Midnight

By Mary-Lim

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JeongHan só queria fugir de seu passado. Ir para a cidade grande estudar e trabalhar para ter uma vida indep... More

Cap I
Cap II
Cap III
Cap IV
Cap V
Cap VI
Cap VII
Cap VIII
Cap X
Cap XI
Cap XII
Cap XIII

Cap IX

101 8 11
By Mary-Lim

"Um capítulo todo com Cheollie <3

>história não betada pode ter erros e posso editar no futuro<

~boa leitura~"


             


               Caminhar entre aquelas pessoas lembrava SeungCheol de outra época de sua vida, uma época que parecia tão distante que as vezes se esquecia ter existido, ou talvez apenas desejasse esquecer. O SeungCheol daquele tempo iria adorar lugares como o The Churchil com todas suas pessoas festeiras, a falsa felicidade e as várias opções de escolha. Agora, portanto, apenas tenta desviar dos corpos suados e das mãos que vez ou outra tenta o atrair para uma dança. Segue seu caminho até a escada na parte direita da construção. Uma escada que um dia levou a uma galeria para os fiéis da congregação, mas que agora só conduzia mais profundamente naquele mundo obscuro que senhor Choi administrava em "solo sagrado". Sobe os degraus iluminados por luzes de led azuis, mas é barrado quando chega no topo. Um gigante corpulento estende a mão o impedindo de passar pela corda de veludo, um clichê que seu pai gostava tanto, que separava aquela parte do club do restante.

               -Quero ver meu pai. – assim que diz aquelas palavras mágicas parece haver reconhecimento nos olhos do grandão e ele se afasta permitindo sua passagem imediatamente. Normalmente em situações como aquela tudo que precisava fazer era mostrar o distintivo que além de causar certa correria ainda lhe abria portas, mas no The Churchil aquilo não ajudaria em nada, o contrário acontecia com sua relação com o poderoso chefão.

               Ali em cima não era difícil ver as vantagens que o dinheiro proporcionava. Enquanto o andar de baixo era tomado por jovens em busca de diversão rápida e barata se possível, a área VIP era tomada por velhos em busca de juventude mesmo que tivesse que pagar muito por isso. O velho cercado de garotas com a metade da idade dele era uma prova disso. Nojento. As bebidas aqui eram caras, até mesmo os sofás onde aquelas pessoas se sentavam eram claramente mais caros e de boa qualidade em comparação com qualquer banco de bar do andar inferior. Não havia ali uma pista de dança apenas o pior da humanidade assistindo os que dançavam lá embaixo se por acaso gostasse do que viam podiam até mesmo enviar um convite. Aquele tipo de esquema lhe dava náuseas e apenas reforçava por que havia rompido todo e qualquer laços com seu progenitor.

               Caminha mais alguns metros e dessa vez quando encontra uma porta com mais um segurança nem precisa esperar, esta já é aberta rapidamente permitindo sua passagem, provavelmente aquele brutamontes ali fora avisado pelo outro sobre sua visita ao chefe. Para alguém que se achava todo poderoso e indestrutível senhor Choi tinha muita segurança.

               O cômodo que entra não muito grande, supunha que uma modificação de onde antes abrigava o coral da igreja e agora de onde o velho Choi administrava seu império, sendo o The Churchil o principal e mais querido deles, mas SeungCheol sabia de cerca de meia dúzia mais de lugares parecidos espalhados pela cidade. Um homem de meia idade está sentado atrás de uma escrivaninha em uma poltrona que mais parece um trono em couro vermelho, o terno escuro que usa devia ter custado mais que o salário do mês de muitas pessoas por esse mundo. Ele sempre prezou pela aparência e estar sempre "apresentável" era algo que sempre havia mantido mesmo nos momentos de maior loucura.

