Cinco Dias (RABIA)

By bark2020

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Quando o isolamento não deixa outra alternativa a não ser dar vida ao que se tentou evitar e mascarar, mas qu... More

Lockdown
Tombo
Oferta
Início
Desconforto
Realização
Porre
Dia 5, Pt. 1
Dia 5, Pt. 2
Perspectivas/Bixinho
Rotina/V, Pt. 1
V, Pt. 2
Dezembro
Sente, Pt. 1
Sente, Pt. 2
Madrugada
Madrugada, Pt. 2
[MIMO]
Recomeço
Todo Carinho
Contraponto
Esconderijo
Peônia
Inquietação
Desorientação
Elucidação
[MIMO 2]
Descontrole
Calmô
Verde
Difícil
Oposição
Aliança
Sábado
Pressão
Distância
Colisão
Back to Bad
[MIMO 3]
Refazer
Natural
[MIMO 4]
Chuva
Hipotético
Roma
Junho
Chega
Ventura
[AGRADECIMENTO]
[BÔNUS]
[MIMO BÔNUS]
[BÔNUS 2]
[BÔNUS 3]
[AVISO]
[BÔNUS 4: BAHIA]
[BÔNUS 4: NUVEM]
[BÔNUS 4: ROSA]
[BÔNUS 4: CINCO DIAS DE SOL]
[BÔNUS 4: GELO]
[PARÊNTESIS]

Brisa

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By bark2020

Oi, rabiazinhas!

Voltei!

A fic deu uma crescida nos últimos dias (~será por quê?~) e eu fiquei muito feliz com vocês gostando dos capítulos!

E me acabo de rir também com vocês espantados com a Missionária...kkk

Enfim, capítulo soft hoje, como não poderia deixar de ser, mas necessário para já lançar as ideias para termos os próximos, né?

Espero que se distraiam!


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O sol brilhava vibrante através do único pedacinho de janela que não era coberto pela cortina do quarto de Bianca, produzindo um feixe luminoso que foi a primeira coisa que chamou a atenção de Rafaella assim que ela acordou.

Quando abriu os olhos naquela manhã, Rafa imediatamente seguiu a direção do raio de luz, que coincidentemente iluminava parte do rosto de Bia, que ela percebeu estar dormindo ali ao lado, tão confortável e com as pernas jogadas em cima das suas.

Sorriu quando se deu conta da folga da carioca.

Girou o corpo com cuidado – especialmente as pernas, para não acordar Sua Majestade – e ficou de lado, encarando a porção iluminada do rosto de Bianca. E tão absorvida pela imagem que toda a sua postura corporal revelava: olhos verdes fixos, respiração pausada e profunda para sentir o cheiro de Bia, mão direita próxima à boca, e dentes mordendo levemente o polegar para evitar a vontade ridícula de que a mão saísse dali e fosse parar em qualquer porção de pele da empresária.

Deu-se todo tempo do mundo para tentar racionalizar o caos delicioso da noite anterior, mas só o que conseguiu foi concluir que o que tinha acontecido ali tinha qualquer suporte, menos o da racionalidade. Dando-se por vencida, percebeu que Bia não acordaria tão cedo e ensaiou para sair dali com o máximo de delicadeza possível.

Quando conseguiu, ajeitou o edredom para cobrir direito a morena em mais uma manhã fria, e saiu do quarto ajeitando o cabelo.

R: Ei... – sussurrou ainda enquanto fechava a porta, abaixando-se em seguida – Não é hora de miar, não, pequena voluntariosa. – Pegou a gatinha no colo e deu um cheiro no pescocinho dela – Sua mãe tá dormindo ainda.

Com Luete no colo, Rafa seguiu até a área de serviço e observou que estava quase sem água no pote de Lua. Colocou ela no chão e foi resolver isso.

Voltou para a cozinha e parou com as mãos na cintura, observando toda a bagunça que tinha ficado na pia e sobre a bancada, onde tinham praticamente se engolido.

Sem um mísero traço de indisposição e com um sorriso enorme no rosto, começou a limpar tudo para logo deixar o café da manhã preparado para elas.

Um bom tempo depois, foi a vez de Bianca despertar.

Atordoada, ela demorou a se dar conta de que não deveria estar sozinha na cama. Procurou Rafa pelo quarto com os olhos e, como não a encontrou, imaginou mesmo que tinha extrapolado no horário.

