All For Love ✓2

By Netu_no

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Livro #2 OBS.: Sinopse possui spoiler do livro #1 Samantha Price estava de coração partido. O garoto pela q... More

E L E N C O
E P Í G R A F E
P R Ó L O G O Pt.1
P R Ó L O G O Pt.2
C A P Í T U L O 1
C A P Í T U L O 2
C A P Í T U L O 3
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P L A Y L I S T | S P O T I FY
L I V R O 3

C A P Í T U L O 72

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By Netu_no

•Para uma melhor experiência deste capítulo, ouça Angel Of The Morning – Juice Newton.

SAMANTHA PRICE

     Assim que Christian entra no vestiário masculino, Tess sai de dentro do feminino. Consigo ver seu rosto vermelho daqui de cima das arquibancadas, e, pelo jeito como seu peito oscila ao respirar, ela parecia estar chorando. Franzo a testa e olho para Beth, para ver ela viu o mesmo que eu. Mas ela está ocupada comendo um sanduíche natural que trouxe de casa.

    Volto a olhar para Thereza. Ela já se juntou as líderes de torcida do outro lado do campo, quase todas elas a circulando imediatamente, todas "preocupadas" pelo motivo de sua capitã estar chorando, mas na verdade só devem estar bem curiosas. Pra falar a verdade, eu também estou bastante curiosa. Vi quando Christian e ela entraram no vestiário feminino, pensei que eles fossem relembrar os velhos tempo de transas escondidas nos banheiros. Mas então vi Christian sair não muito depois de ter entrado no vestiário, puto da vida, e agora a Tess está chorando. Briga de casalzinho?

     Até tento ignorar isso, mas não consigo parar de olhar para o amontoado de garotas ao redor da Tess. Até os meninos, que estão treinando um pouco mais longe, estão olhando para elas – eles sempre olham, quando os treinos são em conjunto, mas hoje não parecem interessados em bundas e peitos.

     — Você entendeu o que acabou de acontecer aqui? — Pergunto a Beth, os olhos mantendo-se fixos na Tess. Talvez seja apenas drama; ela é uma ótima atriz.
     — O quê? — Beth olha para mim com a boca cheia de sanduíche, uma tira de cenoura escapando por entre seus lábios. Tinha que ser irmã do Nate.
      — A Tess. — Faço um movimento sutil com o queixo em direção a citada. — Não viu ela e o Christian entrando no vestiário, e depois um saindo putaço e a outra "triste"? — Uso os dedos para desenhar aspas no ar.
     — Aí, não acredito que perdi esse surto. — Beth limpa a boca com a manga da jaqueta jeans, pondo o resto do sanduíche dentro da vasilha de plástico onde veio. — Cadê?
     — Não tá vendo o ninho de glitter do outro lado do campo?

     Beth segue meu olhar.

     — Misericórdia — Ela diz, tampando a boca com uma mão. —, tem que jogar inseticida ali.

     Não consigo segurar, e acabo me desmanchando em risadas, desviando o olhar da Tess pela primeira vez desde que ela saiu no campo. Beth ri comigo, olhando para mim.

     — Não me faz rir — Digo quando as risadas começam a cessar, o sorriso permanecendo em meus lábios. —, eu quero ficar puta.
     — Tá, mas por que?

     Encaro Beth por alguns segundos, me dando conta de que, além de estar curiosa pelo motivo de Tess estar chorando, eu também estou com ciúmes. Tudo bem que seja-lá-o-que tenha rolado entre os dois dentro do vestiário parece não ter acabado bem, mas isso não impede meu ciúmes de agir feito um psicopata.

     Balanço a cabeça, piscando antes de voltar a olhar para a Tess.

     — Por nada.

     Beth franze as sobrancelhas, confusa com minha declaração.

     Quando consigo desviar o olhar de Tess pela segunda vez, é porque Christian está voltando do vestiário masculino. Ele está usando uma daquelas bermudas de algodão, da Nike, e uma camiseta azul-marinho, com ombreiras por baixo. Quando chega perto de seu time pronto para treinar, coloca o capacete de futebol americano na cabeça, e olha rapidamente na minha direção. Sustento seu olhar enquanto ele prende o capacete, mas depois abaixo a cabeça e fico encarando meus cadarços desamarrados.

     O sinal toca para a aula de álgebra, depois do meu período livre, e Beth e eu saímos do campo para voltarmos para o prédio da escola. Ela segue o caminho para o armário dela pouco depois, se despedindo ao subir as escadas. Eu sigo direto, indo pegar minha mochila no armário antes de seguir para a aula de álgebra.

