Pov's Any
-Viu só? Eu disse que ele nem ia ler. - Ele falou enquanto caminhava de costas em direção ao refeitório.
-Agora vamos dar uma corridinha, porque se não chegarmos logo... - Não esperou eu completar a frase e saiu correndo. Fui atrás dele.
Não havia muita gente no refeitório. Apenas, uma, duas pessoas. Escolhemos nossos lanches e fomos sentar na mesa mais próxima.
-Meu pai descobriu quem te empurrou. - Ele falou de boca cheia, terminando de mastigar seu misto quente. -Mas ele não quis me dizer agora, disse que ia pessoalmente conversar com a pessoa e com a gente depois.
-Tem medo de se engasgar, não? Fica falando de boca cheia. É nojento.
-Não me importo. -Ele responde grosso, eu eu reviro os olhos. -Vai ficar com raiva de mim, agora? - O encaro entediada. -Foi o que eu pensei. Sou seu único amigo.
-Que mentira!! - Tiro o canudo do meu suco e respingo nele.
-Não faz isso! Você sujou a minha roupa. - Ele puxa um guardanapo e eu o observo se limpar. -Você é maçante! - Ele faz um bolinha com guardanapo e acerta em mim.
-Tão intelectual usando maçante. Maçante é você! Se acha o salzinho dos salgadinhos.
-Eu sei. Auto-estima é o alimento da alma.
O som estridente do sinal toca, avisando que já é fim do intervalo.
-Eu nem terminei meu lanche. - Resmungo.
-Pode comer com calma. Eu te espero. - Ele diz com a boca farta do seu misto quente, enquanto amassa o guardanapo e o joga no lixo.
-Você é tão legal que acho que devo reconsiderar nossa amizade. - Digo em tom de deboche.
-Agiliza, Any. Não tenho o dia todo.
-Doce como tamarino. Pode ir.
-Ingratidão não seria um defeito seu, seria? - Ele cruza os braços.
-Se for pra ficar me enchendo o saco, pode ir pra sua aula de matemática. - Dou uma mordida em meu sanduiche e o ignoro.
-Acho mais fácil entender Hegel do que você. - Ele diz e sai me deixando sem entender. Quem é Hegel na fila do pão?
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maratona 2/8
xoxo, carol