Sentiu vontade de pular da cama e ir ao encontro dela o mais rápido possível, mas as lembranças lhe nocautearam.

Quando sua memória ficou gráfica demais e ela se deu conta da noite incrível que tinha tido, rolou pela cama com o maior sorriso que conseguiu produzir e, de bruços, afundou o rosto no travesseiro sobre as duas mãos. Chegou a bater as pernas no colchão, parecendo uma menininha extasiada com uma sensação nova.

Ficou novamente de barriga pra cima e respirou fundo, tentando se recompor. Pulou da cama, enfim, e passou no banheiro antes para fazer uma rápida higiene.

Ainda no corredor que levava para a sala, observou Rafaella sentada em uma poltrona de canto, com a feição preocupada e o celular na mão.

B: Bom dia! – Pronunciou baixo, tentando não assustar a blogueira que parecia longe em pensamentos.

Pega de surpresa, a feição preocupada de Rafa não sobreviveu à calmaria que ela sentiu quando ouviu a voz ainda rouca de sono e a cena sendo completada pela imagem de Bia com as mãos cruzadas em frente ao corpo, em um pijama de shortinho fofo e uma expressão adorável no rosto.

R: Bom dia! – Deixou o celular na mesinha ao lado e estendeu a mão para a carioca – Não notei você entrando.

B: Percebi. – pegou a mão de Rafa e foi sentar no colo dela, dando sequência à fala – Os contatinhos, né? Eles começam cedo a marcar território. – Rafaella ajeitou-a no colo.

R: Já disse que não tem isso. – encostou uma testa na outra, com um sorriso tranquilo e levou uma mão ao rosto de Bia – Bom dia de novo! – Sorriu e deu um selinho carinhoso nela – Dormiu bem?

B: E tinha como dormir mal? – Sorriu maliciosa e estalou os lábios novamente nos da mineira e emendou um bico manhoso – Só não curti essa parada de acordar sozinha.

R: Ah, você sabe que eu sempre acordo antes que a média da população. – abraçou ela apertado, tentando desfazer a marra – E não consigo ficar parada muito tempo.

B: Eu sei. – pronunciou suave e desenhou os lábios de Rafa com as pontas dos dedos, admirando ela longamente. Quando a mineira já ia reagir, constrangida, ela finalmente saiu do transe – Tu é uma bicha bonita demais, Rafaella, eu não sei não se eu dou conta disso tudo. – gargalhou, agarrando ela em seguida.

R: Não só dá, como já deu e deu muito. – beijou o ombro dela e voltaram a se olhar de frente. Rafa divertiu-se com o jeito acanhado de Bia depois da fala dela – Ala, num dou conta, não! Que trem mais fofo quando você fica toda envergonhadinha assim! – encheu o rosto dela de beijos.

B: Depois da vacina do corona, espero que achem uma vacina pra te neutralizar e eu me defender de tu, porque já tá ficando ridículo isso. – escondeu o rosto no pescoço dela, sentindo o conforto dos braços de Rafa lhe acolhendo cada vez mais carinhosamente.

R: Preparei o café pra gente.

B: Claro que você preparou. – revirou os olhos – "Super Rafaella do bonde das pessoas funcionais pela manhã".

Rafa deu um tapa leve na coxa dela, repreendendo a gracinha.

R: E já acordou sem bota, né? Pensa que eu não tô de olho em você, não, né Dona Bianca?

B: Tava demorando. – suspirou frustrada.

R: Você já ficou sem ontem, a noite inteira. – fez um carinho no rosto dela, tentando quebrar o tom repressor.

B: Ontem não dava, né? Um date em pleno lockdown... Você acha que eu ia passar essa vergonha? – torceu o nariz e Rafa só balançou a cabeça, conformada – Mas eu tô ligada, só esqueci agora. Vou colocar já, já.

R: Faz isso. – Deu outro selinho.

B: Mas aqui... Porque tu tava com carinha triste quando eu entrei? – espantou uma mecha de cabelo do rosto de Rafa – Eu fiz chacota com os contatinhos, mas eu vi uma badzinha por aqui.

R: Tava falando com meu irmão. – torceu os lábios.

