Midnight

By Mary-Lim

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JeongHan só queria fugir de seu passado. Ir para a cidade grande estudar e trabalhar para ter uma vida indep... More

Cap I
Cap II
Cap III
Cap IV
Cap V
Cap VI
Cap VII
Cap VIII
Cap IX
Cap XI
Cap XII
Cap XIII

Cap X

65 5 1
By Mary-Lim

>história não revisada pode ter erros e posso editar no futuro<


               Os braços antes doloridos agora pareciam dormentes e anestesiados pelo tempo na mesma posição, preso acima da cabeça em correntes no teto. O sangue dos pulsos feridos nas tentativas de fuga já não escorria mais por seu antebraço em vez disso sentia a pele repuxar no lugar onde o liquido, antes viscoso, agora estava se grudava a sua pele ressecado. Pensou em se mover, mas a lembrança da dor o encheu de medo. Não queria sentir mais dor, queria que aquela sensação de dormência fosse o sinal que morreria logo, mas a morte não veio. Muito pelo contrário quando tentou mover a cabeça o pescoço permitiu o movimento com um estalo agoniante, acabou soltando o ar de forma ruidosa quando a dor de antes não veio. Estava aliviado, o que foi instantaneamente deixado de lado quando se lembrou de como havia terminado naquele estado, o processo que se seguiu... A pele parecendo ser arrancada de seu corpo só para ser rearranjada, os ossos estalando em espasmos como se tentasse se encaixar de forma apropriada sob a nova capa que tinha e seus órgão... Sentia como se tivessem o cozinhando por dentro lentamente. Aos poucos se tornou super consciente de tudo. As pernas da mosca que caminhava pelo sangue coagulado em seu ombro, o som do rato que atravessava o corredor tentando encontrar comida. Mais tarde, do que pareceu horas, ouviu passos que soaram como pregos em seus ouvidos sensíveis, o cheiro de cigarro o fez mover a cabeça tentando cobrir o nariz. Já odiava aquele cheiro antes agora parecia completamente insuportável.

               -Está vivo? – a voz alta também feriu seus ouvidos, mas nem chegou perto ao que o som de algum metal sendo batido contra a porta do mesmo material fez, apertou a orelha conta o braço com um gemido e ouviu uma risada – Não acredito.

               A porta se abriu e gemeu com o toque rude o fazendo erguer o rosto. Tentou abrir os olhos, mas eles doeram com a lâmpada a óleo erguida na altura de seu rosto. Tentou escapar das mãos do homem e quando não conseguiu um tipo de rosnado deixou sua garganta o deixando completamente espantado, fazendo o homem rir e finalmente o soltar com um gesto rude.

               -Não pensei que sobreviveria. Ainda mais você... – duas pessoas desconhecidas entrou no pequeno cômodo depois de um pequeno comando do chefe e as correntes foram soltas o fazendo cair pesadamente no chão, pontada que atravessou seu corpo o fez perder o ar e apertou os olhos tentando descobrir o que exatamente estava acontecendo consigo – Você vai ficar bem. – o homem se abaixou em sua frente voltando a examinar alguma coisa agora mantendo a luz mais longe não parecendo precisar dela para o enxergar, o pior foi quando olhou para o rosto daquele que chamava de pai e mesmo na quase completa escuridão pode o ver com riqueza de detalhes.

               Não sabia o que estava acontecendo consigo, mas sabia que não era nada bom. Tudo em seu corpo lhe contava como nunca mais seria o mesmo. O pai se ergueu lhe lançando mais um olhar satisfeito como um proprietário faz com o potro quando a égua acaba de dar a luz e então saiu fechando a porta atrás de si.

               -Mais tarde eu volto. Descanse enquanto termina.

               Fechou as mãos sentindo os dedos como se fossem de outra pessoa. Queria descobrir mais sobre aquele novo corpo, mas tudo que fez foi se encolher no canto sujo e escuro daquela cela fria onde permaneceu até que o pai voltasse e quando voltou tudo que SeungCheol sentia era... Fome.

