Duas semanas já haviam se passado, desde a morte de Edward Fitzgerald. Os alunos de Hogwarts estavam empolgados, essa noite poderiam comemorar o dia das bruxas.
As aulas passaram rápido e hoje acabariam mais cedo, todos poderiam se divertir com as gincanas e brincadeiras que a escola iria fazer naquela noite.
— Eu preciso que me entreguem essa redação até segunda — disse Minerva, enquanto rabiscava algumas letras na lousa. — Podem se divertir essa noite, mas não se esqueçam de suas obrigações! Podem ir.
— Um dia a Minerva vai nos matar — disse Blásio, revirando seus olhos.
— O lado bom é que logo mais estamos de férias. — Draco tentou animar o amigo.
— Férias? — Maia o encarou — Faltam dois meses ainda, sabe o tanto de coisas que ainda podem acontecer?
— Eu sei, mas pode me deixar ter esperança?
— Vocês vão participar da festa hoje à noite? — Zabini os encarou, enquanto iam para o jardim.
— Não estou nenhum pouco afim — respondeu a morena, sentando-se em um banco.
— Draco?
— Não mesmo.
— Vocês dois são chatos.
— Você vai ir, Blás? — Maia sorriu maliciosamente.
— A Luna quer participar. — Draco gargalhou encarando o amigo.
— Namorar dá nisso.
— Pelo menos eu tenho uma namorada, não sou encalhado igual a você.
— Não estou encalhado, só não encontrei a pessoa certa ainda.
— Pessoa certa? Fala sério Malfoy — Blásio gargalhou. — Acredita nisso, Maia?
— Ah? — A garota saiu de seus pensamentos — Do que vocês estão falando?
— Malfoy está esperando a garota certa para namorar, acredita nisso?
— Ah, milagres acontecem — sorriu debochada.
— Eu duvido muito disso, vejo você na comunal, Draco. Até depois, Maia.
— Até. — O jovem caminhou para dentro do castelo, precisava se arrumar para as festas que teriam mais tarde.
— Está tudo bem? — perguntou Malfoy, apoiando-se em uma árvore.
— Sim.
— Sabe que pode falar comigo, se precisar, não sabe?
— Eu sei, Draquinho. — O rapaz sorriu fraco e suspirou.
— Não me chame assim, Fitz.
— Idiota — sorriu. — Ah, você vai ficar na comunal da sonserina essa noite?
— Sim, por quê?
— É que… Eu queria ficar no seu esconderijo hoje, se importa?
— Não, pode ficar. Se quiser, posso te fazer companhia.
— Obrigado, mas quero ficar um pouco sozinha.
— Sem problemas.
O garoto ficou a encarando por um tempo, enquanto Maia lia um de seus livros sobre transfiguração. Ele sentia-se mal por não poder ajudar a garota, Maia ainda estava de luto, mesmo tendo aceitado a morte de seu avô.
— Draco?
— Hum?
— Vamos entrar?
— Vamos. — Maia segurou no braço do rapaz e caminharam para dentro do castelo — O que vai fazer no esconderijo?
— Com certeza vou usar e abusar daquela banheira.
— Aproveita, não vou te deixar usar sempre — disse o rapas, tentando irritá-la.
— Por que? Achei que nossa relação estava em outro nível.
— Acha mesmo que deixo meus amigos usarem minha banheira? — perguntou a encarando. — Aproveita seus privilégios.
— Palhaço — sorriu.
A noite finalmente chegou, e depois de muita insistência, Blásio conseguiu convencer o amigo a participar da comemoração.
— Você vai ir a que horas? — perguntou Draco, trocando de roupas.
— Mais tarde, os meninos querem começar a comemorar aqui e depois vamos todos juntos.
— Ah... — suspirou, odiava a ideia de ter que participar das festas bobas que a escola dava, mesmo adorando a parte dos doces.
— Ei! — Goyle entrou no quarto — Vocês não vão descer?
— Só estou esperando o Malfoy.
— Estou pronto. — Revirou os olhos.
Os três desceram juntos para a sala comunal da sonserina, a maioria dos garotos estavam conversando e azarando uns aos outros.
— O que estão fazendo? — Blásio jogou-se no sofá e pegou alguns doces.
Malfoy apenas o acompanhou e ficou em silêncio, observando todo o ambiente, já tinha se arrependido de ter aceitado participar dessa noite.
— Estamos falando das garotas — respondeu Crabbe, saboreando seu bolo de caldeirão.
— Quem vocês pegariam? A Granger ou a Weasley? — perguntou Seth D'ângelo, se acomodando em sua poltrona.
— A ruiva, com certeza — indagou Goyle.
