Anne de Ingleside | Série Ann...

By ClassicosLP

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Obra da canadense L. M. Montgomery. More

Ordem de leitura para a série Anne de Green Gables
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo XIX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capítulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Capítulo XXXIX
Capítulo XL
Capítulo XLI

Capítulo XIV

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By ClassicosLP

Foi o que Susan chamava um Inverno manchado...de nevões e degelos, que manteve Ingleside decorada com fantásticas orlas de gelo. As crianças alimentaram sete passarinhos que vinham frequentemente ao pomar tomar as suas refeições, e deixavam-se agarrar pelo Jem, apesar de fugirem das outras pessoas. Anne sentava-se à noite a consultar catálogos de flores em Janeiro e Fevereiro. Então os ventos de Março encaracolaram- se nas dunas e no porto, e sobre as colinas. Os Coelhos, dizia a Susan, começavam a deixar os ovos da Páscoa.

"Março não é um mês 'xitante', Mamã?" gritava Jem, que era irmão mais novo de todos os ventos que sopravam.

E eles podiam ter passado bem sem a 'xitação' de verem o Jem arranhar a mão num ferro ferrugento e passar um mau bocado por causa disso, enquanto a Tia Mary Maria contava todas as histórias de tétano que conhecia. Mas isso, reflectia Anne quando o perigo passou, era o que se podia esperar de um filho pequeno que estava sempre a experimentar coisas novas.

E então, veio Abril! Com o riso da chuva de Abril...o murmúrio da chuva de Abril...o pingar, deslizar, correr, dançar, salpicar da chuva de Abril. "Oh, Mamã, o mundo não ficou tão lavado e bonito?" Exclamou Di na manhã em que o Sol regressou.

Houve estrelas pálidas de primavera brilhando sobre campos cobertos de névoas, houve florinhas novas nos pântanos. Até os pequenos raminhos das árvores pareciam ter perdido as suas características frias e terem-se tornado suaves e lânguidos. O primeiro pisco foi um evento; o vale era mais uma vez um espaço cheio de delícias selvagens e livres; Jem trouxe à mãe os primeiros Maios...para ofensa da Tia Mary Maria, que achava que lhe deviam ter sido oferecidos a ela; a Susan começou a arrumar as prateleiras do sótão, e Anne, que não tivera um minuto do Inverno para si própria, vestiu a alegria primaveril e viveu literalmente no jardim, enquanto o Camarão mostrava o seu enlevo primaveril rebolando-se pelos caminhos entre os canteiros.

"Tu tratas melhor do jardim do que do teu marido, Annie," disse a Tia Mary Maria.

mim," respondeu Anne de forma implicações que dali poderiam "O meu jardim é tão agradável para sonhadora...então, apercebendo-se das ser retiradas começou a rir.

"Tu dizes as coisas mais extraordinárias, Annie. Claro que eu sei que tu não queres dizer que o Gilbert não é agradável...mas o que pensaria um estranho se te ouvisse dizer uma coisa dessas?"

"Querida Tia Mary Maria," disse Anne alegremente, "eu não sou responsável pelo que digo nesta altura do ano. Toda a gente aqui sabe disso. Eu fico sempre um bocadinho louca na primavera. Mas é uma loucura tão divina. Já reparou nas névoas sobre as dunas, como bruxas dançarinas? E nos narcisos? Nós nunca tivemos tantos narcisos em Ingleside como este ano."

"Eu não ligo muito a narcisos. São uma coisas tão exibicionistas," disse a Tia Mary Maria, enrolando-se no xaile e indo para dentro para proteger as costas.

"Sabe, minha querida senhora," queixou-se Susan, "o que aconteceu àquelas íris novas que a senhora queria plantar naquele canto sombrio? Ela plantou-as esta tarde quando a senhora cá não estava no lugar mais solarengo do jardim das traseiras."

"Oh, Susan! E nós não podemos transplantá-los porque ela ia ficar magoada!"

"Se me deixar, minha querida senhora..."

"Não, não Susan, vamos deixá-los lá por agora. Lembra-se que ela chorou quando eu dei a entender que ela não devia ter podado as aleluias antes de florirem." "Mas desdenhar dos nossos narcisos, minha querida senhora...quando são famosos em todo o porto..."