                Uma garota de cabelos longos e muito pretos usando roupas apertadas e da mesma cor do cabelo serve uma bebida vermelha em duas taças e coloca uma em frente ao mais velho e outra em frente à cadeira certamente destinada a SeungCheol, não que pretendesse ficar o bastante para isso. Um garoto bonito e alto coberto da cabeça aos pés de couro também preto está empoleirado no braço esquerdo da cadeira e a garota toma seu lugar do outro lado assim que termina de servir as bebidas. Ambos usavam um colar preto justo ao pescoço com um pequeno coração em rubi, ambos uma propriedade daquele homem. Sabia disso por que sua própria mãe usara uma peça bem parecia no passado.

               O cheiro da fumaça do cigarro entre os dedos do homem que parecia não ter envelhecido nem um segundo desde muito tempo parecia permear o ambiente o tomando praticamente insuportável para SeungCheol que desde sempre odiou aquele vício do pai. Pena que aquele não era nem de perto seu defeito mais odioso.

               Senhor Choi apaga o cigarro no cinzeiro e pega sua taça tomando um longo gole com um sorriso de satisfação ao passar a língua pelo lábio marcado de rubro, em seguida indica a cadeira à sua frente.

               -Cheol! – começa com um sorriso – Finalmente apareceu para me visitar. Estou feliz que esteja aqui, as vezes penso que se esqueceu de seu velho pai.

               Olha para o homem que mantinha aquele sorriso agradável no rosto como sempre, parecia tão convincente, mas tudo que sentia era vontade de sair o mais rápido possível do cômodo cheiro de fumaça e da presença do mais velho. SeungCheol preferia e queria não estar ali, suas conversas com o pai sente terminavam do pior jeito para si e com mais um monte de coisas pra pensar quando ia embora. Se distrai alternando os olhos entre o garoto e a garota ao lado do pai.

               -Não sabia que curtia homens agora. – acena com o queixo em direção ao garoto – Sempre foi do tipo macho alfa pelo que me lembro. Qualquer coisa diferente feria sua masculinidade.

               -Alguém me disse uma vez que não dá pra saber do que gosta sem nunca ter experimentado. – reconhece nessas suas próprias palavras de anos atrás quando seu pai o pegou com um dos capangas atrás do estábulo de uma fazenda que tiveram décadas atrás, lembrava bem também do chicote que usou em suas costas por ter um filho "desse tipo", além disso SeungCheol nunca mais teve notícias de Sam – Só estou tentando entender os gostos peculiares do meu filho e tenho que admitir que não é tão ruim. – sorri acariciando a coxa do garoto distraidamente - Além do mais ainda posso ser ... Como e? Macho alfa mesmo com isso se é que me entende.

               Uma careta involuntária toma seu rosto ao ouvir aquele detalhe que não queria de forma alguma saber sobre a vida do pai.

               -Não vim para saber sobre suas aventuras sexuais. – descarta qualquer continuação daquele assunto, tira algumas fotos do bolso e coloca sobre a mesa – Sabe algo sobre essas propriedades?

               O mais velho o encara por um instante ainda com seu sorriso caloroso antes de se tornar sério, talvez um pouco irritado, e pegar as fotos. Passa de uma a outra estudando as imagens e quando termina ajeita com uma batidinha sobre o móvel e estende de volta ao filho.

               -Tem a ver com eu conhecer os donos? – ergue a sobrancelha o olhando como se o assunto não tivesse nenhum interesse para si, o que talvez fosse verdade ou talvez não.

               -Pode ser.

               -Por que se deu ao trabalho de vir falar comigo se as casas são deles? – aperta os olhos - Pelo que ouvi a polícia não fez muita coisa até agora. – então ele sabia sobre as casas - Devia ao menos dar alguma satisfação não acha?

               -Não tem muito sobre os proprietários em documentos legais. – recolhe as fotos – Não que isso seja uma surpresa para você afinal esse lugar mesmo não foi assim por muito tempo? Enfim, quando descobri sobre seus amigos achei que devia falar com o chefe antes de procurar os subordinados.

               -Chefe? – ele riu parecendo até mais jovem ao fazer aquilo – Quem me dera. Sou apenas um amigo dedicado, nem em meu próprio clube consigo mandar. – aponta um pasta onde algumas papeis escapavam – Estou pensando em contratar um desse jovens de hoje que entende de marketing, instagram e essas coisas que me dão dor de cabeça. Mas eu amo pedir comida em casa. – sorri e SeungCheol revira os olhos sabendo o que aquilo realmente significava.