               ~

               Uma buzina o faz voltar ao presente e perceber que havia invadido a contramão por um instante de distração perdido como estava em suas lembranças. Volta ao seu lugar e segue dirigindo pela cidade, sua mente ainda tomada por cenas do pobre jovem que não aguentou a transformação. A lembrança de toda dor do processo ainda era bem viva em sua mente. Mesmo os que escolhiam isso por querer ser mais forte ou imortal temiam a dor, ou simplesmente que o corpo não suportasse.

               Os filmes e séries de hoje em dia teimavam em romantizar aquele tipo de transformação como um simples despertar, um toque de magia, mas a verdade era bem diferente. Era agoniante cada segundo e cada processo e os que perdiam a vida no processo eram a maioria. Sem falar que não eram um tipo demoníaco sem alma, um morto vivo. Eram apenas... Diferente. Como se a natureza tivesse tentado fazer os humanos chegar a uma nova evolução e terminou pode deixar o serviço inacabado.

               Os outros três já o esperam quando para o carro na frente de mais uma casa abandonada. Chan corre para o encontrar assim que desce do carro e se irrita ao ser questionado novamente se estava bem. Juntos passam pelo pequeno portão já sem o cadeado, deixando Wonwoo e Hoshi para vigiar a rua caso alguém aparecesse, e segue com o mais novo em direção a porta dos fundos como de costume.

               Não precisa reparar muito para ver que o lugar não estava tão desocupado quanto parecia a princípio. Assim como a casa onde estivera anteriormente, além das marcas recentes da botas de seus colegas, uma série de outras pegadas se espalhavam pelo chão poeirento e sujo formando uma trilha até vários cômodos aleatórias da casa. Além do mais não precisava ser especialista para saber que uma luta havia acontecido ali, na sala de estar, onde a mesinha de centro estava completamente destruída como se algo, ou alguém, pesado houvesse caído sobre ela.

               Um tapete grosso e empoeirado havia sido afastado do chão onde a porta de um alçapão estava aberta e por ele escapava uma leve claridade provavelmente de uma lanterna. Com cuidado desce para o espaço um pouco menor que o que estivera antes, mas muito mais cheio, digamos assim. Ao contrário do restante da casa que cheirava a poeira e mofo ali é recebido por um cheiro forte de um perfume que não reconhece de primeira, mas que continua incomodando seu nariz e o fazendo coçar. JiHoon já estava lá com sua lanterna presa a testa, algo ridículo que ele dizia ser útil, e abaixado sobre um corpo sem vida. Aquela noite estava cada vez melhor. Não bastava ter sido obrigado a ver seu pai e ter encontrado um ninho que deu errado, agora parecia dentro de um que funcionou até parte do processo.

                Antes que perguntasse algo para o baixinho, Chan indicou três corpos, colocados juntos um ao lado do outro. Um deles havia recebido um golpe de lâmina na lateral do pescoço o sangue havia escapado pela ferida e escorrido também pelos lábios, os demais não dava para saber se havia sido atacados por algo ou se havia ferida, pelo menos assim a uma primeira vista, mas a aparência grotesca dos corpos já era o bastante para chocar qualquer um.

               Os três pareciam ter sido desidratado como uma uvas passas. Como se de uma hora pra outra os anos de vida houvessem passado tão rapidamente que os transformara em múmias com corpos completamente ressequidos, a pele se esticando em partes ou enrugando em outras de forma estranha sobre os ossos. A pele do crânios parecia ter se retraído de certa forma que fez os lábios serem repuxados expondo os dentes grandes e afiados de forma assustadora, o mesmo com os olhos arregalados, sem vida e vidrados à sua frente. Uma cena que podia fácil estar em qualquer filme de terror.

               -Nunca vi nada assim. – JiHoon parou ao lado deles olhando também para o que tinham ali pega o celular e faz uma foto – É como se... – negou com a cabeça examinando a imagem na tela e a cena a sua frente – Ok. Acho que não sei explicar o que aconteceu aqui. – faz uma careta provavelmente dividido entre saber o que aconteceu e odiando por não saber a resposta - Desde que conheci vocês descobri muita loucura do mundo que não fazia ideia que existia, mas isso aqui está em outro nível. Completamente.