"E merecem ser. Olhe só para eles a rirem-se de si por se importar com o que a Tia Mary Maria diz. Susan, as capuchinhas estão sempre a florir neste canto. Não é divertido quando estamos quase a perder a esperança de uma coisa e ela acontece? Eu vou fazer um pequeno jardim de roseiras no canto sudeste. Só o nome de jardim de rosas me dá arrepios. Já alguma vez viu um céu azul como este, Susan? E se estiver com muita atenção à noite consegue ouvir todos os pequenos riachos do campo a murmurarem uns para os outros. Quase me apetece dormir esta noite no vale com uma almofada de violetas bravas."

"Ia achar a cama muito húmida," disse Susan paciente. A senhora era sempre assim na primavera. Mas ia passar.

"Susan," disse Anne, "eu quero fazer uma festa de aniversário na próxima semana."

"Sim, e porque não?" perguntou Susan. Era verdade que ninguém da familia fazia anos na última semana de Maio, mas se a senhora queria fazer uma festa então porque não havia de a fazer?

"Para a Tia Mary Maria," continuou Anne, determinada a passar a parte pior. "O aniversário dela é na próxima semana. O Gilbert diz que ela faz cinquenta e cinco anos e eu pensei nisto."

"Minha querida senhora, pensa realmente dar uma festa para aquela..." "Conte até cem, Susan...conte até cem, minha querida Susan. Ela ia ficar tão contente. E afinal, o que é que ela tem na vida?"

"A culpa é dela..."

"Talvez seja. Mas Susan, eu realmente gostava de fazer isto por ela." "Minha querida Senhora," disse Susan contrariada, "A senhora sempre teve a gentileza de me deixar tirar uma semana de férias quando eu precisei. Talvez as deva tirar na próxima semana! Eu vou pedir à minha sobrinha Gladys para ir lá para casa ajudá-la. E nessa altura a Mary Maria Blythe pode ter uma dúzia de festas de aniversário que eu não me importo."

"Se é isso que pensa, Susan, eu desisto da ideia, claro," disse Anne lentamente.

"Minha querida senhora, aquela mulher enfiou-se aqui em casa e tem intenção de cá ficar para sempre. Ele tem-na arreliado...e chateado o doutor...e tem feito a vida das crianças num inferno. Eu de mim nem digo nada, afinal quem sou eu? Ela ralha e chateia e insinua e queixa- se...e agora quer-lhe fazer uma festa de aniversário! A única coisa que eu posso dizer, se a quer mesmo fazer... é então vamos embora fazê- la!"

"Susan, minha admirável velha amiga!"

E seguiu-se o planeamento. Susan, que tinha cedido, estava determinada que para honra de Ingleside a festa tinha que ser qualquer coisa em grande, tão perfeita que nem sequer a Mary Maria pudesse encontrar falha.

"Eu acho que vamos fazer um lanche, Susan. Assim as pessoas vão sair cedo e eu vou poder ir ao concerto em Lowbridge com o doutor. Vamos fazer segredo para ser uma surpresa. Ela não vai saber de nada até ao último minuto. Vou convidar todas as pessoas do Glen que ela gosta..." "E quem são elas, minha querida senhora?"

"Bem, as que ela tolera, então. E a prima dela Adela Carey de Lowbridge, e algumas pessoas da cidade. Vamos ter um grande bolo de aniversário com cinquenta e cinco velas..."

"Que vai ser feito por mim, claro..."

"Susan, você sabe que faz o melhor bolo de frutas da Ilha do Principe Eduardo..."

"Eu sei que sou como cera nas suas mãos, minha querida senhora."

E seguiu-se uma semana misteriosa. Um ar de segredo pairava sobre Ingleside. Toda a gente tinha jurado não divulgar o segredo à Tia Mary Maria. Na noite antes da festa a Tia Mary Maria chegou de uma visita no Glen para as encontrar sentadas com ar cansado na sala de estar já sombria.

"Estão ás escuras, Annie? Nem sei como é que alguém consegue estar assim sentada ás escuras. Fico deprimida."