               -Não seja modesto, ambos sabemos que esse tipo de coisa não combina com você. Além do mais sempre gostou de expor seus planos pra mim, por que não fazer isso agora?

               -Ok. – ainda com aquele sorriso arrogante no rosto pediu que seus dois bichinhos de estimação deixasse a sala e foi de pronto atendido – O que exatamente quer saber SeungCheol?

               -Só quero saber se não está prestes a fazer alguma merda como várias outras que já fez.

               -O que exatamente chama de merda? Pensei em fazer uma promoção de bebida amanhã e provavelmente tenha algum prejuízo, mas posso ganhar mais clientes acha que isso é uma merda?

               -Pare de brincar. – o encarou por sobre a mesa – Estou cansado de ter que limpar a bagunça que deixa pelo caminho. Eu te disse da última vez que não faria mais, que estava sozinho nessa. – sua voz se alterou se tornando mais alta – Não vou trair o que acredito apenas para que você se dê bem.

               -Não estou pedindo que me proteja. – o interrompeu com a voz clara e direta – Nunca precisei que fizesse anda. Apenas achei que poderia te fazer útil e consegui te colocar na delegacia, mas até mesmo isso foi capaz. – o olhar se tornou cortante – Trair o que acredita? – deu um riso soprado dando a volta na mesa e parando a centímetros do filho – Não me faça rir. – o olhar de desprezo voltou enquanto estudava o mais novo de cima a baixo – Sempre será o mesmo moleque estúpido de sempre não importa quantos anos passe ou o quanto ache que está fazendo "o que acredita". Sempre irá destruir tudo que toca, sempre destruindo tudo que jura proteger. Não foi o que fez com sua mãe? – ter sua progenitora sendo mencionada ali fez SeungCheol fechar as mãos em punho controlando a vontade de arrancar aquela katana que enfeitava a prateleira para separar aquela maldita cabeça de seu corpo, Deus como odiava seu pai na maioria das vezes – Eu devia ter escolhido seu irmão em vez de você para estar comigo, ao menos ele era firme em suas decisões não cedendo nem enquanto o pior acontecia. Não podemos dizer o mesmo de você não é?

               A verdade naquelas palavras sufocaram SeungCheol, sempre havia se perguntado por que havia sido escolhido e agora o próprio pai expusera sua dúvida na escolha feita anos e anos atrás.

               –Se você quer se rebaixar trabalhando com aqueles vermes humanos, tudo bem. – continua - Mas é melhor que não fique no meu caminho ou eu destruo você sem me importar. – se aproximou mais – Entendeu, Cheollie? – seu apelido pelo qual a mãe o chamava foi dito com o sarcasmo que só aquele homem era capaz, seguido de um sorriso enquanto voltava a se sentar atrás da escrivaninha – Sobre as casas não sei nada sobre elas. Apenas que estavam vazias e cheias de vândalos e sem teto, talvez algum desses desocupados tenha incendiado. – encolheu os ombros como se não se importasse – Talvez se fosse e seus idiotas da polícia fizessem bem o trabalho nenhuma propriedade tivesse sido danificada, mas vendo pelo lado bom, agora o lugar está vago e pronto para receber um imóvel novo e que faz jus a vizinhança. Diz que não vai trair o que acredita? Como pode acreditar em algo que vai contra sua própria espécie? Me vê como um vilão, mas só quero não ter que esconder e abaixar a cabeça para idiotas inferiores a mim. Agora se não se importa... – indicou a direção da porta o dispensando – Tenho mais o que fazer além de justificar minhas ações pra meu filho traidor.

               SeungCheol caminhou com as fotos apertadas entre os dedos em direção a porta, mas parou se virando para o outro que já voltava a ler os papéis que tinha sobre a mesa. A vida toda o velho Choi tinha odiado a papelada sempre ficando com a parte prática dos trabalhos, o fato de estar naquele escritório agora talvez mostrasse que estivesse finalmente envelhecendo.