               Chan cutuca a perna de uma das "múmias" com a ponta da bota, mas como já era de se esperar não houve nenhuma reação.

                –Existe uma forma de mumificar alguém sem ter que esperar séculos pra que fique parecendo maracujá de gaveta? – pergunta olhando com curiosidade para os corpos antes dos olhos ir para a jaqueta rasgada de SeungCheol – Fica me perguntando se estou bem, mas olha quem está todo rasgado. – parece estar gostando de ser quem faz aquela pergunta dessa vez.

               -Foi só um arranhão. Ele me pegou desprevenido. – dá uma olhada no furo do tecido e encontra a pele clara e lisa como sempre foi por baixo - E quanto a isso... – se abaixou para examinar melhor os corpos – Pra falar verdade, sim. Já tinha ouvido falar sobre coisas como essa. – admite ainda tentando acreditar no que via - Mas sempre achei que fossem apenas histórias de meu pai pra me assustar... – comenta mais para si mesmo – Nesses anos todos nunca havia visto de verdade nada parecido. – nega com a cabeça sem conseguir acreditar, se uma coisa dessas existia estavam bem ferrados ou talvez salvos.

               -Sobre o que exatamente estamos falando aqui? – JiHoon o encarou com os pequenos olhos ainda mais apertados – Não vem com segredinhos pra cima de mim não.

               -Tem algo a ver com caçadores...

               -Hã... – revirou os olhos como se não acreditasse naquilo e se virou para continuar o que fazia antes ignorando SeungCheol completamente.

               JiHoon era completamente contrário à ideia de que haviam pessoas que usavam todos os anos de suas vidas para estudar e executar formas de matar outra "espécie" pelo simples fato de serem diferentes. Por mais que já tivesse explicado a ele que não era tão simples assim o fato dos chamados caçadores estarem em "extinção" só colaborava com a teoria de ódio do mais baixo.

               Se levanta do chão indo aos outros seis corpos espalhados pelo chão, estes não haviam apenas sido colocados no chão, haviam tido cuidado especial com aqueles, inclusive os coberto com um tecido branco que puxa espalhando ainda mais o cheiro de...

               -Isso era lavanda? – pergunta com uma careta, finalmente conseguindo identificar o cheiro.

               -Parece que sim. – JiHoon comenta com um riso soprado.

                Quem tinha o trabalho de usar lençóis perfumados para cobrir corpos depois de destruir um ninho?

               Todos aqueles deitados ali no chão eram homens e jovens, em torno de vinte e trinta anos como corpos fortes e bem cuidados, atléticos, o plano parecia bem óbvio agora. Seus olhos lacrimejaram quando chegou mais perto de um dos corpos tentando encontrar algum tipo de cheiro específico que o ajudasse a identificar quem havia sido, mas tudo que sentiu foi aquela maldita lavanda invadir sua narina atrapalhando qualquer outro cheiro que pudesse ter no ambiente. E então percebeu por que dos lençóis perfumados. Com aquele cheiro forte era quase impossível fazer seu olfato funcionar de forma correta, não poderia distinguir cheiro de outra coisa ou de qualquer um que não fosse aquele droga de perfume forte, além do mais pelo jeito o cheiro não vinha apenas do tecido e também da pele limpa deles. Por mais que JiHoon fizesse cara feia estava certo, apesar de só agora ter se dado conta dos planos de seu pai alguém já sabia e havia enviado alguém para consertar a bagunça. A prova era aquele porão com três já transformados mortos de forma estranha e aqueles outros que ainda não tinham terminado a transformação levando em conta os dentes que, como verificou, ainda não estavam completamente mudados.