     Abro a porta do armário, e, enquanto pego a mochila, olho para as fotos que colei na parte de dentro da porta. Não sei porque ainda guardo essa foto estúpida em que estou com o Alec e a Tess – aqui nós tínhamos onze anos, Tess e eu estávamos de maiô e o Alec de bermuda, os três todos molhados, sentados no píer da casa no lago da família da Tess; foi um dos melhores verões da minha vida. Com raiva, arranco a foto do armário e a amasso, tacando no fundo do armário antes de fechar a porta outra vez.

     Depois de ouvir o clique do cadeado sendo fechado outra vez, ouço a voz de Alyssa me chamar, e então olho pelo corredor. Ela vem vindo correndo, seus cabelos curtos e úmidos balançando sobre os ombros, e os tênis fazendo barulhinho ao entrar em atrito com o piso do chão. Quando enfim chega perto de mim, está ofegante, tanto que apoia as mãos no joelho enquanto recupera o fôlego.

     — Espera... deixa eu só... — Ela murmura entre respirações pesadas. —... respirar...aí meu Deus, por que eu sou...sedentária? Acabei de fazer...cinquenta polichinelos.

     Arqueio uma sobrancelha.

     — Você tá legal?

     Em resposta, Alyssa ergue uma mão, como se pedisse tempo ou então para que eu fique quieta. Pouco depois ela respira bem fundo, erguendo o corpo.

     — Pronto...agora já consigo falar. — Ela suspira — Mas eu não sei nem como começar...
     — Aconteceu alguma coisa? Você tá me assustando. — Dou um passo para trás, franzindo a testa suavemente. Seus olhos estão levemente arregalados, como se Alyssa tivesse visto um fantasma, e as bochechas morenas avermelhadas. A gente não se fala de verdade desde que ela estava chorando no banheiro, e agora ela chega assim, do nada, toda desesperada; é óbvio que eu vou ficar assustada, porra! — Você tá bem? Quer... conversar de novo?

     — Não, não, não! Não é nada comigo. — Alyssa pressiona os lábios, sustentando o olhar no meu de forma demorada, dando uma certa impressão de que aconteceu alguma coisa comigo e eu não faça ideia do que seja, mas todo mundo ao meu redor sabe. Meu coração acelera sem ela ao menos me contar nada ainda. Só a expectativa já me deixa nervosa.
     — Fala logo, Aly! — Exclamo ansiosa
 

   — Eu não sei como começar, cacete! — Ela praticamente grita, arregalando os olhos para mim e gesticulando com as mãos. — Não é pouca coisa, é algo grande... muito grande.

     Eu só ouvia a Aly falando assim quando tinha uma fofoca nova pra contar, e às vezes a fofoca não era nem de alguém que a gente conhecia bem, me deixando toda perdida nos nomes e nos acontecimentos.

     — Olha, Aly, se você tiver alguma fofoca pra contar, pode ser depois da aula? — Arqueio uma sobrancelha
     — Não, não é nada disso! É sobre você! E o Christian...e a Tess!

     Eu a encaro, sem entender muito bem, apesar de haver mil coisas que possam existir entre mim, Christian e Tess. A única coisa que consigo processar no momento são as fofocas que Tess inventou sobre o porquê do Christian ter me traido – uma coisa sobre a qual nem nós mesmos temos a verdade, já que não entra na minha cabeça o motivo que levou ele a me trocar, a não ser, é claro, pelo fato do Christian ser um puto.

     — O quê? Ela andou espalhando mais fofocas minhas por aí? — Reviro os olhos, mas por dentro eu me sinto meio mal por quando as pessoas ficavam espalhando mentiras sobre mim pela escola. Agora já esqueceram, mas na época machucou. — O que ela disse dessa vez? Que eu tenho herpes genital? Sapinho? Sífilis? Eu não me surpreenderia...
     — Não... Sam, me deixa falar! — Alyssa me segura pelos braços, me balançando. — Não é nada disso, é sobre...sobre aquela noite. A noite do ataque cardíaco.

      As palavras "ataque" e "cardíaco" ainda me causam arrepio quando estão juntas na mesma frase. Acontece depois que você passa pelo segundo ataque cardíaco na vida; vira seu bicho papão.

