Prelúdio {kth+jjk} [HIATUS]

By cureaqua2

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Após dois anos recluso, preso em sua própria consciência, Kim Taehyung finalmente cria coragem para recomeçar... More

Prólogo
Capítulo 1 - Reflexão.
Capítulo 2 - Recomeço.
Capítulo 3 - Improvável.
Capítulo 4 - Dúvida.
Capítulo 5 - Confirmação.
Capítulo 6 - Interlúdio.
Capítulo 8 - Cores.
Capítulo 9 - Lentes.
Capítulo 10 - Interlúdio II.
Capítulo 11 - Carrossel.
Capítulo 12 - Ruptura.
Capítulo 13 - Ausência.
Capítulo 14 - Interlúdio III.
Capítulo 15 - Pesadelos.
Capítulo 16 - Luto.
Capítulo 17 - Consciência.
Capítulo 18 - Interlúdio IV.
Capítulo 19 - Jimin.
Capítulo 20 - Impulso.
Capítulo 21 - Alívio.
Capítulo 22 - Interlúdio V.
Capítulo 23 - Espetáculo.
Capítulo 24 - Hoseok.
Capítulo 25 - Tensão.
Capítulo 26 - Fotografia.
Capítulo 27 - Namorados.
Capítulo 28 - Visita.
Capítulo 29 - Sinapse.
Capítulo 30 - Tocha.
Capítulo 31 - Visão.
Capítulo 32 - Promessa.
Capítulo 33 -
COMUNICADO (leiam até o final)

Capítulo 7 - Palpitação.

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By cureaqua2

                Algumas semanas haviam passado desde que segurei sua mão. Diferentemente do que imaginava, conversar com ele não fora um processo muito difícil. Nossos assuntos fluíam com naturalidade – como se conhecêssemos há anos – e eu me sentia confortável em sua companhia. Por não ter criado laços com outras pessoas durante dois anos, pensava que não conseguiria manter contato sem que o outro não se sentisse desconfortável ou entediado com a minha presença. Mas, aparentemente, Jungkook não se sentia dessa forma. Ele sorria com frequência ao meu lado, escutava cada palavra minha com atenção e – para meu espanto – era quem iniciava as conversas no Kakao Talk [1]. Sem perceber, durante esse pouco período de tempo, sua existência passou a ser essencial em minha vida. Como se esta fosse ficar vazia se não o tivesse. Achava que seria impossível sentir algo assim em apenas um mês.

O som insuportavelmente alto do despertador parecia ser capaz de dar murros em minha cabeça. Tentei desliga-lo o mais rápido possível, por mais que meus músculos estivessem implorando pelo repouso, e passei a observar o teto branco do quarto. Percebi que meu lençol estava encharcado de suor.

– Merda...

Nessas últimas semanas precisei ir ao trabalho de transporte público, visto que as companhias de táxis ainda estavam paralisadas. Mesmo que Hoseok pudesse me dar uma carona na volta, os toques excessivos no período da manhã – sem contar com as esbarradas em clientes – fizeram com que meu corpo se sobrecarregasse. Fazia tantos anos desde que isso ocorrera pela última vez que eu nem me lembrava da possibilidade de ficar doente.

Disquei, com dificuldade, o número de Hoseok para avisá-lo que não conseguiria ir. Embora a vontade fosse grande, era simplesmente impossível nessa condição.

– Sua voz tá péssima. – Disse Hoseok do outro lado da linha, mostrando espanto e preocupação. – Fica descansando mesmo. Precisa de alguma coisa?

– Não precisa se preocupar, hyung. Só preciso dormir.

– Tudo bem. – Não senti firmeza em sua voz. – Qualquer coisa me liga, okay?

Respondi apenas com um murmúrio, sendo incapaz de responder outra coisa naquele momento, e fechei os olhos.

***

Não sabia quando adormeci, mas acordei com o barulho da campainha. Levantei-me com esforço, sentindo como se o mundo se estremecesse a cada passo. Tentei observar pelo olho mágico de quem se tratava a visita, mas a vista cansada não permitiu que eu o fizesse com sucesso. Sendo assim, concluí mentalmente que só poderia ser a única pessoa a quem contara o endereço: Hoseok.

Entretanto, ao abrir a porta, deparei-me com o inesperado. Era Jungkook quem estava à minha frente, parecendo notar minha expressão de surpresa.

– Oi, hyung. – Cumprimentava-me, um pouco sem graça, levantando as sacolas que carregava no pulso ao fazer um movimento com a mão direita. – Vim assim que... ah!