"Não estamos ás escuras...está a anoitecer...houve um encontro amoroso entre a luz e a escuridão, e o fruto excepcionalmente belo que geraram foi este," disse Anne, mais para ela do que para qualquer outra pessoa.

"Eu acho que tu deves perceber o que disseste, Annie. E então vão fazer uma festa amanhã?"

Anne subitamente sentou-se muito direita. Susan, que já assim estava sentada, não se conseguiu endireitar mais.

"Tia...como...como..."

"Tu deixas-me sempre saber estas coisas por estranhos," disse a Tia Mary Maria, parecendo mais triste que ofendida.

"Mas nós queríamos que fosse uma surpresa, tia..."

"Eu não sei porque é que vais dar uma festa nesta altura do anos quando o tempo não é de fiar, Annie."

Anne deu um suspiro de alívio. Era evidente que a Tia Mary Maria apenas sabia que ia haver uma festa, mas desconhecia que tinha ligação com ela.

"Eu...queria fazê-la antes de se acabarem as flores da primavera, Tia."

"Eu vou usar o meu vestido de tafetá bordeaux. Se não tivesse ouvido a conversa hoje na vila, Annie, com certeza era apanhada de surpresa pelos teus amigos num vestido de algodão."

"Oh, não, Tia. Eu ia dizer-lhe a tempo de mudar de roupa, claro..." "Bem, se o meu conselho te é de alguma utilidade...e ás vezes vejo-me tentada a pensar que não...eu ia dizer-te que no futuro não devias ser tão misteriosa com certas coisas. E por falar nisso, sabes que andam a dizer no Glen que foi o Jem que atirou a pedra ao vidro da janela da igreja metodista?"

"Mas não foi," disse Anne calmamente. "Ele disse-me que não foi."

"Tens a certeza, Annie, querida, que não te mentiu?"

A "Annie querida" ainda assim respondeu calmamente.

"Toda a certeza, Tia Mary Maria. O Jem nunca disse uma mentira na vida."

"Bem, eu achei que tu devias saber o que se diz por aí."

A Tia Mary Maria saiu então, graciosamente como era habitual, evitando ostensivamente o Camarão, que estava deitado no chão de barriga para cima incitando alguém a fazer-lhe festas na barriga.

Susan e Anne deram um suspiro de alívio.

"Acho que me vou deitar, Susan. E eu espero que amanhã esteja bom tempo. Eu não gosto nada do aspecto daquela nuvem por cima do porto." "Vai estar com certeza, minha querida senhora," assegurou Susan. "O almanaque diz que sim."

A Susan tinha um almanaque que previa o tempo para todo o ano, e estava certo vezes suficientes para se considerar credível.

"Deixe a porta do lado destrancada para o doutor, Susan. Ele pode chegar tarde da cidade. Foi buscar as rosas...cinquenta e cinco rosas douradas...eu ouvi dizer à tia Mary Maria que as rosas amarelas eram as únicas flores de que gostava."

Meia hora mais tarde, quando lia o seu capítulo diário da Bíblia, Susan deu com o versículo, "Retira o teu pé da casa do teu vizinho antes que ele se canse de ti e te odeie." Ela pôs um raminho de uma flor lá para marcar a página. "Até naquela altura," reflectiu.

Anne e Susan levantaram-se ambas cedo, desejando completar alguns preparativos finais antes que a Tia Mary Maria se levantasse. Anne sempre gostou de se levantar cedo e apanhar aquela meia hora mística antes do sol nascer, quando o mundo pertence ás fadas e aos deuses antigos. Ela gostava de ver o céu da manhã rosa pálido e dourado por detrás da torre da igreja, os brilhos finos e translúcidos do nascer do sol espalhando-se sobre as dunas, as primeiras espirais violetas de fumo a flutuarem sobre os tectos da vila.

"É como se o tivéssemos encomendado, minha querida senhora," disse Susan contente, enquanto enfeitava um bolo com cobertura de laranja com coco. "Eu vou deitar mãos à obra com as novas bolas de manteiga depois do pequeno-almoço, e vou telefonar ao Cárter Flagg de meia em meia hora para ver se ele não se esquece do gelado. E ainda vou ter tempo de esfregar os degraus da varanda."

