Uma semana já havia se passado desde a noite em que Draco decidiu que beijar Maia Fitzgerald era uma boa ideia. A garota o ignorava totalmente nos corredores da escola, ele também não tinha coragem alguma de ir até ela e pedir “desculpas" novamente.
Mas ela não era tão diferente do amigo, ao menos podia se distrair perseguindo Seth D'angelo para cima e para baixo, situação essa que resultou em alguns beijos escondidos dentro dos armários de vassouras.
— Você foi a melhor coisa que me aconteceu — Seth sorria para a garota em sua frente, a morena não conseguia dizer uma palavra sequer.
— Ah... é — gaguejou. Maia aguardou tanto por esse momento, criando ilusões perfeitas em sua mente, nada poderia dar errado. A não ser o fato de que ela não se sentia da mesma maneira, afinal ela gostava dele, mas foi uma semana apenas — Obrigado — sorriu timidamente.
— Pode me ajudar com o dever de DCAT?
— Claro. — Seth poderia ser muitas coisas, mas bobo ele não era. Sabia muito bem como conseguir a ajuda da corvina em seus trabalhos da escola, Maia já havia perdido as contas de quantos deveres tinha ajudado só naquela semana — É sobre o que?
— Eu não entendi muito bem, o professor pediu para escrevermos como funciona o feitiço contra dementadores. Existe feitiço contra eles?
— Sim, aprendemos sobre esse feitiço no sexto ano.
— Sério? — A encarou surpreso, a garota apenas assentiu e olhou em volta tentando buscar alguma desculpa para poder sair dessa situação.
Se ela ao menos percebesse a figura pálida a algumas mesas de distância dela, conseguiria pensar em algo rápido.
— O que está olhando? — Zabini encarou Draco que observava meticulosamente o casal que estava a alguns metros.
— Desde quando o Seth anda com a Maia?
— Acho que eles estão namorando, por quê?
— Namorando? Ele mal olhava para ela.
— As coisas mudam, por exemplo, há uma semana vocês estavam quase sempre juntos, e hoje você está aí obcecado.
— Essa é outra história.
— Não vai me dizer mesmo o que aconteceu?
— Não foi nada importante.
— Foi importante o suficiente para se afastarem.
— Não quero falar sobre isso, eu tenho que estudar.
— Você quem sabe.
O loiro estava ficando exausto de toda aquela situação, a garota que ele acreditava que gostava, não era a verdadeira. Seu melhor amigo estava quase namorando a maluca da Lovegood e a única pessoa com quem ele podia conversar sobre sua condição atual de veela “em busca da escolhida", havia se afastado dele, pior do que estava não poderia ficar.
— Senhor Malfoy? — Professora McGonagall o olhou por cima de seus óculos meia-lua, o garoto havia se atrasado mais uma vez. Isso já estava virando rotina.
— Sim?
— Posso saber o motivo pelo qual o senhor se atrasou novamente? — Toda a turma estava em silêncio esperando a resposta do rapaz que continuava em pé na porta.
— Eu me distraí na biblioteca, me desculpe.
— Não pense que receberá tratamento diferente do dos outros alunos. — A mulher ergueu uma de suas sobrancelhas, quem olhasse de fora acreditaria que ela dizia aquilo por ele ser um Malfoy, mas Draco sabia muito bem ao que ela estava se referindo.
— Não vai mais acontecer.
— Precisa de ajuda para encontrar uma dupla? Ande logo, sente-se com a senhorita Fitzgerald.
O garoto sequer protestou, estava tão ocupado tentando se manter vivo que mal tinha tempo para fazer suas birras.
— Licença. — Sentou-se ao lado da garota que se afastou para ele se acomodar.
— Como eu já venho explicando em algumas aulas, a animagia é uma das magias mais complexas de serem feitas. O bruxo que consegue concluir a transformação, é chamado de animago.
— Você está bem? — Maia cochichou.
— Uhum. — A professora continuava explicando como a transformação de bruxos que queriam ser animagos poderia dar errado, se não fosse feita de maneira correta.
— Podemos conversar, depois? — O rapaz apenas assentiu, ele era um Malfoy, conseguia muito bem agir com frieza se necessário. Mas não negaria que estava totalmente curioso em saber sobre o que ela queria falar.
— Alguém sabe me dizer o que o Ministério da Magia tem a ver com essa condição? — Maia ergueu sua mão — Senhorita Fitzgerald.
— Após o Ministério descobrir que essa transformação era possível, eles aprovaram uma lei em que os bruxos interessados em tentar fazer essa magia, precisavam pedir a autorização do Ministério e dizer o porquê queriam ter essa habilidade. Mas muitas pessoas burlam essa lei.
— Muito bem. É importante lembrar que um animago escolhe poder fazer essa transformação, ele não nasce com essa condição. — Luna ergueu sua mão — Sim, senhorita Lovegood?
— A senhora disse que essa transformação pode durar meses, mas quanto tempo em média ela demora?
— Se tudo for feito de maneira correta, dura somente um mês, caso contrário deve se repetir o processo.
...
As aulas terminaram em poucas horas, a maioria dos professores pediram relatórios sobre as aulas e pergaminhos. Esse ano com certeza seria um dos mais difíceis para os alunos.
