido, porém a atenção do grupo foi tirada ao captarem um cheiro forte de cachorro molhado.
— Que cheiro nojento é esse? — Soltou Rosalie com uma careta, assim como o restante dos irmãos.
Uma caminhonete preta, mais decente que a de Bella, tinha acabado de estacionar em frente a escola. O odor vinha claramente dela, ou melhor, do homem bronzeado que saiu do carro e fora recebido com um abraço caloroso de ninguém menos que Fleury Volkov.
Os Cullen sentiram um leve sentimento de desconforto que não vinha inteiramente deles. Jasper Hale, sem notar, acabou contagiando os irmãos com a sensação inexplicável até para ele mesmo, graças a cena da ruiva entrando no carro do lobo e indo embora.
Como se isso fosse um sinal, os irmãos entraram em seus respectivos automóveis com Edward informando que levaria Bella junto. Todos, sem exceção haviam resolvido com olhares que conversariam melhor em casa.
Dentro do Jeep Wrangler de Emmett, estava ele na frente dirigindo com sua esposa ao lado. Atrás iam Alice e Jasper, a fadinha tagarelava coisas desconexas que os irmãos tinham desistido de entender a algum tempo; era algo sobre receber uma ligação importante e "vermelho com certeza cairia bem, mas talvez um mais formal...".
O Hale estava bastante pensativo, e isso não passou despercebido por uma Rosalie atenta ao garoto. No fundo, a loira sabia o que aquele desconforto representava e temia o motivo dele, afinal, não queria outra possível Bella Swan ameaçando a proteção de sua família.
— Emmett. — chama Jasper de repente, fazendo o maior resmungar para que ele continuasse. — Posso te perguntar algo?
— À vontade.
— O que quer dizer quando uma mulher metaforicamente fala que gosta de "banana e mamão?" — pergunta, fazendo com que o irmão desse uma freada brusca na estrada vazia.
Com o carro parado no meio da estrada, três dos quatro passageiros focaram totalmente sua atenção no loiro. Este que franziu o cenho ao perceber que até Alice ficou quieta.
— Onde foi que você ouviu isso? — ninguém menos que Rosalie quebrou o silêncio no carro. Apesar de seu tom ser indiferente, havia uma pontada de humor em seus olhos dourados.
O loiro pensou em responder, mas o sentimento de antecipação do grupo o fez ficar em silêncio — além do brilho assustador nos olhares de Emmett e Alice terem o deixado hesitante.
O silêncio e as trocas de olhares que pareciam horas, durou apenas segundos na visão dos três.
— Talvez...— começou Alice. Como o cérebro dos vampiros funcionava de uma maneira mais rápida que os humanos, não foi difícil para a de cabelos curtos pensar em todas as possibilidades e em segundos chegar a uma conclusão. — Fleury?
Ela atingiu o alvo, a expressão de Jasper ao travar o maxilar provou que estava certa. Emmett não se aguentou, rugindo alto em uma gargalhada esganiçada bem esquisita, enquanto batia as mãos no volante do carro. Rosalie, que segurou o sorriso divertido, tentava impedir o namorado de quebrar o Jeep.
— Se acalme, ursão. Esme não vai deixar você sair ileso se quebrar mais um carro.
Isso foi o suficiente para o mesmo travar o corpo; não tinha nada mais assustador que uma Esme brava. Essa troca foi recebida por um revirar de olhos do loiro, este que não confirmou nada com palavras, ainda aguardando uma resposta.
— Então quer dizer que o nosso cavalheiro anda usando suas habilidades para bisbilhotar as conversas alheias? — zombou Emmett, fingindo repreender o loiro ao mesmo tempo que voltava a dar partida no carro — Eu esperava mais do nosso Jasper.
Em retaliação a sua provocação, tudo que ele recebeu foi um sentimentos de enjôo que como vampiro não era para ele sentir. O maior rapidamente se apressou em pedir desculpas, não deixando de fazer birra para esposa segundos depois.
— Ursinha...— começou ele fazendo uma cara lamentável. — Jasper está me intimidando e sendo infantil.
Rosalie sorriu com as feições adoráveis do marido, e o casal acabou entrando em uma conversa melosa pelo restante do caminho com a loira o consolando.
Chegando em casa, não deu três minutos até que o toque estridente do celular de Alice soasse pela sala. A mais baixa atende com rapidez, demonstrando uma ansiedade que fora sentida por Jasper.