               -Só mais uma coisa. - com um suspiro irritado um par de olhos escuros brilham em sua direção – A garota com a garganta cortada. – mais um pouca da sobrancelha erguida – Pode me dizer algo sobre isso?

               -O que quer que eu diga? Que foi algo horrível e que pena pra família dela, blá blá blá? Pronto está dito, mas é melhor que pense bem no que vai me acusar.

               -Não estou te acusando de nada.

               -Ótimo. Eu não matei ninguém e se tivesse matado você não saberia. Agora se puder... – mais uma vez indicou a porta.

               Ficou olhando para os cabelos escuros cuidadosamente organizados em um topete moderno, antes de se virar e sair de vez do lugar parecendo poder respirar melhor assim que colocou uma parede entre eles.

               Tinha aquele tipo de relação de ódio mútuo com o pai já há muitos anos. Começou quando a mãe morreu, talvez um pouco antes... Ou talvez o tenha odiado desde o momento que o conheceu, mas se sentia atraído pela figura paterna forte e por muito tempo quisera ser como ele. Depois de um tempo apenas seguiu se tornou uma réplica mais jovem do pai, até o dia que parou pra pensar em suas ações e percebeu a verdade do que estava fazendo. Agora estava determinado a entrar no caminho dele e acabar com qualquer ideia que pudesse ter para o futuro, mesmo que se destruísse no processo. Ele já havia tentado antes se colocar contra os humanos, mas nunca funcionou, não seria agora que funcionaria.

               Volta para a ala comum do clube tentando deixar aquilo para trás, mas imagens da mãe e do irmão continuam invadindo sua mente. Chegava a jurar que não seria nunca mais influenciado por Choi SungWong, mas bastava alguns minutos no mesmo cômodo para que o passado voltasse a incomodá-lo.

               Ali em meio àquelas pessoas se lembrou de como só encontrou um pouco de paz depois de começar a ajuda-los em vez de pensar apenas em si mesmo e no que o pai esperava de si como havia sido treinado a fazer. Assim que conseguiu pensar por si próprio e escapou da influência dele finalmente conseguiu cortar relações com o pai e seu bando, coisa que não havia se arrependido nem por um único dia.

               Sua atenção é desviada quando está passando pelo bar a caminho da saída. A atração o faz desviar e se aproximar, os problemas com o pais e as lembranças da família sendo colocadas finalmente de lado. Se senta no banco ao lado dele quando tem certeza de quem era. Sorri pensando que não estava maluco na outra noite quando achou que o viu. Não acreditava que estava tão perto depois de tanto tempo, tudo que precisava fazer era estender a mão e podia o tocar de novo. Tinha tanta coisa para dizer, queria perguntar tanta coisa, mas tudo que fez foi ficar ali parado olhando para o perfil da pessoa que brincava distraída com um copo. Era incrível como o cheiro dele se destacava mesmo em um ambiente caótico daquele sensorialmente como aquele, não sabia descrever o que exatamente sentia, mas não parecia ser o único enfeitiçado por ele, o cara sentado há alguns metros não conseguia desgrudar os olhos dele como se ele fosse um bife suculento em frente a um homem faminto. Olhou feio para o outro admirado que se apressou em se afastar.

               Algum tipo de consciência parece o tomar talvez por estar encarando por muito tempo e ele se vira não parecendo chocado ao o encontrar ali.

               -Te vi na minha cena de crime no outro dia. – foi a primeira coisa que saiu de sua boca – Tem algo a ver com aquilo? – com tanta coisa pra dizer e principalmente perguntar, por que tinha que ter dito logo aquilo?

               -Acha mesmo que eu mataria uma pessoa? – a resposta do agora loiro e de cabelos curtos sai fácil, mas uma pergunta em lugar de uma resposta de verdade costumava significar que escondia ou protegia uma informação.

               -Desde quanto eu te conheço? – dessa vez disse exatamente o que queria, e veja só respondera com pergunta exatamente como ele.

