Aproveitem os pequenos e felizes momentos, nunca se sabe quando eles vão acabar
- xoxo, Duda.
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Caitríona estava maravilhosa. Não que ela não estivesse sempre, mas hoje... ela tinha se vestido para matar. Me matar. De tesão. Ela usava um vestido preto curto e colado que mostrava todas as suas curvas ainda mais acentuadas pela gravidez. Porra.
- Eu ainda acho melhor que eu não vá. - Revirei os olhos ao ouvir isso pela quinta vez desde que ela aceitou ir comemorar meu aniversário em um pub.
- Você não pode não ir. A equipe toda vai e seria estranho demais que você não fosse. - Pausei, analisando-a - Além do mais, não seria uma celebração ao meu aniversário se você não estivesse junto.
- Ok, ok! - Cedeu e se virou para mim - O que acha?
Meu queixo quase caiu quando tive o vislumbre do decote da frente do vestido.
- Você está muito linda. - Ela sorriu.
- Acho que tenho que aproveitar o aumento dos seios para alguma coisa. - Grunhi.
- E da bunda ao que parece. - Ela me deu um olhar inocente sob os cílios. Fingida.
- Andou reparando na minha bunda, Heughan? Que pouco cavalheiro da sua parte. - Ela se aproximou - Fingir para os meus amigos que me veem uma vez por mês que estou bêbada é mais fácil do que fingir para uma equipe que já me viu virar dez shots sem nem piscar. Como vou fazer, Sam?
Repousei minhas mãos em sua cintura e ela não reclamou ou fez menção de se afastar.
- Dieta? - Ela riu alto.
- Todos sabem que dieta nenhuma me impediria de beber.
- Quem manda você competir tão acirradamente com Claire Fraser? - Ela me deu um beliscão no braço e eu sorri - Hmmmm - pensei - Enxaqueca? Algo importante para fazer amanhã? Estômago ruim?
- Péssimo.
- Suco de maçã? - Sugeri solicito.
- Motorista designada!
- E quem seria o louco que voltaria com você? - Outro beliscão. - Isso até pode funcionar. Você é um gênio! - Dei um beijinho na ponta do seu nariz e ela fez uma careta engraçada. - Eu sou fascinado por esse nariz!
Desde a noite na montanha, as coisas estavam indo muito bem entre nós dois.
A puxei para mim, colando nossos corpos e aproximei meus lábios do dela. Ela suspirou em expectativa. Desviei meus lábios para a sua bochecha.
- Vamos? - Disse contra a pele macia de sua bochecha.
- Eu odeio você.
Sorri me afastando.
»※«
Sam estava a própria personificação da perfeição. Seus cabelos em seu tom natural adjunto aquela blusa preta, calça jeans e jaqueta de couro me dava uns calafrios gostosos na parte logo abaixo do meu umbigo. E aquela barba por fazer... céus. Eu queria que ela estivesse arranhando uma parte muito mais sensível do que a minha bochecha. Porra, Sam!
Ele havia me desconcertado totalmente e eu precisava fazer o mesmo. Queria que ele pensasse em mim durante a comemoração como eu sabia que pensaria nele depois do que aconteceu no apartamento.
Estávamos no meu carro com Sam ao volante, faltando apenas alguns quarteirões até o pub onde nossos amigos do trabalho e os amigos pessoais de Sam estariam aguardando. Eu teria que fazer alguma coisa agora.
- Sammy? - Chamei inocente. Ele me olhou de soslaio para mostrar que prestava atenção, enquanto mantinha a concentração na estrada. - Queria te revelar um segredo... - disse com a voz mais fingida que conseguia reunir, ele me olhou de novo. Ele me conhecia muito bem. - Pode me emprestar sua mão?
- O que você está aprontando, Balfe?
- A mão, Sammy. - Sorri. Ele me deu mais um olhar desconfiado antes de tirar a mão esquerda do volante.
Peguei sua mão e depositei sobre minha coxa nua. Ele olhou rapidamente para sua mão em minha coxa e voltou a desviar o olhar. Vi que seu pomo de Adão se movimentou quando ele engoliu a seco, e eu sorri.