               Também diferente dos três primeiros estes corpos não estavam mumificados. Todos foram deitados com as mãos cruzadas sobre o peito e apesar das roupas sujas e com sangue, todas as escoriações e feridas nos braços, rosto, lateral do pescoço e principalmente pulsos haviam sido limpos com mais da coisa com cheiro de lavanda, como em um cuidadoso ritual em respeito àquelas vidas perdidas e também contra qualquer um que tentasse os rastrear. Mas o que mais chamava atenção naqueles corpos era o furo perfeito entre os olhos de cada um dos seis. Era como se houvessem sido executados em um ato de misericórdia para os livrar do sofrimento da transformação. O que não duvidava ser a verdade.

               Tentou pensar em seu pai tendo misericórdia de alguém e colocando fim ao sofrimento alheio, mas não conseguiu conectar a ação a pessoa, sua suspeita era cada vez mais forte. Além do mais não faria sentido ter aquele trabalho todo de sequestrar pessoas iniciar o processo de transformação só pra mata-las no final. E aquela arrumação toda? Seu pai era do tipo que matava e jogava em uma caçamba de lixo, não que perfumava e cobria corpos respeitosamente. Não precisa ser muito inteligente para saber o que estava acontecendo ali.

               -Eles estavam assim quando chegou? – perguntou a Chan e teve uma resposta positiva – Até mesmo eles? – apontou os três mumificados que ou não mereceram a mesma misericórdia que os outros ou não haviam sido mortos pela mesma pessoa, ou coisa.

               -Algo aqui faz sentido pra você? – Chan perguntou - Por que eu estou completamente perdido.

               -Você está bem, garoto? – perguntou para Chan deixando JiHoon trabalhar em silêncio.

               -Não sou uma criança, SeungCheol. É sério, para de me perguntar isso o tempo todo. – rebateu sério – Não vou fugir só por que encontrei um monte de cadáveres empilhado em um porão, que por acaso se parece com o cenário no qual eu acordei. A gente não queria encontrar algo nessas casas? – fez um gesto amplo indicando toda aquela cena – Pronto, encontramos. Sabemos que tem alguém planejando algo ruim, eu diria que um exército pelo que vejo, e alguém se livrando dessas coisas ruins, o que ao meu ver é algo bom pra nós que sempre tenta não deixar os humanos morrer e eles continuam morrendo. – suspira - Não precisa me tratar como se eu fosse frágil. Sou como você, tenho um corpo tão forte e praticamente imortal exatamente como o seu não me trate como se fossemos diferentes.

               SeungCheol continuou o encarando por um tempo depois daquele discurso pensando em como o mais novo havia resumido tudo naquelas palavras. A verdade era que encontrar um lugar como aquele depois de anos havia o abalado estava com medo de Chan estar com os mesmos efeitos afinal não tinham tantos anos que o havia resgatado de algo praticamente idêntico.

               -Eu sei. – sorriu pensando como haviam criado Chan da melhor forma que conseguiram e até que se saíram bem então era melhor deixar ele em paz – Você é forte e estou orgulhoso disso. – criado por lobos não era exatamente o que acontecia ali, mas uma boa expressão para a situação – Mas isso não muda o fato de que me preocupo. – deixou aquela discussão por ali.

               Chan estava certo alguém estava tentando criar um exército de imortais e levando em conta tudo que sabiam o líder era bem obvio. Além disso, como já havia repetido para si mesmo antes, o processo de criar um imortal era lento, doloroso e muitas das vezes terminava em morte, como o jovem na casa onde fora antes. As mudanças no corpo muitas das vezes simplesmente liquefazia todos os órgãos causando aquela bagunça sangrenta que viu com sangue escapando de todos os orifícios da cabeça. Já havia encontrado muitos "ninhos", como chamavam os lugares que usavam para aguardar a transformação, mas nunca um com cem por centro de sobreviventes como aquele. Devia ser bem importante para seu criador e então foi completamente arruinado por um tiro.

               -Pode tirar isso? – aponta para a ferida na testa de um deles.

               JiHoon pega uma pinça e a usa para remexer na ferida até conseguiu puxar o que precisava para fora. Chan estende um pano de pronto e uma bala é solta ali e limpo pelo mais novo.

               -Isso é metal vermelho? – comentou desviando os olhos da claridade quando JiHoon se virou com sua lanterna. Mais um problema de conseguir enxergar na escuridão é que os olhos se tornavam sensíveis ao excesso de luz.

