Os adolescentes estavam aglomerados na pista de dança, toda aquela animação fazia o castelo vibrar. Ao contrário dos bailes que ocorriam para dar boas-vindas aos visitantes ou celebrar um grande feito, o baile de inverno servia apenas para tranquilizar os alunos antes que as provas e atividades começassem.
Mas nem todos os alunos estavam tranquilos durante o baile, mesmo Draco tentando se manter distraído, Pansy fazia questão de reclamar por conta de sua gravata, afinal o que as pessoas pensariam?
— Eu posso mudar a cor desta gravata.
— Não ouse! — advertiu. — Eu já estou cumprindo com nosso acordo.
— Vamos dançar. — Pansy segurou a mão do rapaz e o puxou para o meio da multidão.
Aos poucos encaixaram-se entre os outros alunos e dançaram juntos. Próximo às pilastras Hermione e Gina tentavam manter tudo sob controle, essa noite teria que ser perfeita.
— Os doces já estão prontos novamente? — perguntou Gina.
— Já pedi aos elfos para abastecer as mesas.
— Acho que está tudo sob controle! — A ruiva sorriu procurando Harry entre os alunos, mesmo se relacionando há algum tempo, eles ainda não sentiam-se preparados para revelar isso ao Ronald, com certeza o ruivo explodiria quando soubesse.
— Finalmente, Minerva não me deixava em paz. — Gina riu e encarou o casal totalmente deslocado a alguns metros.
— Agora você pode relaxar e quem sabe ir atrás de um certo sonserino? — disse maliciosa, depois que Gina descobriu o que a amiga fez na biblioteca com o loiro, ela a perturbou durante toda a semana.
— Não repita isso! Draco é um preconceituoso nojento.
— É, mas você gostava dele no primeiro ano.
— Eu era uma criança e o incidente na biblioteca não significou nada.
— Se você quer chamar assim.
— Aquele é o Viktor? — Granger apertou os olhos tentando enxergar o casal que estava entrando no salão.
— Sim, e Maia atiradinha Fitzgerald! — A castanha suspirou, mesmo sabendo que poderia estar sendo acompanhada por ele outra vez, preferia não criar expectativas.
— O vestido é bonito.
— Vocês deveriam conversar.
— E falar o que? Eu estou o evitando desde o dia em que ele pisou em Hogwarts. E agora ele já tem com quem se distrair — suspirou encarando o casal.
— Você está linda, senhorita Fitzgerald. — Krum a elogiou olhando seu vestido.
— Obrigado — sorriu tímida.
— Você quer beber algo?
— Ah, claro.
— Aceita vinho?
— Você sabe que eu não posso tomar bebidas alcoólicas. — A morena o lembrou.
— Se você não contar, eu também não conto — disse sorrindo.
Viktor parecia tão certinho na maioria das vezes que Maia até se esquecia de que ele ainda era muito jovem.
— Aceito. — O moreno afastou-se e foi até uma das mesas procurar pelas bebidas, Maia olhava incansavelmente ao seu redor, ela estava procurando pelo loiro, com certeza ele deixaria a festa mais animada.
— Maia? — Krum chamou sua atenção — Está tudo bem?
— Sim — sorriu.
— Sua bebida. — Entregou-lhe uma taça, fizeram um brinde sem palavras e a garota deu um gole em sua bebida — Vai com calma, não quero ninguém vomitando por aí.
— Fica tranquilo, você quer dançar?
— Se me permite. — Segurou a mão da garota e a acompanhou para a pista.
Assim que aproximaram-se a música mudou sua intensidade, a batida agitada foi tomada por uma melodia calma e lenta.
— Isso foi combinado? — Maia o encarou.
— Não seria tão bom se fosse combinado. — Krum segurou firme em sua cintura e a puxou para perto.
A garota ficou em silêncio e apenas o acompanhou naquela dança, não é como se ela fosse a melhor dançarina do mundo, mas lembrava-se de quando era uma criança e seu avô tentava a distrair ensinando como dançar, enquanto seus pais estavam fora.