- Sabe... - guiei sua mão mais para cima, sob o vestido. Sentindo minha própria pele arrepiar com o contato - Esse vestido é muito justo. - Deixei que sua mão encontrasse minha pele mais sensível livre de qualquer tecido.
- Você não fez isso! - Retorquiu trincando o maxilar. - Filha da puta.
Dei um sorrisinho. Sabia que o havia desconcertado porque Sam nunca tinha dito tais palavras antes.
- Sacrifícios que fazemos... - tirei sua mão de baixo do meu vestido, mas a deixei em minha coxa. Sua mão era pesada e quente. Tão quente que parecia queimar a pele sob ela.
Quando chegamos ao estacionamento do pub e ele estacionou, virou-se completamente para mim.
- Você veio sem calcinha?! - Sibilou entre os dentes.
- Algum problema, Sammy? - Pisquei inocente, aproximando meu rosto do seu.
- Você vai me pagar por isso. - Sibilou. Dei um beijo em um dos cantos de seus lábios, depois no outro, sem realmente dar o que ele queria. - Caitríona!
- O que, Sam? - Perguntei inocente. A mão em minha coxa me apertou firme e eu quase gemi em resposta.
Alguém bateu no vidro da janela e nos afastamos como se fôssemos dois adolescentes que haviam sido pegos pelos pais. Era Sophie. E felizmente ela estava sozinha. Saímos do carro e Sam manteve uma distância segura de mim.
- Vocês têm muita sorte que fui eu que me aproximei do carro ao invés do Richard.
- Obrigada, Soph. - olhei para a jovem ao meu lado - O que você viu? - Perguntei preocupada e ela riu.
- Eu bati sem olhar. Tinha medo do que podia encontrar... - gargalhei e ela gargalhou junto. - Vocês estão... - ela hesitou - Juntos de novo?
Olhei por cima dos ombros em direção a ele, que andava a alguns passos de distância de nós duas. E voltei a olhar para Sophie.
- É... - Pausei tentando buscar a palavra certa - Complicado.
- Acho que vocês dois fazem ser complicado porque é bem óbvio para todos o quanto vocês se amam. Até mesmo os sem noção do César e Richard conseguem ver isso.
Quando entramos no pub, o assunto morreu imediatamente e Sam surgiu ao nosso lado. Caminhamos os três até a grande mesa onde a maioria dos amigos de Sam e do pessoal de Outlander estavam.
- O aniversariante deu o ar de sua graça! - Seu amigo, Luke, saudou.
Sam foi tomado pelos cumprimentos de feliz aniversário dos seus amigos que ainda não o tinham visto até aquele dia.
- Olha só... - todos nós viramos na direção da voz. Graham estava ali com um imenso sorriso voltado para Sam - Se não é o escocês mais velho de Outlander! - Os dois se abraçaram com força. Tobias, Lotte e Steven também tinham vindo para se unir a comemoração e Sam sorria de orelha a orelha com a presença de todos os seus amigos.
As bebidas chegaram quase que imediatamente e já empurravam o terceiro copo para Sam em menos de um minuto. Ok, ele sairia carregado daqui. Um copo chegou a minha mão e eu sorri para Rik em agradecimento. Fodeu! Fingi beber. Fisguei o olhar de Lotte em mim e ela disfarçadamente pegou meu copo, entornando o conteúdo garganta abaixo. "Obrigada" murmurei sem emitir nenhum som e ela piscou para mim.
Depois de um tempo tentando recusar bebidas ou sendo ajudada por Lotte, alguém sugeriu uma competição de shots.
- Vamos, C! - Disse Maril - Você é nossa única chance de derrotar esses escoceses!
- Nop! - Neguei novamente - motorista designada.
- Eu pago seu táxi! - César se pronunciou. - Vamos C!
- Não, não vai acontecer! - Eles resmungaram e eu dei de ombros.
