Festa.
Ainda bem que no período matutino não me designaram nenhuma tarefa, minha cabeça estava tão atordoada que nem me concentrar na revista que estava lendo eu conseguia. Quando o horário do almoço chegou, Meredith e Carl trataram logo de invadir minha sala.
— Shawty! Vamos logo, quero sa... - Começou Oliver, até ver meu semblante. — Meu Deus, menina, o que aconteceu?
— No restaurante explico pra vocês, Ollie. Vamos.
Peguei minha bolsa, saímos da sala e entramos no elevador. Esfreguei as mãos no rosto e respirei fundo. Assim que paramos no saguão, o primeiro rosto que vi foi o de Liam, e maior que meu frio na barriga, foi a vontade de apertar o botão e voltar a subir. Resolvi fazer de conta que não o tinha visto, então saí normalmente com Meredith e Oliver. Mas antes mesmo de pisar na calçada, senti uma mão em meu cotovelo. Nem precisa ser um gênio pra saber que se trata de Liam. Meredith e Oliver olharam sem saber como agir, um tanto confusos, então tomei as rédeas.
— Vão indo na frente, logo encontro vocês.
Bordei um sorrisinho e eles fizeram o mesmo. Ambos atravessaram a rua e puxei meu braço de volta para perto do corpo, com uma cara nada amigável.
— Preciso falar com você.
— Agora intercepta os seus funcionários no horário de almoço? Acha é o que, um carcereiro e que isso é uma prisão? - Voltei a dar um passo e ele segurou meu antebraço novamente, tentando me trazer para perto de seu corpo. E sei que se chegar mais perto e sentir o seu perfume eu amoleço como uma idiota. Não. Não posso me humilhar e me submeter aos caprichos e vontades dele. Olhei para sua mão no meu braço e ergui a sobrancelha. — Irei sair, e de preferência, que sua mão não esteja no meu braço.
Voltei a puxar o braço e caminhei sem olhar para trás, mas o incômodo em tratá-lo assim é inevitável. Mas passou ao lembrar da cena que vi mais cedo. Logo cheguei ao restaurante e fui até a mesa onde meus amigos estavam, então sentei.
— Fizemos seu pedido, já que você costuma pedir o mesmo. - Disse Mere, calmamente.
— Agora, conte-nos tudo. Sem privar os detalhes. - Pediu Oliver.
— É uma complicação, Ollie. Na viagem, Liam e eu nos aproximamos porque ele me ajudou em um quase ataque. - Expliquei a história do cara me seguindo. —E... ficamos. - Falei rapidamente, tentando disfarçar o quão vermelha estava.
— Você e o Liam... Uou. - Começou Meredith.
— Menina, nada mal.
— Oliver! Deixe-a continuar, parece que em seguida há algo não muito bom. - Disse ela ao ver minha expressão, segurando minhas mãos sobre a mesa. - Diga, querida.
— Assumimos sentir atração um pelo outro. Mas hoje mais cedo, vi ele se beijando com Lindsay na sua sala e aquilo foi um basta pra mim.
Os pedidos chegaram, mas a comida que tanto gosto, parecia sem graça pra mim. Eu te odeio, Liam Payne, por me fazer não querer comer algo que adoro.
— Não acredito que ele fez isso. Foda-se se ele é meu chefe, mas a vontade que tenho agora é de voltar naquela empresa e lhe dar um soco. - Disse Oliver, sério. É até estranho ver o rosto de meu amigo assim já que ele é normalmente animado e bem humorado.
— Não perca seu tempo, não vale à pena, lá vem ele com o outro bonitão.
Disse Mere. Olhei para a porta do restaurante e vi Liam entrar no mesmo, acompanhado de Luke e outros dois homens. Minha primeira reação foi virar o rosto, mas queria mesmo sair correndo. Para não olhar para ele, olhei para meu prato de comida ainda intocado, e me obriguei a comer.
De repente, sinto uma mão em meu ombro e olho para cima, vendo Luke me olhar com seu sorriso preguiçoso. Eu deveria estar me envolvendo romanticamente com ele e investir em tal, que não me mete nessa penca de problemas e é um doce comigo. Não pelo irmão cafajeste dele.
— Posso roubá-la um pouquinho de vocês? - Se dirigiu aos dois voyeurs que me lançaram sorrisos maliciosos.
— Sinta-se à vontade. - Respondeu Oliver.
Levantei da cadeira e segui Luke até perto do balcão. Ainda bem que não me levou até a mesa onde Liam estava, acho que eu jogaria aquele espaguete a bolonhesa no smoking caro dele.
— Aconteceu alguma coisa, Luke?
— Não, não aconteceu nada. É que não a vi pela manhã. - "Talvez porque seu irmão resolveu se agarrar com a oxigenada quando estava indo para a sala dele", pensei. — E queria falar com você. - Continuou.
