Apreciados A Ascendência do T...

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Morrer não é uma alternativa. Em um futuro distópico seis pessoas completamente distintas e desconhecidas aco... More

NOTA
EPÍGRAFE
DEDICATÓRIA
SEM SURPRESAS
SOB NENHUM FINAL
TODAS AS LUZES
HISTÓRIAS DE TERROR
AS NOSSAS DECISÕES
A HUMANIDADE QUE NOS RESTA
A BRISA DA ESPERANÇA
O COMEÇO DOS JOGOS
A ASCENDÊNCIA DO TRAIDOR
O DIA DE AMANHÃ
OS NOSSOS MEDOS
QUEM NÓS SOMOS
A VERDADE
BARRINHA DE CEREAL
DEPOIS DA MANSÃO
ELE
A COBRA DO ADÃO E EVA
NÃO VEREMOS O SOL NASCER DE NOVO
MARIANA
OS OUTROS
SER HUMANO
AGRADECIMENTO

TODOS NÓS TEMOS QUE ESTAR MORTOS

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By autormatheusramos

–VOCÊ AINDA ESTÁ AQUI! – falo me virando e olhando para Mariana coberta nos lençóis.

–Cala a boca! – ela sorri. –Onde está todo mundo?

–Saíram cedo. Estamos sozinhos... – dou um beijo rápido nela de bom dia.

–Estou morrendo de fome. – Mariana diz fugindo.

Ela vai para a pequena cozinha, que fica a centímetros de onde estava, e percebe que alguém deixou comida para nós e libera um sorriso histérico que chegou um dia a achar que tinha perdido.

–Ei, eu também quero. – levanto e abraço-a por trás. Faz tempo que não sinto esse tipo de energia com alguém e não quero desperdiçar nenhum segundo.

Ela coloca um pedaço de maçã na minha boca e eu mastigo com vontade, não tinha percebido que estava com tanta fome.

–Tive um sonho estranho. – falo me escorando na pia. –Mas não lembro muito bem dele. – me esforço.

–Faz tempo que não sonho. – ela diz entre mastigados.

Puxo Mariana para mais um beijo e dessa vez ela não foge.

–A gente deveria aproveitar o dia, deve estar lindo lá fora. – ela diz.

–Eu prefiro passar o dia na cama... – brinco para ver a reação dela, nunca sei o que esperar e é isso que acho incrível.

–Para com isso. – ela brinca também. –Fiquei presa tempo demais naquela maldita mansão, não vou ficar presa nessa cama. – eu sorrio com a forma que ela se expressa e dou outro beijo.

–Então vamos lá para fora.

A luz que entra pelas janelas, que estão escancaradas, muda de tonalidade magicamente e deixa o ambiente escuro. Paramos o que estamos fazendo e corremos para fora na tentativa de descobrir o que está acontecendo. Vejo o céu mudar de cor em questão de segundos e tudo o que há de vida desaparecer. As coisas ruins nunca vão parar de acontecer enquanto estivermos preso aqui dentro, penso. A frase aparece logo depois e um surto nos domina, obrigando-nos a voltar correndo para dentro da cabana e usar uma pequena cômoda localizada ali perto para trancar a porta de entrada.

–O que vamos fazer? – pergunto ofegante.

–As janelas! – ela responde e as fechamos rápido.

–Thaís está lá fora. – ela é a primeira coisa que passa pela minha cabeça. Novamente essa coisa está solta por aí e novamente estamos separados, eu não consigo parar de me culpar.

–E Katarina e José! – Mariana complementa.

Entramos em desespero, não sabemos o que fazer, como agir e nem como trazê-los de volta em segurança.

O primeiro raio cai e nos faz pular do chão. Olhamos pela janela da cozinha e enxergamos uma enorme nuvem de fumaça crescendo subindo, invadindo todo o ar. O céu vermelho deixa o cinza mais visível e as chamas quase passam despercebidas nesse cenário.

–Preciso fazer alguma coisa! Vou atrás de Thaís. – decido, mas Mariana segura meu braço me impedindo de sair.

–Não pode sair nesse caos, você vai morrer.

–Ela estava sozinha da última vez, não vou fazer isso de novo. – respondo.