— A Granger — disse Crabbe. — E você, Seth?
— A Weasley! E vocês meninos?
— Eu namoro. — Blásio respirou fundo, aliviado por conseguir sair dessa "brincadeira".
— Malfoy?
— Nenhuma.
— Fala sério! — Seth gargalhou. — Certo, Pansy ou Astória?
— Elas são malucas — respondeu, pegando mais alguns doces.
— Mas são gostosas — disse Goyle, e Crabbe assentiu.
— Mmm... Pansy.
— Eu prefiro a Astória — Seth sorriu malicioso.
— Já sei! — Goyle chamou a atenção de todos — Maia ou... Lilá?
— Maia, fácil! — Seth gargalhou.
Draco encarou os rapazes, sentiu uma raiva crescendo em seu peito.
— Mas isso não vale Seth, você já pegou a Fitzgerald. — Crabbe riu.
— E como! — Goyle gargalhou alto.
Malfoy estava com seus pulsos semicerrados, tentando controlar seu veela, que queria arrancar a cabeça dos três garotos.
— Como assim? — O loiro murmurou frio, mal sabia que conseguia ser tão cínico.
— Não sabe? Seth e Maia transaram na sala-precisa — disse Crabbe empolgado. — Achei que soubesse já que andam tão próximos.
— Não sejam indiscretos rapazes. — Seth chamou a atenção dos garotos — O que aconteceu entre Maia e eu foi algo pessoal, não devem sair por aí espalhando boatos.
— Quando foi isso? — perguntou.
— Há algumas semanas — respondeu vitorioso, mas Malfoy sabia que ele estava mentindo. — Me lembro até hoje dos seus gemidos — gargalhou alto.
Zabini encarou o amigo que parecia que iria explodir a qualquer momento, em um momento de fúria o rapaz gritou na sala.
— Cale-se! Jamais repita essas coisas sobre a Maia.
— O que? Não estou falando nada além da verdade. — Seth levantou-se e pegou uma garrafa de água -- Está bravo porque ela não se deitou com você, Malfoy?
O loiro estava com a respiração pesada, sabia que se ficasse ali faria uma grande besteira.
— Maia não é desse tipo. — Levantou-se confrontando o rapaz.
— Que tipo? Fácil? — O loiro o encarou com ódio no olhar e foi para cima do garoto o empurrando contra a parede com toda força possível.
— Nunca mais ouse tocar no nome da Maia! Está me ouvindo? Se fizer isso de novo, eu juro por Merlin que não vai sobreviver para contar essas mentiras de novo.
O moreno parecia espantado com a reação do loiro e suas ameaças, seus amigos sequer moveram-se para o ajudar, todos estavam paralisados observando a cena.
Malfoy o jogou para perto da lareira e saiu da sala comunal, batendo a porta com tanta força que o barulho ecoou pelo corredor. Sua respiração estava cada vez mais pesada, ele precisava ir para seu quarto.
— Draco? — Zabini saiu da sala e encarou o amigo que estava em pé de frente para uma parede com sua testa apoiada tentando controlar sua raiva — Está tudo bem?
— Vai embora, Zabini.
— O que está acontecendo? O que foi aquilo na sala?
— Me... me deixa sozinho, eu preciso sair daqui.
— Precisa de ajuda? — O loiro suspirou e encarou o amigo que se assustou com seus olhos escuros.
— Apenas me deixe sozinho. — O garoto não conseguiu responder nada, estava atordoado com a cena.
...
Draco caminhava com dificuldade pelo castelo tentando encontrar seu dormitório, estava lutando contra seu próprio instinto para não voltar ao salão da sonserina e massacrar todos os que estavam falando mal da senhorita Fitzgerald.
Em poucos minutos encontrou o quadro que dava acesso ao seu dormitório e murmurou a senha "pena de águia", a porta abriu-se lentamente e ele jogou-se para dentro da sala, ao menos ali ele não correria o perigo de atacar alguém.
— Oi? — A voz surgiu da escada — Achei que não viria para o quarto hoje.
A garota desceu os degraus e se deparou com um Malfoy transtornado sentado ao chão com a cabeça apoiada na porta.
— Draco? — Aproximou-se lentamente — Está tudo bem? — O rapaz negou com a cabeça — O que aconteceu?
— Eu... eu sou um monstro, Maia.
A morena sentou-se em sua frente e tirou as mãos do rapaz de seu rosto, seus olhos permaneciam fechados e algumas lágrimas ousavam escapar. Draco parecia uma criança acuada.
— Olhe para mim.
— Não quero que me veja assim, Maia.