"Será necessário, Susan?"

"Minha querida senhora, não convidou a senhora Marshall Elliot? Ela não vai ver os degraus da nossa varanda noutro estado que não seja impecavelmente limpo. Mas a senhora trata das decorações, não é? Eu não nasci com o dom de fazer arranjos de flores."

"Quatro bolos! Ena!" disse o Jem.

"Quando nós damos uma festa," disse Susan orgulhosa, "damos uma festa!"

Quando os convidados chegaram foram recebidos pela Tia Mary Maria vestida de tafetá bordeaux e pela Anne, de voile creme. A Anne ainda pensou em vestir o vestido de musselina branca porque o dia estava quente, mas decidiu-se pelo outro.

"Foste muito sensata, Annie," comentou a Tia Mary Maria. "O branco, tenho sempre dito, é só para as jovens."

E tudo se passou conforme planeado. A mesa estava linda com o serviço mais bonito de Anne e a beleza exótica das íris roxas e brancas. As bolas de manteiga da Susan fizeram sensação, nunca antes se tinham visto no Glen; a sopa cremosa estava excelente; a salada de galinha tinha sido feita com as galinhas de Ingleside 'galinhas verdadeiras; o martirizado Carter Flagg entregou o gelado mesmo em cima da hora. Finalmente a Susan, carregando o bolo dos anos com as suas cinquenta e cinco velas acesas como se fosse a cabeça de São João Baptista, marchou sala a dentro e colocou-o em frente à Tia Mary Maria.

Anne, por fora uma anfitriã sorridente e serena, há algum tempo que se estava a sentir muito desconfortável. Apesar de exteriormente parecer estar a correr tudo bem, ela tinha a convicção cada vez mais profunda que qualquer coisa estava terrivelmente errada. Quando chegaram os convidados ela tinha estado muito ocupada para reparar na mudança que se dera no rosto da tia Mary Maria quando a senhora Marshall Elliot lhe tinha desejado que o dia se repetisse por muitos e longos anos. Mas quando se sentaram todos em volta da mesa Anne despertou para o facto da Tia Mary Maria parecer tudo menos satisfeita. Ela estava inclusivamente branca...e não podia ser de fúria!...e não disse uma palavra enquanto a refeição progredia, a não ser dar curtas respostas a quem lhe dirigia a palavra. Apenas comeu três colheres de sopa e duas de salada; e quanto ao gelado comportou-se como se lá não estivesse.

Quando a Susan lhe pôs o bolo de anos com as velas tremeluzentes na frente, a Tia Mary Maria engoliu em seco como se estivesse a engolir um soluço, mas na sua falta de sucesso acabou por soar como um grito estrangulado.

"Tia, não se sente bem?" exclamou Anne.

A Tia Mary Maria fitou-a como gelo.

"Bastante bem, Annie. Sinto-me até muito bem, para uma pessoa da minha idade."

E foi neste momento auspicioso que entraram as gémeas, trazendo um cesto com cinquenta e quarto rosas amarelas, e entre um silêncio súbito e sepulcral, o entregaram à Tia Mary Maria com votos de parabéns. Um coro de admiração elevou-se da mesa, mas a Tia Mary Maria não o acompanhou.

"As...as gémeas vão soprar as velas por si, Tia," disse Anne nervosa, "e depois pode cortar o bolo de aniversário."

"Como aindanão estou bem senil...Annie, eu posso soprar as velas sozinha."

E a Tia Mary Maria começou a apagá-las, de forma deliberadamente vagarosa. E com igual calma e deliberação cortou o bolo. E então pousou a faca.

"E agora talvez me dêem licença, Annie. Uma senhora idosa como eu precisa de descansar depois de tanta agitação."

E marchando se foi a saia de tafetá bordeaux da Tia Mary Maria. O cesto de rosas estatelou-se quando ela lhe passou ao pé. Ouviram-se os baques distintos dos saltos dos sapatos enquanto subia as escadas. Finalmente, um estrondo anunciou o bater da porta do quarto à distância.