— Alô? — os Cullen então reconheceram do outro lado da chamada a voz da professora substituta. — Ah, olá Fleury! — Alice finge surpresa, alargando mais o sorriso em direção aos irmãos que estavam curiosos.
— Queria saber se ainda topa ir ao shopping comigo, fadinha.
A vampira se afasta propositalmente dos outros enquanto respondia, fazendo com que eles não conseguissem mais ouvir as respostas de Fleury além de algo incompreensível. A expressão no rosto de Alice era entre humor e repreensão por estarem prestando tanta atenção na conversa dela.
Se passaram alguns minutos até que ela desligasse, virando-se para Bella e Rosalie que estavam no sofá e poltrona com seus respectivos parceiros.
— Se aprontem porque vamos sair às compras! — exclama, fazendo a única humana dar um suspiro derrotado antes mesmo de tentar debater com a Cullen persuasiva.
Assim que as duas Cullen e a Swan chegaram no lugar marcado, não demorou até que encontrassem os cabelos ruivos de Fleury que estava de costas, encostada em sua moto. Ela conversava com um homem que nenhuma das três reconheceram; ele se inclinava de forma nada sútil sobre ela, sendo bem mais alto, e parecia que o assunto seguia animado. Pelo olhar do rapaz, nem precisaram do Edward estar presente para saberem que os pensamentos dele sobre Fleury não eram nem um pouco inocentes. Contudo, ela parecia bem à vontade, descansando sobre o veículo de duas rodas em uma pose charmosa que atraia olhares.
Indo em direção aos dois com Rosalie e Bella logo atrás, Alice trata de chamar a atenção da ruiva que se vira com um sorriso divertido nos lábios avermelhados. Ela diz algo ao sujeito,
que não parava de falar; o rapaz claramente se sente desconfortável com a chegada delas, pondo suas mãos no bolso no casaco, acenando com a cabeça a fala anterior de Fleury.
— Olá meninas! — a ruiva comprimenta elas. — Esse é o Chad; ele estava me indicando quais são as melhores boates por aqui. — pisca um olho, travessa. — Mas agora que vocês chegaram, acredito que não tenhamos mais nada para conversar, certo Chad? — vira-se para olhá-lo, com seu famoso sorriso travesso com um pingo de deboche explícito. — Então, tchau tchau.
Fleury se vira para as meninas após acenar para o loiro, pondo-se a andar, deixando o tal Chad pra trás sem direcionar mais nenhuma palavra a ele. Com um leve tom indignado, as quatro o ouvem gritar para que Fleury lhe passasse seu telefone; a mulher apenas ignorou-o, seguindo seu caminho.
— Por que não deu o número? — Rose pergunta franzindo o cenho, falando pela primeira vez desde que chegaram.
— Ele é casado. — responde simples. Bella questiona curiosa como ela sabia disso, afinal, não tinha visto anel algum. — Só reparar na marca de aliança que ele tem no dedo. Eu posso até não prestar… — vira o rosto para olhar as três alunas. — mas não fico com homem comprometido.
Deixando o assunto de lado, Alice põe-se a citar suas lojas favoritas, dizendo que precisava levar Fleury a elas. Era contagiante a animação dela, empolgando mais a ruiva que não saia às compras dessa forma, com amigas, fazia bastante tempo.
— Preciso dos conselhos de alguém com uma ótima visão do mundo da moda. — comenta a Volkov, analisando um vestido preto exposto em uma vitrine. — E ouvi dizer que você, Alice Cullen, é a pessoa ideal pra me ajudar nesse caso.
— Qual a ocasião? — pergunta ela fingindo interesse, como se já não soubesse por sua visão.
— Um evento beneficente no domingo a noite.
— Nós também iremos a ele. — diz Rosalie com o tom desinteressado, olhando algumas blusinhas logo ao lado.
— Nossa mãe está ajudando na organização. — explica Alice, mostrando pra Swan um look em um manequim. — E Bella também vai.
— Vou? — exclama a mais nova, surpresa.
— Com certeza vai; inclusive, acho que encontrei um vestido que ficará incrível em você. — Alice a puxa para dentro da loja, recebendo um protesto da garota, que foi prontamente ignorado.