O ambiente parecia ter virado de cabeça para baixo por alguns segundos. Pela fraqueza que estava sentindo, minhas pernas acabaram por perder a sustentação do corpo e Jungkook passou a ser o motivo pelo qual eu não estava no chão.

– Você está pior do que eu imaginava. – Comentou, abraçando meus ombros com a mão esquerda. – Vou te ajudar ir até a cama. – Agora, com a outra mão, segurava firmemente minha cintura, sendo capaz de sentir a diferença gritante de nossas temperaturas.

Por mais que eu seja mais velho e tenhamos praticamente a mesma altura, naquele instante, eu me sentia frágil e pequeno ao ser envolvido daquele jeito. A forma como eu me encaixava em seu corpo e a gentileza com a qual me conduzia, fazia-me sentir seguro. Assim como naquele momento no carro, quando peguei sua mão.

– Deve ter se perguntado como consegui seu endereço, certo? – Dizia, enquanto ajeitava o travesseiro para que eu deitasse. – Hoseok-hyung me deu. Ele me disse que você estava com febre e provavelmente não estava se cuidando direito, então me pediu para conferir. Vim o mais rápido que consegui. – Tinha que ser o hyung.

Agora, Jungkook voltava para a entrada e fechava a porta delicadamente, provavelmente tentando não fazer barulho. Depois, colocou as coisas que trazia consigo sobre a mesa.

– Tomou algum remédio? – Neguei com cabeça, fazendo-o me censurar com o olhar. – Que bom que comprei, então.

Sendo assim, vasculhou a sacola até encontrar uma pequena caixa de medicamento e retirou da cartela um único comprimido, trazendo-o juntamente com um como d'água que pegara da cozinha. Enquanto o tomava, Jungkook marcava mentalmente o horário.

– Obrigado. – Agora que tomara água, minha voz parecia sair com mais naturalidade. Acho que estava mais desidratado do que pensava. – Como não fico doente com frequência, não comprei remédio algum. Depois te devolvo o dinheiro. – Ele fez um sinal de "não se preocupe" com as mãos.

– É sempre bom deixar sempre um comprado e guardado. Nunca se sabe quando nosso sistema imunológico vai cair. – Repreendia, agora com palavras, fazendo-me soltar uma pequena risada. – É sério, tenha isso em mente. Nem parece que sou o mais novo aqui. – Respirou fundo.

– Tudo bem, Jungkook-hyung. – Tirei sarro, em um sorriso, fazendo-o gargalhar.

Era mágico como apenas a presença de Jungkook era capaz de melhorar meu estado. Mesmo que ainda sentisse meu corpo pesado e minha cabeça latejar, tê-lo aqui me distraía de tudo isso. Eu me sentia extremamente acolhido com ele. Não que eu não me sentisse assim com Hoseok-hyung, mas algo era diferente. Não sei explicar. É como se qualquer vestígio de tensão desaparecesse ao ver alguém e o mundo se tornasse mais leve apenas de olhá-la. Nunca senti essa conexão antes, então fica difícil colocar em palavras.

– Comeu alguma coisa? – Neguei, mais uma vez. Arregalou, discretamente, seus olhos redondos. – Uau, Hoseok-hyung realmente te conhece bem. – Ele parecia impressionado. – Vou fazer um mingau pra você, então. – Sorriu gentilmente. – É bem leve e você precisa comer alguma coisa. Tudo bem?

– E tem como negar? – Ri, escutando-o fazer o mesmo.

Fechei os olhos para descansar a vista, deixando minha audição mais aguçada. Podia ouvi-lo abrir a geladeira – resmungando em seguida – e mexer nas sacolas plásticas. Visualizava-o em minha mente, de pé na cozinha, enquanto cortava os ingredientes cuidadosamente e pegava uma panela que estava pendurada. Ouvir uma movimentação no apartamento, que não fosse a minha própria, era estranho. Sentia-me voltando ao tempo em que escutava mamãe preparando as refeições, enquanto papai gargalhava lendo alguma coisa no jornal do dia. Ela me chamava com aquela doce voz, avisando-me que a comida estava pronta, e me envolvia com seus braços quando corria até ela. Entretanto, por mais que seu corpo emanasse carinho, sua voz me repreendia pela pressa com que desci as escadas. Meu pai, concordando com ela, apertava o topo da minha cabeça em uma brincadeira nossa e, eu, fazia uma careta. Naquele tempo, tudo era tão caloroso, cercado de afeto. Como eu sentia falta de tudo isso. Do calor de meus pais. Eles haviam abdicado dessa necessidade do toque para livrar seu único filho da dor física. Mas, não sabiam da emocional que isso causava. Falando francamente, não sei qual das duas realidades me doía mais. A possibilidade de ver um futuro trágico e imutável em meus pais ou não poder abraça-los nunca mais. Às vezes, queria os envolver por longos minutos, sem me importar com a dor de cabeça, tontura e previsões. Porém, tinha a consciência de que eles não aguentariam me ver fraco, em profunda angústia, caso visse algo que não deveria. Assim como daquela vez.

