Maia havia ficado muito feliz em poder visitar seu tio Lament e Nolah na França, mas mesmo estando deslumbrada com a nova cidade e amigos que fez, ela ainda sentia falta de Malfoy durante toda a viagem.
Os dias passaram rápido, Draco estava na estação de trem esperando o desembarque das oito horas. Após quase uma hora de espera, finalmente a corvina apareceu em um dos portões, o loiro não fez questão alguma de esconder sua felicidade ao ver a garota.
— Está mais alto? — Maia sorriu.
— Ah que saudade — disse Draco, puxando a garota para perto e a abraçou forte.
— Eu também senti a sua falta — riu fraco. — Mas está me sufocando.
— Desculpa, pegou suas coisas? — perguntou, enquanto beijava seu rosto.
— Sim, nós podemos ir.
— Eu estava quase morrendo sem você.
— Quanto drama.
Os dois conversaram durante a ida até Wiltshire, o rapaz estava tão entusiasmado que sequer comentou que toda a família Malfoy estava na casa, não que muitos estivessem vivos, a tradição de ter apenas um herdeiro deixou a família bem pequena, o mais velho ainda vivo é Abraxas Malfoy.
— Nossa.
— O que?
— Quantas pessoas moram aqui?
— Comigo três, mas quando tivermos nosso herdeiro vamos poder ficar aqui também — explicou sério.
— Ah, certo. — O loiro abriu a porta revelando uma casa ainda maior por dentro, haviam algumas pinturas nas paredes.
— Mamãe? Papai? Chegamos. — Draco pegou o casaco da garota e a guiou até uma grande sala, que mesmo com uma ótima decoração ainda parecia vazia.
— Fofo — sorriu, o encarando. — Estão todos em casa?
— Sim, eles querem almoçar com você.
— E não me avisou?
— É apenas um almoço.
— Draco? — A voz feminina chamou a atenção do casal que logo encarou o topo da escada — Que bom que chegaram, já estava ficando preocupada — disse Narcisa, enquanto descia os degraus. — Essa deve ser a senhorita Fitzgerald.
— É um prazer conhecê-la, senhora Malfoy, obrigado por me receber.
— O prazer é meu, não se preocupe com isso! Você salvou a vida do meu filho, eu lhe devo por toda a minha vida.
— Mamãe!
— Draco querido, mostre a casa para ela.
— Papai está no escritório?
— Ele precisou resolver alguns assuntos com seu avô, mas prometeu chegar antes do almoço.
— Certo.
— Vou mandar os elfos subirem com a bagagem, fique a vontade senhorita.
A loira caminhou em passos curtos para fora da visão do casal, Maia tentou ignorar a situação e apenas seguiu o sonserino que a guiava pela casa.
— Os quartos da frente são para visitantes e também temos alguns banheiros, a última porta é o quarto dos meus pais e esse... — Abriu a porta com calma — É o meu quarto.
— Verde — riu fraco, entrando no cômodo. — Você lê?
— Boba, sabe que sim.
— Isso é estranho. — Caminhou pelo quarto enquanto o loiro a acompanhava com o olhar.
— O que?
— Você me apresentando a sua família.
— Você acha?
— Normalmente esperam vários meses — disse Maia, encarando uma foto.
— Não tínhamos tempo, está cansada? Pode dormir até o almoço.
— Não vou ficar nada apresentável.
— Podemos só ficar aqui conversando mesmo, o que acha?
— Ficamos uma semana longe e você quer conversar? — Draco sorriu a encarando e a puxou para seus braços.
— E eu posso saber o que a senhorita gostaria de fazer?
— Não sei ao certo. — Deslizou suas mãos por seu pescoço — Podemos começar assim. — Selou seus lábios.
Malfoy a abraçou enquanto seus lábios ainda estavam selados, ele queria sentir o calor de seu corpo, sentir seu cheiro. Era inevitável para o veela não se sentir atraído por sua companheira.
— Eu senti tanto a sua falta, minha amada. — Maia abriu os olhos e reparou o sorriso nos lábios do rapaz que já estava com os olhos escuros.
— Também senti a sua falta, todos os dias. — O veela caminhou lentamente para a frente e jogou-se na cama com a garota.
— Não quero ficar longe assim nunca mais. — A garota sorriu e o abraçou.
— Me conta, qual foi a reação deles ao descobrirem isso?
— Quem? Minha família?
— Sim.
— Minha mãe ficou feliz por saber que vou ficar bem, já meu pai não demonstrou muita coisa, só ficou curioso por ser você. E o vovô ficou super animado com a notícia.
— Sério isso? Achei que nossos avós se odiassem.
— Aparentemente não tanto quanto seu tio gosta de lembrar.
— Bizarro.
O casal acabou cochilando pelo resto da manhã, após algumas horas foram acordados por um dos elfos que servia a mansão Malfoy.
