The Stripper (rabia version)

By sunshinecabell

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Você já imaginou ter duas vidas? Ser duas pessoas ao mesmo tempo? Aposto que sim. Mas entre pensar e viver ha... More

Capítulo 1 - Duas Vidas
Capítulo 2 - Voltando ao Brasil
Capítulo 3 - The Stripper
Capítulo 4 - Nova Presidência
Capítulo 5 - Primeiro Dia
Capítulo 6 - Conversa e mais tempo juntas
Capítulo 7 - A dança
Capítulo 8 - O beijo
Capítulo 9 - Perdendo o controle
Capítulo 10 - Le Café
Capítulo 11 - Devaneios
Capítulo 12 - Confusão
Capítulo 13 - Presente, carona e conversa
Capítulo 14 - Jogo perverso
Capítulo 15 - Chegada inesperada
Capítulo 16 - Reencontro
Capítulo 17 - Conhecendo a família
Capítulo 18 - Um dia diferente
Capítulo 19 - O jantar
Capítulo 20 - Dura realidade
Capítulo 21 - O troco
Capítulo 22 - Perdidas
Capítulo 23 - Arrisque-se
Capítulo 24 - Toda hora
Capítulo 25 - Caminhos cruzados
Capítulo 26 - Desentendimentos e Desculpas
Capítulo 27 part 1 - Uma nova aliança
Capítulo 27 part 2 - Uma nova aliança
Capítulo 28 - Um dia especial
Capítulo 29 part 1 - Momentos
Capítulo 29 part 2 - Vitória do Inimigo?
Capítulo 30 - A descoberta
Capítulo 31 - Confronto
Capítulo 32 - Turbilhão de sentimentos
Capítulo 33 - Caindo em tentação
Capítulo 35 - Coisas do passado
Capítulo 37 - Pedidos
Capítulo 39 - Presente especial
Capítulo 40 - Vai dar tudo certo?
Capítulo 41 - Mentir, sim ou não?
Capítulo 42 - O Prêmio
Capítulo 43 - Noite de descobertas
Capítulo 44 - O inimigo comemora.
Capítulo 45 - Sair, sim ou não?
Capítulo 46 - Decisão
Capítulo 47 - The Lap Dance
Capítulo 48 - Xeque-mate
Capítulo 49 - Estratégia
Capítulo 50 - Nova Era
Nova Fanfic
Capítulo 51 - Acerto de contas
Capítulo 52 - A perda

Capítulo 38 - Erros e arrependimentos

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By sunshinecabell

Point Of View Bianca Andrade

- Quer que eu esqueça a Jennyfer Silva?

Perguntei a mulher que me encarava de forma paciente.

- Claro que não, mas talvez... Ela possa existir só para mim?

Eu não entendi onde Rafaella queria chegar com aquilo. Eu já era somente dela.

- O que você quer dizer com isso?

Rafa respirou fundo e sorriu, levando sua mão sobre a minha que descansava sobre a mesa, onde iniciou um carinho leve.

- Eu quero que você saia da Imperium.

Por alguns segundos eu fiquei totalmente paralisada, tentando saber se eu havia escutado aquilo dela ou simplesmente minha imaginação havia ido longe demais.

- Bianca...- Rafaella sussurrou me despertando.

- Está falando sério?

- Sim, eu pensei que bom, agora que estamos juntas você não precisa mais ir para lá. – Rafaella falou calmamente enquanto tomava seu vinho tinto.

- Rafa, eu indo pra lá ou não. Não vai interferir no que temos, amor. – Falei calmamente.

- Claro que vai. Você vai estar lá, com aquela exposição toda. – Ela falou seria.

- Até uma semana atrás você gostava, e não se importava. – Soltei com indiferença.

A mulher revirou os olhos e bufou.

- Há uma semana não estávamos em um relacionamento sério.

O clima pesou automaticamente, espalhando a tensão entre nós.

- No que isso muda? Apenas estamos juntas oficialmente. Nada vai mudar.