Sabia que não caberia dar nenhuma resposta evasiva – não depois da discussão da noite anterior – Mas também não queria prolongar muito aquela vibração ruim, então tentou encerrar:

– Nada que valha a pena agora.

B: Hum... – tentou processar a informação junto com a lembrança de todo o rolê que quase deu ruim na noite anterior – Rafa, é... – custava-lhe muito dizer aquilo, mas ela sabia que era o certo – Eu sei que eu fiz uma algazarra danada ontem com essa história, mas não pensa que eu não vou entender se você tiver que ir, não, por favor. – fez uma pausa, estudando as reações da mineira e tomando uma certa coragem – Eu sei o quanto de prejuízo e transtorno isso vai te causar, então se você tiver que ir, eu vou entender.

Rafa soltou um sorriso admirado.

R: Você esquece que eu decidi isso antes de você saber e me confrontar. – pegou a mão de Bia e beijou – É uma escolha minha, Bia. Não teve a ver com a sua algazarra. – Riu da palavra que ela teve que repetir.

B: Tá rindo do meu meme, né, palhaça? – deu um tapa no ombro de Rafa – Eu falo que você se infiltrou no meu fandom.

R: Ai, Bia... – começou a rir mais – Eu acho que todos os fandoms do bbb20 conhecem esse meme. Todo mundo usa!

B: Eu fico feliz de ter fornecido entretenimento de qualidade para o povo doido do twitter. – manteve a expressão superior no rosto e Rafa foi se obrigando a parar de rir – Mas enfim... – tentou retomar – Eu entendi que você decidiu sozinha isso, e eu fico muito lisonjeada, de verdade. – Deu um beijo carinhoso na testa de Rafa, que recebeu de olhos fechados – Mas pensa direitinho, se brigou com irmão e tudo... Talvez seja importante!

R: Não é isso tudo de importante, não, Bia. Ele que gosta de me censurar e controlar mesmo, e isso me chateia demais da conta. Por isso que as vezes eu fico assim, mas logo passa... – balançou a cabeça, e Bianca percebeu pela primeira vez um traço novo em Rafa que ela não conhecia.

Não quis insistir no que tanto magoava Rafa, porém, e preferiu então mudar o rumo da conversa.

B: E o café da manhã, hein? – arqueou as sobrancelhas duas vezes.

R: A mesa tá posta lá, é só eu colocar o pão na sanduicheira e... – Tentou afastar o corpo de Bia e levantar, mas a carioca não permitiu, pesando o corpo e segurando-a pelos ombros.

B: Você já vai ter o seu café da manhã. – levou as duas mãos ao pescoço e nuca de Rafaella, emendando cheia de malícia – Deixa eu ter o meu antes?

A mineira sorriu e se rendeu, recebendo um beijo cheio de desejo na sequência.

Agarrando-se aos cabelos de Rafa, Bia tomou totalmente o domínio do beijo para si, explorando a boca da mineira com toda calma e vontade do mundo. Tentando não enlouquecer naquela posição e já sentindo a mão de Rafaella em sua bunda, Bianca levantou e puxou a blogueira pelas duas mãos, despencando aos risos no sofá que estava ali ao lado.

R: Acho que eu é que não dou conta de você. – por cima de Bianca, Rafa levou a mão ao rosto branco, encarando o olhar enegrecido que lhe atiçava naquele momento.

B: Não só dá, como já deu. – Repetiu as palavras que foram de Rafa poucos minutos atrás, mordeu o lábio inferior da mineira e completou em outro sussurro indecente – E deu gostoso. – enlaçou o corpo dela com as pernas e aprofundou o beijo desesperado novamente.

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Depois do momento delicioso no sofá, saíram cheias de fome para tomar o café da manhã que Rafa havia preparado.

R: E os planos de hoje, quais vão ser? – disse enquanto passava geléia em uma torrada.

B: Expectativa: Passar o dia inteiro na cama com você. – a mineira só chacoalhou a cabeça, dando risada– Realidade: Você provavelmente participando de live de sei lá qual dupla sertaneja, e eu enlouquecendo a minha equipe pra gente ter ideias novas.

R: Eu voto na expectativa. – esticou o corpo e estalou os lábios nos de Bianca, que tinha sentado na sua diagonal na mesa da cozinha.

B: Tava certa ou não tava quando falei que você era do bonde da safadeza? – tirou onda com a missionária – Errada não tava.