— Desculpe incomodá-los, a senhora Malfoy pediu para avisar que o almoço será servido em quinze minutos. — Draco apenas assentiu e a criatura saiu do quarto.
— Que carinha de sono — Maia sorriu, acariciando seu cabelo.
— Está com fome?
— Pouquinho.
— Vamos descer?
— Depois que arrumar meu cabelo.
— Certo, vai lá.
Em alguns minutos o casal já estava descendo as escadas, o veela estava mais eufórico do que nunca! Queria aproveitar ao máximo com sua companheira, mas Draco já sabia como dominar a criatura.
— Todos já estão aqui, sentem-se — disse Narcisa.
— Então essa é a senhorita Fitzgerald? — perguntou Abraxas sorridente.
— Sim, vovô.
— Você é muito parecida com a sua avó, exceto pelos olhos — sorriu malicioso.
— Conheceu a minha avó?
— Sim, estudamos juntos! Davina Wezen, era uma garota adorável, mesmo ela me odiando.
— Ela não devia te odiar.
— Ela me disse isso — gargalhou, Maia olhou ao seu redor um pouco constrangida.
— Como conheceu meu filho? — Lucius a encarou.
— Bom, meu avô me contou da situação do Draco e me pediu para auxiliar durante as transformações e a busca de sua companheira. Já que na escola tem diversas garotas e bom... todas ficaram em cima dele.
— Ajudou até demais, não?
— Não vejo problema nisso — Abraxas sorriu. — Maia é uma garota incrível e se nosso Draco gosta dela, também vamos gostar.
— Vamos servir o almoço. — A loira chamou a atenção de todos.
Alguns elfos caminharam entre as cadeiras, despejando a comida em seus pratos. Enquanto Lucius encarava o casal, seu filho acariciava a mão de sua amada que sorria com seu gesto.
— Draco disse que estava na França, tem família por lá? — Narcisa a encarou, enquanto experimentava seu vinho.
— Ah bom, meu tio Lament mora lá, ele não é bem meu tio, mas o considero já que o conheço desde criança. Depois do funeral do meu avô ele me convidou para conhecer sua casa.
— E como foi a viagem?
— Ah,d foi incrível! Conheci algumas famílias bruxas bem importantes na França, pretendo visitar mais vezes — sorriu.
— A França é realmente muito encantadora — comentou Lucius. — Passamos a nossa lua de mel lá.
— Sério? Que legal — sorriu. — Com certeza a cidade mais bonita que conheci foi Veneza na Itália.
— Itália? — Abraxas a encarou.
— Sim, foi uma das últimas viagens que fiz antes da minha avó... enfim, meus avós passaram a lua de mel na Itália e foi onde decidiram que queriam passar a vida toda juntos. — O brilho nos seus olhos era nítido.
— Ah, eles estavam na escola ainda?
— Se não me engano, sim. Nas férias de verão antes do último ano. — Abraxas apenas assentiu e virou sua taça de vinho.
— Podemos ir para a Itália nas férias — Draco sorriu, enquanto a encarava com o olhar mais apaixonante possível. — O que me diz minha amada? — Maia encarou o rapaz e olhou em seus olhos.
— Draco, é... — A garota olhou em volta e todos que estavam na mesa os observavam atentamente — Querido, estamos almoçando, pode deixar o Draco conosco? — Acariciou seu rosto.
— Mas eu estou aqui — murmurou.
— Por favor, ficaremos juntos depois. — O veela revirou os olhos e logo os mesmo voltaram ao normal.
— Isso é constante? — Narcisa tomou coragem para perguntar.
— Ah... Não muito, Draco está aprendendo a controlar. — O loiro suspirou e olhou para seu pai que não demonstrava nenhuma reação.
— Pode me explicar mais sobre isso depois?
— Claro.
O almoço seguiu em completo silêncio depois da cena que todos presenciaram, Abraxas não parou um segundo sequer de fazer perguntas pessoais sobre a garota, chegando até a incomodar o próprio filho.
— Eu não entendo, Tom iria matar todos naquela noite! Por que poupar sua traidora? Mesmo tendo um bebê juntos, ele não teria misericórdia — murmurou o velho, enquanto bebia uísque de fogo com o filho.
— Um herdeiro não seria tão ruim assim — disse Lucius, enquanto olhava pela janela o casal que corria por todo o jardim. — Você viu aquilo no almoço? Uma besta vive em meu único filho.
— Não seja tolo Lucius, olhe eles, Draco está mais feliz do que nunca esteve antes — suspirou. — Mesmo que pareça uma situação terrível, você vai precisar aprender a lidar com isso se quer ver seu herdeiro feliz.
Enquanto os homens saboreavam seu uísque e observavam os jovens no jardim da casa, Maia e Draco nunca se sentiram tão felizes quanto agora.