Por cerca de meia hora ou mais, Fleury fora arrastada junto com Bella de loja em loja a procura do que Alice chamava de "o vestido perfeito" para a ruiva. Nada agradava o suficiente a pequena garota, que parecia ter em mente um modelo específico que deveria achar pelo shopping. No final, todas já tinham comprado suas peças de roupas para o domingo menos ela.
— Alice… — reclama a garota russa ao se encontrar com uma pilha de vestidos em seus braços, todos para que ela provasse. — Eu estou começando a ficar com fome.
— Na verdade, eu também. — Bella dá apoio, se aproximando das duas.
Rosalie estava no trocador mas, pela demora e a voz dela saindo de lá de dentro, supunha que a loira estivesse conversando com alguém no telefone.
— Tudo bem, vamos parar em alguma lanchonete. — a de cabelos curtos fez um biquinho contrariada por precisar pausar suas compras por alguns minutos.
Fleury quase suspirou em alívio ao pensar no gigantesco hambúrguer que comeria, junto com as batatas fritas crocantes, e um grande copo de milk-shake de ovomaltine para finalizar. Era um mistério a forma como a ruiva conseguia comer de forma desgovernada e, ainda assim, não engordar.
— Tenho notícias. — Rosalie sai do provador com o celular em mãos, tirando a professora de seus devaneios sobre comida. — Acabei de mandar o Emmett vir, afinal, não vou ficar carregando essas sacolas se tenho ele pra fazer isso por mim. — A Volkov acabou rindo baixinho por aquilo ser algo que ela com certeza faria.
Durante todo tempo que o quarteto esteve no shopping, a Hale havia se mantido mais afastada e quieta, manifestando-se em poucas ocasiões. Rosalie se sentia incomodada com as duas humanas presentes, e toda inclusão delas na família. Bella estava namorando Edward e a loira não conseguia ver um final para esse relacionamento que não seja trágico, já Fleury… era questão de tempo até que Jasper notasse o que ela e o restante dos Cullen já notou. Isso tudo a irritava, e ela sempre saia como a vilã da bela história de amor, quando só se preocupava com aqueles que ama.
Um clima tenso se formou porque, enquanto estivera perdida em pensamento, Rosalie inconscientemente lançou a Fleury um olhar nada amigável que a ruiva apenas ignorou, focando sua atenção em Alice que parecia paralisada com algo. Não mais de cinco segundos depois, a fadinha sorriu largo de repente; a Swan sabia que a vampira tinha tido alguma visão, mas isso ainda era um segredo para a Volkov que resolveu não dar atenção para as estranhezas da família Cullen.
— Vamos então? — indagou Alice, parecendo mais animada que antes, por mais impossível que isso soe.
— Posso te perguntar algo? — questiona Bella, aguardando paciente a funcionária terminar de fazer as casquinhas de sorvete que ambas pediram.
Fleury apenas assente com a cabeça, mantendo os olhos fixos na tela iluminada do celular, onde trocava mensagens com Leah. Seus dedos passeavam rápidos pela tela, em uma discussão super importante com a melhor amiga sobre quem seria o melhor Vingador. Pra ela não tinha discussão: era o Homem de Ferro, ponto!
— Eu queria entender por que você sempre almoça com a gente no refeitório, e não na sala dos professores como todos os outros.
A russa levanta a cabeça, tirando o foco do aparelho por alguns instantes para dar atenção a pergunta da morena. Ela dá um sorriso de lado, compreensiva pela dúvida que muitos tem mas não perguntam, incluindo os próprios funcionários do colégio.
— Sabe, Bella… muitos professores de lá fofocam sobre eu sentir antipatia por eles. — dá de ombros, indiferente sobre as críticas. — Não tenho como negar isso, de fato é verdade. Odeio a forma ridícula como a maioria conduzem suas aulas sem se preocupar se o aluno está entendendo a matéria ou não, e não suporto quando ficam atentos nas minhas conversas sempre que passo por lá com o outro professor de história. — revira os olhos, lembrando de todos os olhares indesejados que recebia lá dentro quando ia ver Robert.
Ouvindo o chamado, ela e Bella se viram para pegar a casquinha de chocolate que a moça lhes estendia. Após o lanche enorme que Fleury pediu, ainda tinha espaço para a sobremesa que ela dizia ser a parte "light" da refeição.
— Então você prefere ficar com os alunos por isso? — a mais nova dá continuidade a conversa enquanto pagam, sem saber mais como responder.
