Apreciados A Ascendência do T...

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Morrer não é uma alternativa. Em um futuro distópico seis pessoas completamente distintas e desconhecidas aco... More

NOTA
EPÍGRAFE
DEDICATÓRIA
SEM SURPRESAS
SOB NENHUM FINAL
TODAS AS LUZES
HISTÓRIAS DE TERROR
AS NOSSAS DECISÕES
A HUMANIDADE QUE NOS RESTA
A BRISA DA ESPERANÇA
O COMEÇO DOS JOGOS
A ASCENDÊNCIA DO TRAIDOR
O DIA DE AMANHÃ
OS NOSSOS MEDOS
QUEM NÓS SOMOS
A VERDADE
BARRINHA DE CEREAL
DEPOIS DA MANSÃO
ELE
TODOS NÓS TEMOS QUE ESTAR MORTOS
A COBRA DO ADÃO E EVA
NÃO VEREMOS O SOL NASCER DE NOVO
MARIANA
SER HUMANO
AGRADECIMENTO

OS OUTROS

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By autormatheusramos

–EI! VOCÊ TEM QUE acordar. Não pode ficar parada aí para sempre. – escuto Davi falar como um sussurro no meu inconsciente. Abro os olhos e ainda estou embaixo da mesa, me escondendo, com medo e sozinha. Passo a mão pelo sangue seco na minha testa e consigo sentir a abertura causada pelo impacto contra a parede na minha queda.

–Ele está vindo! – Katarina fala rindo histericamente. Eu não entendo esse seu comportamento. –Ele está vindo matar você! Vai arrancar seu coração e comer seus olhos. – ela continua rindo, cada vez mais alto.

–Para com isso. Está assustando-a. – Nícolas responde mesmo eu não conseguindo vê-lo. –Mas, com certeza José está vindo.

Tudo fica em silêncio a minha volta e minha visão gira em trezentos e sessenta graus. Tenho a impressão de que vou vomitar.

–CORRE! – Davi aparece gritando de surpresa e me assusta.

Levanto rápido e bato minha cabeça no ferro da mesa. Não tenho tempo para saborear a dor, sou obrigada a sair rápido debaixo dela, me forçando a correr até a porta. O que devo fazer com o corpo de Davi? Olho para ele sentado de todo jeito, com as costas apoiada na parede. Morto.

–Por mim, deixo ele aí mesmo, não tem mais o que ser feito. – Katarina responde agora calma e didática. –Não pode carregá-lo com você, ele é um fardo.

–O que você disse? Eu estou bem aqui. – Davi responde.

–Quer que eu repita? Sabe o que você fez...

Thaís puxa minha atenção da discussão dos dois e segura no meu rosto com as duas mãos. Seu rosto está quase colado no meu e ela me encara com seriedade e precisão.

–Você tem que sair desse lugar agora, depois voltamos para pegar Davi. – ela diz com firmeza e concordo rápido com a cabeça, sem entender o que tenho que fazer necessariamente. –CORRE, RÁPIDO. – faço isso.

Me movimento cambaleando e batendo nas coisas. Não tenho força para aguentar meu próprio corpo e nem estrutura para me locomover com velocidade. Uso as paredes de vidro como apoio e tudo o que eu vejo pela frente. Minha visão ameaça fechar e eu vejo tudo turvo e sem forma. Meu braço está dormente e sinto que uma das minhas pernas também, começo a mancar e a sentir falta da gravidade ao meu redor.

–Mariana não vai conseguir chegar inteira na saída, ela é incapaz. – Katarina surge na minha mente.

–Para com isso, ela está quase lá. – Thaís diz me acompanhando numa torturante corrida.

–Será que vai doer quando ele matar você? – Nícolas ri junto com Katarina.

Tento não perder meu sofrido foco.

–Eu não senti nada. – Davi fala do meu lado e eu ainda não consigo acreditar que isso seja real.

–Eu fui morto injustamente e sofri um pouquinho! – Nícolas tenta competir.

Lembro do tiro que disparei contra ele e me choco contra um balcão no meio do corredor. Caio rapidamente e sinto meu tórax queimar de dor. Quase coloco meus órgãos para fora e meus olhos parecem querer pular do meu rosto. Escuto novamente o vulto passar por algum dos escritórios perto de mim e me levanto me preparando para voltar a tentar correr.

–Mariana, vire à esquerda. – Thaís parece ser a única destinada a me ajudar. Obedeço. –Agora a direita, esquerda de novo e segue reto naquelas maquinas ali. – sigo com dificuldade os comandos dela.

