Nicholas:
— Mãe?
— Fala. — Ela diz, concentrada em uma novela que passa na televisão sem me dar muita atenção.
— Será que tem como descobrir quem me doou aquele sangue?
— Como assim quem? Até parece que você não sabe que foi a Jade quem doou.
A olho incrédulo diante ao que ela acabou de falar. Foi a Jade? Ou ela está apenas se confundindo?
— A Jade? — Pergunto, fazendo ela, por fim, levar sua atenção até
mim.
— Acho que falei demais. — Ela leva sua mão até a boca. — Eu achei que você soubesse.
É óbvio, como eu não percebi antes? Quando ela saiu com a médica e depois voltou com o adesivo no braço, e em seguida começaram a passar o sangue pro meu corpo. Me sinto um lerdo em não ter percebido isso antes.
Mas qual o sentido dela não ter me contado? Eu iria adorar saber que ela doou sangue pra mim.
Subo para o meu quarto, enquanto disco o número dela. Que logo atende, então peço para ela vim aqui em casa. Espero que ela tenha uma desculpa, pelo menos, plausível pra não ter me contado isso.
Em poucos minutos, escuto ela falando lá embaixo com minha mãe e seus passos na escada. Morar um na frente do outro é a maior facilidade das nossas
vidas.
— Cheguei. — Ela abre a porta. — Já sentiu minha falta? Nos vimos hoje de manhã.
É, meu amor. E eu me lembro perfeitamente. Afinal, como poderia esquecer?
— Não.
— Aí que horror, Nicholas. — Ela faz uma careta, levando a mão até o coração.
— Estou brincando. — Digo rindo, me aproximando dela e colando nossos lábios em um beijo rápido.
Ela dá um sorriso, e deposita diversos beijos pelo meu rosto. Ela é tão fofa, as vezes.
— Mas diz aí, pra que você me chamou?
— Você não tem nada pra me contar, não? — Indago, cruzando os braços.
— Bom... — Ela pensa um pouco. — Você está muito bonito hoje. Cortou o cabelo?
— Eu estou falando sério, Jade.
— Mas eu também estou. — Ela fala rindo, se sentando em minha cama. — Mas o que foi?
— Por que você não me contou que tinha me doado o sangue?
Assim que termino de falar, um pequeno biquinho se formar em seus lábios, enquanto ela arqueia a sobrancelha parecendo procurar uma resposta certa.
— Não achei que era necessário... — Ela dá de ombros.
— Se não fosse por você, eu estaria possivelmente morto, se não achassem alguém compatível. — Me sento ao seu lado. — Você deveria ter me contado.
Ela me olha, um pouco pensativa e depois desvia o olhar, olhando para o chão. Eu não sei se fico bravo por ela não ter me contado antes, ou se a agradeço por ela ter, literalmente, salvado a minha vida.
Passo meu braço pelo seu ombro, a trazendo pra mais perto de mim e deposito um beijo demorado em sua testa.
— Eu nunca terei palavras pra te agradecer por isso...
— Eu faria muito mais, se fosse preciso.
Dou um sorriso, e deposito um outro beijo, só que dessa vez, em seus lábios.
Eu não sei muito o que falar, talvez eu nunca saiba, afinal. Sempre me faltarão palavras quando o assunto é ela. Ela me deixa completamente perdido.
— Agora a gente faz parte um do outro...
(...)
— Eu não sei o tamanho do dedo dela, e agora?
— O importante é o anel e o pedido. Qualquer coisa, é só voltar aqui e pedir pra apertar. — Brian fala, enquanto analisa as diversas aliança que a moça da joelheira botou em cima do balcão de vidro.
Meu Deus. Nunca imaginei que escolher uma aliança seria uma missão tão difícil, até porque nunca tinha feito isso antes.
Vou ter que adivinhar pelo olho mesmo. Eu pelo menos espero que seja o tamanho certo do dedo de Jade e que meu palpite esteja correto.
Eu já tenho o dia perfeito pra fazer o pedido. O momento perfeito e as alianças perfeitas. Agora é só aguardar ansiosamente pela chegada do dia.
— Eu vou querer essa aqui, moça. — Brian pega o par de alianças pratas, finas e delicadas. — A gente já namora mesmo, só não temos aliança.
Finalizamos as compras, saindo um ao lado do outro. Nós dois com uma pequena sacolinha nas mãos.
Tivemos a ideia genial de virmos ao shopping atrás dessas alianças, no intuito de um ajudar o outro mas parece que só ficamos mais perdidos.
Eu quero que tudo seja perfeito pra ela. Guardar isso por um tempo será, sem dúvidas, a minha maior dificuldade, mas vale o preço de ter ela em meus braços. Como minha namorada. E dessa vez, de verdade.
— Você lembra quando você disse assim: “Mulher nenhuma vai me fazer por uma aliança no dedo dela”. — Brian diz, em uma tentativa muito falha de imitar meu jeito de falar. — Parece que o jogo virou.
— Lembro. — Dou uma gargalhada. — Nunca diga nunca. Esse é meu maior aprendizado até hoje.
Não só lembro disso, como também lembro quando eu e Jade estávamos indo para aquele final de semana na floresta, e falamos que jamais nos apaixonaríamos um pelo outro.
“— Não acho que eu me apaixonaria por você. Nem você por mim, nós não temos nada a ver.
— Eu também acho.”
E pelo jeito, nós somos dois mentirosos.
Eu e Brian nos sentamos em uma mesa na praça de alimentação do shopping, escolhendo onde iríamos comer.
Mas antes que possamos fazer nossos pedidos, somos surpreendidos por Scarlett.
Faz um tempo que não a vejo, desde que ela foi me ver no hospital.
— Olá, meninos. — Ela abre um sorriso largo. — Estava andando por aqui e acabei vendo vocês, e passei pra cumprimentar. E também aproveitei para vim apresentar meu namorado pra vocês, Pedro.
Pedro?
Só agora pude perceber o garoto loiro ao seu lado, que estende sua mão para cumprimentar nós
dois.
Isso me parece tão estranho.
Confesso que estou um pouco... Surpreso? Afinal, ele é o ex de Jade, mas não sei se isso deveria ser um motivo pra desconfiar.
Mas estou feliz que Scarlett arrumou uma outra pessoa, assim ela não precisa ficar arrumado problema com Jade atoa e nem tentando nos separar.
— Você entendeu alguma coisa que acabou de acontecer aqui? Ela finalmente superou você e, coincidentemente, com o ex de Jade? — Brian me pergunta,
após eles se despedirem e irem embora.
— Parece que sim. — Dou uma risada. — Que ela seja muito feliz com ele.
— E eu espero que isso não seja mais uma de suas tramóias.
— Eu também espero...