— Exato. Também porque prefiro ter intimidade e me enturmar com vocês, que verei todos os dias enquanto estiver dando aula, do que com eles que, bem, não me interessam nem um pouco.
E com isso ambas voltam para o local onde as Cullen as aguardavam, sem mais conversas. Ao longe elas já podiam avistar que Emmett chegara, e já estava trocando carícias com a namorada. Ao lado dos casal, observando a sua volta, estava Jasper, seu mais talentoso aluno de história, com Alice que parecia o encarar com um sorriso vitorioso.
Observando-as, era nítido para todos, incluindo os Cullen, o quanto o contraste entre Fleury e Bella era marcante até mesmo na forma de andar. Enquanto Bella era desajeitada a ponto de quase derrubar sua casquinha pelo caminho tropeçando no vento, a Volkov exalava confiança em seus passos, o que atraia diversos olhares tanto de homens quanto mulheres em volta, que eram apenas ignorados pela garota ruiva.
Jasper Hale sabia sobre todo charme que Fleury exalava naturalmente, mas não lhe dava nenhuma sensação de agrado ter que sentir outras pessoas notando-a. Sendo do sexo masculino ou feminino, a ruiva chamava a atenção de quem for.
Os quatro vampiros pararam por alguns instantes para refletir sobre toda conversa entre as humanas que tinham ouvido, mesmo estando do outro lado da área das lanchonetes. Alice e Emmett compartilhavam de um sorriso orgulhoso pelo posicionamento da professora; Rosalie estava um tanto surpresa, e Jasper se pegava mais intrigado ainda pela mulher cativante.
Alice era a única que observava os olhares que a Swan direcionava a ruiva, é nesse exato momento que ela foi presenteada com uma visão, uma muito boa na verdade. Ela abriu um sorriso feliz pelo que viu, é se tinha algo que a pequena fada amava era vê suas visões acontecendo na frente de seus olhos.
O futuro está sempre mudando dependendo das ações dos indivíduos, isto é fato, é a Volkov era uma variável que poderia influenciar as pessoas a sua volta.
Não deve ter demorado sequer quinze minutos até que os dois Cullen estivessem com os braços cheios de sacolas das diversas lojas diferentes que as meninas entraram. Emmett até mesmo tinha a alça de uma bolsa sendo transpassada por sua cabeça, já que não tinha espaço para carregar mais nada. Para recompensá-lo, Rosalie lhe dava alguns beijinhos como agradecimento, levando apenas uma sacola contendo um único vestido dentro.
Fleury já havia até mesmo perdido a conta de quantas lojas Alice tinha as arrastado aquela tarde, mas acabavam de entrar em mais outra; a felicidade da garota chegava ser contagiante, sua animação não esgotava, ainda mais quando via algum par de sapatos bonito.
A ruiva acreditou que talvez elas já tivessem ido em quase todas as lojas de roupas e sapatos do shopping. Seus pés doloridos de tanto andar apenas confirmavam que tinham sido muitas. O dia foi longo e cansativo, e pela expressão da Cullen, ela não a livraria tão cedo.
Fleury estava nesse momento dentro do provador, testando a 12° roupa só daquela loja, todas sendo escolhas de Alice. A ruiva admitia estar se divertindo bastante, mesmo que estivesse sendo feita de boneca — o que, em outras situações, ela odiaria por lhe lembrar de sua infância e pré adolescência ao lado dos pais na Rússia.
Ao lado de fora, Alice batia seus pés em ansiedade. Bella estava sentada no meio das inúmeras sacolas, Emmett e Rosalie passeavam pela grande loja, e Jasper tentava se concentrar em outra coisa que não seja os barulhos tentadores vindo do trocador. O som do tecido da roupa da ruiva caindo no chão, ou os botões sendo abertos causavam reações estranhas e intensas em seu corpo, e ele não queria transmitir aquilo as duas garotas ao seu lado.
— Bella, o que acha de irmos dar uma olhada naquela sessão? — fala Alice, de repente, apontando para a direção onde tinha algumas peças de outono. — São da nova coleção! Estou vendo um cachecol lindo daqui, vamos. — sem dar tempo de resposta a Swan, a vampira se levanta puxando Bella para que fosse junto a ela fazendo Jasper franzir o cenho. — Espere Fleury aí, Jass, já voltamos.
