Escolhida para lutar

By gabsalgayer

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A ameaça está próxima. O rei feiticeiro de Thails pretende comandar todos os reinos do continente de Loxigan... More

Prólogo
Capítulo 1 - 𝑷𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒖𝒎
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4 - 𝑷𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒅𝒐𝒊𝒔
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7 - 𝑷𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒕𝒓𝒆𝒔
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Epílogo

Capítulo 12

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By gabsalgayer

Nicholas ter se jogado na frente de uma flecha por mim me mostrou o quão apegada estou com os irmãos.

Temi que ele morresse, temi que Ash nunca se recuperaria da morte dele, temi que tivesse que deixá-la depois de deixar seu irmão morrer.

Assim que cheguei no apartamento, vou para o banheiro tranco a porta.

Ligo o chuveiro e me dispo rapidamente. Entro no box soltando o cabelo que batia no quadril. Limpo o sangue e trinco o maxilar ao lembrar que também havia lutado, que havia apanhado feio antes do massacre. Os cortes na minha barriga e nos braços eram a prova de que minha forma não estava boa. Meu rosto também doía, eu tinha um corte da boca e outro na testa e ambos não eram nada para que fizesse alarde.

O que eu chamava de lágrimas começou a escorrer sem parar. Antes que eu pudesse perceber, eu soluçava.

Não posso deixar que se machuquem...

Saio do banho e me enrolo em uma toalha indo até um cantinho com algumas roupas que Ash me deu. Coloco uma calça de couro preta, um suéter vermelho vinho, um casaco simples e uma bota preta com um cano longo que vinha até a metade da coxa. Como meu cabelo ainda está molhado o deixo solto para secar.

Pego uma mochila e coloco apenas uma muda de roupa, uma touca e um par de luvas.

A porta da frente abre e depois de um tempo fecha. Saio do quarto vendo Tony e Nick entrarem.

Volto para o quarto pegando a mochila e indo até eles.

-Diga a Ash que sinto muito por sair sem me despedir...

-O que? Só pode estar brincando! Não pode sair assim, tem uma guarda inteira atrás de você! -Nick se põe no meu caminho bloqueando minha passagem até a porta.

-Exatamente, estão atrás de mim. Não vou colocar você e sua irmã no meio disso - digo e avanço tentando passar mas ele segura meus ante braços e eu quase o soco por isso.

Aqui a cicatrização dos meus machucados é super lenta, suponho que seja quase em velocidade humana. Ou seja, foi apenas uma pequena pressão de Nick e meus braços já começaram a latejar.

-Para, pensa melhor. Dorme aqui essa noite e se ainda quiser ir amanhã eu te levo até o portal de novo e Tony abre para você - Nick diz agora diminuindo a pressão.

-Eu preciso ir agora, Nick - digo desviando de seu toque.

-Eu estou pedindo. Se não fizer por mim, faça pelo cara que levou uma flecha por você - ele diz.

Aperto os olhos em sua direção.

Golpe baixo, Nicholas. Golpe muito baixo.

-Tudo bem, mas eu saio antes de amanhecer - digo e jogo minha mochila no sofá.

-Posso? - Tony se aproxima encarando meus ante braços que mancharam o casaco de sangue.

O encaro avaliando suas intensões e por fim baixo a guarda. Ele senta ao meu lado e toma meus braços em seu colo e recita as palavras de cura enquanto Nick apenas me encarava.

Mantenho meu olhar em um ponto fixo no chão, pensando no que eu devo fazer além de agradecer a ele por levar a flecha, mas nada pareceu suficiente.

Assim que Tony termina ele me encara buscando uma explicação.

-A guarda de Thails... - começo e ele me interrompe.

-Vi os uniformes, sei quem eram. O que eu não entendo é como você massacrou todos eles com um gesto e está acordada - ele dispara. -Na primeira vez que eu usei magia aqui eu quase morri, fiquei de cama por semanas e todas as vezes que eu ia usar magia pensava duas vezes, uma vez eu me descontrolei e derrubei um prédio, Victoria.

-Não foi eu...

-Não importa - ele resmunga. -Poderia ter matado todos que estavam no parque, ou pior, Nova Iorque inteira poderia ter sido dizimada.

-Eu não acho que teria tanta magia... -ele me interrompe novamente ficando de pé.

-Eu sei que tem porque está melhor do que qualquer um que usou magia aqui pela primeira vez - ele aponta o dedo para mim e eu me levanto. - Eu peço que não use mais magia, se não foi você então controle o que foi - ele diz e caminha até a porta.

-Eu não ia fazer - digo antes que ele tocasse na maçaneta. -Eu morreria á deixar que algo ruim acontecesse com algum inocente, Carli não pensou direito e conversarei com ela, mas não cabe a você apontar o dedo na minha cara dizendo que o que fiz foi errado se não foi uma escolha.