– Taehyung-hyung. – Sequei as lágrimas, saindo de meu pequeno transe ao ouvir aquela voz. – O que você acha que causou essa sua febre? Eu sei que a pergunta foi repentina, mas é que fiquei curioso. Você não me parece do tipo que passa frio.

Abri um pequeno sorriso, sabendo que ele se referia ao fato das minhas várias camadas de roupas mesmo no verão. Eu não podia dizer isso em voz alta, mas agradecia sua repentina curiosidade. Graças a ela, meus pensamentos haviam se afastado dos fantasmas do passado.

– Você se lembra quando Hoseok-hyung disse que não gosto de skinship? – Concordou, mostrando-se concentrado na comida. – Não posso explicar exatamente o motivo, – tentei encontrar as palavras certas, sem mentir – mas meu corpo reage de uma maneira negativa ao fazê-lo. Quando toco casualmente alguém, sinto um grande desconforto físico e mental. Então, quando ocorre com muita frequência, como foi o caso desse mês, meu corpo fica sobrecarregado e acabo por ficar nesse estado. – Molhei um pouco a garganta com a garrafa d'água que Jungkook trouxera há pouco.

Ele parecia ter ficado paralisado com a minha explicação. Só era possível ouvir o mingau borbulhando na panela, sem ninguém mexendo-o. Acho que eu havia o preocupado demais.

– Mas isso dificilmente acontece, fica tranquilo. – Apressei-me em dizer, abrindo os olhos para tentar enxergar sua expressão. – Dessa vez só aconteceu porque estou precisando ir ao trabalho de ônibus. Quando os táxis se normalizarem, isso vai parar de acontecer.

Acredito que meu argumento tenha surtido algum efeito positivo, já que depois de alguns segundos Jungkook voltava a mexer a comida e, em seguida, a colocava em uma tigela. Sorri, aliviado.

– Espero mesmo. – Dizia, trazendo a comida até mim. Sentei-me, sentindo algumas pontadas no corpo. – Consegue comer sozinho? Ainda parece bem fraco.

Concordei com a cabeça, mas, para a minha surpresa, minha mão estremeceu assim que a estiquei. Não acredito que farei ele se dar a esse trabalho.

– Acho que seu corpo diz o contrário. – Riu brevemente, enchendo uma colher com o conteúdo e se sentando ao meu lado na cama.

Senti meu rosto ficar mais quente do que já estava. Amaldiçoava-me por ser tão fraco.

– Desculpa. – Minha voz parecia não querer sair.

Jungkook apenas estendeu a colher, indicando que eu precisava calar a boca e comer. Não de uma forma tão grossa, óbvio, mas era mais ou menos isso que seu olhar parecia dizer. Sendo assim, o fiz. Não sabia ao certo se era ele quem cozinhava muito bem ou se a minha fome era tanta que passei a crer que esse era o melhor mingau que comera na vida.

– O gosto está bom? – Perguntou, ansioso.

– Se está bom? Pode me dar mais. – Respondi abrindo a boca, fazendo-o rir alto. Como sua gargalhada era fofa.

– Fico feliz. – Abria um grande sorriso, dando-me mais algumas colheradas.

Ficamos em silêncio até finalizar, pois eu não conseguia parar de comer – parecia que uma espécie de buraco negro havia substituído o meu estômago. Estava mais faminto do que imaginava.

– Estou satisfeito. – Anunciei, colocando uma das mãos trêmulas no estômago.

Jurei vê-lo sorrir mais uma vez.

– Fique um tempo sentado, não quero que tenha uma congestão. – Levantara e ajeitara meu travesseiro, fazendo com este ficasse encostado na cabeceira da cama.

Segui seu conselho, parecendo uma criança obedecendo um adulto – a diferença é que, nesse caso, eu sou o mais velho. Meu corpo ainda doía e a respiração, irregular. Cobri-me, tentando afastar pelo menos o frio que estava sentindo.

Jungkook conferia o relógio de pulso, murmurando algo para si, e me olhava preocupado.

– Estranho. – Continuava a falar. – Era para o remédio ter feito efeito...