Decidindo apenas concordar, ele voltou a sua tentativa de distração, observando em volta a loja refinada, concentrando-se nas emoções das pessoas para mascarar sua própria, que estava uma confusão dentro de si. Ultimamente vinha acontecendo isso. Desde que conheceu a professora nova, Jasper não entendia mais suas próprias emoções, ela o deixava confuso de alguma forma. Ou talvez ele só não queria admitir o que sentia, o que era bem mais provável.
O Hale estava tão focado que não ouviu o barulho da cortina a sua frente sendo arrastada:
— Loirinho. — a voz provocante da ruiva fez ele virar e se deparar com ela sendo parcialmente tampada pelo tecido vermelho que impedia os olhares para dentro do provador. — Estou precisando de uma ajuda.
— O que precisa? — um pouco desconcertado pelo apelido e a forma como foi dito, Jasper se levanta andando em direção a ruiva.
— Droga, isso é muito um clichê adolescente. — murmurando consigo mesma, Fleury passa as mãos pela nuca em sinal de frustração. — Não consigo fechar o zíper.
— Quer... que eu tente encontrar a Alice? — desvia o olhar para o lado, enfiando as mãos no bolso no casaco.
— Não acho necessário, é só você fechar. — Fleury tenta descontrair, lançando um sorriso malicioso em direção ao loiro para brincar com o mesmo. Estava começando a achar graça nas expressões dele. — Só não pode me tocar muito, loirinho. Não confio nem um pouco nas minhas reações perto de alguém como você. — piscando um olho, a ruiva some dentro do provador, esperando o Hale entrar.
Jasper somente fecha seus olhos com força para recuperar controle sob seu corpo, respirando fundo; mesmo que não fosse necessário, o ato humano algumas vezes lhe ajudava, mas apenas piorou ao sentir de leve a colônia conhecida de rosas e whisky.
Para que Fleury não esperasse mais tempo, o vampiro caminhou em direção ao local fechado. Em sua mente, Jasper sabia que era apenas uma brincadeira da garota, estava bem claro, mas seu corpo reagia de uma forma contrária.
Ao adentrar no trocador, a Volkov estava de costas para ele, em frente ao enorme espelho que tomava toda parede. Havia dois puffs brancos no canto, que tinham as roupas dela em cima. Fleury estava com um longo vestido preto brilhante em seu corpo, que marcava sua cintura fina, e tinha um caimento solto em baixo.
Pelo reflexo no espelho, Jasper percebeu o olhar intenso da garota ruiva em direção a ele, encarando também os belos olhos castanhos que ela tinha. Com seus olhares conectados, Fleury leva as duas mãos para trás da cabeça em movimentos que não demonstravam nenhuma pressa, erguendo os cabelos avermelhados para que o vampiro tivesse total acesso ao fecho em suas costas.
A primeira coisa que o Hale notou foram as duas pintas se destacando nas costas brancas da garota, sentindo vontade de tocá-las com a ponta dos dedos. Reprimindo os desejos estranhos, ele somente levou sua mão ao zíper prateado, conseguindo levantar sem nenhum esforço; deveria estar meio emperrado, mas o vampiro sequer sentiu.
Ainda com sua mão no zíper, ele decidiu dar outra espiada pelo espelho, notando que Fleury agora tinha seus olhos fechados e uma expressão difícil de interpretar. Uma onda de prazer, frustração e repreensão chegou até Jasper, que arregalou os olhos pelos sentimentos fortes. A Volkov então suspira e isso fez com que a imensidão dourada do vampiro se tornasse negra, como se ele estivesse com sede; aquele simples ato o fez sentir uma imensa vontade de rasgar a droga do vestido que tampava sua visão do corpo de Fleury.
Assustado com a direção que seus pensamentos o estavam guiando, Jasper retira com rapidez suas mãos da vestimenta da ruiva, saindo do provador sem dar qualquer palavra a ela. Afastando a cortina, deu de cara com uma Alice Cullen sentada de pernas cruzadas, olhando para o provador como se soubesse de tudo e todas as coisas. O loiro não duvidava nem um pouco que ela soubesse, o sorriso malicioso que a menor lhe lançou só provou que ela realmente sabia e tinha armado toda situação.