- Óbvio que vai!

- No quê?

- Em tudo!

- E sempre vou ser, Rafaella!

- Não estando lá, dançando para aquelas pessoas.

- Você é minha namorada, Rafaella, não minha dona.

Encaramo-nos quase cuspindo fogo. Incrível como tudo estava bom demais para ser verdade.

- Eu não acredito que está me falando isso. – Ela falou levantando da mesa, e no mesmo instante me arrependi por ser rude demais. Fiquei sentada fitando Rafa que se servia de um pouco mais de vinho, para logo em seguida olhar em direção ao mar revoltado. Eu me levantei devagar e caminhei até ela.

- Me desculpe. Eu só quero que você entenda, eu não posso sair. – Disse tocando os braços de Rafa com carinho.

- O que te prende lá?

- Eu não posso simplesmente deixar Amber de lado. Desistir do projeto com ela.

- Projeto onde só ela ganha, não é?

- Rafa, eu também recebo muito bem por aquilo.

- Bia, você não precisa disso!

- Se estou lá é porque preciso.

- Eu posso te dar o que quiser, meu amor.

- Eu não quero o seu dinheiro.

- Eu não quero você lá... Estando comigo você nunca mais vai precisar de nada, eu lhe prometo!

- Acha mesmo que sou o tipo de pessoa que vai ficar sendo sustentada?

Rafaella me olhava incrédula, era nítido o incomodo de me ter batendo de frente consigo.

- Nã venha com orgulho, Bianca.

- Eu não quero depender de você.

- Prefere ficar seminua em cima daquele palco?! – Ela falou irritada.

- Desde quando isso te incomoda tanto? Vai bancar a boa samaritana também? Como todos os outros? – Falei irritada.

- Você não sabe o que as pessoas dizem lá, Bianca, como eles veem você, por Deus!

- Eu não me importo,ok? Você não faz ideia do que eu já ouvi por isso, Rafaella, nada do que eles falam ou pensam me afeta. Não mais.

- Mas me afeta, como você acha que eu fico? Sabendo que todos ali pensam coisas imundas sobre minha namorada?

Eu sabia o quão difícil aquilo era para ela. Eu não tirava as razões de Rafa. Mas eu não poderia simplesmente jogar tudo para o ar. Amber foi uma peça importante para tudo que sou hoje, e abandona-la não era o mais justo a se fazer.

- Não ligue para eles. – tentei me acalmar.

- Você acha que é possível? Olha bem nos meus olhos, acha mesmo que eu consigo? – Ela falou de forma firme, segurando em meus braços.

Seus olhos transmitiam fúria e ciúmes.

- Você me conheceu assim...

- Não seria capaz de mudar por mim?

- E você? Seria capaz de mudar por mim?

Naquele instante nossos olhares se manterem conectados por uma tensão pesada.

- Não vire o jogo, Andrade. – Resmungou ela me soltando.

- Não estou virando o jogo. Eu só quero que você pense um pouco. Já parou para imaginar o que me levou a isso? Os motivos de eu não poder sair?

Rafaella agora estava de costa se virou em minha direção.

- Eu não sei o que te levou a isso, mas os motivos eu devo imaginar.

Seu tom de voz poderia ser quase acido. Eu não estava preparada para ouvir coisas ruins dela, não eu não estava. Rafaella virou de costa e tomou todo o vinho de sua taça.

- O que imagina, Kalimann?

- Você não faz nem ideia? – Ela virou novamente em minha direção.

Ela estava com um olhar superior. Sua voz derramava sarcasmo.

- Você gosta de ser cortejada, Bianca. Gosta que te queiram que te desejem...

- Acha que estou lá simplesmente por gostar de ser cortejada?

- Por qual motivo seria? Deve adorar ver aquele povo todo louco por você, não é?

Eu fiquei fitando a mulher na minha frente, com seu tom de deboche. Apenas neguei com a cabeça e sorri sem humor.

- Você é uma estupida, Rafaella. – Falei antes de deixá-la ali sozinha.