               -Parece que sim. – pegou novamente com a pinça ajeitando os óculos e colocando a coisa na frente da luz para examinar – Parece ser um tipo de tinta na verdade. Esses detalhes... – olhou para SeungCheol – Mortes limpas e com o mínimo de sofrimento, o ritual com os corpos, o perfume pra destruir olfatos, balas personalizadas... Se for levar em conta minhas pesquisas e as coisas que já me contou você tem razão.

               -Eu disse.

               ~

               -Caçadores? – Chan repete parecendo não acreditar enquanto sobem a escadinha de volta para a sala deixando apenas JiHoon lá dentro terminando antes que Wonwoo e Hoshi destruíssem de vez tudo – Esse tipo de coisa realmente existe? Achei que fosse lenda e nós fôssemos caçadores.

               SeungCheol nega com a cabeça.

               -Não chegamos nem perto de caçadores. Talvez sejamos um tipo de controle de danos causados pelos imortais, um tipo de polícia clandestina, mas caçadores não mesmo. Lutamos de igual para igual com outros como nós e que vença o melhor, os caçadores são humanos que descobriram formas de destruir completamente algo muito mais forte que eles. Isso os torna completamente assustadores. Antigamente os mais velhos contavam histórias sobre eles para que os recém transformados fossem mais cuidadosos e essas histórias acabavam se tornando realidade e arrasando bandos inteiros. Com o tempo os imortais se tornaram mais discretos, tentando se misturar aos humanos e com isso os caçadores se tornaram apenas as histórias, não ouço falar deles há muitas décadas. Mas parece que dessa vez... – suspirou – Meu pai conseguiu tirá-los do buraco onde se esconderam por tanto tempo.

               Para examinando a sala que um dia já fora algo bonito, mas que agora restava pouco do que fora outrora. Se aproximou na prateleira que parecia ter sido removida por Chan a fim de encontrar o porão e por que estivera ali antes disso. Desliza os dedos por uma parte onde farpas afiadas despontavam e onde uma delas parecia estar faltando, arrancada recentemente. Passou a examinar o chão em busca dela. Talvez quem esteve ali tivesse se ferido ou algo do tipo... Seus olhos encontram o pedaço de madeira de uns cinco centímetros na beira da parede. O pega com cuidado erguendo em direção a um feixe de luz da rua que entrava por uma janela quebrada.

               -Isso é sangue? – Chan se aproxima.

               Sem responder SeungCheol aproximou a coisa afiada do nariz inalando o cheiro, mas o que encontra é mais da lavanda que o faz torcer o nariz.


               ~.~


               A festa era barulhenta e caótica como todas onde um bando de adolescentes se encontravam para beber e farrear sem a supervisão de adultos. Nada de novo nisso. Dessa vez haviam se encontrado em um tipo de casa de férias da família de uma das garotas da escola. Os pais não se importavam muito sobre o que ela fazia então não foi difícil organizar tudo. Além do mais não havia vizinhos para chamar a polícia caso a festa saísse do controle, isso queria dizer que a diversão estaria garantida até altas horas da madrugada sem nenhuma intromissão.

               Olha para sua mão e encontra um copo de plástico que leva aos lábios tomando a bebida até o final. As pessoas a sua volta aplaudem rindo com uma coisa boba como aquela, todos já bêbados demais para perceber com clareza qualquer coisa. Se levanta do sofá fazendo uma garota escorregar até o ombro do colega mais próximo e vai a mesa de bebida pegar mais alguma coisa ainda não estava bêbado o bastante e queria não se lembrar do castigo que o esperava quando voltasse pra casa.

               Quando estende a mão para o último copo cheio alguém o pega antes fazendo JeongHan soltar um suspiro frustrado e irritado. Sua decepção dura pouco tempo já que a pessoa lhe estende o copo e lhe dá um sorriso bonito que retribui fácil. Não demora muito para começar a falar com ele enquanto termina a bebida, era um jogador do time de alguma coisa da escola, não se lembra bem, mas outra coisa que não demora muito é para ele se aproximar, os dedos tocando seu braço lhe provocou um arrepio bom e quando o beijou percebeu que era tudo que queria no momento.