–Por que você está ajudando-a? Ela não merece nossa piedade, é pior do que José! – Katarina diz com clareza cada palavra dentro do meu cérebro. –Não tem capacidade de ajudar uma amiga!

–Julga as pessoas sem provas! – Nícolas complementa.

–E abandona os que ama quando eles mais precisam! – Davi termina as acusações.

–Ela é inútil!

–Fraca!

–Desprezível!

–Merece mesmo estar morta.

–Sua perdedora deplorável.

Continuo correndo sem parar.

–Eu deveria estar vivo nesse momento, se não fosse por você. – Nícolas grita na minha cabeça.

–Eu também! – Katarina diz.

–Davi também! – a voz de Thaís é estrondosa e quase quebra as paredes ao meu redor.

Estou tão cansada.

Freio o meu corpo, não tenho oxigênio nos meus pulmões e estou suando mais do que deveria. Coloco minhas duas mãos no joelho e puxo o ar tentando me colocar de volta na ativa.

–Ele está vindo e vai te devorar. – Katarina gargalha sem parar, Davi, Nícolas e Thaís a acompanha.

–Acha mesmo que consegue sozinha?

–Você é vergonhosa.

–Seu medo vai te consumir até não sobrar nada. – eles gritam.

–Covarde!

–Egoísta!

–Traidora!

–CALEM A BOCA. ME DEIXEM EM PAZ. – grito tampando meus ouvidos.

O mundo volta a ficar mudo.

Silêncio.

Silêncio.

Limpo as lagrimas que estão rolando pelo o meu rosto, não tinha noção de que estava chorando. Olho ao redor e me encontro só em outro corredor vazio e mal iluminado. Os escritórios estão longe e não sei como cheguei aqui tão rápido. As paredes são escuras e geladas e parece ser de um material bastante resistente. Não paro, agora que as vozes sumiram da minha cabeça talvez consiga chegar em algum lugar mais rápido, e torço para que ele seja seguro. Sigo na direção que estava indo, mas agora caminhando enquanto uso a parede como apoio. Minha boca está seca e meu braço dói imensamente, minha visão apaga e eu despenco no chão. Prossigo me arrastando, puxando meu corpo, lutando contra todos os fatores. É isso que Davi e Katarina desejaria que eu tivesse feito, que eu lutasse até o último segundo. Vou honrá-los.

Minha visão apaga, dessa vez por muito tempo. Não tenho forças para subir minhas pálpebras e já sei que isso é o fim. Eu falhei.

–Mariana, você conseguiu! – a voz de Thaís surge e é a melhor coisa que eu consigo escutar. –Conseguiu! A saída está aí. – isso me dá forças.

Olho para a parede que estava usando como guia antes de cair e a alguns centímetros de mim consigo enxergar uma porta de isolamento prateada, ela está lacrada e possui um círculo de aço no meio que serve como maçaneta. Eu só preciso girar aquilo e estou fora daqui.

Chego rápido nela e começo a colocar toda a força do meu corpo contra o aro de ferro que a tranca. Só tenho que movimentá-lo para baixo e tudo isso acaba. Uso tudo o que ainda me sobrou, todas as memorias, os momentos, a esperança e a coragem. Coloco tudo isso nos meus braços e magicamente consigo girá-lo, até o fim, até a porta começar a se abrir lentamente, de forma robótica e automática. Em cima dela, uma sirene, vermelha, que antes imperceptível para mim, começa a soar bem alta com a cor girando.

–É o nosso fim! – Davi diz.

–Ele vai ouvir. – Katarina informa.

A porta continua abrindo, vagarosamente, quando José surge no início do corredor, por onde eu vim me arrastando. Eu sinto pavor, desespero e pânico. Não é José, não na forma que eu o conheço. Um monstro de dois metros de altura está a alguns passos de mim. Ele tem características humanas, misturadas com felinas. Possui a cabeça de um veado, com enormes chifres no topo da cabeça, garras afiadíssimas, e dentes raivosos que saem para fora do focinho. Sua pele é escura e musculosa, possui pouco pelo e contém uma aparência gelatinosa e molhada. Uma espécie de gosma cobre ele por completo e seus olhos dourados luminoso quase me cega. Ele está em pé usando suas patas traseiras, mas assim que me encontra começa a correr na minha direção como um leão louco de fome usando as quatro.