R: Sou cabeça fraca e você me influencia desde que eu comecei a te seguir, uai. Claro que eu ia ser contagiada por toda essa safadeza grudada nesse seu corpo delicinha. – piscou pra ela.

B: Mas é boa de lábia e de inverter o jogo a tal da missionária, puta que pariu. – gargalhou – Tô fodida!

R: E espero que bem! – disse displicente, já esperando a reação.

B: Por Deus, Rafaella! – jogou um pedaço de pão nela comicamente – O que você fez com a missionária que infernizou a minha vida naquele BBB? Devolve ela porque eu não tô conseguindo acompanhar essa versão com piadinhas de conotação sexual, não.

R: Eu te falei que eu não era esquisita, Bia, não falei? – recolheu o pão que havia caído no chão – Você só não acreditou muito em mim.

B: Duvidei um pouquinho, confesso, mas... – levantou e chegou mais perto – Do seu abraço... Dele eu sempre gostei! – encaixou Rafa em um abraço gostoso. Quando se soltaram, Bia sorriu carinhosa e tentou mudar o assunto – Aqui, o que tu acha que tua galera no twitter diria se soubesse da gente?

Antes de responder, Rafa olhou para o alto, refletindo.

R: Hum... Acho que meio que ia ter de tudo! Gente decepcionada, gente apoiando incondicionalmente, as Rabias falando que era old, enfim... Quem controla esse povo doido de lá? – deu de ombros – e o seu?

B: Ah, tirando o nosso Rabia que vão usar aquele meme de fingir surpresa, o resto do meu bonde ia dizer uma única coisa. – disse tranquila.

R: O quê? – estranhou a certeza da carioca.

B: "Te falta ódio, Bianca!", é isso que eles iam dizer. – rolou os olhos – Eles falam isso pra mim dia e noite.

R: Errado num tão, né? – riu da cara dela – E eu agradeço por isso, Paizinho! – olhou para o alto – Pode ter demorado um pouco, mas você me deu uma chance também. – alcançou a mão dela sobre a mesa.

B: E te levei pra cama na primeira oportunidade. – levou a xícara de café aos lábios, completando com bom humor em seguida – "Boca Rosa cancelada, porque levou Rafa Kalimann para a cama", já aguardo essa notícia nos instagrams de fofoca.

R: Acho incrível como você lida com isso. – apertou os olhos, investigando melhor a reação bem humorada.

B: Nem sempre tão bem, não se engane. Eu só não tenho escolha... – Sorriu fraco e Rafaella percebeu que pesaria o clima se fossem por ali.

R: Bom! – soltou a mão de Bia e bateu uma palma, tentando recolocar o assunto nos trilhos – Trabalho vai ter, né? Cama o dia inteiro não vai dar. – fez um biquinho – Mas já que isso aqui já tá mais para um brunch mesmo, eu posso ir em...

B: Pode nada. Vai trabalhar daqui hoje e não tem discussão. – cortou imediatamente.

R: Uai, não era você que dizia que não ia prestar a gente trabalhando juntas depois que a gente ficou? – cruzou os braços.

B: Eu erro, né? Qual a novidade? – apontou para si mesma, fazendo uma careta engraçada – Vamos ter que fazer dar certo, não quero ficar longe de você, não. – disse como se fosse a coisa mais normal do mundo, aquecendo o coração de Rafaella.

R: Então vai ser assim. – sorriu e baixou a cabeça em seguida – Pensei em uma coisa que falariam de mim lá no twitter se vissem isso aqui.

B: O que? – fez cara de dúvida com a retomada do assunto.

R: Cadelinha da Bianca. – gargalhou já se levantando da mesa para guardar as coisa – E, no caso, eu nem tenho como me defender.

B: Náááááá... – pegou Rafa pela mão e puxou ela, fazendo ela sentar em seu colo – Eu sou a maior cadelinha daquela rede social. Nem venha querer roubar meu reinado. – beijou os lábios da mineira.

R: Cadelinha de mulher bonita, né? Tô sabendo. – apertou os olhos.

B: Pois é... – não se intimidou – Imagina então a vantagem que tu vai ter sendo a mulher mais linda de qualquer rolê possível? – alargou o sorriso.

Rafaella até tentou manter o tom indiferente e indignado, mas não resistiu à declaração. Apenas sorriu e deu início a outro beijo.