               Havia convivido com ele por apenas alguns dias e ainda assim julgou que sabia o bastante sobre o jovem dedicado aos estudos que Wonwoo afirmou ser "uma boa pessoa". Em suas pesquisar Yoon JeongHan era apenas um garoto do interior que deixou a família para estudar em uma universidade prestigiada, cursando medicina ainda por cima com bolsa integral, algo que nem todo mundo tinha a capacidade de conseguir. Soube também que trabalhava no The Churchil e isso foi uma preocupação inicialmente imaginar um jovem com aquela aura inocente trabalhando para o pai causou preocupação ainda mais sabendo que ele podia estar sendo perseguido por assassinos que não duvidaria muito que trabalhasse para o dono do clube , mas quando investigou um pouco mais percebeu que ele apenas ficava por lá o necessário, não se envolvendo em nenhuma das "atividades extra curriculares" do lugar, coisa que pelo jeito seu colega de trabalho daquela época não tivera problemas em fazer, levando em conta que agora era um dos cãezinhos do senhor Choi. Tudo na vida dele parecia perfeita e até mesmo monótona então por que não confiar? A perfeição durou até o dia que acordou e ele simplesmente havia desaparecido deixando para trás uma vaga na universidade que centenas desejavam, um pequeno apartamento com dois meses de aluguel pago e um monte de móveis, roupas e livros. O sinal de seu celular simplesmente desapareceu, assim como ele.

               -Essa é uma boa pergunta. – o vê sorrir ao responder e tomar o restante da bebida.

               Fisicamente JeongHan ainda se parecia exatamente como o de antes apesar dos cabelos agora curtos e descoloridos, mas sentia um tipo de aura escura ao seu redor, e por mais que tentasse achar aquela escuridão ruim ela era algo que o tornava ainda mais convidativa que no passado. Se quando o viu pela primeira vez quis protege-lo para todo sempre, e teve aquelas estranhas visões dos dois no quarto dele, agora queria o trancar em um quarto e marcar como sua propriedade para que ninguém mais pudesse se aproximar. Aquele pensamento o assustou, não costumava ser possessivo com pessoas, por mais que sempre acabasse cuidando de alguém não era daquela forma tão repentina. Mas naquele momento só conseguia pensar em chegar mais perto, em quem sabe, tocá-lo, só pra ver se era como antes, sua mente dizia que seria bom, talvez melhor que antes. Caramba como uma pessoa podia fazer aquilo consigo com sua mera presença? O que de errado havia com Yoon JeongHan? Ou melhor, o que havia de errado consigo na presença dele. Da primeira vez havia sido daquela forma, bastou seus olhos encontrar com os dele para que sua mente começasse a trabalhar em uma fantasia envolvendo a cama cheia de livros dele e agora isso. Aquele mistério acaba só o deixando ainda mais curioso.

               Quando o viu se levantar para ir embora o segurou pelo braço. Por mais que sentisse a necessidade de tocar sua pele diretamente o segurou sobre o casaco se sentindo mais confortável em fazer assim, a última coisa que queria era o assustar como pelo jeito fizera da outra vez e levando em conta o rumo que sua mente estava tomando não duvidava que fosse novamente rápido demais. Olha como havia terminado essa pressa da outra vez. Ou talvez só estivesse tentando proteger a si mesmo, não sabendo qual seria sua própria reação ao ter pele contra pele.

               -Foi bom rever você. – sorriu pensando em como estava ferrado por aquilo ser a mais completa verdade, ainda mais levando em conta que normalmente era quem ia embora antes que a pessoa acordasse e torcia para nunca mais revê-la, por um instante pensou que ele diria algo fofo como antes, talvez as bochechas se ruborizassem em meio ao um sorriso bonito e contido, mas em vez disso ganho um par de sobrancelhas erguidas como se sua frase fosse apenas um incomodo – Admito que já havia perdido as esperanças, então, foi uma boa surpresa.