Sam piscou para mim antes de entornar a primeira dose garganta abaixo. Duncan, Graham e Steven estavam o acompanhando muito bem, assim como Maril. Lotte já estava bêbada demais e decidiu ficar de fora, cortesia dos meus copos que ela havia bebido.
- Tobias Menzies! - Saudei meu amigo e ele me deu um abraço apertado. - Quem é vivo sempre aparece!
- Não podia deixar de comparecer a essa celebração! - Rimos - Como vai a vida? E o noivado?
Olhei para baixo, para minha mão, onde ficava o meu anel. Tobias seguiu o meu movimento e ficou com o rosto lívido.
- Está tudo bem, Toby. - Garanti com um sorriso - Não era para ser e estou bem quanto a isso.
- Então... - ele olhou do Sam para mim - Ainda há alguma chance entre vocês?
Olhei para Sam que estava distraído com seus shots e sorri. Me virei para o meu amigo novamente e ele já sorria para mim.
- Eu sempre soube que vocês dois iriam terminar juntos. - Piscou para mim.
Tobias foi a primeira pessoa a saber do nosso namoro e sempre nos apoiou em tudo e até mesmo encobriu.
- Nós não estamos.
- Mas vão. - Garantiu.
- Você não sabe disso. - Ele revirou os olhos.
- Por acaso não foi eu que aturei os dois por três anos? Me segurando para não rir quando um dos dois ficava com ciúme do outro ou quando os dois eram mais óbvios do que uma porta. - Revirei os olhos - Eu sei o que falo, Caitríona. Conheço vocês dois há cinco anos e em cinco dias eu já sabia que sairia algo incrível dali.
- E como anda a sua vida, Toby? - Desconversei.
- Menos turbulenta que a sua, na certa. - Riu - Estou namorando.
- É mesmo? E por que não trouxe ela?!
- Ela estava atolada de trabalho... mas na próxima vez, eu trago.
- E o que ela faz?
Nós dois ficamos conversando por um tempo sobre a namorada de Toby enquanto a competição de shots continuava acontecendo, por fim, Tobias foi roubado por Graham para que eles cantassem alguma coisa de maneira totalmente desafinada e eu fui para o bar pedir alguma coisa para comer. Estava faminta! O bartender estava realmente puto comigo quando pedi mais uma porção de amendoim.
- E ande logo! - Podia sentir ele jogando veneno dentro. Foda-se, meu bebê estava com fome.
- O que você está fazendo aqui? - Virei para o Sam e quase fiquei bêbada só de estar perto.
- Comendo, bebum. - Ele riu se encostando deliberadamente em mim, suas mãos em meus quadris e seu nariz no meu pescoço.
- Você está muito cheirosa!
- E você muito bêbado! Quem ganhou a competição?
- Graham. - Senti um beijo em meu pescoço. Ele se afastou, sentando no banco ao meu lado - O que pediu?
- Parece que só servem amendoim nesse pub. - revirei os olhos - E demoram muito para isso! - O bartender me deu um olhar irritado e eu fiz uma careta para ele. Virei para o Sam - O que você está fazendo aqui e não lá?
- Senti sua falta.
- Você está bêbado.
- Não estou. - Franzi o cenho, analisando-o meticulosamente. - Viu só?
- Não completamente bêbado... - concordei. - Quer uma água? - Ele assentiu e eu entreguei minha garrafa para ele. Vi seu poderoso pomo de Adão se movendo enquanto ele engolia a água. - Melhor?
- Sim. Acho que Duncan e Graham estão tentando me embebedar... - ri.
- Eles estão sempre tentando embebedar a todos, Sammy. Não é nada pessoal. - Ele riu assentindo.
- Você tem um ótimo ponto. - O bartender colocou minha porção de amendoins em cima do balcão.
- Obrigada! - Disse entre dentes. - Chato. - Sam riu e pegou um pouco dos amendoins para ele.
- Por que você arruma confusão com os bartenders de todo lugar que você vai? - Ele encheu a boca de amendoins.
- É o mesmo. - Fiz uma careta e Sam caiu na gargalhada - Eu estou com fome, para de comer meu amendoim! - Bati em sua mão.