Point Of View Rafaella Kalimann

Eu vi Bianca caminhar em passos duros e apressados para dentro da casa. Merda, eu havia estragado tudo! Fechei os olhos pensando nas besteiras que havia falado.

Droga, droga!

O que eu faço?

Neguei com a cabeça, e andei de um lado para o outro pensando no que deveria fazer. Será que o certo seria ir atrás dela? Eu amava Bianca, mas eu não conseguia aceitar minha namorada dançando seminua para pessoas a desejando... Era demais para mim.

Mas, eu fui dura demais...

Não...

Sim...

Naquela fração de segundos meus pensamentos estavam sendo bombardeados por dois lados que me impediam de pensar. Eu estava certa ou errada? Eu olhei em direção a casa quando vi a luz do quarto principal se ascender. E foi para lá que eu segui.

Caminhei em passos apressados pelo corredor até o quarto onde Bianca estava, e com força eu abri a porta me deparando com a mulher colocando suas roupas dentro da pequena mochila. Ela fazia tudo rápido, que nem notou minha presença ali, ou simplesmente tratou de me ignorar.

- O que está fazendo?

- Não é obvio? Eu vou embora! – Esbravejou ela furiosa e logo voltou a guardar suas coisas.

- Você não vai a lugar nenhum! – Falei puxando a mochila de sua mão.

- Me devolva isso agora!

- Você não vai!

- E quem lhe garante isso? – Perguntou em provocação.

- Eu.

- Você não manda em mim, Rafaella!

Bianca esbravejou e caminhou em direção à porta, quando eu rapidamente a segui. Tentei puxar seu corpo contra o meu mas Bianca debateu as pequenas mãos em meus ombros me fazendo soltá-la.

- Eu não quero ficar aqui com você!

- Você quer.

- Hoje não. 

Ela gritou brava, com a respiração ofegante. Pegando a mochila do chão, para então caminhar para fora do quarto e novamente eu a puxei.

- Não vá embora, pelo menos não antes de me escutar. —- Soltei as palavras de forma seria e firme, trazendo o corpo de Bianca para junto do meu.

- Quantas vezes eu tenho que dizer que você não manda em mim?!

Bianca falou me fuzilando com aquele par de olhos castanhos furiosos.

- Me desculpe... Por ter sido grossa com você e por ter achado que mando em você.

Bianca parou de se debater em meus braços, e aproveitei para falar tudo que eu sentia.

- Eu não mando em você e nunca vou mandar. Você é uma mulher livre que pode fazer o que quiser... Mas por favor, Bianca, tente entender meu lado também! —- Pedi com voz falha. - É muito difícil ter que lidar com a mulher que eu amo dançando seminua em um palco com pessoas falando o quanto queriam levá-la para a cama.

Senti Bianca ficar tensa em meus braços e tentar sair de meu aperto novamente, mas segurei firme. Ela podia ir embora, mas teria que me ouvir primeiro.

- Eu não quero te perder mas não consigo aceitar isso.

- Me solta. —- Bianca pediu e eu imediatamente me afastei dela.

A morena caminhou e eu fitei confusa.

- Onde você vai?

- Dormir em um quarto qualquer, não venha atrás de mim.

[...]

Eu me remexi na cama, sentindo meu corpo todo mole. A claridade vinda da janela tratou de se por concentradamente sobre meus olhos. Inferno. Espreguicei-me devagar, e sentei na cama. As lembranças da noite anterior vieram com força fazendo minha cabeça doer.

Bianca!

Eu me levantei da cama, puxando o lençol junto a meu corpo e olhei pela janela. O deque estava vazio. Desci as escadas da casa olhando por todo lugar, e nem sinal dela ali. Entrei em um dos quartos e me deparei com um pequeno bilhete.

"Você precisa de um tempo para pensar melhor.

B. A"

Amassei o pequeno papel branco, descontando a raiva que eu senti. Ela havia ido embora, sem nem sequer se despedir. Joguei o papel no chão e segui em direção ao banheiro, se ela estava pensando que eu iria atrás dela, estava muito enganada.