Todos estavam em completo silêncio apenas dançando com seus parceiros. Blásio Zabini sentia seu coração disparar a cada movimento que fazia enquanto dançava com Luna. Ao contrário do amigo, Draco estava contando os minutos para se ver livre da senhorita Parkinson.
As horas passaram lentamente para todos a noite não acabaria tão cedo, mas Maia teria seu companheiro roubado pela castanha.
— Com licença — disse Hermione. Ela estava decidida em conversar com o búlgaro.
— Sim? — Krum respondeu antes que Maia pudesse responder qualquer coisa.
— Estou atrapalhando? — perguntou encarando os dois.
— Não — respondeu Maia, ela não tinha tanto assunto quanto pensava que teria na companhia do búlgaro.
— Viktor, nós podemos conversar? Se não for problema para você Maia.
— Se ele quiser — suspirou, por um segundo o moreno pensou em negar o pedido da grifinória. Mas ele não poderia negar, ainda tinha sentimentos pela castanha.
— Eu volto logo. — Os dois afastaram-se, deixando a senhorita Fitzgerald completamente sozinha.
Alguns casais estavam saindo da pista de dança, aos poucos deixando-a vazia. Maia reparou em Luna e Blásio, que não pararam de dançar por um minuto sequer naquela noite.
Mesmo sendo um casal improvável, eles pareciam ter sido feitos um para o outro. A morena estava tão distraída encarando os dois que sequer reparou o sonserino aproximando-se.
— O que está olhando? — A garota deu um pulo por conta do susto.
— Já pedi para não fazer isso, Draco.
— Desculpe, mas você não me respondeu.
— Não estou olhando nada.
— Claro que está — sorriu, o rapaz adorava deixar a garota irritada.
— Não deveria estar com a sua acompanhante?
— Você também, mas está aqui sozinha. — A morena suspirou derrotada — Ela está indo embora, finalmente estou livre.
— Ela não te obrigou a vir.
— Tem razão, mas precisei.
— Draco! — Senhorita Parkinson chamou a atenção do rapaz e aproximou-se — Não vai me acompanhar até a sala comunal?
— Por que eu iria?
— Porque viemos juntos ao baile.
— Acredito que não vai correr nenhum perigo até a comunal.
— Você é um ogro, sabia? — O loiro apenas deu de ombros e ficou olhando a garota afastar-se enquanto praguejava algumas palavras.
— Uau! Você é um cavalheiro — disse Maia enquanto dava um último gole em sua taça de vinho.
— Eu não vou tratar bem alguém que me manipulou. O que está bebendo?
— Vinho.
— Quem diria, você fazendo algo errado.
— Acha que aquela conversa termina cedo? — suspirou encarando o búlgaro limpando as lágrimas de Granger.
— Não, vai esperar ele?
— Estou com frio e cansada, eu quero ir me deitar.
— Posso te acompanhar, se quiser.
— Eu posso ir sozinha — respondeu saindo do salão, mas o garoto a acompanhou.
Os dois caminharam lentamente pelos corredores, andar com sapatos de salto alto pelos corredores e escadarias do castelo era torturante.
— Seus pés não estão doendo com esses sapatos?
— Muito.
— Tira eles.
— Está maluco? O chão deve estar congelando.
— Tira logo, eu te ajudo com isso.
— Como?
— Já te disseram que você é teimosa?
— Sim. — Draco bufou e abaixou-se, antes que a garota pudesse revidar ele a jogou em seu ombro, aparentemente a senhorita Parkinson não estava tão errada — O que está fazendo? Me solta.
— Para de ser chata! Toma, segura seus sapatos. — Malfoy tirou os saltos da garota e lhe entregou.
O gene veela o deixava tão forte que Maia parecia não pesar um quilo sequer em seus ombros, até mesmo subindo as escadas.
Em poucos minutos o rapaz falava a senha de seu dormitório em alto e bom tom.