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E assim o dia prosseguiu, nesse mix de inconformismo em manter os compromissos, e uma escapadinha aqui e ali para matarem o desejo reprimido.

Quando estavam finalmente chegando ao início da noite e final dos compromissos, o celular de Rafaella tocou.

Ela atendeu ainda no escritório em que se manteve trabalhando e, depois de encerrar a ligação, voltou para a sala onde Bianca tinha ficado na companhia de Lua e de seu computador.

B: Acabou? – abriu o maior sorriso do mundo.

R: Uhum. – sorriu fraco de volta e caminhou até o sofá onde Bia estava.

B: Que maneiro! – Deixou o notebook de lado e se pendurou no pescoço de Rafa, enchendo ela de beijos pelo rosto todo – Tava me sentindo ridícula já, porque mais um pouco e eu ia bater lá pra roubar um beijo.

R: Linda! – ainda agarrada à carioca, sorriu e trocaram o beijo que Bia tanto sentiu falta.

B: Deu tudo certo nos compromissos de hoje? – limpou o batom levemente borrado na mineira.

R: Graças a Deus! – ergueu as mãos para o alto e endireitou-se no sofá, pegando na mão de Bianca antes de continuar – Mas agora no final me chegou uma boa e uma má notícia.

B: Ai, meu Pai, tava bom demais pra ser verdade mesmo! Começa pela boa, vai!

R: Boa mais pra mim mesmo... Não envolve a gente – deu risada do jeito de Bia.

B: Ué, mas se é boa pra você eu quero saber pra ficar feliz junto, carái! – empurrou o ombro de Rafa – Despeja, vai!

R: É que eu ando em conversas com o pessoal do programa já tem muitas semanas, e hoje deu uma desenrolada boa pra talvez dar certo de fecharmos uma parceria pro ano que vem.

B: Pra ajudar no Rede BBB? – questionou com um sorriso no rosto e Rafa apenas acenou afirmativamente, mordendo o lábio – Que maravilha! – encheu o rosto dela de beijos.

R: Calma... – tentou ser ponderada – São só conversas ainda, mas fiquei feliz com o andamento hoje.

B: Ah, você merece muito! Vai te dar uma boa visibilidade. – Deixou um carinho no rosto da mineira.

R: Bom, agora... A ruim não é exatamente ruim, mas tá mais pra um imprevisto.

B: Imprevisto? Que imprevisto? – sentou com as pernas cruzadas em cima do sofá, girando o corpo para enxergar melhor o rosto de Rafaella.

R: Manu. Tá vindo aí. – apertou os olhos, fazendo uma careta culpada.

B: Ah, isso. – levou a mão ao peito – Juro que achei que você ia voltar pra Goiânia.

Rafa tombou a cabeça, achando adorável a aflição de Bia. Perguntou-se por uma fração de segundo como tinham chegado neste ponto em tão pouco tempo, mas nem se deteve muito, pois já tinha cansado de tentar explicar o inexplicável.

R: Não é isso, não. Acho que ainda temos mais uns dias juntas. – levou uma mão ao rosto branco e deslizou suavemente seu polegar na bochecha esquerda de Bia. – A questão é que ela tá vindo pra jantar comigo e...

B: E vai roubar minha garota de mim! – interrompeu com voz de Luete e abraçou Rafa possessivamente.

R: Só um pouquinho. – beijou o pescoço de Bia e acariciou os cabelos castanhos.

B: Será que ela vai querer dormir aí? – afastou o corpo, sem conseguir esconder no olhar a inquietação.

R: É uma possibilidade, né? Por todas as condições limitadoras. – suspirou – Mas se acontecer, a gente compensa amanhã, tudo bem? – apertou a mão dela.

Percebendo uma nota de silêncio em Bianca, antes que a carioca se pronunciasse Rafaella seguiu tentando remediar.

R: Eu nem imaginava que ela vinha e fiquei sem jeito de dizer não. Tá difícil de inventar alguma coisa estando todo mundo preso em casa, né?

B: Tsc... – fez um som de estalo com a língua, saiu do transe chacoalhando a cabeça e selando rápido os lábios de Rafa antes de dar sua resposta – Tá tranquilo! Ela é sua amiga, formaram uma amizade tão linda na casa... Nunca que eu ia falar nada contra e correr o risco de ser cancelada pelo fandom Ranu. – sorriu sem mostrar os dentes.