- Quer ir embora?
- Não! - Recusei prontamente. - É tão bom rever Lotte, Graham, Tobias e Steven! - Disse saudosa e ele assentiu. - Está gostando?
- Demais! - Sorriu. - Vamos para a mesa?
- Vou terminar de comer isso aqui para não gerar nenhuma desconfiança, mas você pode ir. - Ele fez uma careta.
- Está tentando me dispensar, Balfe?
- Se você entendeu o recado, Heughan. - Ele deu uma risada profunda. - Vou em cinco minutos.
- Ok! - Deu um beijo no canto dos meus lábios. Como se não estivéssemos em público!
Terminei meus amendoins enquanto implicava deliberadamente com o bartender e quando ele estava próximo de me xingar, sai do bar e caminhei em direção à mesa.
O frio em minha barriga dessa vez, não tinha nada a ver com excitação. Sam estava de pé, próximo à mesa, com uma mulher agarrada em seu pescoço e ele a abraçava de volta pela cintura. Estava longe demais para ver seu rosto, mas soube quem era. Chloe. A menina da foto no feed, das ligações e das mensagens. A namorada. Meu estômago se revirou e eu tive que respirar bem fundo para não vomitar bem ali.
A namorada.
A namorada dele.
Estava aqui.
Era fácil fingir que ela simplesmente não existia quando residia em outro continente, mas agora, ela estava aqui na minha frente e agarrada ao Sam da forma que eu nunca pude fazer. Mesmo quando ele era meu. Senti as lágrimas brotarem e me virei em direção a saída, felizmente minha bolsa estava em mãos, entretanto eu não sabia se tinha condições de dirigir. Porra! As lágrimas me cegaram momentaneamente e eu quase esbarrei em um homem que entrava no pub.
- Você está bem? - Assenti, sem condições de realmente falar.
Eu não estava bem.
Burra.
Burra e burra!
Eu sabia que ele estava namorando e mesmo assim deixei! Deixei que ele me arrastasse por esse sentimento avassalador e desconcertante! Deixei que ele me levasse ao limite, que me tocasse, que...
Vomitei no pé do pobre homem, incapaz de me virar um pouco mais para o lado.
- Caitríona! - Senti a mão firme de meu amigo em minha lombar, me impedindo de cair. - Sinto muito, cara! - Ele disse e o homem deu de ombros sumindo da minha vista. Havia pontos negros na minha visão. - Você está bem?
- Não. - Confessei me segurando nele. - Pode me ajudar a entrar no carro, Toby?
- Você não pode dirigir nesse estado!
- Eu não estou bêbada... - pausei sentindo a ânsia voltar - eu só... - respirei fundo.
- Vamos pedir um táxi, amanhã posso vir buscar o seu carro! - Me agarrei mais nele que prontamente me acudiu.
Tinha algo muito errado comigo.
- Não quer ir para um hospital? Você não me parece bem!
- Casa. - Sibilei. - Só preciso chegar em casa e vou ficar bem!
Mesmo sobre protestos nada contentes do meu amigo, ele me deixou em casa e partiu para a sua. Eu não precisava que ninguém me visse naquele estado lamentável.
Ele estava com ela.
Tirei meus sapatos, deixando-os jogados em qualquer canto. Removi meu casaco e fui me arrastando até o sofá.
Ele estava com ela.
Nota 1: "I'm fascinated by her nose"/"Eu sou fascinado pelo nariz dela" foi uma frase dita pelo Sam esse ano em um jogo, mas foi usado no contexto da fic porque eu simplesmente achei a coisa mais foda do mundo.
Nota 2: Sinto muito pelo final do capítulo, sei que estavam ansiosos para que outras coisas viessem, mas uma hora ou outra isso iria acontecer, não?
Nota 3: Será que a Cait está mal mesmo ou só tem um coração partido? E o que será que o Sam irá fazer/dizer?
Nota 4: Preparem o coraçãozinho para o próximo capítulo, porque algo vem ai 🙊