Como se quisesse conferir minha temperatura corpórea, levava a mão direita em sua própria testa e esticava a esquerda para tocar a minha. Porém, como se lembrasse de algo importante, interrompeu-se.

– Desculpa. – Desculpou-se, envergonhado. – Quase esqueci que isso pode piorar a sua condição.

Ah. Essa expressão de culpa novamente. A mesma que fizera na livraria.

Não suportando vê-la novamente, agarrei sua mão – impedindo-o de afastá-la – e a coloquei em minha testa. Ele parecia surpreso e confuso.

– Você é o único. – Comecei a explicar, calmamente. – Não sei exatamente o porquê, mas você é o único ao qual meu corpo não reage de forma negativa. É o único que permito contato, que espero contato. Então, – sorri, ternamente – não precisa se desculpar.

Durante longos segundos, ele nada disse. Apenas me fitava profundamente, como se buscasse alguma resposta em meu olhar. Sem motivo aparente, meu coração parecia acelerar e, em um impulso, soltei sua mão.

Jungkook coçara a garganta, quebrando o silêncio.

– Você ainda está com a febre um pouco alta. Acho que é melhor você dormir um pouco. – Levantou-se de súbito.

Concordando, ajeitei-me na cama; ainda sendo capaz de sentir os batimentos cardíacos irregulares. Cobrindo metade de meu rosto, respirei fundo – conseguindo me acalmar. Aos poucos, meus olhos foram ficando pesados por conta do cansaço e, em alguns instantes, adormeci.

***

Estava tudo escuro quando finalmente me despertei. Meu corpo parecia ter se libertado de uma alma penada, de tão leve e disposto que estava me sentindo. Observei o apartamento, enquanto esticava meus braços, até que avistei, em minha cômoda, um post-it amarelo colado à caixa de remédio. Peguei-o.

Caso a febre não abaixar, por favor tomar às 23h.

Abri um sorriso, procurando de imediato meu celular para enviar-lhe uma mensagem. Ao entrar no Kakao Talk, porém, senti-me na obrigação de responder as mais de dez mensagens de Hoseok primeiro.

J-hope [10:30]: Ei, Taehyung-ah. Tá se sentindo melhor?

J-hope [11:00]: Jungkook não para de me perguntar o seu endereço. É uma boa ideia dar pra ele? Me sinto mal em falar sem a sua permissão.

Então, queria dizer que fora ideia inicial dele? Não pude deixar de sorrir ao saber disso. Ele estava com vergonha de admitir isso e por isso ocultou o fato? Fofo.

J-hope [11:15]: Foda-se, eu dei o seu endereço. Fiquei com dó dele e você não atende as minhas ligações.

J-hope [12:00]: Liberei o Jungkook para ir na sua casa depois do horário de almoço. Queria te avisar pra não ser pego de surpresa, mas fazer o que. A bela adormecida não acorda.

J-hope [12:02]: Acho que fiz certo em dar o seu endereço pro Jungkook, aposto que você nem comeu.
J-hope [12:03]: Fora que vocês dois podem se aproximar mais.

J-hope [18:00]: Caralho, Taehyung. Manda notícia. To preocupado.

J-hope [21:00]: Jungkook me mandou uma mensagem agora. Ele saiu agora a pouco da sua casa e me disse que você ta melhor.

Olhei para o horário da mensagem. Meu Deus! Ele ficara cuidado de mim todo esse tempo? Deve ter morrido de tédio ao ficar nesse lugar sem fazer nada.

J-hope [21:00]: Ele disse que você ta dormindo.

J-hope [21:01]: Assim que acordar me manda uma mensagem.

J-hope [22:00]: Atualizei meu webtoon, vai lá comentar.

Ri com a última mensagem, já mandando uma resposta sobre meu estado atual e dizendo que já iria ler o novo capítulo. Em seguida, procurei a conversa de Jungkook, vendo que o mesmo já tinha me mandando uma.

Jungkook [23:00]: Não esqueça de tomar o remédio.

Mais uma vez, abri um grande sorriso.

E mais uma vez, sem motivo aparente, meu coração mudava de ritmo. 

~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Notas:

[1] - Aplicativo de conversa estilo ao Whatsapp utilizado muito na Coreia do Sul

E foi esse o capítulo dessa semana, galera! Me atrasei um pouco para postar, desculpem-me por isso. É que muitas coisas aconteceram durante essa semana, problemas familiares e tudo mais. Mas, espero que isso não tenha interferido muito na minha escrita e que tenham gostado desse capítulo que até agora foi o maior de todos! Muito obrigada por continuarem lendo a minha história~
Até a próxima!! 💜

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