     — E o que tem essa merda? — Desvio o olhar dela. — Olha, eu não preciso ficar relembrando das coisas que vi aquela noite, então seja breve, Alyssa.
     — Tá...olha, eu ouvi a Tess conversar com a Lauren — Quando diz o nome da ex-namorada, Alyssa suspira de forma discreta, mas consigo notar mesmo assim. —, lá no vestiário...
     — Anda! Anda, logo! — A apresso
     — É tudo uma mentira. — Ela desembucha

     Fico sem palavras logo depois, sem saber o que dizer. Eu não sei se são suas palavras que não fazem sentido, ou se simplesmente não ouvi direito...sei lá, eu fico confusa. É isso, eu fico confusa. Estou me sentindo como a lerda da Amanda Baker. Acho que a discussão com Alec me deixou meio avoada, fora aquilo da Tess chorar depois de sair do vestiário com o Christian...e agora a Alyssa está aqui, me dizendo que ouviu uma conversa entre Tess e Lauren, sobre a noite em que tudo ficou nublado para mim.

     — O quê? — Murmuro quase sem voz, meu cérebro ainda tentando raciocinar. — Como assim é tudo mentira?
     — Foi tudo uma armação da Tess. — Alyssa conta sem fôlego. — Ela armou tudo pra ficar parecendo que o Christian realmente tinha traído você.

     Eu franzo o cenho, sentindo minha cabeça girar, e tudo ao redor ficando tonto. Eu apoio uma mão no braço de Alyssa, que ainda está esticado, me segurando. Ela me aperta com mais força, provavelmente pensando que vou desmaiar e cair, mas ao invés disso eu apenas a encaro.

     Começo a ficar sem fôlego quando meu coração fica ainda mais acelerado, e eu tento organizar meus pensamentos para me acalmar. Mas não consigo; meu cérebro virou uma quebra cabeças, e as peças foram muito bem embaralhadas. É como tentar organizar o fogo para que não se espalhe.

     Olho para Alyssa, que me olha de volta, preocupada e compreensiva ao mesmo tempo.

     — Eu... — Começo, mas na real eu não sei nem o que quero dizer. — Eu vi...o Christian...a Tess usando as roupas dele...e ele...ele tava quase sem roupas também, na cama...
     — E foi tudo uma armação. Ela planejou isso... queria que você visse todas essas coisas. Parece loucura, mas eu ouvi direitinho, apesar das duas estarem sussurrando.
   
     Meus olhos lacrimejam ao ver as imagens passando na minha cabeça outra vez. Consigo me lembrar perfeitamente de cada palavra que berrei com Christian, enquanto corria para fora daquela casa. Toda vez que entro lá, me lembro exatamente de tudo isso, mesmo jogando as memórias para dentro de um baú e trancando a sete chaves.

     — Mas e o Christian? — Balanço a cabeça — Por que ele não se lembraria disso tudo?
     — É aí que vem a pior parte. — Alyssa engole em seco. Ela ainda não disse a pior parte da história toda? — A Tess...drogou o Christian.

     Arregalo os olhos.

     — O quê? — Minha voz chega a falhar. — Ela drogou ele? Qual é a porra do problema da Thereza?

     Armar pra parecer que eu sou corna, dopar o Christian...me deixar ferida e magoada durante semanas e meses, e tudo isso por uma mentira estúpida. Essa porra toda é coisa de gente maluca, coisa de gente que fugiu de um manicômio. Não pode ser normal um ser humano pensar assim... não... não pode.

     Ao invés dos meus olhos marejarem mais um pouco enquanto me lembro de um dos piores dias da minha vida – estando atrás só do meu primeiro ataques cardíaco, e de quando minha mãe descobriu a traição do meu pai –, eu sinto meu rosto começar a arder de raiva, meu sangue fervendo que até sinto um pouco de calor. Olho para Alyssa.

     — Ela ainda está no vestiário? — Pergunto
     — Hum...acho que tá. — Alyssa ergue uma sobrancelha. — Por que?
    
     Não respondo, ao invés disso tiro suas mãos de cima de mim e saio andando rapidamente pelo corredor, pegando o caminho mais rápido para o vestiário feminino. Estou tão puta, que a única coisa em que consigo pensar agora é em transformar a cara da Tess em bolacha, de tanto que vou bater naquela vaca sociopata do caralho. Não quero bater nela só pelo Christian, tem todo um englomerado envolvendo a mim e a ele. Me arrependo de não ter batido mais nela, naquele dia da festa com a fogueira, depois de transar com o Christian no vestiário masculino.

