Emma
Assim que chegamos na praia, Noah segurou a mão de Eliza, guiando-a para a areia. Os dois começaram a correr para longe, deixando Daisy com a expressão mais incrédula que eu já vi.
— Noah!! Volta aqui! — Ela gritou, correndo atrás dos dois, que sumiram da vista de todos.
— Isso que eu chamo de pessoa trouxa. — Chris falou, rindo ao lado de Charlie.
Logan me ajudou a descer da lancha, me perguntando, assim que coloquei os pés na areia:
— Onde quer ir primeiro? Está confortável aqui? Ahn, quer um sorvete? — Sua mão estava começando a suar novamente, enquanto sua voz tremia.
— Você tá bem Logan? Parece nervoso... — Assim que deduzi isso, ele começou a gargalhar alto.
— Nervoso? Eu? Claro que não! — Ele fazia um sorriso forçado, e olhava para todos os lados, a procura de algo.
Para tirar esse nervosismo dele, mesmo que eu ainda não saiba do porquê ele estava assim, sugeri irmos até o mar nadar um pouco.
Segurei em sua mão, entrelaçando meus dedos nos seus, e o guiei até a margem, onde as ondas do mar batiam suavemente na areia, criando delicadas espumas.
Assim que botei meus pés na areia molhada pela água, me virei e segurei as duas mãos do Logan, o guiando cada vez mais para trás. Senti a água molhando meu calcanhar, e quanto mais me aprofundava, mais a água se seguia pelo meu corpo, até encostar na minha cintura.
Sorri para ele, que me admirava com atenção e carinho.
— Vamos. — Apontei para o mar — Vou te ensinar a nadar.
— O-O QUÊ?! — Seus olhos se arregalaram no mesmo instante, e ele soltou suas mãos das minhas.
— Qual é, tá com medo de água?! — Rindo, formei uma concha com as minhas mãos, e joguei água em seu rosto.
— Ah, é assim?! — Ele riu, fez a mesma coisa que eu, e jogou água em meu rosto também.
Eu o puxei pela camiseta, fazendo seu rosto ficar a pouco centímetros do meu. A água escorria por seu cabelo, e seu rosto estava todo molhado.
Devagar, para provocá-lo, fui tirando sua camiseta lentamente, até deixá-lo sem. Então, a joguei para longe, um pouco mais fundo para nadar.
Ele me olhou, cético, e então declarou:
— Se você acha que jogar minha camiseta para longe vai me ensinar a nadar, está muito enganada. — Então ele deu um sorrisinho de lado — Só está me deixando mais apaixonado por você, com toda essa sua provocação.
Senti minhas bochechas esquentarem, e então só pra me deixar mais envergonhada ainda, ele coloca uma mexa de cabelo que estava em meu rosto, atrás da minha orelha.
— Olha só, alguém ficou vermelha... — Logan riu, vendo minha expressão.
— Não fiquei não! — Menti. — Você que está delirando por causa do sol. — Então, ainda com as bochechas vermelhas, segurei em seu pulso, puxando-o para mais fundo.
— Ei, você quer me matar afogado? — Logan hesitou, dando passos desajeitados para trás.
— Deixa de ser molenga, nem é tão fundo assim. — Comecei a puxá-lo novamente, e desta vez, ele se deixou levar.
A água aumentava de pouco em pouco, e continuei a emergir mais fundo, até a água bater no peito do Logan, que me olhava com atenção.
Dei a volta até ficar atrás dele, e abri os seus braços, que estavam paralisados.
— Po-por que eu tenho que abrir meus braços?! — Gaguejando e com os braços e pernas tremendo, podia ouvir sua respiração ofegante.
— Calma Logan, você confia em mim, não confia? — Me virei e fiquei de frente para ele, olhando-o fixamente.
Ele respirou fundo, e acenou positivamente com a cabeça, afirmando:
— Confio, sempre.
Comecei a inclinar meu corpo para frente, explicando:
— Primeiro você precisa ficar nessa posição, com a barriga pra baixo. — Comecei a tirar os meus pés lentamente da areia abaixo da água. — Agora retire os pés, mantendo equilíbrio.