Point Of View Bianca Andrade

- Eu não acredito que você a deixou sozinha lá. – Manu resmungou enquanto tirava as roupas da mochila.

- Deixei! E não me arrependo.

- Me deixa vê se entendi. Vocês estavam em um jantar romântico, certo? – Mari perguntou enquanto caminhava de um lado para o outro.

- Sim.

- Então vocês brigaram, dormiram e você veio embora?

- Exatamente, Mari.

- Achei que depois daquilo que ela disse, você ia ficar de bem com ela. – Manu falou rapidamente.

- Ela também pensou isso. Só que Rafaella tem que aprender que não pode ser extremamente arrogante e grossa e depois vim dizendo que não quer me perder para tudo ficar bem. – Exclamei fechando a mochila.

- Qual foi o motivo da briga?

- Ela me pediu para sair da Imperium.

Manoela e Mari se entreolharam como quem já imaginasse.

- E acha que ela está errada?

- Acho!

- Tente entender o lado dela, Bi, não dá pra ficar confortável quando sua mulher está dançando para uma multidão.

- Eu não tiro a razão dela em relação a isso. – Falei sentando na cama. – Eu só queria que ela tentasse me entender. Eu não posso largar tudo assim. É a minha vida.

- Assim como é a sua vida, é a vida dela também. Eu acho que vocês deveriam conversar. O diálogo sempre é bom.

- Vocês deviam transar mais.

- Misericórdia, Gavassi. Elas já transam o tempo inteiro. Eu não sei de onde essas meninas tiram tanto fogo.

- Do mesmo lugar de onde você tirou na festa de Larissa. – Manu falou rindo.

- O quê? – Perguntei sem entender.

- Mariana deu a louca na festa da sua cunhada.

- Maria, cala a boca!

Eu semicerrei os olhos em direção a Mariana que corou.

- O que você fez?

- Nada. – A menor falou rapidamente.

- Se dançar em cima da mesa a música da Bey não for nada, me matem de uma vez.

Eu abri a boca em um perfeito"O".

- Você dançou em cima da mesa?

Mari arregalou os olhos.

- E quase quis tirar a roupa! – Manu gargalhou.

- Você só pode estar brincando!

- Não estou! Gizelly encheu a senhorita certinha ai de álcool. E deu nisso.

- Mari, eu nem sei o que falar...

- Não fala nada, eu já pedi perdão a Jesus.

- Tem que pedir perdão pelos estragos com Jonas também.

- Que estragos?

- Eu não sei bem o que houve. Mas ouvi uns certos barulhos vindos do banheiro na noite da festa. E quem estava lá? Mariana e Jonas.

- Misericórdia, fique quieta. Você nem sabe o que aconteceu.

- E nem você pelo visto!

- Manu, deixa ela, está deixando Mari com vergonha.

- O quê? Todo mundo transa.

- Manoela! – Exclamou a menor com vergonha.

- Ok, vamos voltar ao assunto de Bianca.

- Como eu estava dizendo, vocês precisam conversar, e muito.

- Eu não sei, talvez Manu esteja certa. Rafaella e eu nunca daríamos certo.

- Deveria ter pensado nisso antes de ter um relacionamento com ela, Bi. Sabe, eu vou te dizer uma coisa,eu nunca imaginei que o relacionamento de vocês chegaria tão longe, é obvio que a Rafaella te ama.

Eu fiquei em silêncio apenas ouvindo o que a menor tinha para me dizer.

- Penso da mesma maneira, e penso que Rafa foi a melhor pessoa que você já conheceu. – Manu falou sentando ao meu lado.

- Eu não duvido disso meninas. Mas Rafa precisa tentar ser mais volúvel... E fora que ela deve está furiosa por eu ter a deixado sozinha.

- Ela não vai querer te ver tão cedo.

- Exatamente.

- Será que ela vai estar na empresa hoje?

- Duvido muito, pelo que conheço, Rafa não vai.