     Empurro as portas duplas que dá em outro corredor, e logo já avisto Tess saindo do vestiário. Ela não está sozinha, é claro, sempre rodeada com aprendizes de vacas que ela costuma chamar de amigas. Eu não me importo; quanto mais gente assistir, melhor.

     Quando me nota chegando, Tess arregala os olhos azuis, provavelmente porque não estava esperando ver minha cara de cu agora. Eu não perco nem tempo, já chego logo me metendo no meio das meninas, já atacando.

     — Piranha! — Gritando, eu acerto com a mão em seu rosto.

     Tess bate com a cabeça contra a parede, seus cabelos voando no rosto, mas eu sei que não usei força o suficiente para machucar, apenas para deixar dolorido. Ela fecha os olhos, exclamando um "aí, porra", e levando as mãos até onde bateu. E mesmo assim eu não paro. Agarro seus cabelos entre os dedos, com força e vontade, batendo sua cabeça contra a parede outra vez. Tess grita, mais de susto do que de dor. Nunca senti tanto ódio na vida.

     As meninas ao nosso redor arregalam os olhos, entreabrindo as bocas de forma surpresa. Eu ignoro, e agarro os cabelos úmidos de Tess com as duas mãos, puxando-os para baixo, fazendo-a gritar.

     — Socorro! — Ela grita — Socorro! Alguém tira essa maluca de cima de mim!

     Tess solta um grito agudo quando a jogo no chão com toda a força do mundo, e eu subo em cima de seus quadris, tapeando várias vezes, enquanto a mesma estica os braços e tenta me fazer parar. Aos sons de seus gritos, puxo seus cabelos, ao mesmo tempo em que minhas unhas arranham seu rosto, e sua cabeça bate no chão com nem tanta força assim. Sinto suas pernas se debatendo embaixo de mim, assim como todo o restante de seu corpo. Nunca senti tanta satisfação na vida em bater em uma mulher; caralho.

     — Sua vadia! — Grito, lhe dando um tapa no rosto. — Você fudeu com a minha vida! Tive que aprender a odiar a pessoa que amo por sua causa! — Continuo gritando — Escrotaaaaaaa!

     A essa altura do campeonato, meus cabelos já soltaram do meu coque, e Tess aproveitou para puxa-los também. Grito junto com ela, puxando seus braços para baixo com força, cravando as unhas em sua pele. Ela está toda vermelha, cheia de marcas das minhas unhas espalhadas por sua pele pálida; está parecendo um pimentão esfaqueado.

     Agora que estou segurando seus braços para deixa-la imóvel, Tess remexe todo o corpo, rosnando de raiva. Suas amigas não movem nem o dedo mindinho para ajudá-la, e eu gosto de saber que aparentemente ninguém se importa com ela de verdade. Solto um de seus braços para puxar seu cabelo outra vez, batendo sua cabeça no chão, e puxando com toda força que tenho os seus fios entre meus dedos. É um das melhores sensações do mundo, e não me arrependo nem um pouco.

      — ALGUÉM TIRA ELA DAQUI! — Tess berra, mas ninguém parece disposto a fazer isso ainda.

     Solto seu outro braço para tapear seu rosto outra vez, deixando a marca dos meus dedos levemente em sua bochecha. Cada tapa, e arranhão e puxão de cabelo, é por uma coisa que ela me fez passar. Eu rasgo uma manga de sua camiseta branca de abotoar, arranhando sua pele ao mesmo tempo; isso é por fazer meu coração explodir de tanta mágoa. Lhe tapeio o outro lado do rosto; isso é por ter tido a cara de pau de aparecer no hospital para me visitar. Seguro seus cabelos com as duas mãos, puxando enquanto ela grita e usa as unhas grandes para marcar meus braços; isso é por todas as minhas noites mal dormidas, por eu passar todo esse tempo pensando em Christian, e com medo de fechar os olhos e meu coração parar, dessa vez sem retorno. Ergo o tronco dela só a puxando pelos cabelos, arrancando-lhe um grito agudo e alto; isso é por me fazer ter medo de respirar rápido demais. A jogo de volta no chão, trocando tapas com a mesma; e isso é por me fazer chorar por me achar insuficiente para o garoto que mais amo no mundo.

     — Piranha escrota! — Grito, meus olhos ficando borrados por lágrimas que começam a acumular. — Eu te odeio!