-Tudo é uma escolha, garota - ele diz calmo. -Aqueles homens também eram inocentes, tinham uma família, filhos... Só estavam seguindo ordens - ele trinca o maxilar.

-Essa foi a escolha deles - digo com um nó na garganta e ele bufa saindo do apartamento.

Nicholas se aproxima e procura meu olhar, assim que o encaro ele diz:

-Eu não acho que deveria morrer para salvar quem nem conhece - ele suspira.

-Eu não acho que você deveria ter se jogado na frente de uma flecha por uma garota que conhece há menos de um mês - digo levantando a camisa dele para ver o ferimento, mas havia apenas uma pequena cicatriz, então deixo a camisa cair e caminho até a cozinha.

-Touché - ele responde rindo e me segue. - Mas ainda sim... -ele começa mas eu o interrompo.

-Você tem uma irmã, ela precisa de você. Não foi justo você fazer isso... Você pensou nela? Pensou no que eu diria para ela? Pensou em como eu contaria que quebramos a promessa que fizemos a ela e saímos, e nesse "passeio" o irmão dela morreu? - digo enquanto segurava um copo de água.

Ele engole seco e senta na cadeira da ponta da mesa encarando o chão.

-Você tem razão, Vic. Tem razão - ele diz e eu bebo a água. -Mas minha mãe me ensinou que eu nunca devo negar ajuda à uma donzela em perigo - ele diz com uma pitada de sarcasmo.

Apenas o encaro com desdém.

-Eu não era uma donzela em perigo... -digo revirando os olhos.

-Pareceu, e eu faria de novo - ele diz e eu encaro.

-Aí eu bateria em você - digo. - Como pode ser tão... -tento achar a palavra certa.

-Cavalheiro? - ele sugere e eu bufo.

-Impulsivo - resmungo. - Você não acha mesmo que eu vou me jogar aos seus pés por isso, acha? -Pergunto e ele me olha incrédulo.

-Contava com isso, Milady - ele leva a mão ao peito em sinal de mágoa, depois ele ri de si mesmo e me encara com um sorrisinho. - Acho que você ainda não me conhece o suficiente para saber que eu faço o que eu acho certo independente de...

-De morrer e deixar Ashley sozinha? - Disparo e em um milissegundo pude ver um pingo de mágoa em seus olhos, mas ela logo se foi. -Eu agradeço sua coragem mas eu não me perdoaria se você morresse...

-Eu sabia que não me deixaria morrer - ele resmunga - e além do mais, Ash sabe se virar.

Demonstro meu olhar mais incrédulo possível e saio da cozinha deixando o copo na pia.

Em questão de cinco minutos, Ashley entra no apartamento e rapidamente percebe o clima pesado.

-Parece que alguém morreu aqui... -ela dispara em tom de piada.

-Victoria vai para o Brasil amanhã - Nick declara com pesar na voz.

-O que? Não! - ela larga a mochila e caminha até mim sentando ao meu lado no sofá. Nick assistia tudo da bancada da cozinha, ele me encarava em um pedido silencioso para não contar sobre o parque.

-Eu sinto muito Ash, mas eu não posso ficar para sempre. Eu estou apenas de passagem, já passei mais tempo aqui do que o planejado. Tem pessoas que precisam de mim... - digo com meus irmãos em mente.

Fazia tempo que não pensava neles. A lembrança deles me levava aos meus pais e ao dia em que ambos morreram diante de mim no meu aniversário, isso era mais que doloroso então ultimamente não me permitia pensar neles.

-Mas você ainda não tem controle da magia... - ela argumenta a eu pego sua mão.

-Tenho mais controle que o necessário, Ash - suspiro e vejo seus olhos marejarem.

-Nick... -ela encara o irmão pedindo alguma coisa que eu não compreendi.

-Não! -ele quase berra. -Não mesmo!

-O que? - pergunto e Ash me encara.

-Eu vou para o Brasil com você - ela diz.

-Não! - eu e Nick falamos juntos dessa vez. -É muito perigoso, e eu não sei o que vou encontrar lá - agora digo sozinha.

-Sem contar que você mal sabe dar um soco - Nick argumenta.

-Sei sim! Quer ver? -ela levanta e Nick corre se escondendo no armário de vassouras o que fez Ash recuar até mim novamente.

-Eu vou com você! E se não quiser que eu vá... vou seguir você mesmo assim - ela diz e eu bufo.

-Você não vai, Ashley - digo levantando decidida e ela me encara como uma criança mimada que não ganhou o que queria.

-Obrigado! - Nick se dirige a mim e volta a sentar na bancada.