Logan me olhava atentamente, mas ainda estava com receio.
Estiquei meus braços e comecei a nadar, empurrando a água para trás com os meus pés, como se fossem cortinas transparentes, enquanto meus braços se abriam e fechavam.
— Viu só? Não é difícil. — Encarei ele, que pairava no mesmo lugar.
Nadei até ele, e coloquei minhas mãos em sua barriga, fazendo ele se inclinar.
Agora Logan estava mais calmo, e abriu os braços como eu havia feito. Tentou empurrar a água para trás, sem sucesso.
Em vez disso, sua ele acabou inclinado a cabeça demais, e engoliu água.
— AH! ECA!! — Ele exclamou, cuspindo toda a água salgada que ele havia engolido.
— É, isso foi nojento mesmo. — Eu ri abertamente, enquanto ele cuspia mais água. — Francamente Logan, nadar não é pra você.
— Pois é, descobri isso quando quase me afoguei no lago atrás do bosque aquele dia.— Ele tossiu, esfregando o cabelo com as mãos.
— Você não se afogou porque eu estava ali. Se não, você teria que lutar pra sair dali. Aquele lago é realmente fundo.
— Sorte a minha ter você por perto o tempo todo, não sei o que eu faria sem você. — Ele sorriu, e seu olhar parou em algo atrás de mim — Olha, vamos ali tomar sorvete. Eu pago!
Saímos desajeitadamente da água, e caminhamos até uma barraca de picolés.
Próximo dali, sentados na areia, estavam Chris e Charlie, tomando sorvete e conversando.
— Qual sabor você vai querer? — Logan perguntou, pegando um picolé de chocolate para ele.
— Limão. — Respondi.
Ele me entregou o picolé, e nos sentamos juntos perto de Chris e Charlie.
— Oi Emma, oi Logan. — Chris se virou para nós — Vocês viram meu irmão por aí?
— Não. Ele não está com a Jasmine? — Olhei para os lados, mas nenhum sinal dos dois. Na verdade, nenhum sinal dos outros também.
— Provavelmente sim. — Charlie disse.
Logan, percebendo a falta do resto, indagou:
— Noah e Eliza também sumiram não é? Com certeza devem estar se agarrando na parte mais afastada da praia. — Ele deu uma lambida no picolé.
— Com Daisy por perto? Duvido que aquela vaca vá deixar os dois sozinhos por um instante. — Charlie revirou os olhos, com nojo de Daisy.
— Ah é, tinha me esquecido que uma intrusa tinha vindo com a gente. — Logan falou ironicamente.
Rimos com o que ele disse, e me voltei para meu picolé, que estava derretendo com o calor do sol.
— Vamos para outro lugar? Nossos picolés estão derretendo. — Sugeri a Logan, pois o mesmo estava derretendo em sua mão.
Ele concordou com a cabeça, então acenamos para o casal e nos afastamos dali.
Logan e eu caminhávamos lentamente pela praia. Os grãos de areia quente grudavam nos meus pés molhados, e a cada passo que dávamos, nossos pés espalhavam areia pelo caminho, deixando curvas e marcas de pés.
— Vamos ali, naquelas rochas. — Logan apontou para alguns rochedos próximos dali. — Quem chegar por último deve ao outro alguma coisa! — Ele piscou para mim e saiu em disparada.
— Ei!! — Gritei, e corri para tentar alcançá-lo.
Mas, sem sucesso, Logan chegou primeiro do que eu, e não estava nem um pouco ofegante ou cansado. Já eu, estava quase desmaiando ali mesmo.
— Como... — Apoiei minhas mãos em meus joelhos e tomei fôlego — você conseguiu?
— Posso não ser bom em nadar, mas sou ótimo em correr. — Ele respondeu. — Já que eu venci, posso escolher minha recompensa não é?
Olhei para ele, onde uma expressão vitoriosa estava estampado em seu rosto.