[...]

E ela realmente não foi. O movimento na Kalimann Industry foi muito calmo. Durante o dia alguns telefonemas, planilhas para atualizar, reuniões para desmarcar. Mas fora isso um tedio total. O que consequentemente me fazia olhar o visor do celular de cinco em cinco minutos a espera de um sinal de vida de Rafaella.

Que não veio.

Talvez eu tivesse sido inconsequente, talvez eu não devesse ter ido embora antes de conversar melhor. Com Rafaella as coisas eram muito impulsivas, emotivas, de ambos os lados. Eu não queria estragar tudo com ela. E nem bater de frente ou brigar. Mas com o tempo, eu construí ao meu redor uma espécie de campo de força, que me protegia de toda e qualquer situação que viesse a me ofender. Talvez tenha sido o que aconteceu com Rafaella. Eu a repeli antes da mesma começar a jogar fora ideias que eu sabia que ela não tinha sobre mim. Mas que hora ou outra poderiam ser faladas.

Destravei o celular mais uma vez assim que o mesmo deu sinal de alerta de notificação. Eu abri a mensagem, mas era apenas Manu dizendo que sairia mais cedo por estar com dor de cabeça. Respondi rapidamente e travei.

Trabalhei o resto dia. Era tão estranho estar ali sem ela. Sem ouvir o barulho de seus saltos pelo chão amadeirado, ou som de sua voz rouca me dando ordens. Ou o simples murmúrios dos funcionários dizendo como Rafa era chata.

Talvez fosse, na verdade ela era. Mas não comigo.

Pensei em ligar, mandar uma mensagem. Mas a todo instante meu subconsciente gritava para que eu não o fizesse. Eu havia dado o tempo para ela pensar, e ela determinaria até quando tempo iria.

[...]

Esperei dar o meu horário de saída para então começar arrumar minhas coisas e ir embora. Peguei a pequena bolsa e me levantei da mesa. Dando uma última olhada no celular, e nem um sinal dela. Eu bufei irritada pensando no quão insignificante eu era para ela, até agora nem uma mensagem sequer.

Caminhei em passos lentos até o elevador, que pareceu demorar uma eternidade para descer. Miami estava incrivelmente de baixo d'agua aquela noite. A chuva torrencial só me fazia praguejar Deus e o mundo por não ter um táxi à vista e nem uma carona pela frente.

Fechei o sobretudo em meu corpo, e peguei o pequeno guarda-chuva. Caminhei em passos apressados até o outro lado da Kalimann Industry de baixo de toda aquela agua. Vendo o fraco movimento dos carros naquela rua. Droga! A chuva forte fazia meus saltos ficarem altamente lisos, foi quando resolvi tirá-los. Atravessei para outra rua quando o carro parou do meu lado, fazendo um pouco da agua espirrar em minha roupa. Eu me preparei para xingar quando percebi quem era lá dentro.

- Entra aí. – Rafaella falou rapidamente.

- O que está fazendo aqui?

Rafa sorriu.

- É melhor eu explicar com você dentro do carro não acha?

Eu assenti e entrei no carro rapidamente molhando todo o estofado do carro favorito deRafa. Mas ela nem pareceu se importar, seu semblante era um tanto preocupado em minha direção.

- Tira seu sobretudo.

Eu olhei para ela sem entender, será que ela queria transar justo agora?

- Tira ele,Bia, e viste o meu. Você está encharcada.

Eu suspirei, e com certa dificuldade tirei o sobretudo molhado, jogando o mesmo no chão do carro. Rafa ficou me olhando, e depois ligou o carro para da partida. O caminho estava em puro silencio, chegava a ser constrangedor. Mas eu não seria a primeira a falar. Hora ou outra Rafa me lançava um olhar calmo, mas voltava prestar atenção na rua escura. Até pararmos em frente a meu prédio. A mulher desligou o carro, e então tudo ficou silêncio, ouvíamos apenas o barulho da chuva sobre o metal do carro.

