❝Dizem que meu coração é quase sombrio
Bem, amor, de quem é a culpa?
De quem é a culpa?
Conte suas bênçãos, conte seus minutos
Você jogou meu jogo, Inferno, agora você está nele
Agridoce, meu renegado
E eu sou tudo, menos dócil.❞
♕ Villains Aren't Born "They're Made" (PEGGY)
{Contém 1.388}
EU JÁ TINHA um cabelo longo, mas agora ele está verde! Plagg me explicou antes de me transformar que mudanças iriam acontecer em meu corpo, além de meu comportamento ganhar uma nova personalidade. Quase um reflexo do kwami, mas não imaginava que me mudaria tanto!
E como se não bastasse ser um novato nessa história de herói, a minha primeira missão foi justamente capturar o antigo companheiro de Ladybug, que sorte. Chat Noir agora se intitula como Chat Blanc, uma versão idêntica ao seu traje anterior, mas completamente branco. Seu cataclismo é praticamente infinito, já o meu tem um prazo de cinco minutos. Não tive chance.
Depois que ele machucou uma civil em frente a praça não pude ficar de braços cruzados, ouvi alguém chamá-la de Marinette e lembro-me que Adrien falava dela nas vídeo-chamadas, a francesa de cabelo curto e escuro beirando a azul me olhou num misto de alívio e desconfiança. Ela achou que eu fosse o herói conhecido, mas estou mais pra substituto.
Cat Walker surgiu de repente em minha mente, mas agora que ele existe não posso sair e nem mudar isso. Isso é o que sou agora.
Ladybug e eu tentamos capturar os akumas juntos algumas vezes, mas não acabava bem até que vieram novos heróis e aparentemente são novos até para a heroína de Paris.
Eu nunca mais tive contato com eles, nem com a joaninha... Na verdade, tenho ficado de fora de algumas missões desde que vi o estado alarmante de meu primo. Ele parece um zumbi! Adrien é como um sol, sempre brilhando e sempre otimista com um sorriso no rosto, mas eu só percebi isso agora quando já é tarde.
— Por que me chamou aqui? Nós mal nos conhecemos. — disse a morena de olhos castanhos, Kyoko Tsurugi. Ex-namorada de Adrien e coincidentemente amiga de Marinette, talvez ela saiba de algo que possa ajuda-lo.
— Me chamo Félix Graham de Vanily, mas pode me chamar apenas de Félix. Sou primo de Adrien e vim pedir sua ajuda.
A chinesa me encarou de cima abaixo, seus olhos afiados me despiam rapidamente enquanto permanecia quieta procurando palavras adequadas para me responder. Consigo decifrar pessoas num piscar de olhos, não foi à toa que terminei o ensino médio bem mais cedo e estou rumo à faculdade ainda com dezesseis anos. Porém, com ela... Isso muda de figura. Kyoko é o reflexo da palavra indomável, indecifrável, imprevisível. Ela até me lembra a Dupain-Cheng, com exceção dos olhos. São um castanho intenso.
Kyoko suspira longamente, sua mão pega o copo de refresco em cima de nossa mesa e o bebe em goles longos pelo canudo de papel biodegradável.
— Me diga por que eu deveria ajuda-lo nisso? Adrien quase não citava você em nossa época de namoro, e quando dizia era... Distante. Vocês não são próximos, então por que essa preocupação?
Sorrio, com os dedos brinco com meu canudo colorido e do mesmo material que o dela, o tempo está ameno e favorável para uma tarde de passeio. O céu límpido, as ruas tranquilas e as calçadas cheias de pessoas divertindo-se nas mesas dos restaurantes. Convidei Kyoko para vir comigo ao centro da cidade, já que costumo aparecer aqui apenas por dois a três dias e não uma longa temporada sem tempo de voltar para Londres.
Sua mãe prontamente aceitou e eu só pude ouvi-la bufar baixinho no fundo da ligação, agora estamos aqui frente a frente, sem nossos pais ou qualquer pessoa que venha nos controlar como dois ventríloquos.
— Porque nós dois sabemos como é estar naquele lado, Adrien não sabe que está sendo controlado pelo pai! Gabriel não vai medir esforços para conseguir o que quer, isso inclui o próprio filho. Antes eu era mesmo muito distante dele, até porque meu primo não foi ao enterro de meu pai quando tínhamos catorze anos, mas isso já é passado e agora sei o motivo disso.