— Pode, o que você quer? — Perguntei.
Eu com certeza já sabia a resposta, pois obviamente ele iria pedir um beijo. Se foi difícil nos beijarmos aquela vez, imagine agora?
Mas o que ele disse em seguida me surpreendeu:
— Eu quero aquele lírio branco que está na água. — Então, ele apontou para a flor que flutuava nas ondas do mar.
— O quê?! Você quer um lírio? — Indaguei.
Ele afirmou positivamente com a cabeça, e fui caminhando em direção a flor.
As espumas do mar batiam nas rochas, que respingavam pequenas gotas para ambos os lados.
Meus pés foram afundando na areia conforme eu me aproximava do lírio, até que eu o peguei e fui em direção ao Logan.
— Aqui, toma. — Entreguei a flor branca a ele. — Pensei que você iria pedir outra coisa.
Ele olhou para mim, arqueando uma sobrancelha.
— Como o quê?
Baixei meus olhos e olhei para os meus pés. Se ele não queria me beijar significava que ele não gostava mais de mim? Ou que ele estava com medo de eu sair correndo novamente? Hum...mas e se eu entrasse em pânico mesmo? E se eu ficasse desesperada se ele me pedisse um beijo?
Nossa, percebi que eu penso muito em conclusões. Acho que eu sempre pensei, na verdade. Apenas não queria admitir pra mim mesma que tiro muitas conclusões precipitadas...
Tomei coragem e respondi:
— Pensei que você iria pedir um beijo...
Ele deu aquele maldito sorriso de lado, fazendo meu coração acelerar. Então, colocou o lírio atrás da minha orelha, perguntando:
— Você quer me beijar? — Ele olhou para o lado e respirou fundo — Eu já disse que não vou forçar a barra. Eu te entendo se não conseguir...
Antes que ele pudesse terminar de falar, meu corpo deu um impulso, que nem eu sei direito de onde veio. Passei meus braços em volta de seu pescoço, enquanto Logan segurou minha cintura. Pude sentir suas mãos molhadas de suor...eu acho que é assim que ele fica quando está nervoso.
Meu rosto se aproximou do seu, mas eu não sabia por onde começar, então meus lábios simplesmente tocaram os seus, fazendo arrepios circularem por todo o meu corpo.
Com o coração acelerado, comecei a passar minha língua de leve em sua boca, então minhas pernas começaram a tremer quando Logan retribuiu o gesto, passando o mais leve possível pelos meus lábios.
Quando tomei a iniciativa de abrir minha boca para que nossas línguas se encontrassem, uma voz cortou o ar:
— Emma! Logan... — A voz começou a diminuir quando Charlie nos viu.
Ele ficou parado, pasmo com a cena, e então com um tom muito alegre exclamou:
— EU NÃO ACREDITO! — Ele colocou as mãos na boca. — GENTE, VOCÊS SE BEIJARAM!
Eu e Logan nos afastamos rapidamente um do outro, ficando corados.
Então Charlie continuou:
— Que fofo!! Vocês estão vermelhos!
Logan começou a ficar envergonhado, e gaguejou:
— N-não conta pra ninguém Charlie! Nem para o Chris!
— Tá bom, eu não conto. Ao contrário do meu namorado, eu sou bom em guardar segredos. — Ele sorriu para nós dois, e piscou. — Vim chamar vocês dois para montarmos uma fogueira com o resto.
— Por que agora? Nem está tarde... — Então Logan percebeu que o sol já estava se pondo.
— Perdemos a noção do tempo. — Falei, rindo.
Charlie, Logan e eu caminhamos em silêncio durante todo o trajeto para onde todos estavam. Mas quando começamos a nos aproximar, as vozes começaram a ficar mais altas, como uma briga.
A praia estava deserta, só tínhamos nós ali, na beira do mar.
Logan e eu trocamos olhares um para o outro, quando escutamos Eliza gritar:
— Eu deveria ter te jogado no mar quando tive oportunidade!!! — Quando nos aproximamos mais um pouco, percebemos que Eliza estava brigando com Daisy.