               A próxima coisa que se lembra é de estar o acompanhando escada a cima rumo aos quartos da casa. Se beijam novamente no corredor e o puxa compra a parede, queria que ficasse mais perto e mesmo quando ele vai sem resistência o corpo grande forte de atleta pressionando praticamente todo o seu ainda parece pouco, quer mais. Já havia beijado muitas pessoas antes quando começou naquela escola, queria descobrir o que gostava, o que era bom e ir em festa era garantia de que teria muito a provar, mas aquela vez definitivamente era diferente de tudo que sentiu. Não era como se o amasse ou esperasse algo dele, sua mente só pedia por mais.

               Com passos atrapalhados, os dois parecendo não querer se separar nem por um segundo, entram no primeiro quarto vazio que encontram a porta sendo fechada com um barulho alto logo atrás não atrapalha em nada. Os corpos caem atrapalhados sobre a cama o que faz os dois rir e voltar aos toques. Sem interromper o beijo ele desabotoa a camisa e a joga para longe. Quando toca a pele quente sem o tecido atrapalhando pode sentir seu próprio corpo se aquecer, suas palmas parecendo dormentes com aquele toque, quer gritar com aquela energia quente e gostosa percorrendo seu corpo. A euforia que sentia apenas aumenta e o puxa novamente para seus lábios sorrindo com o corpo pesado sobre o seu. Sua mente só lhe diz que quer mais, que precisa de mais. Mais beijos, mais toques, mais dele. Juntos se livram das roupas peça por peça sem perceberem bem o que faziam. Não sabia o que estava acontecendo só queria mais. Queria tudo.

               Algo o balança forte e ao despertar está com o coração batendo forte e rápido no peito. Pode sentir suor escorrendo de sua testa para entre seus cabelos e quando seus olhos focalizam pode ver o rosto de Mingyu a centímetros do seu.

               -Finalmente acordou. – ele solta o ar aliviado e escorrega de volta para seu lugar na cama – Achei que você teria um infarto.

               Se senta na cama e enfia os dedos entre os cabelos ainda sentindo o corpo todo tremer depois daquele sonho. Mais uma vez um sonho. Ao menos dessa vez havia mudado um pouco de cenário, não que isso ajudasse muito, já que apesar de não ter sangue era igualmente ruim. Se não pior. O toque de Mingyu o faz estremecer e empurrar sua mão para longe de si.

               -Não fuja de mim... – a voz baixa, calma e um pouco rouca por ter sido acordado no meio da noite se espalha pelo quarto escuro e a palma quente desliza por suas costas suavemente até seu ombro, quando se vira para o olhar a mão toca seu rosto com cuidado como se pra certificar se estava bem – Não precisa correr de mim só por que teve um sonho ruim. – o faz de deitar novamente ao seu lado e o encara com a cabeça apoiada em uma mão para a manter mais alta enquanto a outra palma permanece contra a bochecha de JeongHan o polegar deslizando suavemente em seu rosto – Qual foi? O meu?

               Negou com a cabeça passando a língua pelos lábios que pareciam ressecados. Puxa o ar e segura a mão de Mingyu apertando-a entre as suas contra o peito onde o coração ainda tinha dificuldade para controlar o ritmo.

               -O meu. – sua voz sai quase em um sussurro. Não queria falar sobre aquilo, só queria voltar a dormir, mas duvidava que fosse conseguir fácil assim.

               Os lábios de Mingyu se apertar com uma expressão compreensiva e então volta a deitar a cabeça no travesseiro o puxando para os braços e o abraçando forte, mesmo quando tenta escapar para ficar longe do corpo grande e quente sem camisa.

               -Por que você tem que dormir pelado? – resmunga se deixando ser abraçado e contagiado pela calma e conforto que vinha dele naquele momento.