— Quero tanto ir para aquele quarto com você. — A puxou para seus braços e a ergueu no ar.
— Com sua família toda em casa? — perguntou.
— Garanto que eles sabem o que precisamos fazer para eu não morrer. — A morena o encarou, suas bochechas estavam mais rosadas do que nunca.
— Não seja bobo — riu fraco — Mesmo que saibam, não seria nada legal.
— Posso te fazer mudar de ideia. — Segurou sua mão levando-a entre algumas árvores.
— Onde estamos indo?
— Para o lugar mais bonito dessa casa. — Em poucos passos o casal chegou perto de um lago que estava congelado e sentaram-se debaixo de uma árvore.
— Um lago?
— Sim — sorriu e a abraçou por trás. — Costumava vir para cá quando queria ficar sozinho.
— É tipo um lugar especial?
— Sim, queria te mostrar isso.
— Por que?
— Porque você também é especial, e também porque quero te mostrar que aqui pode ser um bom lugar para construir uma família.
— Uma família de três pessoas?
— Não deixa de ser uma família, podemos ter um casal se faz tanta questão assim.
— Não quero fazer planos agora, somos muito jovens para isso. — Acariciou sua mão.
— Eu sei, mas fico animado só com a ideia. — Beijou seu pescoço — Senti tanto a sua falta.
— Também senti. — Respirou fundo, sentindo seu corpo arrepiar — Não faz isso.
— Não gosta?
— Gosto, é só que... Sua família pode aparecer do nada.
— Eles não vão vir — sorriu, chupando seu pescoço.
— Seu pai estava nos olhando no jardim.
— Eu sei.
— Acho que ele não gostou muito de mim.
— Ele vai aprender a gostar.
— Acha mesmo?
— Uhum, posso te morder?
— Ah, de novo?
— Se não quiser, tudo bem. — A apertou contra si.
— Morde. — Colocou seu cabelo de lado.
— Certeza?
— Sim.
Draco sorriu e acariciou seu pescoço com calma, aos poucos aproximou seus lábios novamente dando alguns beijos leves.
— Eu te amo tanto, meu amor — murmurou.
Maia sentiu seu corpo arrepiar cada vez mais, aos poucos deitou sua cabeça para o lado dando total liberdade para o veela saborear de si.
O loiro sorriu colocando suas presas para fora e antes mesmo que pudesse pensar em algo, penetrou sua pele com seus dentes. Maia deixou um grunhido escapar, mesmo que Malfoy tentasse ser o mais delicado possível, ainda sentia o veneno do veela percorrer suas veias.
...
A manhã logo chegou e com ela um belo sol que raramente aparecia para iluminar a mansão. Draco dormia tranquilamente enquanto Maia o observava, mesmo tendo certeza de seus sentimentos ela ainda sentia-se insegura, parecia que todos que ela amava simplesmente saiam de sua vida sem mais nem menos.
Logo ela levantou-se saindo do quarto, estava faminta. Não que não tenha jantado a noite passada, mas já havia acordado há muito tempo e não queria acordar o namorado.
— Bom dia, senhorita! — O velho Malfoy disse sorridente, algo que já era recorrente.
— Bom dia, senhor Malfoy.
— Junte-se a nós, creio que Draco ainda esteja dormindo?
— Sim, não quis o acordar, bom dia — murmurou, cumprimentando o casal que apenas acenou com a cabeça, Maia nunca esteve tão desconfortável.
— Que colar interessante, onde comprou?
— Ah, esse colar era da minha avó.
— É uma pedra obsidiana? — Lucius encarou o colar.
— Sim, conhece as pedras? — O loiro riu fraco.
— Um pouco, posso lhe mostrar a coleção da família quando terminarmos aqui.
— Vou adorar conhecer. — Antes que Maia pudesse escolher o que iria comer, o elfo já havia lhe servido, ela apenas comeu enquanto Abraxas a analisava como uma obra de arte.
— Como está o Lament? Ele me odiava.
— E quem não odiava papai?
— Ah, ele está bem.
— Seu avô era um cara legal, adorava o licor que ele fazia para comemorarmos os jogos de quadribol, era espetacular. — Maia riu fraco.
— Tenho que concordar, experimentei o de cereja.
— Com certeza o melhor é o de uva!
— Desculpa atrapalhar mas estou curiosa, pode me tirar algumas dúvidas sobre a condição de Draco?
— Ah claro. — Maia bebeu seu suco e voltou toda a atenção para a mulher em sua frente.
— Como funciona essa transformação?
— A transformação ocorre aos poucos, para cada meio-veela é diferente, a magia de alguns se tornam inesgotável, outros ganham habilidades que mal sabiam que tinham — sorriu. — Draco está bem mais forte e sua audição é assustadoramente muito boa.
— Boa quanto?