R: Pois é, e Manuzinha anda meio doidinha. Preciso dar um suporte! – puxou ela para se encaixar em seu abraço lateral e deitar a cabeça em seu ombro.

B: Sempre salvando todo mundo. – levantou a cabeça para olhar Rafa na diagonal, recebendo um sorriso carinhoso e um beijo na testa em seguida.

R: Tentando, né? Mas né fácil, não. Ultimamente eu não tenho um segundo de paz. – disse bem humorada e Bia apertou a coxa dela, repreendendo a indireta.

B: Acho que... – vacilou um pouco antes de continuar, mas seguiu em frente – Se fossem outras condições, ou outra pessoa, eu até sugeriria algo aqui em casa, mas acho que tá meio fora de cogitação, não?

R: Ah... – foi pega de surpresa e agradeceu mentalmente por ter Bianca em seu ombro, fora da linha de seu olhar. Tentou pensar rápido para dar sua resposta. – Como eu disse, Bi, a Manu tá nessa vibe precisando de uma atenção especial.

B: Eu entendo... – torceu os lábios, e Rafa não precisou ver o rosto dela para sentir no tom de voz a chateação, ainda que leve. E o esforço também foi bem delimitado pelo suspiro que precedeu a finalização – Quem sabe em outro momento, né?

R: Com certeza. – beijou a cabeça dela com carinho.

B: Ela demora?

R: Não, acho que meia horinha, no máximo. – apertou o abraço.

B: Ah, paciência... – saiu da posição e sugestionou que Rafa deitasse de lado no sofá, encaixando-se de frente à mineira e completando em seguida – É tempo suficiente pra gente ficar de romance gostosinho antes de você ir.

R: Não vou abrir mão de nenhum minuto. – afastou o cabelo que caia no rosto de Bianca, contemplando os traços dela com um sorriso no rosto.

E ali ficaram, entre carinhos e beijos até quando lhes foi possível.

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M: Meu Deus, Rafa! – a cantora abriu os braços no meio da calçada, assim que enxergou a mineira no portão de seu próprio prédio – De novo fora de casa?

R: Nossa... – virou-se descompassada – Oi, Manu! Chegamos juntas. – sorriu fraco, mas a máscara ocultou. Abriu o portão e tentou seguir. – Vem, vamos entrar!

M: Eu achei que você estivesse em casa, mas pelo visto andou batendo perna por aí de novo. – Demonstrou com o olhar a reprovação.

R: Olha quem fala, né? – revirou os olhos.

M: Eu tenho me limitado a vir te visitar, apenas isso. É o mínimo que eu necessito para não delinquir sozinha naquele apartamento. – exagerou no tom, para variar.

R: Tá certo, Dona Manoela, tá certo. – sorriu conformada, entrando no elevador.

M: Mas e você? Tá vindo de onde?

R: Eu? – apertou o botão do elevador, concedendo-se um segundo para refletir no que dizer. Mas não conseguiu não dizer a verdade – Eu tô vindo da Bia, zero bater pernas.

M: Verdade, a exploração ao serviço de enfermagem trouxa prossegue. Tinha me esquecido desse detalhe! – o tom de desdém subtraiu qualquer reação de Rafaella, que limitou-se a aguardar a porta do elevador abrir e entrarem no apartamento.

A verdade é que era para a influencer ter chegado uns bons minutos antes, mas como não era difícil de imaginar, tinha se perdido completamente nos amassos com Bianca.

Ainda tentando se recuperar da correria, deu sequência:

R: Apesar de meio tumultuado, para variar, a alegria de te ter aqui continua grande demais da conta. – Retirou a máscara e mostrou o sorriso sincero.

M: A Senhora melhore, porque senão eu desisto, hein? – esmerou-se no tom de bronca, mas não aguentou muito e logo estava retribuindo o sorriso inevitável à conexão Ranu.

R: Vai desistir nada, não! – higienizou as mãos e saiu andando para a cozinha, com Manu atrás dela – Eu vou cozinhar uma comidinha tão deliciosa pra você que não vai querer sair daqui é nunca mais na sua vida.