Os convidados atónitos comeram as suas fatias de bolo de aniversário com tanto apetite quanto conseguiram reunir, num silêncio apenas quebrado por uma história que a senhora Amos Martin contou desesperada sobre um médico de Nova Escócia que envenenara vários pacientes com uma injecção de germens de difteria. Os outros, sentindo que esta história não seria do melhor gosto na presente circunstância, não a secundaram no esforço para animar o ambiente e foram saindo à medida que puderam.

Uma Anne muito perturbada subiu até ao quarto da Tia Mary Maria.

"Tia, mas o que é que se passa...?"

"Seria necessário divulgares a minha idade em público, Annie? E convidarem a Adela Carey...para ela descobrir a minha idade...quando há anos que ela tenta saber!"

"Mas tia, nós só queríamos...só queríamos..."

"Eu não sei qual era o teu propósito Annie. Mas por detrás disto tudo está uma coisa que eu sei muito bem...oh, eu consigo lê-la na tua mente, Annie...mas eu não vou tentar descobri-la...eu vou deixá-la entre ti e a tua consciência."

"Tia Mary Maria, a minha única intenção foi proporcionar-lhe um aniversário feliz. Tenho muita pena..."

A Tia Mary Maria levou o lenço aos olhos e sorriu corajosamente.

"Claro que te perdoo, Annie. Mas tu tens que compreender que depois de uma tentativa deliberada para injuriar os meus sentimentos eu não posso aqui permanecer mais tempo."

"Tia, não acredite..."

A Tia Mary Maria levantou uma mão longa e magra.

"Não vale a pena discutir mais o assunto, Annie. Eu quero paz...só paz. 'Quem consegue suportar um espírito ferido?'"

Anne acabou por ir ao concerto com Gilbert mas não se pode dizer que o tivesse apreciado. Gilbert levou o assunto 'mesmo à homem', como diria a Miss Cornélia.

"Eu lembro-me que ela foi sempre um pouco sensível em relação à idade. O pai costumava brincar com ela. Eu devia ter-te avisado...mas esqueci- me. Se ela se for embora, não a tentes dissuadir"...e retraiu a custo a observação "diabos a levem!"

"Ela não vai. Não temos assim tanta sorte, minha querida senhora," disse a Susan incrédula.

Mas por uma vez Susan enganou-se. A Tia Mary Maria foi-se embora no dia seguinte, perdoando a todos enquanto se despedia.

"Não culpes a Annie, Gilbert," disse magnânima. "Eu absolvo-a de qualquer insulto intencional. Eu nunca me importei que ela guardasse segredos de mim...apesar de eu ter uma mente tão sensível...mas apesar de tudo eu sempre gostei da pobre Annie"...com o ar de quem confessa uma fraqueza. "Mas a Susan Baker é uma coisa completamente diferente.

O meu último conselho para ti é...põe a Susan Baker no lugar dela e mantêm-na lá."

Ninguém acreditou na sua boa sorte de início. Mas acabaram por se aperceber que a Tia Mary Maria tinha realmente partido...que era novamente possível rirem sem ter medo de magoar os sentimentos de alguém...abrir todas as janelas sem ouvir queixas de correntes de ar...comer uma refeição sem ouvir que qualquer coisa de que gostavam especialmente podia provocar cancro de estômago.

"Eu nunca vi sair um convidado com tanto prazer," pensou Anne, meia culpada. "E é tão bom sentirmo-nos nós próprios outra vez."

O Camarão lavava-se meticulosamente, sentindo que afinal, sempre era divertido ser gato. A primeira peónia floriu no jardim.

"O mundo está cheio de poesia, não é Mamã?" disse Walter.

"Vai ser um Junho mesmo agradável," previu Susan. "O almanaque diz que sim. Vão haver algumas noivas, e alguns funerais também. Não parece estranho pudermos respirar novamente? Quando eu penso que quase a convenci a não dar aquela festa, minha querida senhora, apercebo-me que há realmente uma Providência Divina. E não acha, minha querida senhora, que hoje o doutor vai gostar de comer o bife dele com cebolas?"

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