— Uau! A treta do século! — Cochichou Charlie, se juntando a Chris.
Logan segurou minha mão, e fomos até o grupo, que encaravam as duas.
— Você não tem direito nenhum de dar em cima do meu namorado! — Daisy cuspia as palavras na cara de Eliza, que lançava a ela um olhar ameaçador.
— Eu tenho sim, e sabe por que? — Ela apontou o dedo indicador na direção de Daisy — Porque eu beijei o seu namorado, e ele gostou, sua vaca!
Um murmúrio se espalhou ao nosso redor, e Jasmine não aguentando, se interveio:
— Gente, gente...nada de brigas, estamos aqui para passar um final de semana calmo, sereno e divertido. Vamos ser sensatos!
Mas Daisy ignorou totalmente o comentário, e começou puxar Eliza pelo cabelo. Mas Eliza não deixou barato, e começou a morder o braço de Daisy.
Foi uma confusão total.
Jasmine gritava que "brigar não é a solução" e Nathan tentava separar a briga entre as duas.
Chris e Charlie gritavam "briga! Briga! Briga!" Enquanto observavam tudo.
De repente, sinto Logan segurando meu braço, e me puxando, dizendo:
— Vamos pra outro lugar, essa briga vai durar um bom tempo.
Mas quando estávamos voltando para os rochedos, Noah nos chamou em um canto:
— Ei, vocês dois. Venham aqui!
Fomos até ele, então ele continuou:
— Eu deixei algumas garrafas de vinho no chalé, embaixo da minha beliche. — Ele nos entregou a chave da lancha — Vocês podem ir buscar? Talvez isso acalme um pouco a situação.
— As duas estão quase se matando ali, e você quer beber?! — Logan riu.
— Tem uma idéia melhor? — Noah deu de ombros, indo em direção a Eliza e Daisy.
Como aquela briga não ia terminar cedo, eu e Logan fomos até a lancha, silenciosamente.
Subimos nela, e eu me sentei ao seu lado, enquanto Logan tentava ligar a lancha.
Assim que ele a ligou, não sabia por onde começar:
— Como se controla essa coisa?! — Logan irritado, começou se remexer no banco.
Até que finalmente, ele foi pegando o jeito, então a lancha começou a ir mar adentro.
As partículas de água respingavam ao nosso redor, e a lua já começava a surgir em meio a penumbra que se instalava de pouco em pouco.
Até que eu quebrei o silêncio que se encontrava entre nós:
— Olha...sobre o beijo... — senti minhas bochechas esquentarem, e coloquei uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.
— É...e-eu... —Logan ficou vermelho também, e limpou a garganta — Eu gostei.
Olhei para ele, e Logan imediatamente olhou para o mar, envergonhado.
Naquele momento do beijo, eu me senti uma garota normal pela primeira vez, como todas fazem, como todas se sentem.
Eu pude deixar meus pensamentos amedrontadores de lado por uma única vez.
— Eu também gostei. — Falei.
Ele olhou pra mim, e seus olhos se iluminaram, como as poucas estrelas que surgiam no céu naquele exato momento.
Chegamos até os chalés, e descemos da lancha.
Assim que abrimos, pude perceber algo em cima da beliche em que Eliza e Noah dividiriam.
Assim que eu me aproximei, vi um estojo de maquiagem, com a letra "D" estampado nele em itálico.
— Logan? — Olhei para ele, que procurava as garrafas embaixo da cama de Noah.
Ele se levantou, com 4 garrafas de vinho na mão, e me olhou.
— Acho que Eliza roubou isso da Daisy... —
Logan observou o estojo em minhas mãos, e depois riu, dizendo:
— Bem feito. Eliza poderia ter trocado as coisas que estão ai dentro por picolés. Então, quando ela abrisse, estaria tudo derretido.
Eu ri com a idéia genial que ele teve, e então coloquei o estojo na cama de Eliza novamente.
Logan
— Já tomou? — Perguntei, erguendo a garrafa na mão enquanto subíamos na lancha.