Eu suspirei e abri a porta do carro para sair, mas logo senti a mulher me puxar. E quando virei ela tomou meus lábios em um beijo calmo, lento. Eu fechei os olhos sentindo os lábios macios de Rafa se moverem contra os meus com a maior calma do mundo. Sua língua pediu espaço que não demorei a dar. Aquele beijo era diferente, não era carnal e nem carregado desejo. Eu podia sentir nele um alivio grande por ter ela ali, comigo.

Rafa prolongou o ato o máximo que conseguiu, e então foi parando o beijo gradativamente, com pequenos selinhos.

- Me desculpe.  – Sussurrou ela quase inaudível para mim.

Eu suspirei e toquei seu rosto com a ponta dos dedos.

- Eu não queria falar aquelas coisas ontem, juro pra você, Bia.

- Eu acredito em você.

Ela abriu os olhos, me deixando mergulhar naquela imensidão verde. Estavam tão lindos aquela noite, que eu poderia passar horas e horas olhando para eles.

- Eu te amo tá? Eu passei a manhã inteira pensando em tudo. Em nós, em mim, em você, e em Jennyfer.

Eu sorri, poderia ser cômico como Rafaella separava Jennyfer de mim. Como se fossemos duas pessoas diferentes.

- Pensei que tivesse ficado com raiva, e me odiado a manhã inteira. – Falei me encostando no banco do carona. Fazendo Rafa sorrir.

- Não, eu não odiei você. Talvez só na hora que vi seu bilhete. Mas depois não. Eu apenas fiquei pensando mesmo.

- Podia ao menos ter me ligado, não é? Esperei um sinal seu a manhã toda.

- Desculpa, Bia. Eu realmente precisava de um tempo para pensar.

- E chegou a qual conclusão?

- Bom, a conclusão que me precipitei em pedir aquilo. Não que eu tenha me arrependido, eu realmente quero que você saia de lá. Mas eu imagino que deve ter motivos fortes para estar lá. Ou para ter entrado lá. Motivo esse que eu quero muito saber, talvez seja isso que esteja faltando em nós. Eu quero conhecer cada pedacinho da sua vida, mas antes quero que me desculpe por tudo.

- Eu te desculpo, me desculpe também. – Sussurrei para ela. – Por tudo. Pela incompreensão, pela forma como falei e agi.

Rafaella sorriu e pegou minha mão devagar,  dando um pequeno beijo.

- Dorme comigo essa noite?

Ela pediu manhosa, não me deixando outra alternativa a não ser aceitar.

[...]

Point Of View Rafaella Kalimann 

Eu não conseguia pregar os olhos aquela noite. Um milhão de pensamentos invadiam minha cabeça de segundo em segundo, não me dando a chance de descansar por nem um minuto sequer. Olhei para o lado, vendo Bianca dormindo serenamente ao meu lado. Ela estava simplesmente maravilhosa, vestia minha blusa social branca que chegava até o meio do seu bumbum, coberto pela pequena lingerie branca. Que fez total questão de vestir depois que fizemos amor.

Fizemos amor, depois da longa e tensa conversa que tivemos. Eu estava decidida a saber mais dela, descobrir todos os caminhos que a morena que eu tanto amava havia percorrido. E não foram fáceis. Eu descobri que nem sempre Bianca teve uma condição financeira ruim, mas que tudo começou a cair quando seu pai se meteu com jogatina suja, perdendo todo o dinheiro e bens que a família Andrade possuía. Fiquei me perguntando se não tinha como fazer ele parar, mas ela apenas explicou que quando sua mãe soube tudo já estava perdido. Que Sandro Andrade já tinha falido, e que quando já não tinha mais nada passou a obrigar a esposa a trabalhar duramente, e no final de tudo a mulher tinha seu dinheiro levado e novamente perdido.  Deixando assim Bianca e Íris sem absolutamente nada.  Eu juro que me senti mal por aquilo, mas foi bem pior ao ver a mulher chorando ao lembrar.