— Sou toda ouvidos.
— Terá uma festa na casa de um amigo meu. Nada demais, uma social apenas, mas acho que todos irão acompanhados, e não quero ir sozinho. - Começou, todo manhoso. Que vontade de apertar! — Você não quer ir comigo? Sei que é segunda e amanhã tem trabalho, mas juro que te deixo cedo em casa. Por favorzinho, Kath. - Fez um biquinho. Que chantagem fofa e emocional.
— Você é um belo de um pilantra, Luke Payne.
— Agradecido pelo belo. - Ri, piscando em minha direção.
— E sim, vou com você.
— Obrigado! - Me abraçou, me girando no ar, chamando a atenção das outras pessoas presentes no restaurante e eu só sabia rir.
— Luke! Me põe no chão! - Ele obedeceu, me posicionando no chão cuidadosamente. — E eu não tinha escolha, você passaria o dia insistindo até que eu me estressasse e aceitasse. Te conheço.
— Garota esperta.
— Agradecida. - Faço uma falsa reverência. — Mas agora, vou terminar minha refeição.
— Te busco às 19:00.
Voltei pra mesa, recebendo uma enxurrada de perguntas sobre o que ele queria, então respondi. Após sorrisos maliciosos e dois tapas no braço de Oliver, terminamos o almoço e voltamos para a empresa.
[...]
Assim que cheguei em casa, subi as escadas correndo e acabei tombando com Harry, e se o mesmo não tivesse me segurado, eu teria me esborrachado no chão.
— Onde vai com tanta pressa?
— Preciso me arrumar, vou sair com um amigo.
— Primeiro, um amigo? - Ergue a sobrancelha. Esses garotos são tão protetores e cuidadosos, vontade de bater e dar beijinho na bochecha. — E segundo, justo numa segunda-feira?
— Relaxa, Styles, estarei cedo em casa.
Beijo sua bochecha e corro pro quarto antes que o mesmo tome pergunte mais. Após um banho quente, coloquei um vestido preto, tubinho, um tanto curto e brilhoso, com as alças finas. Calcei um par de louboutin preto, peguei uma bolsa cinza, fiz uma leve maquiagem, borrifei perfume em mim, ajustei o cabelo e então, estava pronta. Ainda faltava cerca de meia hora para Luke vim me buscar, então desci pra cozinha pra comer algo antes de ir e lá, encontrei as meninas sentadas à mesa.
— Uh, onde você vai toda bonitona? - Pergunta Debby, me analisando. Nina se aproximou e desferiu um tapa forte em minha bunda. Às vezes dá vontade de vender essa garota.
— Gostosíssima é a palavra certa, olha o vestido dessa criatura. - É, tenho que concordar, ele valoriza as curvas.
— Sair com Luke. - Falei, fazendo as três ficarem de testas franzidas.
— Mas... E o Liam? - Perguntou Lola.
— Ele é um idiota. - Suspiro, indo até o armário e pegando os ingredientes para fazer um sanduíche, então coloquei os mesmos no balcão. — O vi beijando Lindsay hoje cedo.
— ELE O QUÊ?! - Exclamaram as três.
— Falem mais alto, o Canadá não conseguiu escutar. - Zombo, bufando, pegando o restante dos ingredientes na geladeira. — Sim, ele fez. Então no almoço, Luke me convidou para ser sua acompanhante na festa de seu amigo e aceitei. - Comecei a preparar o sanduíche.
— Ainda não acredito que Liam fez isso. Ele tentou falar com você? - Perguntou Nina, roubando uma das rodelas de tomate cortadas.
— Sim, mas sai e o deixei, não estava com paciência para ouvi-lo.
— Você geralmente não tem, né. - Alfineta Lola.
— Calada.
Terminei o sanduíche e comi o mesmo, bem a tempo de ouvir a campainha tocar. Dei um tchau rápido para as meninas e fui até a porta, abrindo a mesma e dando de cara com um Luke de camiseta vermelha de mangas compridas, dobradas até os cotovelos, e jeans.
— Nada mal, Pritchett. - Disse, sorrindo de lado.
— Você também, Payne.
— Agora, vamos indo.
O mesmo segurou minha mão e me puxou para sair. Fechei a porta atrás de mim e logo entramos no carro. O rádio estava ligado e tocava Alone Together, de Fall Out Boy, uma de minhas bandas favoritas.
— Bom gosto musical.
— Não há como não gostar das músicas deles. - Disse Luke, rindo.
— Façam-se minhas as suas palavras.
Passamos o resto do caminho falando sobre música, até que Luke estacionou em frente a uma casa elegante. O mesmo desceu do carro e desci. Me ofereceu o braço curvado e pousei a mão em seu antebraço, então caminhamos para a entrada.