M: Não fala muito que eu aceito, hein? E aí TCHAU, Boca Rosa! O reinado passará a ser todo de Maria Manoela, capricorniana com ascendente em virgem. – O tom pomposo teria feito Rafa gargalhar em condições normais, mas a insistência em trazer Bia de volta à conversa acabou tirando qualquer normalidade do cenário.

Sendo assim, limitou-se a sorrir discretamente e balançar a cabeça negativamente.

R: Mas o que a Senhorita me conta desde a última vez que nos vimos? Tá mais calma? – abriu a geladeira para tirar o que precisaria para cozinhar, enquanto Manu se apossou de uma das banquetas que havia por ali.

M: Ai, agora tô ótima! – deu um leve pulo no assento, completamente empolgada – Minha cabeça tá borbulhando de ideias e já colei post its pela minha sala inteira planejando as novidades.

R: Olha só, graças ao Senhor por isso! – direcionou as mãos para o alto – E um spoilerzinho, rola?

M: Profissional ainda não, porque eu não tenho capricórnio e virgem no meu mapa astral para não ter método e estratégia. Vamos com calma! – falou muito sério, divertindo Rafaella ainda mais – Mas com o encerramento do lockdown se aproximando, eu tô começando a me empolgar com a mera perspectiva de planejar os próximos encontros humanos.

R: Como assim, Manoela? Já tá tão perto assim de encerrar?

M: Já estão decidindo, né? Tem mais de quinze dias e a decisão sai ainda essa semana. – Disse óbvia.

R: Nossa, eu ando tão corrida com tudo que nem acompanhei as notícias recentes – e por "corrida" leia-se: enfiada no mundinho Boca Rosa.

M: Pois é, isso me deu uma revigorada. – chacoalhou os braços – Sei que ainda demora um pouco para atingirmos qualquer normalidade, mas só de essa flexibilidade entrar em pauta já me fez pensar que agora é o momento de planejar. Estabelecer metas profissionais, de organização geral da vida, planejar encontrar os amigos, a família, cultivar afetos novos... – enumerou com entusiasmo – A gente precisa de perspectiva, Rafa. Se vamos ter a oportunidade de concretizar ou não, é o universo que manda. Mas perspectiva é o que mantém a gente vivo.

R: Uma fada sensata, como sempre. – o tom veio sem deboche algum, fazendo a mineira realmente refletir sobre o que Manoela havia acabado de dizer – E quais os planos que você pode adiantar?

M: Bom, a primeira coisa que pensei é que chegou a hora de eu planejar o encontro na minha casa que tanto eu falei dentro do BBB.

R: O vinho no seu tapete? – sorriu pra ela enquanto continuava a preparar o jantar.

M: Isso. Não é pra amanhã, nem mês que vem e sabe-se lá quando. Mas eu já vou me forçar a retomar os contatos com as pessoas pra fazer a vida continuar fluindo, sabe? – gesticulava muito – Chega dessa reclusão! Vou tentar voltar a circular nem que seja virtualmente.

R: Certeza que cê veio de cara limpa, Manuzinha? – apertou os olhos, ainda estranhando a empolgação da cantora – Não deu um shinezinho em casa antes de vir, não, né?

M: Eu sou dramática, Rafa, você me conhece. – olhou com desdém – Eu não preciso de shine nenhum para mergulhar nas emoções descontroladas.

R: Taí uma verdade. – gargalhou leve – E já falou com alguém?

M: Você é a primeira convidada. – sorriu óbvia – Sem save the date ainda, pois não estamos trabalhando com datas.

R: Que honra! – fez uma cara de falso espanto.

M: Nos próximos dias vou ver se mando mensagem para Thelminha, Gabizinha, Gi...

R: Só elas? – olhou de lado, sem girar muito a cabeça, apenas aguardando a resposta.

M: Pois é... – soltou o ar – Aí é que tá, eu estou tentando me decidir quão longe vai esse planejamento de vida e personalidade pós-pandemia, sabe? Pensei em falar também com a Flay que eu sempre admirei muito, apesar de nossos desencontros. Com a Mari pela nossa trajetória final. Ivy por não ter nada concreto contra ela... Enfim!

R: Marcela e Bianca? – pronunciou displicente, terminando de lavar as folhas para a salada.

M: Acho que meu espírito ainda não se elevou tanto, não.

R: Pois deveria. – virou-se enfim para a cantora – Muito chato isso de excluir só as duas, Manu.