     Tess da um jeito de me fazer rolar no chão, ficando por cima. Ela puxa meu cabelo também, me dando um tapa antes de afastar de mim, arrastando o corpo pelo chão. Olho para ela, que está toda descabelada, um das mangas da camiseta rasgada, o corpo todo vermelho, cheio de marcas que eu fiz questão de deixar. Ninguém mandou nascer pálida feito um *Cullen.

     Ela chora enquanto uma de suas amigas a ajuda se levantar, abraçando-a de lado. Eu m levanto sozinha, ofegando de raiva enquanto a encaro se fazendo de "pobre coitada".

     — Você é doida! — Tess grita para mim. — Um doida varrida!
     — A ÚNICA LOUCA AQUI É VOCÊ! — Grito de volta, bem mais alto. Isso vai chamar a atenção de algum professor em algum momento, ou do inspetor Larry, mas não estou nem aí. — Você é louca, Thereza! Você forjou toda uma ceninha estúpida, pra fazer parecer que o Christian me traiu!

     Todas as meninas olham para ela, e, se já não estivesse assustada, Tess arregalaria os olhos ainda mais, olhando para todas elas.

     — Você drogou ele! — Continuo — Você drogou o Christian, sua puta! Que tipo de mulher você é pra fazer isso com outra pessoa!? Isso é crime! É assédio! É quase a porra de um estupro!

     Quando eu paro de falar, o corredor entra num silêncio absoluto, e todas as meninas ficam sem saber o que dizer, apenas olhando para a Tess, que agora já não tem ninguém para abraça-la. Eu respiro bem fundo antes de continuar.

     — E você não só drogou ele, como ainda me fez surtar, sobrecarregar e quase morrer. — Uma lágrima escorre pelo meu rosto. — Você estragou tudo, Thereza...estragou tudo. Tem noção do quanto aquilo doeu? Do quanto eu o odiei naquele momento? E tudo isso foi culpa sua!

     Ela começa a chorar também, o rosto ficando ainda mais vermelho do que já estava antes.

     Um buraco se abre entre o círculo de meninas ao redor de nós duas, e Christian entra no centro, empurrando algumas pessoas para conseguir. Seu olhar cai imediatamente para mim, sua testa franzindo, e depois para a Tess. Ela olha para ele de volta, sem parar de chorar. Meus parabéns, você já pode ganhar um Oscar, penso, mas não digo, porque acabo de ouvir a voz do inspetor ecoando no silêncio.

     — O quê é que está acontecendo aqui?! — Assim como Christian, ele se mete entre as meninas, e depois olha para mim e Tess. — Eu posso saber o que as duas estavam fazendo no corredor, ao invés de estarem na sala!?
     — Foi ela! — Tess aponta o dedo para mim, balançando o mesmo. — Foi ela quem começou, inspetor Larry! Ela me atacou sem motivo nenhum!

     Como é que é?! Mas que vagabunda! Eu ameaço ir para cima outra vez, mas Christian põem o braço para frente e eu fico dependurado nele, me debatendo para tentar chegar na Tess.

     — Tá vendo, só!? Ela é uma selvagem! — Ela grita — Quer me atacar!
     — Vagabunda! Eu vou comer você de porrada! Você vai ver o que eu vou fazer, eu vou...! — Grito, mas Christian tampa minha boca com a mão antes que eu possa terminar a frase, me puxando contra si. Um de seus braços me prende pela cintura, com força, e eu continuo me remexendo toda, resmungando.
     — Já chega! — O inspetor intervém. — Vocês duas vão me acompanhar até a sala do diretor! E o restante de vocês; pra aula!

     As meninas imediatamente se movem para irem embora, todas elas pegando o celular nas mochilas e começando a digitar freneticamente. Nossa, nem imagino qual deva ser o assunto...

     — Você também, rapaz. — O inspetor olha para Christian com fúria nos olhos castanhos. — Agora.

     Eu me acalmo aos poucos, então Christian me solta com cautela, até perceber que não vou fazer nada. Antes de ir embora, ele olha para Tess, depois para mim. Olhar para ele agora é esquisito, porque sei de toda a verdade, e meu estômago se embrulha por todas as vezes em que briguei com ele sem motivos. Nessa história toda, quem me magoou de verdade foi a vaca da Thereza, e eu magoei o Christian como se a culpa fosse dele, mas a real é que ele é tão vítima quanto eu, se não mais.

     Preciso me lembrar de me desculpar.

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