O vicio tomou conta do pai, levando a bebida e as drogas. A mesma falou com dor o quão difícil era ver sua mãe apanhar todas as noites quando o mesmo chegava. O desespero de ver a cena nunca saíram de sua cabeça, seriam marcas incuráveis.

Eu fechei os olhos, e fitei-a novamente. Fiz um leve carinho em seus cabelos escuros, fazendo a mulher suspirar.

"Jennyfer Silva surgiu por uma necessidade" – Bianca falou limpando algumas lagrimas.

"Como isso começou?"

"Depois que minha mãe colocou meu pai para fora de casa, tínhamos que conseguir uma maneira de nos sustentar. E o salário de minha mãe não era o suficiente. Íris teve problemas de saúde quando muito nova,  e o pouco dinheiro que ela ganhava não dava para tudo."

Eu fitava a mulher que me contava tudo com tristeza. Puxei Bianca para mais perto de mim.

"Eu resolvi ir atrás de um emprego. Mas como você imagina, ninguém quis me contratar. Afinal eu não tinha nem um tipo de especialização em qualquer área. Eu voltei pra casa, mas antes encontrei Amber em um antigo café perto de minha casa. Por algum motivo, Deus mandou ela até ali. No começo eu fiquei com medo, ela me mostrou tudo, a boate e o que as garotas lá faziam. Eu logo pensei que ela me queria como uma prostituta e recusei. Mas ela explicou que não era esses planos que ela tinha para mim. Então eu aceitei. No meio da humilhação que eu estava vivendo, aquela foi a única saída, Rafa"

Bianca falou deixando as lágrimas caírem, e eu delicadamente as enxuguei.

"E depois?"

"Depois eu me tornei Jennyfer Silva. Eu fui treinada por ela, Amber me deu todas as coordenadas para me fazer uma espécie de máquina de sedução. Com um tempo a boate que era fraca começou a crescer. Percebemos que meus shows atingiam um publico grande. E eu, junto de Amber, levantamos a Imperium a um nível fora do comum. Eu comecei a ganhar muito bem, o que levou minha mãe a desconfiar de meu trabalho. Até que um dia ela descobriu."

A morena abaixou a cabeça e respirou fundo. E deslizei as mãos de leve pela costa dela, em um carinho reconfortante.

"Ela me odiou. Eu nunca em toda minha vida esperei ouvir as coisas. Eu me senti a pior pessoa do mundo, a mais suja e impura. Eu chorei por meses ao lembrar de cada palavra que ela falou. Ela me colocou para fora de casa, e eu saí para nunca mais voltar. Deixei tudo em perfeito estado, e prometi que todo mês mandaria uma quantia em dinheiro para ajudá-la com Íris. No inicio ela recusou, mas depois a necessidade falou mais alto." Bianca tomou um gole do vinho e continuou a falar.

"Nesse tempo, eu já conhecia Manoela, ela trabalhava na Kalimann Industy junto com Mariana, e dai elas conseguiram um emprego para mim lá. Então, eu me tornei tudo isso.Bianca Andrade, a secretária de uma multinacional de manhã, e à noite, Jennyfer Silva, a stripper"

"Será que eu me meti em um roubada?" – Falei em tom de brincadeira que a fez sorrir de forma sincera.

"Talvez sim"

Eu sorri e me aproximei dela, puxando seu rosto para um beijo calmo.

"Eu te admiro muito, sabia? Depois de tudo isso, eu só tenho a dizer que estou ainda mais apaixonada por você agora"

Eu olhei em seus olhos castanhos e vi que estavam marejados, depositei um pequeno beijo em cada lado de seu rosto para terminar com um em seus lábios.

"Eu quero ser o diferencial em sua vida, eu quero te fazer feliz."

" Sei que você vai fazer, Rafa."

" Eu prometo. Eu jamais vou decepcionar você, meu amor"

E foi com aquelas palavras que eu defini o nosso futuro. Eu faria Bianca Andrade feliz.

_________________________________________
sera que vem ai?

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