Lívia (COMPLETA)

By JandiOliveira

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No reino Sarabely, a rainha deu a luz a duas gêmeas, a qual deu os nomes de Lívia e Olívia. Mas como a tr... More

CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
EPÍLOGO
LIVRO 2
AGRADECIMENTOS
COMEÇOU!!!

CAPÍTULO 44

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By JandiOliveira

Olheiras escuras demais para cobrir.

Rosto encovado demais para não ser notado.

Uma visão de derrota imagino, mas ser uma vencedora nunca fez o meu tipo.

O quarto está vazio demais para minha mente barulhenta, pequeno demais para um coração cheio de medo.

Medo.

De perder.

De fracassar.

De não ser boa o suficiente, forte o suficiente para sequer se manter de pé.

Me sinto como se estivesse em um navio, no meio de uma tempestade balançando de um lado para o outro com a certeza de que serei engolida pelas ondas gigantes.

Mas desejo que o navio naufrague. Quero que ele afunde na imensidão das águas... quero o silêncio que vem com a incapacidade de sugar o ar.

Quero silenciar os pensamentos incessantes. Para sempre.

Sempre.

Sempre.

Desvios os olhos do espelho, e caminho em direção a banheira fumegante. Quando a água toca meus pés ainda está quente demais para entrar, mas mesmo assim continuo até que ela cubra todo meu corpo, e então afundo completamente.
É uma dor pequena que se espalha enquanto minha pele parece queimar mas ainda assim ela alívia o que sinto lá dentro, incurável e forte demais.  Quando tudo queima... quando não encontro o ar, a tempestade que carrego dentro de mim parece se acalmar.

É como estar na arena de novo, as mão grandes esmagando meu pescoço, os pulmões ardendo... a paz.

Volto a superfície, tossindo e sugando todo ar que consigo. Levo a mão ao pescoço inchado, sei que se olhar meu reflexo encontrarei manchas rochas espalhadas, mas essas são apenas marcas externas de uma dor, que está muito pior por dentro.

Me levanto e agarro a toalha pendurada na lateral para cobrir meu corpo e protegê-lo da brisa fria que chacoalha as cortinas e invade o quarto. Pelas janelas consigo ver o céu nublado, as nuvens carregadas com a promessa de explodir em uma tempestade, - como sempre acontecia quando o inverno se aproximava - o céu cinza e o vento gelado balançando as folhas das árvores.

O céu prestes a desabar sobre a cabeça de todos.

É o clima perfeito para uma final.

Uma última prova.

Uma decisão.

E dois destinos selados para sempre.

Duas vidas.

Duas irmãs.

E apenas uma coroa. A vida provavelmente me odeia.

Coloco cada parte da armadura com dificuldade, as mãos machucadas não colaboram em nada e ardem como o inferno cada vez que toca o metal frio. Pego as tiras brancas estendidas ao meu lado na cama, e enrolo a palma da mão nelas, uma por uma, volta por volta, até que as feridas fiquem protegidas sob o toque suave do tecido. Prendo o cabelo molhado com delicadas fitas azuis, os fios úmidos deslizam entre meus dedos enquanto os retorço ligando-os um ao outro, até que uma trança desajeitada e folgada se forme.

Ando a passos largos pelos corredores até chegar aos portões de entrada, onde quatro guardas me esperam com cavalos para me escoltar até o local onde a última prova acontecerá. Subo com facilidade no cavalo, e balanço a rédea para seguir em frente rumo a qualquer que seja o local para qual estou sendo levada.

Mas o que começou em um completo mistério, se revela muito antes de chegarmos lá.

Conheço o caminho que estamos seguindo como a palma de minha mão.

A floresta.

O vento frio sopra cada vez mais forte quanto mais nos aproximamos das árvores escuras, as garras geladas parecem estar em minha própria cabeça soprando em minha mente lembranças a muito tempo esquecidas, soterradas pela culpa e arrependimento. Mas agora elas giram em minha cabeça, trazendo palavras que eu não queria ter dito, e uma aposta tola que eu jamais faria novamente se pudesse voltar a dez anos atrás.

- Vamos apostar uma corrida.

- Para chegarmos ao rio teremos que correr pela floresta, é muito longe e já está escurecendo.

- Longe só se for para você que é muito lenta.

1! 2! 3! E... Corre !

Fecho os olhos por um segundo tentando afastar a memoria.

1,2,3 e... eu queria poder esquecer.

1,2,3 e... eu queria voltar no tempo.

1,2,3 e... eu não posso fazer nada.

Desço do cavalo, e encaro por um segundo o interior escuro repleto de árvores e flores... e só por mais aquele segundo eu me permito lembrar da última vez em que fiz uma aposta com Olivia, da última vez em que nós duas entramos nessa floresta tentando vencer... e lembro de como aquilo acabou.

Uma última vez até hoje.