O jantar desta noite está mais apetitoso do que o habitual, ninguém pode negar que os elfos sabem cozinhar muito bem.
— Você vai ao treino amanhã? — perguntou Blásio.
— Por que não iria? Eu sou o apanhador, preciso ir.
— Você tem andado um pouco cansado, pensei que não iria.
— Eu posso estar morto, mas não largo o quadribol.
Isso era verdade, uma das maiores e poucas paixões do garoto é o quadribol, algo que fazia com maestria mesmo que seu pai tenha subornado todo o time para ele poder entrar aos doze anos.
— Olha o drama — Zabini riu.
— Eu estarei lá, mas agora eu preciso ir.
— Aonde vai?
— Preciso pegar alguns livros na biblioteca — mentiu.
— Me espera, podemos ir juntos.
— Eu te encontro lá, estou com pressa.
O loiro sequer esperou sua resposta e saiu em disparada do salão principal, mesmo conversando com Zabini, sua atenção estava totalmente voltada para a mesa da corvinal, afinal de contas ele ainda tinha assuntos para cuidar essa noite.
Os corredores da escola estavam quase que completamente vazios, eram poucos os alunos que iam sozinhos para o dormitório depois da refeição.
— Está perdida? — Encarou a morena em sua frente.
— Um pouco, estou procurando uma caverna, será que pode me ajudar? — O garoto revirou os olhos e falou sua senha, Dumbledore a mudava semanalmente para não correr riscos. Eles entraram na sala e Draco jogou-se no sofá.
— Quer conversar sobre?
— É pessoal, não quero que ria de mim.
— Eu não deveria estar falando com você, já que me larguei sozinho por uma semana.
— A culpa foi sua que veio me beijar.
— Eu já disse que foi apenas por impulso e você retribuiu.
— Esquece isso. — Revirou os olhos — Eu preciso de um conselho seu.
— Fala.
— Seth e eu estamos ficando há alguns dias.
— Eu sei.
— E eu acho que essa noite vamos... Como vou dizer isso, sem parecer estranho? Vamos aos “finalmente”, entende? — Draco ficou espantado com o que estava ouvindo.
— O que quer que eu diga?
— É que... bom, eu nunca fiz nada com ninguém.
— Não deveria estar perguntando isso para alguma amiga? Até a maluca da Luna. — A conversa estava o deixando totalmente desconfortável.
— Eu sei, mas é que ela nunca fez nada. Queria a opinião de alguém com experiência.
— Como? — A encarou assustado, ele sabia das histórias que as meninas inventavam, mas tudo não passavam de boatos. Mas com certeza ele não admitiria para Maia que nunca havia feito sexo.
— Foi o que ouviu, eu só quero saber o que preciso fazer — suspirou. — Deixa quieto, não vai me ajudar mesmo.
— Não, é... só estou surpreso, afinal de contas, nunca falamos sobre isso.
— Eu sei, mas tenho vergonha de pedir ajuda aos outros. — Maia jogou-se ao sofá e encarou os quadros que estavam na parede.
— Você gosta dele?
— Que pergunta besta, é claro que gosto.
— Mas você ama ele?
— Qual a diferença? Se gosto dele, eu posso fazer. — O loiro suspirou, só a imagem de Seth tocando sua amiga já o deixava irritado, mesmo sem ele saber o porquê.
— Se você gosta dele, pode até ser que seja legal, mas eu sei que não quer que seja só legal.
— Quem disse isso foi seu veela sedutor de menininhas? — Draco riu do sarcasmo da amiga.
— Não, mas eu sei disso. Se veio me pedir um conselho é porque está em dúvida, quer mesmo fazer isso com aquele cara?
— Ah... eu não sei.
— Claro que sabe, estão ficando há uma semana e ele já está falando em sexo. Vocês mal se conhecem, o que ele te mostra além das atividades da escola?
— Como foi a sua primeira vez?
— Ah. — Draco pensou no que iria dizer, algo dentro dele pedia para ele desencorajar essa ideia — Bom, são apenas histórias.
— Eu sei, mas como foi para você?
— Não foi Maia, eu nunca fiz sexo. — A garota o encarou confusa.
— Está brincando?
— Não.
— Mas e tudo o que as meninas dizem?
— Histórias. — Maia riu fraco.
— Quem diria... Draco Malfoy é virgem.
— Se contar para alguém eu te penduro no topo do castelo.
— Tá, seu chato! — exclamou. — Por que deixa as meninas inventar aquelas histórias?
— Mais fama para mim, ue. Não vou ficar desmentindo, sairia como o virjão.
— Você é horrível.
— Eu não ligo, decidiu o que fazer?
— Se o Seth gosta de mim, ele vai saber esperar.
Se Maia soubesse o quanto ouvir aquela frase tranquilizou o loiro, acreditaria até que ele sente algo por ela, o beijo mexeu com eles, isso era fato, caso contrário não estariam evitando tanto olhar um para o outro, mesmo que tivessem conversado durante toda noite.
© Expresso Fic & Calina D.L.
São Paulo – Brasil, 2020