               -Quando uma pessoa some na manhã seguinte a algo daquele tipo sem dizer nada tem que significar algo não acha? – ai, aquilo havia doído, o garoto que conheceu anos atrás sabia ser afiado com as palavras, mas aquilo já era crueldade - Ainda mais quando a casa é dessa pessoa e ela ainda assim vai embora. – parecia que a falta de piedade também era uma característica nova que ele adquirira nos últimos anos, quem era aquele em sua frente e o que haviam feito com seu garoto fofo que abriu a porta pra um estranho no meio da noite? Aquele que tinha salvo sua vida ao lhe costurar dentro de uma banheira? Será que aquele ali em sua frente faria a mesma coisa se precisasse? Odiava admitir, mas duvidava um pouco.

               Acaba rindo confirmando o que ele disse com um movimento de cabeça. Ele tinha razão de qualquer forma, quando alguém deixa a própria casa para se afastar da outra pessoa isso deve significar algo. Mas o que exatamente? O que havia feito de tão errado para que ele desaparecesse? Se sua memória não lhe pregava uma peça ele não havia feito nada sem querer, na verdade parecia ter gostado bastante.

               -Preferiu deixar sua casa e sua vida para trás que falar comigo na manhã seguinte. - tenta brincar chegando mais perto um pouco – Caramba foi só uma noite, não achei que fosse te assustar tanto só com isso. – riu - Achei que fosse mais corajoso...

               Percebe alguém se movendo rápido atrás de si e até pensa em se virar para se defender, mas JeongHan é mais rápido e quando se vira encontra um cara alto que o encara com uma expressão nada amigável. Seus olhos vão para a mão de JeongHan sobre o peito do mais alto o mantendo afastado e quando tira a mão dali é para pegar algumas notas do bolso do casaco longo e preto com capuz que ele usava e deixa sobre o balcão antes de arrastar o recém chegado por entre os dançarinos animados.

               A decepção e a curiosidade de saber quem era aquele junto com JeongHan o incomoda mais que queria admitir, a possessividade de agora a pouco novamente revirando em seu interior. O que eram um do outro? Namorados? Isso explicaria a agressividade que sentiu nele sem que nem mesmo se conhecessem, mas algo o impedia de ver JeongHan como alguém que namorava e tinha uma relação fixa e convencional, não sabia por que. JeongHan pra si apesar de parecer um bom garoto, calmo, inteligente e com essas características todas de quem tem lar e família ainda tinha algo de selvagem à espreita, como se aquelas qualidades fossem apenas um toque a mais para atrair suas presas e então destruí-las para sempre. Mas então o que era aquela proximidade entre os dois? Além do mais o sentimento de que já havia encontrado em algum lugar apenas crescia dentro de si, mesmo que não se lembrasse bem quando ou onde. Na verdade nem sabia se tinha um rosto para aquele sentimento, mas algo lhe dizia que já haviam se esbarrado antes. Que ótimo além de estar curioso sobre JeongHan agora queria saber mais sobre seu companheiro também.

               Se levanta desviando das pessoas, chegando a ser até um pouco rude com algumas que bloqueavam seu caminho e gritando uma desculpa logo depois ao perceber que as empurrara. Mas quando saiu do prédio quente e sufocante pra noite fria não o encontrou mais. Passou os dedos pelos cabelos se sentindo frustrado. Torceu para que ele não jogasse fora o celular que havia soltado dentro do bolso dele mais cedo. Não era rastreável então talvez assim ele não o jogasse fora e pudessem se falar novamente depois e decidir o que era aquela energia que havia entre eles. Podiam se encontrar novamente de preferência longe daquele gigante irritado.

               Com um suspiro se encaminha em direção a seu carro, repassando no celular a lista de endereços enviados por Wonwoo e escolhendo um para ir ainda naquela noite aproveitando sua folga. Por mais que seu pai afirmasse que não sabia de nada sobre o assunto havia algo o incomodando sobre aquelas casas e JeongHan estar na cidade não diminuía sua preocupação. Levando em conta que haviam recolhido um corpo destruído do beco da outra vez que o viu e agora uma garota apareceu morta, não queria nem saber em como sua vida ficaria agitada com a presença dele.