— Eu vou para o meu quarto.
— Fica um pouco comigo. — Draco finalmente a colocou no chão, ela não respondeu e jogou-se no sofá, sabia que discutir não adiantaria nada.
— O que você quer?
— Você. — Sorriu malicioso.
— Para com isso. — O loiro aproximou-se e deitou ao seu lado no sofá.
— Ontem você não me pediu para parar.
— Você é péssimo — disse respirando fundo.
— E você está linda essa noite.
— Obrigado, mas isso não muda nada. — Malfoy aproximou-se e encarou seus olhos.
— Está chateada?
— Por que estaria?
— Por causa daquele búlgaro idiota.
— Não, só estou cansada. — Acariciou os cabelos do rapaz, era inevitável não querer tocá-lo, o veela sabia como usar seu charme.
— Pode dormir aqui se quiser, usar a banheira...
— Tentador, mas vou deixar para depois. — Draco acariciou o rosto da garota, podia sentir seu próprio coração acelerar, tinha medo de estar se enganando e confundindo as coisas mais uma vez.
— Eu posso te fazer mudar de ideia. — O loiro lambeu os próprios lábios e sorriu.
— Eu preciso ir. — Maia levantou-se em um pulo, não deixaria que seus desejos a fizessem se entregar novamente.
...
Aquela manhã de domingo estava monótona, todos os alunos estavam exaustos da noite anterior. Maia acordou cansada e com dor de cabeça, podia sentir seu cérebro latejar – talvez beber vinho quando não se está acostumada não fosse uma boa ideia. – saiu dos próprios pensamentos quando viu Clarisse Rowle chamar sua atenção.
— Com licença, Maia? — A secundarista a chamou.
— Oi.
— Estava dormindo? Desculpa.
— Sem problemas. — Sentou-se na cama tentando arrumar os cabelos — Aconteceu algo?
— O diretor Dumbledore pediu para que você fosse à sua sala, depois do café.
— Sabe o que ele quer?
— Acredito que seja algo sobre a monitoria.
— Obrigado, Clarisse.
— Disponha. — A garotinha saiu saltitando do quarto, Maia reparou que estava só de lingerie enquanto conversava com a moça.
No salão principal os alunos pediam silêncio, a maioria estava de ressaca, mas Blásio Zabini estava com um sorriso de orelha a orelha.
— Onde passou a noite, Draco?
— Por aí, por quê?
— Achei que tinha ido dormir com a Pansy, já que não voltou para o quarto.
— Nem pensar. — Revirou os olhos, com certeza Pansy seria a última garota do mundo em que Malfoy pensaria em tocar — Estava por ai.
— Ainda bem que não voltou.
— Como?
— A Luna não queria ir para o quarto porque pensou que você fosse chegar.
— Então vocês foram para o quarto? — O garoto o encarou com o olhar malicioso, o amigo apenas assentiu — Ao menos alguém se deu bem essa noite.
— E como — sorriu, enquanto devorava sua torta de limão.
— Vocês viram a Maia? — Lovegood aproximou-se tentando recuperar o fôlego.
— Não — responderam em coro.
— O que houve? — perguntou Draco preocupado.
— Pelo o que me disseram o avô dela estava tentando fazer algumas novas fórmulas de poções, mas não acabou muito bem.
— O velho Fitzgerald está doente? — Malfoy parecia mais preocupado do que deveria estar, mas quem soubesse de seu segredo saberia muito bem o motivo.
— Não, teve uma explosão e ele acabou falecendo ontem de madrugada.
— E cadê a Maia? — perguntou Zabini, todos sabiam o quão apegada Maia era de seu avô.
— Ninguém sabe, depois que Dumbledore contou ela sumiu.
Malfoy não quis ouvir um “a” a mais sobre essa história, se Maia escondeu-se ele sabia muito bem aonde ela poderia estar.
© Expresso Fic & Calina D.L.
São Paulo – Brasil, 2020