Avisto Olivia ao lado de nosso pai, o cabelo negro preso em uma trança delicada que era puxada de cada lateral em uma forma de Y, que se misturavam formando algo que lembrava uma flor. Parecia delicada demais para a ocasião não combinava com a armadura prateada toda arranhada e amassada denunciando que a última coisa que haveria ali era delicadeza, muito menos com seus olhos azuis banhados de uma ferocidade aterrorizante. Mas era assim que Olivia era, um quebra-cabeça cheio de partes divergentes, que juntas formavam uma beleza extraordinária e inquietante, mas dava para ver que algumas peças faltavam.

Seus olhos azuis me seguiram até eu estar ao seu lado, se demorando em meu pescoço antes de voltar a me encarar inexpressiva.

- Você está bem ?

Balancei a cabeça positivamente para evitar falar.

- Que bom.

- Imagino que não muito bom para você, pequena Olivia - as palavras provocativas transbordavam perversidade quando saíram da boca de nosso pai, de pé ao lado esquerdo de Olivia com a postura ereta e vestido em roupas pomposas - Vencer fica mais difícil quando seu oponente ainda está de pé em bom estado.

Não soube dizer se isso era um elogio ou não.

- Posso derrubar meus adversários de qualquer maneira, querido pai - a voz melodiosa de Olivia fez ele franzir a testa por um breve momento antes de mascarar sua expressão.

Bem... essa eu tenho certeza que não era muito boa para mim.

- Cuidado, os arrogantes não tem durado por muito tempo.

- Posso dizer o mesmo sobre os reis. Ouviu os boatos de que o rei das terras altas foi morto enquanto dormia ? - os olhos de Olivia brilharam como as chamas de uma lareira e ela estalou a língua em provocação - Uma verdadeira tragédia.

Pego sua mão e aperto com força até que ela se vire para mim.

- Você está indo longe demais - sussurro com dificuldade.

- Tome cuidado com suas palavras Olivia, são tempos difíceis e insinuações de traição não são bem vistas e podem ter consequências desastrosas - o sorriso que apareceu no rosto dele quase me fez encolher - Eu odiaria ter que arrancar sua cabeça.

Somos interrompidos pelo barulho de cascos no chão, um mensageiro se aproxima às pressas com seu cavalo, o cabelo dourado está espetado para todos os lados por causa do vento mas ele não parece se importar enquanto se aproxima para fazer uma reverência.

- Majestade - ele olha para Olivia e para mim e se curva novamente - Princesas.

Com o aceno do rei, ele continua a falar.

- O conselho já aguarda o sinal.

- Ótimo, então vamos começar - ele se vira para nós e indica a direção da floresta onde há dois círculos em vermelho pintados na terra, distantes um do outro — Posicionem-se em seus lugares para darmos início a final.

Caminho para o circulo à direita enquanto Olivia segue na outra direção.

Paro sob a roda tingida de vermelho no chão, bato os dedos no cabo da espada a cada segundo que se passa sem o pronunciamento, mas não me atrevo a olhar para trás, nem para o lado, onde Olivia está a vários metros de mim.

— A verdadeira Rainha trás justiça para seu reino, é forte o suficiente para sangrar pelo próprio reino e por todos os seus súditos, mas acima de tudo, a verdadeira rainha é corajosa. Para ser justa, forte e honrada é necessário coragem. Covardes não tem trono, covardes não tem espadas e muito menos armaduras, eles perecem muito antes de conquistar algo. Hoje, as princesas devem adentrar a floresta, seguindo sempre em frente sem desviar do caminho ou tentar pegar atalhos, quem descumprir a regra será eliminada pelos vigias espalhados pela mata. No final de seu caminho, há uma coroa, tragam ela para seu rei na arena onde decidiremos quem é a verdadeira rainha. Conquistem sua coroa com bravura, nos mostrem sua coragem !.

Olho por sobre o ombro e avisto soldados acendendo uma fogueira, levantando sua fumaça aos céus para quem quer que esteja na torre veja o sinal.

E então os sinos tocam das torres do castelo como um prelúdio para o pior,  o som se espalhando para o reino todo anunciando o início da final... anunciando que a decisão estava próxima.

Encaro o interior da floresta com um terror crescente, a escuridão que a envolve parece tentar avisar não entre, não entre, não entre, mas como um cordeiro caminhando em direção ao abate, eu adentro a floreta escura, enquanto um trovão ressoa no céu.



🌻 Olá pessoal !!! Tudo bem com vcs !?

🌻Devo um pedido de desculpas pela demora em atualizar, sei o quanto é ruim isso então mil desculpas 💛

🌻 Esse capítulo ficou meio grande então dividi, o próximo sai na quinta-feira.

🌻 Por fim, se vc gosta da história deixe seu comentário e voto, a opinião de vcs é importante :)

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