               Aquela era sua segunda casa da noite. A primeira era apenas uma casa velha comum com piso apodrecido quase afundando sob seus pés. Estava completamente vazia pelo que pode ver e apesar de haver um porão tudo que pode encontrar nele foram latas de conservas vencidas a tanto tempo que alguns vidros não haviam suportado e explodiram espalhando seu conteúdo pelas prateleiras sujas. Os poucos móveis que restavam por ali estavam tão ruins quando o chão e o telhado, este que por sinal já havia despencado uma parte no meio da sala de estar.

               Tirou o celular do bolso para verificar se o endereço estava certo apesar que a casa era muito afastada das outras para estar errado. De acordo com o relógio digital do aparelho passava pouco das duas da manhã. E se apressou em verificar o portão que estava trancado com uma corrente nova demais para o restante da casa. Não foi difícil escalar o muro lateral e se jogar para dentro da propriedade caindo silenciosamente entre os arbustos do jardim malcuidado, sua parte policial sabia que era errado o que estava fazendo mesmo que por uma boa causa, invadir propriedades não era algo a ser feito. Tentou pensar em como estava fazendo algo bom para a sociedade se suas pesquisar fossem bem feitas e seguiu para a casa. Rodeou indo para a porta dos fundos, não achava que alguém da vizinhança fosse ir até a última casa da rua, mas se fosse não seria pego arrombando a porta da frente.

               Para sua surpresa assim que pousou a mão enluvada na maçaneta ela se abriu com facilidade sem nem ao menos a dobradiça protestar pela falta de uso, isso aliado ao rastro sem poeira indicava que havia sido visitado recentemente. Isso o faz ficar em alerta instantaneamente e a mão vai instintivamente a arma no coldre sob o jaqueta apesar que usar uma arma como aquela pudesse chamar atenção indesejada. Com cuidado para não fazer barulho, mas duvidando que isso fosse o proteger do que quer que estivesse ali, segue para o interior escuro da casa prestando atenção a qualquer som.

               Atravessa a cozinha onde uma torneira pinga de forma insistente e irritante, segue por um corredor que leva a uma sala de jantar a esquerda e uma porta a direita. Quando leva a mão ao maçaneta da porta que provavelmente daria para um porão percebe algo vindo em sua direção. O impacto o joga para trás e atinge a lateral de um armário na cozinha. Geme sentindo as costas doer com o impacto e se apressa em se levantar, mas mal tem tempo de se colocar de pé quando é atacado novamente por algum outro ser que acabou de entrar pela porta, salta para trás e é quando sente dentes entrando profundamente em seu ombro. A surpresa o havia distraído do primeiro atacante.

               Um rosnado de dor sai de seus lábios enquanto chuta o outro que já vem novamente para mais um ataque. Com um grunhido animalesco ele atinge a parede e SeungCheol aproveita para se livrar do que está atrás de si, puxando a faca de combate presa a sua perna. Logo o silencio reina novamente. Os dois corpos estendidos no chão jaz imóveis finalmente, quase não há sangue na cena e SeungCheol geme ao tocar a ferida em seu ombro, soltando uma praga por estragar uma de suas jaquetas favoritas. Não esperava se machucar em uma simples "pesquisa de campo". Ignorando o latejar em sua pele abre, por fim, a porta descendo pela escada escura até o porão. Teve vontade de estrangular seu pai naquele momento por ser tão sínico.

               Assim que seus olhos se adaptam a escuridão começa a ver as diferenças entre o primeiro e aquele. A primeira diferença era a grande de ferro assim que a escada terminava, correntes e cadeados estavam dependurados prontos para serem usados. Em vez de prateleiras com alimentos apodrecidos haviam placas de metal enferrujado cobrindo cada parede, teto e chão. Sente um arrepio descer em sua espinha com as memórias que lhe atingem com a força de um caminhão desgovernado. Segura a vontade despejar qualquer coisa que possa ter no estômago fora diante da cena. Na parede dos fundos preso a uma das correntes está uma pessoa com cabelos escuros e longos, não pode ver muito de seu rosto, mas nem precisa pra saber que não está mais vivo. Ignorando a voz interior que sempre aparecia nesses casos o mandando se afastar faz o contrário e se aproxima para ver melhor. Havia sangue coagulado na lateral direita do pescoço, alguns pontos começava a secar. Com cuidado puxa a luva da mão direita e toca o pescoço, mesmo já sabendo do que encontraria. Completamente sem pulsação sob a pele fria.