— Gabriel?
— Exatamente.
Ela suspira surpresa, mas um pouco desconfiada de tudo isso. É normal, nós dois não nos conhecemos e provavelmente minha palavra não vai valer de nada a ela, mas não me custa tentar.
— Kyoko, sei que sua situação não é fácil, mas tente entender o meu. Adrien precisa de ajuda e você sabe tão bem quanto eu que ele não vai conseguir sozinho. — em minha voz expresso todo meu desespero, ainda que eu tenha recursos nada disso adiantaria se ele não ouvisse de quem amou.
— Certo, como faremos isso?
Foi um erro confiar em Tsurugi.
Ela é como eu no passado, controlado pelo pai e regido apenas pelas vontades dele. Quando o grande Colt Fathom mandava, desmandava, não era só o pequeno Félix que obedecia calado, minha mãe também. Nós éramos seus prisioneiros por anos.
Kyoko é ainda escrava de sua mãe, escrava de seus conceitos, seus princípios e principalmente da imagem de sua família Tsurugi. A grande senhora Tomoe Tsurugi é famosa pela empresa de tecnologia cujo nome é reconhecido pelo seu sobrenome. Até onde sei ela é viúva, uma senhora cega só que bem habilidosa na defesa de espadas.
Toda tarde, mãe e filha vão à praça treinar e sinceramente fico impressionado como ambas são bastante talentosas. Porém, diferente de Tomoe, Kyoko é muito mais acessível e de mente aberta a novas possibilidades, por isso pedi ajuda a ela que já faz parte da alta sociedade e não outra pessoa.
Mas eu planejei errado, pela primeira vez.
Kyoko é ainda marionete de sua mãe, logo não poderia mesmo que quisesse ajudar Adrien, o que me leva a outra opção: seus amigos da escola. Eu não sou bom em socializar com as pessoas, principalmente eles, mas vou tentar em nome de meu primo.
— Olha quem vem lá. — escuto um rapaz de topete descolorido bem amarelo, enquanto o restante é completamente preto. Pelo porte e as roupas ele é esportista, ao lado dele está outro moreno de cabelo crespo e óculos no rosto. — Só faltava essa roupa pra combinar com seu mau humor, Adrien.
— Kim! — seu amigo de óculos pretos o repreende. — Apesar da aparência idêntica, este não é Adrien Agreste e sim seu primo, Félix Graham de Vanily-Fathom.
O tal Kim assente compreendendo a confusão constante que meu primo e eu enfrentamos desde que nascemos, mas uma coisa me incomoda. Esse "Fathom" no final... Não, eu me recuso ser chamado por esse sobrenome.
— Félix, apenas Félix. E já que conhecem meu primo poderiam me ajudar?
— É claro, se for pra ajudar o Adrien estamos dentro! — Kim diz empolgado, enquanto o outro é mais prudente.
— Conte-nos mais sobre isso.
— Eu estive longe por dois anos de Paris, mas até eu vejo o estado decadente de meu primo lá em casa. Preciso saber o que vocês sabem sobre isso, preciso saber pra poder reverter. — me aproximo do rapaz de óculos, pois ele parecia mais ajuizado e mais sensato entre os dois, mas eu só vejo um olhar analítico nele.
Acho que errei na pessoa ao apelar para o emocional.
Kim parece estar com os olhos marejados e diz topar com qualquer ideia que tivéssemos, ele é uma manteiga derretida enquanto o outro é como uma rocha impenetrável.
— Max! Vamos lá, vamos ajudá-lo. — Kim insiste empurrando o ombro dele de leve. — O que custa afinal? Adrien está só o caco, mal nos olha na cara! A galera sem dúvida iria nos apoiar nisso, todos nós amamos o Adrien.
Apesar das súplicas do amigo, ele se mantém alheio a isso. Seu olhar fixa-se em mim, procurando qualquer anseio, qualquer passo em falso, ou algo que me desmente. Porém, enfim, ele suspira, cedendo ao meu pedido.
— Se todos fizerem o planejamento meticulosamente, teremos 98,9% de sucesso. Não é muito, mas pode valer a pena. Por onde começamos?
Continua...
Uau! Que capítulo hein! 😯😯
O que esperar dos próximos?
O que acharam de Cat Walker/Félix?
Não se esqueçam de votar, obrigada por acompanharem. Bjs 😘
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