-Não se meta Nicholas - Ash dispara com ódio nos olhos. -Eu não vou deixar que morra! - ela diz e eu rio.

-Ah, isso parece familiar - digo mas não olho para Nick. -Mas eu não vou morrer, pode ficar tranquila. Manteremos contato até depois do Brasil, quando eu voltar para Makai comprarei um bom telefone e conversaremos sempre, ok? - digo e ela nega, apenas bufo me jogando no sofá.

-Então Nick vai conosco - Ash diz e Nicholas cospe a água que bebia.

-O que? - ele murmura incrédulo.

-Ashley - a chamo. - Você vai para me proteger e Nick vai para proteger você... algo nisso não vai dar certo. Vocês precisam ficar aqui, eu trabalho melhor sozinha... -Nick me interrompe.

-Isso em todos os sentidos? Porque... - ele começa.

-Nicholas! - eu e Ash disparamos e ele gargalha ficando quieto.

-Por favor, Vic. Eu não saio de Nova Iorque desde que minha mãe morreu, e você é minha única amiga, pelo menos a única que não fala comigo por interesse - ela pega minhas mãos. -Me deixa ajudar, eu sei que faria o mesmo por mim...

Encaro um ponto fixo atrás dela pensando.

-Não pode estar considerando isso! - Nick caminha até nós - você não vai Ashley, assunto encerrado.

-Você não decide isso... -Ash se prepara para discutir.

-Pode ir - digo e ambos me encaram perplexos. -Mas precisa saber que vai ser um peso, preciso que saiba que vai mais me atrapalhar do que me ajudar, eu não posso cuidar de nós duas. Eu estou controlada, mas não sei o que minha magia pode fazer nesse mundo. Já ouvi sobre coisas ruins não intencionais -digo.

-Você não vai me machucar...

-Ashley, eu não posso prometer nada a você. Nunca mais - digo me referindo ao passeio de hoje. Nicholas me encara magoado. -Muitas pessoas já morreram por mim, mas eu aprendi que todos tem uma escolha, e se você escolhe ir comigo, eu não vou impedi-la. Mas o seu irmão precisa mais de você do que eu. Eu saio antes de amanhecer - digo e caminho para o quarto.

Eu ouvi os irmãos conversarem por horas, coloquei em mente que independente do que Ash falasse, eu aceitaria sem hesitar. Eu sou grata aos irmãos por absolutamente tudo que me deram nessas semanas, mas eu não gosto nem um pouco de colocar a vida deles em risco.

Minha família está destruída. Meus irmãos talvez nem me reconhecerão e guarda de Thails está com Malvon que também passou a ser minha família.

Os irmãos não são menos importantes e eu só queria que fossem menos teimosos em relação a me ajudar. Há poucas horas Nicholas quase morreu por uma flecha e agora Ashley está cogitando ir para o Brasil comigo sem nem termos certeza do que encontraremos lá...

Enquanto eu estava perdida em pensamentos, Nick aparece no quarto e entra fechando a porta.

-Ela vai ouvir - digo me referindo á audição Lupina.

-Que ouça - Nicholas bufa. - Me dê mais tempo - ele diz - fique mais uma semana e eu tiro essa ideia da cabeça dela, saia quando ela estiver dormindo, deixe um bilhete ou algo assim. Não posso deixar minha irmã ir nessa "missão".

-Sem chance, Nicholas - resmungo e me levanto. - Espero que você saiba que está tentando evitar que sua irmã vá em uma missão suicida comigo, sendo que há poucas horas você quase morreu por mim - bufo. - Eu só quero que vocês dois fiquem seguros, aqui, e vivam normalmente.

-Viver normalmente? Ashley nunca mais vai olhar para mim se não ajudar você!

-Então conte sobre o parque. Conte que já ajudou muito mais que o suficiente, ou melhor, vocês me deram uma casa, uma cama, comida... Não tem mais nada que eu poderia pedir que fizessem. Pela Lua, não pode simplesmente amarrar ela? - Resmungo e ele relaxa rindo.

-Eu vou tentar mais um pouco, mas... -ele teme continuar.

-Se a decisão dela permanecer, então eu morrerei por ela se for necessário - digo e ele cai na cama sentado.

-Eu não pediria isso, não depois do parque - ele diz.

-Converse mais com ela, tenho certeza que vão entrar em um acordo - digo e ele suspira concordando.

-Vai jantar? - ele pergunta e eu percebo o céu já está escuro. -Não comeu nada o dia todo...

-Não estou com fome, obrigada - digo gentil e ele assente.

Nick sai do quarto me deixando sozinha e eu volto a pensar se estou fazendo o certo.

Nenhum inocente vai morrer por mim.



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