M: Ai, Rafa, eu sei que você anda encontrando as duas, mas sei lá... Pra mim a energia continua não batendo. A Marcela me decepcionou com algumas coisas que acabei vendo que ela disse lá dentro, e a Bianca... – travou, gesticulando sem saber como completar.

R: E a Bianca nada, né, Manu? – Cruzou os braços, encostando o corpo na bancada da pia – A Marcela, ok, falou algo que você não gostou e que te envolvia. Mas o que a Bia fez concretamente contra você?

M: Ah, Rafa, você sabe que eu sou muito fiel às minhas amizades. O rolê todo com você foi pesado demais pra mim.

R: Mas se eu mesma já relevei, Manuzinha... – tentou falar com carinho, mas a realidade é que estava desesperada internamente – Eu fico lisonjeada com a sua amizade, mas acho que isso já passou da conta.

M: Fora isso, tem também toda a falta de identificação mesmo, né? A gente se desencontrou muito principiologicamente lá dentro. Não sei se não seria uma grande hipocrisia chamar ela, entende?

R: Não acho que seria. – seguiu tentando – Como você mesma disse, o contexto todo que a gente tá vivendo exige que deixemos certas posturas de lado. Julgar é a principal delas. – arqueou as sobrancelhas.

M: Mas tá impossível de vencer uma com você, hein, Rafa? – bufou, extremamente contrariada.

R: Não se trata de "vencer" nada, Manu. – sorriu tranquila – Eu só estou te aconselhando a deixar isso de lado. Efetivamente a Bianca nunca te fez nada. Pelo contrário... – fez uma pausa, perdendo-se por um segundo nas lembranças – Até onde minha memória alcança, eu tive minha treta com ela logo na primeira festa, não consegui me reaproximar, mas você eu acho que se perdeu dela só depois da treta dos meninos, não é?

M: Acho que sim. – Deu de ombros.

R: Pois é, você só se decepcionou com ela aí, ela não te fez nada diretamente. E antes disso, pelo que eu me lembre, a Bia te adorava e te acolheu desde o início, muito antes de eu mesma fazer isso.

Um pequeno silêncio perdurou antes de Manu voltar a se manifestar.

M: Meu Deus, amiga... – adotou um tom forçadamente exaltado, tentando disfarçar que a fala tinha lhe tocado – Tá incluso na exploração o serviço de defesa de Boca Rosa também? Nossa Senhora, hein.

R: Não vou cair na provocação, Maria Manoela... – apontou divertidamente a faca que tinha em mãos e voltou-se novamente para a pia sorrindo – Mas que você já ouviu o que precisava, ouviu.

Manu apenas revirou os olhos e puxou outro assunto aleatório, dando continuidade à noite tranquila delas.

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No apartamento vizinho, Bianca tinha acabado de terminar o banho da noite.

Ainda enrolada na toalha e enquanto cuidava do cabelo, observou pelo espelho que sua expressão facial permanecia fechada o tempo inteiro, fazendo par com o incômodo que ela vinha tentando muito afastar, mas que ainda não tinha conseguido.

Voltou para o quarto e sorriu quando viu os cílios postiços de Rafaella colados no móvel do lado da cama em que ela tinha dormido aquela noite. Sentou no colchão e sentiu seu coração apertar.

Não estava nem um pouco habituada com aquele turbilhão de sensações e ainda tinha dúvidas se estava gostando dele ou não.

Perdida no sentimento, resolveu sair da inércia e alcançou o celular. Desbloqueou a tela e mandou uma mensagem curta.

Sem ter tempo para nenhuma outra ação, estranhou quando escutou o interfone tocar, mas um segundo depois deixou o coração encher de felicidade pensando que podia ser Rafaella.

Foi até o aparelho o mais rápido possível e reclamando mentalmente do porteiro que não a deixou subir direto, como vinha sendo. No entanto, assim que falou com ele, decepcionou-se enormemente.

Aparentemente, era só sua amiga Bárbara que tinha resolvido fazer uma surpresa...

[CONTINUA]



Eu odeio esse "continua", gente, mas ia ficar muito grande se eu concluísse a noite em um só.

Mas continuem aqui comigo, me xinguem, zoem a Missionária, a cadelice da Bia, boiolem junto, que logo eu volto com o resto! 

Obrigada por lerem!

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