               Mingyu ri e aquele som parece reverberar por seu peito e chegar a mão de JeongHan que pousava ali assim como as batidas fortes e calmas de seu coração. Ganha um beijo nos cabelos e agradece aos céus por tê-lo consigo. Mingyu era um pé no saco na maioria do tempo? Definitivamente. Odiava o fato de ele ser quem controlava tudo atualmente? Com certeza. Queria o matar ao menos uma vez por dia? Não tinha dúvidas. Mas a verdade era que duvidava que viveria sem ele.

               -Você quem devia dormir com menos roupa. – ele comenta – Tenho saudades de seu tempo de adolescente inconsequente a gente realmente se dava bem nessa época. – deu um tapa de brincadeira nele o que o fez rir – Você definitivamente sabia se divertir, mesmo sabendo que sua mãe teria um castigo esperado quando chegasse em casa se permitia ser feliz. Agora se tornou essa pessoa entediada com o mundo, devia se soltar um pouco. – as cenas do sonho voltou em sua mente e o fez estremecer.

               -Não mesmo. Não quero voltar àquela vida. Já descobri tudo que tinha para descobrir sobre relações sociais desse tipo. – faz careta e acaba sorrindo junto o sonho sendo deixado de lado enquanto conversam sobre coisas bobas do dia a dia e em como Mingyu queria provar o cupcake de uma loja que passaram perto outro dia.

               Mas quando a respiração se torna profunda e constante sob seus dedos indicando que ele adormeceu JeongHan continua acordado e as imagens de seu sonho voltam a se repetir em sua mente. Ainda se lembrava da manhã seguinte quando acordou em um amontoado de pessoas no chão da sala. Não sabia em que momento da noite havia saído do quarto onde estava com a pessoa de que nem sabia o nome e fora para a sala, mas estava ali quando ouviu o namorado da dona da casa falar nervosamente ao telefone.

               Aos poucos todos foram acordando e logo a ambulância chegava para anunciar aquele que foi o início dos piores pesadelos de JeongHan.

               Se força a pensar em outra coisa que não seja aquela festa e sua mente pula para outro assunto perigoso que por pouco não havia terminado do mesmo jeito que a primeira. O detetive Choi SeungCheol.

               Se lembra então do celular no bolso de seu casaco sobre a poltrona ao lado da janela. A curiosidade o faz pensar no motivo pra ele ter lhe dado aquele aparelho e no que tinha para dizer. Havia o deixado acordar sozinho depois daquela noite e agora quando reencontram joga um monte de coisas na cara dele, devia estar com o orgulho ferido e nada feliz depois de tudo, mas era melhor assim. Quanto mais o odiasse, mais manteria distância e não os atrapalharia.

               Com cuidado se solta do braço de Mingyu que o prende pela cintura, o sono dele era leve sempre pronto para algum perigo, mas consegue a façanha de sair da cama sem o acordar. Pegar o casaco e sair do quarto sem o acordar. Lá fora os primeiros raios de sol tentavam expulsar a escuridão e um casal entrava em um carro no estacionamento fugindo do lugar como se estivessem fazendo algo errado, o que provavelmente não era mentira. Coisas desse tipo aconteciam em lugares desse tipo.

               Passa os dedos pelos cabelos tentando colocar os fios no lugar e se parecer menos que acabou de perder o sono no fim da madrugada. Se debruça na beira de concreto e encara o celular que havia tirado do bolso. Era um modelo simples e barato desses que compramos em lojas de conveniência. Arriscando estragar tudo e ainda fazer o fofo Mingyu de um tempo atrás se tornar irritado por mais uma merda de sua parte liga o aparelho. Talvez pudessem se encontrar novamente, dessa vez em um lugar mais calmo, sem Mingyu por perto, conversariam e chegariam a um acordo que não se veriam nunca mais, as coisas terminariam e não precisaria lidar com ele todo sorridente o encarando com aquele brilho nos olhos como se quisesse mais do que JeongHan podia oferecer. O aparelho vibra logo após de ser ligado quando uma mensagem chega enviada de pouquíssimos minutos antes.

               "Precisamos conversar. Me encontre no seu antigo apartamento quando o sol se pôr."



O que estão achando da história? Me deixem um comentário <3

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