A garota acariciou seu rosto com toda delicadeza possível tentando acalmá-lo, o que acabou dando certo. Em poucos segundos Malfoy parecia um filhote de cachorro, deitando sua cabeça na mão da morena.
— Vai me contar o que está acontecendo? — Finalmente o loiro abriu os olhos, ela pode ver a cor de sua íris ficar cada vez mais clara.
— Prefiro que não saiba, não quero te ver triste.
— Eu fiz algo?
— Não.
— Quem então?
— O idiota do Seth. — A garota o encarou com o olhar curioso — Estávamos na sala da sonserina e os meninos estavam conversando sobre as garotas... Até que seu nome apareceu, o D'ângelo inventou algumas mentiras e...
— E?
— Eu fui para cima dele, só queria arrancar sua cabeça fora e a dos outros também — suspirou.
— Você o machucou?
— Não sei, eu saí antes de alguém ir ajudar.
— O que ele estava falando para te deixar tão irritado?
— Ele estava falando que fez sexo com você na sala-precisa. — Os olhos da garota expressavam raiva.
— Não se preocupe, eu mesma cuidarei disso. — Malfoy sorriu e a encarou.
— É estranho eu ter desejado matar eles e não sentir nada além de raiva?
— Só está bravo, é normal — suspirou. — Vamos levantar desse chão gelado?
— Estraguei seus planos, não é? — perguntou Draco, ambos levantaram-se do chão.
— Não, você pode esperar aqui enquanto fico na banheira — sorriu, prendendo seus cabelos.
— Nem pensar! Quero me distrair, se não eu vou voltar para o salão comunal e terminar o que comecei.
— Ah, Draquinho, eu preciso relaxar.
— Eu também — suspirou. — Acharia estranho se tomássemos esse banho juntos?
— Como? — O encarou assustada.
— Não pense bobagem! É apenas um banho com nossas roupas de baixo.
— Está se aproveitando da situação, Malfoy.
— Não, por favor. Eu não faria isso com você.
A garota suspirou e o encarou pensativa, sabia que seria apenas um banho, mas tinha medo do que isso poderia se tornar.
— Certo, mas não me olhe e não encoste em mim.
— Certo, mandona.
Os dois subiram tentando fingir que estavam calmos com a situação, nunca haviam tomado banho com outra pessoa. Draco abriu as torneiras da grande banheira e a deixou encher, jogou alguns sabonetes na água e respirou fundo.
Sequer havia percebido que a garota estava se despindo de seu uniforme bem atrás dele.
— Eu vou para o quarto, tudo bem?
— Tá bom. — Maia assentiu e esperou o rapaz sair do banheiro para tirar a roupa que restava.
Aos poucos entrou na banheira que estava com a água morna e deitou-se com a cabeça apoiada na borda. A espuma estava cobrindo-a praticamente por inteiro.
— A água está boa? — Draco voltou para o banheiro, apenas com sua calça.
— Sim. — Maia corou com a situação que os dois estavam, mas tentou ignorar completamente e fechou os olhos.
Malfoy tirou sua calça e entrou com calma na banheira, apoiando-se do outro lado de frente para a garota.
— Não existe coisa melhor — sorriu deitando-se.
— Só está faltando meu vinho — Maia brincou.
— O máximo que teremos é água. — A garota riu fraco e encarou o rapaz.
— Por que ficou tão irritado com o Seth?
— Porque ele estava mentindo sobre você.
— Tem certeza?
— Não deixaria ninguém dizer aquelas coisas sobre você perto de mim. Somos amigos, não somos? — A garota respirou fundo e assentiu.
— Somos sim.
Draco encarou os pés da garota que balançavam pela água e sorriu. Os pegou e começou a fazer cócegas.
— Não adianta, aí eu não tenho cócegas — Maia sorriu vitoriosa.
— Chata — bufou.
— Deveria aproveitar que já está aí e me fazer uma massagem, não é?
— Não.
— Ah, Draquinho. — Alisou suas pernas no rapaz — Por favor.
— O que ganho com isso?
— Minha amizade eterna.
— Mmm... Não é vantajoso.
— E o que você quer, Malfoy? — Sentou-se na banheira e o encarou.
— Eu posso escolher? — Aproximou-se ao lado da garota.
— Se estiver ao meu alcance, mas acho que salvar sua vida já é algo muito bom como troca.
— Realmente — sussurrou, analisando os traços da garota. — Mas eu sei de algo muito mais interessante. — Depositou alguns beijos leves no pescoço da garota e sorriu quando a viu arrepiar.
— Sério?
— Uhum. — Draco subiu beijando toda a extensão de seu ombro ficando cara a cara com a garota — É só falar que sim.
...
© Expresso Fic & Calina D.L.
São Paulina – Brasil, 2020