Assim que entramos, passei os olhos pelo local. Um rapaz alto, moreno, de olhos verdes e bem apessoado veio até nós.
— Luke! Pensei que não viria. Não vai me apresentar sua acompanhante? - Me lançou um sorriso de lado e sem motivo algum, me fez corar. Acho que pelo fato de ser muito bonito, ao ponto de ser intimidador.
— Claro. Steven, essa é minha amiga Megan. Meg, esse é Steven.
— É um prazer conhecê-la, senhorita. - Segurou minha mão e depositou um beijo na mesma. Que galanteador.
— Igualmente, mas corte o senhorita. Pode me chamar de Meg. - Rio leve.
— Afirmativo e operante.
— Agora, vamos Meg. - Disse Luke.
Ele me apresentou para uma penca de pessoas, e com certeza, não lembrarei do nome da metade. Enquanto conversávamos e andávamos, paramos próximo a um grupo de pessoas. Quando subi os olhos, dei de cara com Liam. Lindsay estava do seu lado, grudada, e lutei internamente pra não revirar os olhos. Ele estava olhando pra mim, e com uma cara nada boa ao me ver com Luke. Simplesmente, ignorei a presença dos dois e prestava atenção na festa. Começou a tocar uma música lenta e algumas pessoas começaram a montar pares. Lindsay praticamente arrastou Liam para dançar e revirei os olhos. Steven se aproximou de mim e de Luke, com seu típico sorriso faço-pernas-tremerem.
— Luke, vou roubar um pouco sua acompanhante, se ela quiser. Me concede a dança, Meg? - Me estendeu a mão e riu.
— É claro, Steven.
— Mas sem gracinhas, Rawrence. Ou te dou um olho roxo de presente.
Luke falou de forma brincalhona. Ri e dei a mão a Steven, nos aglomerando perto dos outros. Ele pôs as mãos em minha cintura, e eu coloquei as minhas em seus ombros, então começamos a dançar.
— Você é mesmo apenas amiga de Luke ou...? Não me entenda mal, por favor, é que ele não costuma trazer garotas para sociais dos amigos.
— Sim, apenas amiga. - Franzi o cenho.
— Faz sentido. - Sacudiu os ombros de leve. — E Luke não conquistaria uma mulher tão bonita. - Ele falou em um tom brincalhão, liberando uma risada rouca e ri também. — Ele é um pouco "bicho solto", livre, não costuma investir sério.
— Luke é uma ótima pessoa, acho que não tardará a encontrar uma pessoa especial que o faça alterar esse comportamento e se apaixonar, no mínimo.
— Acho que ele já encontrou, pois está me encarando como se seus olhos pudessem me queimar.
Eu não soube o que responder e senti minhas bochechas queimarem.
— Impressão sua, nós somos amigos.
— Me concede a dança? - Uma mão tocou meu antebraço, me puxando de Steven e logo soube que era Liam. Abusado. Não posso gritar e fazer ceninha aqui, então... Tenho de manter a calma. E enfiar o salto nele quando as pessoas não estiverem olhando.
— Claro, mas cuidado, Payne, seu irmão está olhando para ela como um falcão.
Steven disse de forma um tanto debochada, acho que tentando implicar com Liam. O mesmo me puxou pra longe, pra um canto e nem sequer fingiu que estava dançando comigo, apenas parou à minha frente, de queixo erguido, tentando passar imponência. A vontade de bater nesse homem está crescendo.
— O que pensa que está fazendo? - Pronuncio.
—Te livrando das garras do Steven.
— Ao contrário do que eu e você estamos tendo agora, eu e ele estávamos tendo uma conversa agradabilíssima até você chegar e me puxar.
— E Luke? Está ficando com meu irmão?
— Não é da sua conta. Volte pra sua acompanhante. Ou ela é também mais uma na sua lista de conquistas? Terrível.
— Megan...
Ele tocou meu rosto mas logo se afastou. Entendi o motivo quando observei Luke se aproximar.
— Virei-me um segundo e você já não estava mais com Steven. Perguntei a ele e ele disse que Liam tinha te pego pra dançar, mas não os vi na pista. - Credo, tá parecendo detetive. — Tá tudo bem, Meg?
— Sim, está. Pode me levar pra casa? Estou cansada. - Falo, virando-me pra ele.
— Claro, vamos.
Luke me abraça de lado, acena para o irmão e logo saímos da casa e adentramos o carro. Passei o trajeto inteiro calada, e como ele não é bobo, percebeu.
— Meg, está tudo bem mesmo? Você passou o caminho inteiro calada.
— Só estou cansada. - Sorrio de lado. "Principalmente do comportamento do seu irmão", pensei. - O vejo depois, boa noite.
Beijo sua bochecha, saio do carro e entro em casa. Subo praticamente me arrastando, e ao chegar em meu quarto, tiro apenas os sapatos, me jogo na cama e durmo.