O que mais instigava Jasper era ainda não ter descoberto sobre o que diabos "banana e mamão" significava. Parecia que nenhum de seus irmãos estavam dispostos a lhe explicar, já que Emmett só sabia rir, enquanto Alice se afastava com um sorriso no rosto dizendo que uma hora ele descobriria.
Esperando as meninas se afastarem, o Hale tentou novamente uma abordagem ao irmão mais novo, que olhava para Rosalie com um sorriso bobo costumeiro:
— Não vai ser eu que vou te explicar sobre isso. — resmunga o grandão de forma simples, sem lhe lançar um segundo olhar. — Se quer saber, pergunte ao Carlisle.
— Vai ter volta. — murmura irritado, vendo Emmett rir debochado.
Bella que estava ao lado ouvindo parcialmente a conversa, já que os dois vampiros conversavam bem baixo, acaba decidindo se intrometer, mesmo com estando receosa e com a vergonha tomando seu corpo e colorindo suas bochechas de vermelho.
— Hmm… eu sei o que significa. — torce os dedos tímida, com a atenção dos dois toda para si. O vampiro loiro a encarava com curiosidade e indagação, esperando que a morena continuasse. — Banana e mamão também pode ser uma referência a bissexualidade.
A última palavra brilhou em neon na cabeça de Jasper, que já ligou os pontos por ter conhecido poucos vampiros bissexuais em seus anos ao lado de Maria.
— Ah… — foi a única resposta coerente que ele conseguiu dar, ainda com a mente trabalhando afoita na informação. Ele estava surpreso, tinha que admitir, mas ele não sentia nenhum incomodo com esse fato apesar de ser um pouco tradicional.
Os três acabaram tendo que deixar a conversa de lado com a volta do restante. Não prenderam o riso ao verem Emmett comemorar quando Alice anunciou que estava na hora de ir.
A vampira finalmente se sentiu satisfeita ao renovar o próprio guarda roupa e, não totalmente contente, insistiu um pouco e conseguiu renovar também o de Bella, que parecia não tão contente em ser a bonequinha da Cullen.
Um figura esbelta com um roupão poderia ser vista segurando duas peças de roupas. Parada em frente ao espelho, Fleury estava com um vestido em cada mão; ela revezava entre pôr um e outro na frente de seu corpo, como se pensasse em qual usaria aquela noite. O da direita era em um tom de vermelho e longo, com uma fenda bem chamativa nas pernas, o que certamente era o que mais combinava com ela; já o segundo era um modelo mais discreto na cor preta, porém não deixava de ter elegância e sensualidade com alguns brilhos e certas áreas expostas, como a do pequeno decote em V.
Pensando no evento, a ruiva percebeu que usar um vestido vermelho poderia ser inapropriado para a ocasião. Abrindo um meio sorriso, o pendurou de volta no roupa e continuo a se aprontar, já que não estava atrasada. Além do vestido e do salto alto prateado, escolheu usar uma maquiagem leve nos olhos, marcando apenas a boca com seu característico batom que não poderia deixar de lado. Pôs um par de brincos discretos como complemento, escolhendo um colar com uma pequena pedra dourada que se destacava entre o decote.
Quase pronta, Fleury desfez o coque, o que liberou seus cabelos ruivos que caíram como uma cascata de cachos por suas costas.
— Não queria dizer nada, mas eu sou uma puta gostosa. — elogia a si mesma, fazendo poses sozinha.
Se analisando no espelho, a russa escutou o rangido da porta se abrindo, sendo recebida por uma Emily deslumbrada com sua aparência.
— Finalmente se apaixonou por mim, Emy? Eu sempre soube que era sua verdeira paixão e o Sam era apenas um encosto, só faltava você perceber isso. — brincou a ruiva, tirando uma risada da amiga.
— Você está linda, Fley. — afirmou a mulher, que logo explicou sua presença ao dizer que Robert havia chegado e não parava de irritar o Uley.
Assim como Fleury, Robert Hallway tinha o dom de deixar Sam a ponto de surtar.
A ruiva a agradeceu enquanto pegava sua bolsa. Descendo logo atrás da amiga, avistou seu melhor amigo de braços cruzados e cara fechada, travando o maxilar; em contraste a sua aparência irritada, Robert estava vestindo um terno formal preto de gravata vermelha como se em homenagem a Volkov, sorrindo de maneira satisfeita como se acabasse de cumprir uma missão.