— Ele consegue ouvir nossos corações. — Lucius arqueou uma de suas sobrancelhas, esse gene poderia ser mais interessante do que ele pensava.
— Como vamos ter a certeza de que ele realmente vai ficar bem? — perguntou um pouco ansiosa.
— Depois que um veela encontra sua companheira, o seu primeiro instinto é marcá-la liberando seu "veneno” para unir suas almas. É bem complicado, se rejeitado ele pode acabar falecendo por desgosto.
— Desculpa a pergunta, mas Draco te marcou? — Narcisa estava espantada com a situação.
— Ah sim, não faz muito tempo. Ele estava com receio de errar. — Maia não era boba, se contasse a real intenção do namorado de não marcá-la e morrer, com certeza seus pais iriam surtar.
— E como é feito?
— Os veelas tem presas, posso pedir para o Draco te mostrar quando se sentir preparada. Eles mordem normalmente o pescoço.
— Dói?
— Um pouco, da primeira vez foi bem dolorido.
— Fica realmente uma marca?
— Gostaria de ver? — A mulher a encarou surpresa, sabia que isso era algo íntimo, mas sua curiosidade era ainda maior.
— Se não for incômodo. — Maia apenas sorriu e segurou o cabelo, indicando o local com seu dedo — Isso é magnífico, quase não aparece.
— Sim.
...
Depois do café a garota subiu novamente para o quarto na esperança de Malfoy estar acordado. O casal passou a manhã juntos, até Lucius chamá-los para conhecerem as pedras da família.
O homem parecia um expert no assunto, todas as pedras que a garota perguntava ele sabia dizer sua origem, função e até mesmo o significado de cada cor. Quase um hora depois os três subiram para o cômodo de cima, ele ainda contava a história de sua família que por sinal era bem interessante.
— E então ele queria conquistar a princesa.
— Uau! — Maia riu fraco. — Ele conseguiu?
— Por um breve momento sim, mas devo admitir que ela era esperta também. Sabia muito bem aonde estava se metendo e para não ficar mal falada, o expulsou do castelo.
— Ah, aí estão vocês! — murmurou o velho Abraxas, fingindo surpresa.
— Estava nos procurando para? — Draco o encarou.
— Para perguntar se aceitariam fazer um baile de ano novo, o que acham?
— Não está muito em cima da hora?
— É para isso que temos elfos. O que me dizem?
— Claro — responderam juntos.
— Começaremos a preparar tudo ainda hoje. Bom, eu preciso ir! Lucius me acompanha?
— Claro, até mais tarde, crianças.
Os homens viraram-se e logo desapareceram no longo corredor. Draco sequer esperou eles saírem de vista e puxou a morena para dentro do quarto trancando a porta.
— Agora podemos ficar só nós dois? — murmurou, beijando seu pescoço.
— Você não me dá muita opção — riu fraco. — Ao menos feche as cortinas.
O loiro apenas agitou sua varinha no ar e começou a despir a namorada que fez o mesmo. Ela sabia que quem estava tomando conta da situação era o veela, o rapaz sorriu e a deitou na cama sem parar de beijá-la por um segundo sequer.
— Estava com tanta saudade disso, meu amor.
— Eu também. — Abriu o cinto do rapaz que levantou-se e tirou toda sua roupa a encarando, Maia analisou cada parte de seu corpo antes do loiro deitar sobre ela.
Nada mais importava para eles, a saudade que sentiam, o desejo, era inevitável não querer sentir um ao outro. Malfoy deslizou suas mãos para dentro de sua saia e sorriu puxando sua calcinha.
Enquanto o casal aproveitava o momento, à alguns cômodos dali, pai e filho serviam uma taça de vinho. A história de baile de ano novo não havia enganado Lucius e ele queria saber a verdade.
— O que realmente estava fazendo no quarto do Draco?
— Apenas coisas de interesses.
— Como por exemplo?
— Diários, cartas de Davina, qualquer coisa que prove que aquela criança continuou viva.
— E o que achou?
— De imediato, nada. Mas antes de vocês aparecerem eu encontrei uma carta de T.M. para Davina e ela nunca abriu.
— Você sabe que se abrir a Maia vai perceber, ela não é ingênua.
— Eu sei, por isso você está aqui! Faça o mesmo que fazia com seus boletins da escola. — Colocou o envelope sobre a mesa e encarou o filho que revirou os olhos.
— Eu não mexia nos meus boletins. — Agitou a varinha sob o envelope que se abriu.
— Média cem em adivinhação? Não brinque comigo, filho. — Lucius revirou os olhos novamente e Abraxas pegou o papel que parecia intacto dentro do envelope, sua expressão enquanto lia era de total surpresa.
— E então?
— Temos um problema.
...
© Expresso Fic & Calina D.L.
São Paulo – Brasil, 2020