Ela olhou para a garrafa e depois para mim, respondendo:
— Não. Você já?
— Sim. Bom, só um pouco quando eu ia na casa dos gêmeos. — Me ajeitei no banco, ligando a lancha com a chave.
— Você não quer me dar as garrafas? — Emma apontou para elas, que estavam no meu colo.
Não queria ser folgado, muito menos irresponsável, então discordei:
— Não precisa, tudo bem? — Arrumei as garrafas em meu colo, enquanto ela concordava.
Comecei locomover a lancha pelo mar, enquanto as garrafas chacoalhavam umas nas outras.
O chaveiro em forma de âncora batia na ignição por causa do movimento, e as garrafas escorregavam do meu colo para o chão. Até que elas começaram a deslizar realmente, e caíram.
— Logan!! — Emma gritou, se agachando para recolher — Eu disse que iam cair!
Desliguei a lancha e comecei a ajudá-la a recolher, mas então Emma se curvou em minha direção e tirou a chave da ignição.
— Por que você fez isso? Só estamos colocando as garrafas no banco de trás. — Falei.
Ainda com a chave na mão, ela me respondeu:
— Ora, já pensou se ela trava ali dentro? Tudo pode acontecer...
— Emma, você se precipita demais, vamos, me dê a chave... — Tentei alcançá-la, mas ela levantou o braço mais ainda para o alto.
— De jeito nenhum. Do jeito que você é, seria bem capaz de você deixar ela cair na água, como você fez com a minha régua aquele dia... — Ela revirou os olhos e bufou.
— Eu não vou deixar a chave cair! Não sou tão idiota a ponto de deixar isso acontecer! — Tentei mais uma vez segurar a chave, enquanto ela inclinava o corpo para trás.
Até que eu segurei no chaveiro, e comecei a puxar, mas Emma puxou mais ainda. Então eu senti a chave saindo de sua mão e parando na minha.
— Consegui! — Exclamei, mas Emma me olhou com o rosto espantado e em seguida se virou e olhou para o mar, que agora refletia a luz da lua.
— O que foi? Tem algo no mar? — Perguntei, colocando minha mão em seu ombro.
Ela se virou bruscamente e me olhou brava, gritando:
— O que você fez Logan?!!
Eu não entendia o porquê ela estava agindo daquele jeito, até que olhei em minhas mãos e tive uma surpresa:
— Emma, por que eu estou apenas com o chaveiro de âncora na mão, e não com a chave?!
Ela enrubeceu, e me respondeu:
— Você deixou a chave cair no mar!!
Arregalei meus olhos, e me aproximei rapidamente pra perto da Emma. Olhei para o mar, que agora estava totalmente escuro pela noite, e nada da chave flutuando...
— O que nós vamos fazer? — Coloquei minhas mãos atrás da minha cabeça e suspirei fundo.
— Eu avisei que ela ficaria mais segura comigo! Mas você me ouviu? Não...preferiu tomar ela da minha mão. — Ela se ajeitou no banco e cruzou os braços.
— Foi você que tirou a chave da ignição, não eu... — Olhei para ela, que devolveu o olhar com ferocidade.
— Isso não teria acontecido se você não fosse tão impulsivo. — Uau, ela me acertou em cheio.
Respirei fundo e segurei em sua mão, dizendo:
— Olha Emma, eu sinto muito. Não deveria ter feito isso.
— É. Mas eu deveria ter confiado em você também... — Finalmente abriu-se um sorrisinho em seus lábios, que me fez sorrir também.
— Está muito escuro para eu nadar, e já está começando a esfriar. O que vamos fazer? — Ela perguntou.
Se ela não sabia, muito menos eu.
— Eu não sei...quer dizer, uma hora eles vão notar que estamos demorando e irão nos procurar, certo? — Respirei fundo, olhando fixamente para Emma.
— No meio do nada? — Ela observou o mar — Sozinhos numa lancha, sem comida e está cada vez mais frio aqui. Final de semana perfeito! — Ela bufou de novo,e cruzou os braços.