— Wow, vocês não destruíram a casa nesses dois minutos! Impressionante… — soltou a ruiva, chamando a atenção dos homens que se viraram em sua direção. Ambos tiveram uma reação parecida com a de Emily, porém o clima foi quebrado com as próximas palavras de Sam.
— Você não usando vermelho… será que bateu a cabeça? Devemos nos preocupar? — questionou o Uley claramente zoando a amiga que o respondeu pisando sem pena em seu pé com o salto fino ao passar pelo mesmo. O prazer de vê-lo pulando em um pé só, reclamando de dor, aquecer o coração de Fleury, que se sentiu realizada.
Tirando uma risada de Emily e Robert, a ruiva se despediu do casal enquanto seguia seu acompanhante em direção ao carro estacionado em frente a casa. O Hallway estendeu o braço para sua quase filha enquanto esta apoiava a mão levemente no mesmo.
— Então é assim que um pai se sente na festa de debutante da filha? — perguntou com uma curiosidade e felicidade genuína.
Robert Hallway nunca se casou ou teve filhos. Sendo um homem focado na carreira e no sucesso, acabou perdendo várias chances de montar uma família. Esse assunto não o incomodava tanto quanto a alguns tempos atrás, ele tinha seus amigos e Fleury entrou na sua vida dando-o inúmeras experiências paternas.
— Infelizmente minha festa de dezesseis anos foi cercada de figuras influentes, status na mídia, e não teve nada tradicional como uma valsa. — a ruiva tentou soar engraçada mas podia se sentir uma certa tristeza no fundo de sua voz, algo que não passou despercebido pelo mais velho que lhe lançou um sorriso conhecedor ao abrir a porta do carro.
— O passado não é importante agora, Fleury. — respondeu o homem recebendo um leve confirmação de cabeça da mesma. — Não se esqueça que os Quileutes fizeram uma festa maravilhosa para você a alguns anos atrás.
— Festa essa onde eu e Leah acabamos com uma bela ressaca no dia seguinte, e resfriadas por termos pulado no lago de madrugada. — brincou um pouco mais alegre, entrando no lado do passageiro com cuidado.
— Não esqueça a grande bronca de James, Billy e Harry. — soltou o mesmo, logo depois rindo ao ver a ruiva fazer uma careta como se lembrasse de algo terrível. Robert deu partida no carro animado em direção ao Port Angeles.
Hey babies como vocês estão? O que acharam do capítulo? Amamos ouvir as opiniões de vocês, teorias e comentarios pois é super divertido.
Finalmente depois de anos, estamos aqui com o nono capítulo de Blood Moon IRRAAAAAA. Como pedido de desculpas, ele está longo e talvez é o maior capítulo que escrevemos, contendo mais de cinco mil palavras.
Queríamos agradecer todas as leitoras pelo apoio, amor e carinho, por nós e a história. Moonie e eu estamos bem melhores agora, provavelmente não irá demorar muito para o capítulo dez sair — aleluia ARREPIEI
Lembram o joguinho que fizemos, onde o personagem criado por um dos leitores ia aparecer na história? Então, pedimos desculpas a ganhadora pela demora e sua personagem vai ser introduzida no capítulo dez e vai ter muita importância na segunda parte da história.
Falando na segunda parte da história, estamos chegando na reta final do filme "Crepúsculo" faltando uns seis capítulos se não me engano? Aí entraremos em Lua Nova se não me engano, onde vai ter um enredo e mudanças que irão surpreender vocês hahahaha aguardem ansiosamente.
Por conta de já fazer um tempo, existe muitos comentarios não respondidos. Então, logo depois que esse capítulo for postado, prometo responder todos os comentários anjos.
BATEMOS 50K MEU DEUS A GENTE NÃO TA ACREDITANDO FALA SÉRIO AAAAAAAAA MUITO OBRIGADA SÉRIO VOCÊS SÃO INCRÍVEIS E AINDA NÃO PENSAMOS NO QUE FAZER COMO ESPECIAL!!!!! Então princesas e príncipes, possuem alguma sugestão??
Acho que não tem mais nenhum aviso importante...Então tudo que eu desejo é que vocês tenham um ótimo dia, independente do dia, horário, mês ou ano que vocês estejam lendo esse capítulo. Todas são incríveis e nós duas amamos vocês AAAAA
★━━━━━━━━ XOXO, M&M