               Volta a calçar as luvas e procura alguma pista de quem era o jovem ali e é claro que não encontra nada. Pelas roupas baratas e a corrente de ouro falso no pescoço definitivamente não era filho de algum dos riquinhos da cidade e por isso talvez a polícia ainda não estivesse o procurando.

               A verdade sobre a delegacia era que a cada dia a lista de desaparecidos crescia de forma preocupante e a divisão desse tipo de crime não parecia fazer nada sobre o assunto. Algo completamente revoltante. Queria conseguir resolver todos os casos e ajudar todos que precisavam, mas era apenas um em meio àquela multidão que parecia não queria nada além de receber seus salários no final do mês. Os pulsos estavam em carne viva como se houvesse lutado muito pela vida antes de finalmente ser derrotado, os lábios, olhos e nariz, assim como a lateral do pescoço e a frente da roupa, também estavam cobertos por sangue seco.

               O celular vibra em seu bolso e com cuidado o pega, ao ver o nome de Chan na tela se apressa em atender ainda não sabia se tinha sido uma boa deixar o mais novo fazer aquilo sozinho. Levando em conta o que acabava de acontecer ali se preocupava que estivesse sem ninguém. Devia ter mandando Hoshi ou Wonwoo com ele, mas se fizesse isso ele com certeza iria surtar afirmando que era bom o bastante para uma missãozinha dessa. As palavras do pai sobre como destruía tudo a sua volta repassa em sua mente.

               -Está tudo bem?

               -Por que todo mundo atende o celular com essa frase? – ele parece irritado – Enfim, pode vir pra cá? Acho que encontrei algo no meu endereço. – pensar nos dois apagados no corredor faz SeungCheol se preocupar mais ainda com aquela frase dele, mas se distrai voltando a examinar a pessoa em sua frente – Acho que vai querer ver isso.

                -Tudo bem. Estou indo só... – sua atenção se volta para uma marca borrada sobre a mão esquerda – Já vou, chama os outros.

               -Já fiz isso.

               -Não demoro. Encontrei algo aqui também. – encerra a chamada e guarda o aparelho para olhar aquilo direito.

               Não dava pra ler bem o nome, mas se parecia muito com os carimbos que os clientes da área comum dos clubes de seu pai recebiam quando eram convidados por algum VIP. Quando percebe que não encontraria mais nada de útil ali o deixa e sobe rapidamente as escadas onde encontra os dois ainda completamente apagados onde haviam caído.

               Os joga sobre os ombros e coloca um após o outro dentro da cela do porão, revira os bolsos tirando qualquer celular ou comunicador deles e usa as correntes para trancar a grade, não queria arriscar que acordassem, por mais que duvidasse que isso fosse acontecer. Coloca a chave no bolso e sobe novamente os degraus agora de dois em dois para chegar mais rápido. Faz o mesmo caminho que fez para entrar e sai da casa silenciosa ainda se amaldiçoando por deixar Chan sozinho. Com esse pensamento pulou o muro novamente e entrou no carro partindo em direção ao endereço enviado pelo Lee e torcendo pra que nada de ruim tivesse acontecido.





"e temos mais um monte de coisas aleatórias pra coleção, já já começa a fazer mais sentido, ou não kkkkkkk

sr. Choi https://lh3.googleusercontent.com/proxy/kDYf0uOBVB6qjqeZOkAbiJu1GcF_7NNFiK7FnLC-xHPlRdmT6t9aaBZpFkq4Q3HNxvVzW2_pHyJT5AwkvU_Vy-sf4dgQIG2pHMvOpoPZj-zquGWLVsSixANr9l9CGb-OvR_YNpw

por favor quem ler e gostar comente favorite pra me dar uma forcinha ok?

e se quiserem indicar pra alguém eu ficaria feliz :)

me sigam no twitter que aviso lá quando atualizo https://twitter.com/1004_Lim

beijos e até o próximo <3"

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