Agora minhas esperanças estavam sumindo, não fazia idéia se ela iria gostar do que eu estava planejando.
Olhei para as garrafas que estavam no banco de trás. Elas eram a única fonte de bebida que tínhamos, se fossemos passar a noite ali.
— Emma, eu tenho uma sugestão, mas não sei se você vai concordar...
Ela me encarou, dizendo:
— Qualquer coisa serve nessa situação.
Estendi meu braço e peguei uma garrafa.
— Essa é a única bebida que temos... — Entreguei a ela, mas Emma me devolveu no mesmo instante.
— Não! E se eu me arrepender de ter tomado? Eu nunca bebi vinho.
— Para tudo se tem uma primeira vez. Essa é a minha primeira vez sozinho numa lancha no meio do nada, com uma garota. — Sorri.
Ela revirou os olhos e tomou a garrafa da minha mão.
— Se eu me arrepender, a culpa vai ser sua. — Ela abriu a garrafa e tomou um gole.
Emma fez uma careta quando engoliu, mas depois se acostumou com a sensação, e continuou tomando.
Abri uma também, e tomei um gole. Só tinha engolido umas três vezes. Fiquei olhando para o mar durante uns dez minutos enquanto bebia pequenos goles. Mas quando olhei para Emma, ela já havia tomado quase a garrafa inteira.
— Emma! — Tirei a garrafa de sua mão, e ela começou a rir.
— O que foi? Você disse pra mim tomar... — Ela limpou a boca com as costas da mão, e se aproximou de mim.
Nossa, onde eu estava com a cabeça?! Por acaso eu esqueci que ela tem TOC?! Ela exagera em muitas coisas por conta disso, acho que até o efeito deve ser exagerado.
Ela ficou me encarando durante uns instantes, e nós dois rimos.
E então depois de um tempo, ela fez algo que eu não esperava.
Em uma fração de segundos, ela envolveu suas pernas em minhas cintura e se sentou em meu colo, fazendo-me congelar.
— Emma...o que? — Mas ela não me ouviu, em vez disso ela simplesmente encostou seus lábios nos meus e me beijou.
Ela rapidamente colocou sua língua em minha boca, obrigando eu abri-la também. Nossa suas línguas se encostaram, e obviamente ambas com gosto de vinho.
— Tínhamos parado nisso, não tínhamos? — Ela falou, se afastando.
— Ahn...e-eu... — Não sabia nem o que dizer, era a primeira vez que uma garota tinha tomado a liderança e me beijado, e essa garota em especial era Emma.
Ela avançou para me beijar novamente, mas eu a afastei com os braços.
Tudo bem que era ela me beijando, mas Emma estava fora de si, não podia aproveitar essa situação tirando proveito dela. Tinha que ser responsável com a garota que eu amo.
Me aproximei dela e puxei sua cintura. Ela cruzou os braços em volta do meu pescoço, e tentou me beijar, mas eu desvencilhei.
— O que você tá fazendo? — Ela perguntou, com a língua dormente.
Peguei ela no colo e afastei as duas garrafas que tinham sobrado para o lado. Gentilmente repousei Emma no banco, que se acomodou de imediato.
Quando estava indo para o banco da frente, ela puxou a barra da minha bermuda, e eu me virei. Então ela sussurrou:
— Fica aqui comigo.
Me aproximei da Emma, e me deitei ao seu lado, abraçando-a. Ela estava congelando, então a abracei o mais forte que pude para esquentá-la.
As ondas calmas batiam silenciosamente na lancha, e a lua brilhava lindamente sobre as águas do mar.
Tempo depois, quando meus olhos já estavam cansados, sinto a cabeça de Emma encostando em meu peito, e assim ela acaba adormecendo.
Ainda abraçado junto a ela, fecho os meus olhos, e apenas ouço as ondas do mar chacoalharem com a brisa suave no ar. E então acabo dormindo, sentindo o cheiro de lavanda e carvalho da Emma.
Capítulo 14 concluído ✔
Capítulo 15 ⬇️