Não tem o que ser feito, coloquei tudo o que me restava para abrir a porta e agora me encontro cara a cara com a morte, estando a um passo do fim. Eu não quero morrer sozinha, num lugar estranho e longe de todos que me amam. Eu não quero morrer depois de tudo o que passei e depois de todos que morreram para que eu estivesse aqui agora. Nunca parei para pensar na morte necessariamente, porque eu tenho medo de não acordar amanhã. Tenho medo de não poder mais caminhar por aí, de não respirar mais o ar que eu respiro desde que nasci, de não conseguir mais ver as cores do mundo. Tenho medo de esquecer da minha mãe e das pessoas que eu amo, de viver num imenso e interminável vazio de olhos fechados e sem sonhos. Tenho medo das pessoas sentirem falta de mim e eu não estar lá para suprir isso, de saber que não vou ter mais um futuro e um talvez. Eu só consigo ter medo de parar de viver.

Ele me atinge em cheio me derrubando.

A porta se abre.

Ele pressiona meu corpo contra o chão com violência.

Rosna bem perto do meu rosto e seus dentes quase perfuram minha pele.

Ele usa suas patas traseiras para tentar controlar minhas pernas que se agitam com desespero. José crava suas garras na minha tíbia e rasga-a, puxando para fora do meu corpo.

A dor é indescritível e me faz dar meu último grito de vida.

Tento alcançar minha pistola, mas é impossível com ele segurando meus ombros com suas patas pesadas.

Ele saí de cima de mim em seguida, eu tento, mas não consigo enxergar a essência de José nele. Esse monstro me puxa para a parede ao lado da nossa tão sonhada saída e me ergue no ar apertando o meu pescoço. Sufoco. Seguro no braço dele tentando forçá-lo a me soltar, mas sua pele é escorregadia e flácida, isso não tenho nenhum efeito sobre ele. Seus olhos me encara com precisão enquanto aperta cada vez mais forte, olhar para ele é a pior coisa que eu já fiz na minha vida. É uma figura horrenda, bizarra e traumatizante. Ele abre sua boca mostrando todas as presas gigantesca e se movimenta para devorar minha cabeça. Fecho os olhos e aceito o meu destino.

Meu corpo é largado no chão. Escoro minhas costas na parede e olho para a figura inumana dando passos para trás afastando-se de mim. Metade da minha perna direita está destroçada e vejo sangue escorrer dos meus braços também. Olho para o lado e vejo a porta escancarada, me chamando. Eu só tenho que me arrastar para lá e tudo acaba. Mas antes de seguir meu plano a criatura na minha frente fala e eu percebo que não é a voz de José e de nenhum outro homem que eu conheço.

–Mariana, consegue me ouvir? – a aberração está congelada, me encarando, com os olhos fervendo. Ela não abre o focinho para se comunicar, talvez essa voz esteja apenas na minha mente. –Está acontecendo algo maior do que todos nós, você tem que estar preparada. Nos veremos em breve. É a única chance que vamos ter! – ele diz.

–Precisa matá-lo. – Davi surge sentado do meu lado direito.

–Estamos com você! – Thaís responde aparecendo ao lado dele.

–Todo mal que ele causou... não pode sair impune. – Katarina também está sentada perto de mim, mas do outro lado, junto com Nícolas.

–Teremos nossa vingança agora! – ele diz.

Katarina segura a minha mão e leva até a pistola retirando-a do coldre. Davi segura minha outra mão e posiciona na arma. Os dois me ajudam a manuseá-la, a fim de matar nosso alvo em comum. Thaís toca no meu quadril e Nícolas na minha perna, como forma de incentivo. Davi coloca meu dedo no gatilho e Katarina movimenta meu braço mirando nos pontos ideias.

Um tiro certeiro é disparado na garganta de José.

Seguido de um tiro no coração e no seu olho.

A criatura não se defende, nem emite nenhum som, apenas despenca no chão sem vida.

Silêncio.

–Obrigada! – sussurro com dificuldade e libero um sorriso cansado, mas sincero. Eles não estão mais aqui para me escutar.

Corpos humanos trajando uma roupa estranha feita de algum plástico esverdeado surgem atravessando minha passagem de saída. Alguns seguem o corredor vasculhando o ambiente e outros três se abaixam tentando se comunicar comigo. Todos eles carregam um capacete preto fumê cobrindo seus rostos, isso me impede de ouvir com clareza o que é dito. Não consigo manter meus olhos abertos e nem consigo sentir o resto do meu corpo. Um deles me carrega no colo com cuidado e voltam por onde entraram, eu consegui! É a última coisa que penso antes de apagar.

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