–Você não vai conseguir salvá-la se estiver morto. Dá última vez ela conseguiu dar conta sozinha, assim como Katarina. O mais sensato é esperarmos todos aqui. – ela responde e vejo-a me suplicar com olhar. Prefiro ficar.

O segundo e o terceiro raio caí posteriormente e é pior que o primeiro.


¨¨


Katarina e Thaís correm o mais rápido do que podem. O fogo se espalha de forma descontrolada e cobre tudo o que abandonaram. A fumaça começa a cobrir o céu de sangue e a contorná-las. É humanamente impossível correr mais rápido que toda aquela nevoa preta sufocante, mas a meta delas é escapar das chamas e chegar na cabana a tempo de revelar tudo para os outros dois que provavelmente estão lhes esperando. Outro raio jorra do lado delas derrubando-as novamente e começando um pequeno incêndio que segundos depois vai começar a se estender e engoli-las.

Se levantam com dificuldade, tossindo e cobrindo o nariz e boca com a mão.

–O que vamos fazer? – Thaís grita em meio ao barulho das chamas corroendo as madeiras e folhas. –Vamos morrer aqui dentro.

–Ainda estamos longe, temos que aumentar o passo! – Katarina grita de volta e assim fazem.

A grama alta, as árvores juntas demais e as raízes grossas que saem para fora da terra são as principais coisas que atrapalham elas de seguirem mais rápido. Além da respiração pesada e dificultosa, causada pela fumaça mortal, que as faz cansar rápido e ficarem sem força alguma para continuar num ritmo constante. Algo se choca em uma macieira e faz o tronco se despedaçar, o som faz Mariana e Thaís congelarem mentalmente. O monstro grita de forma ensurdecedora avisando que está mais próximo do que elas imaginavam.

Correm e se escondem atrás de uma enorme rocha, não é um esconderijo perfeito e muito menos vai deixá-las seguras, mas é o suficiente para fazê-las pararem para recuperar o folego perdido. Puxar o ar para os pulmões é um trabalha difícil e a fumaça só fica mais forte e mais presente, começam a ficar sem saída.

–Não vamos conseguir Katarina. – Thaís fala chorosa.

–Claro que vamos, a cabana está perto daqui. – ela responde em meio a tossidas.

–Você sabe que não é verdade. E não vai demorar muito para que aquela coisa alcance nós duas. – um rugido soa de dentro de uma moita a um quilometro dali.

Katarina olha para os lados rápido tentando ter alguma ideia, mas tudo o que ver é a vida sendo consumida pelo fogo.

–Precisamos nos separar. – Thaís responde de imediato, como se já tivesse tomado essa decisão.

–O que? Isso está fora de cogitação.

–É o único jeito! Eu tento distrair José enquanto você chega na cabana e convence Mariana e Davi. – Thaís responde e Katarina ver lagrimas preencher os olhos dela.

–Eu não posso deixar você ir...

–Se José matar nós duas não vai demorar para que mate todos... não podemos ficar juntas, alguma tem que chegar neles e contar a verdade! É o único jeito de sairmos vivos daqui... – as lagrimas agora jorram no seu rosto, limpando o borrão preto que foi criado por conta da fumaça. –Além de que você corre bem mais rápido do que eu. – ela continua e Katarina a encara com uma enorme admiração.

–Nós conseguimos chegar juntas... – Katarina tenta convencer enquanto desaba no choro também.

–Não vai dar tempo. – Thaís sorri de forma singela enquanto seus olhos brilham por causa das lagrimas. Ela segura a mão de Katarina e percebe que é a primeira vez que tem um contato físico com ela e desejou ter feito isso muito antes. –Fala para Davi que eu sinto muito e que eu queria imensamente viver com ele fora daqui. – as duas se encaram transferindo forças uma para outras e drenando energias positivas pelo contato humano. –Avisa que eu o amo muito e que foi ele que me manteve viva todos os dias. – as palavras dela saem com dificuldade por conta do soluço e choro.

–Não faz isso... – Katarina súplica aos prantos.

–Eu não aguento mais... você precisa ir! – a única coisa que passa pela sua cabeça é o rosto dos seus irmãos orgulhosos por ela ter tomado essa decisão.

Se desprende de Katarina, retira a pistola do coldre, joga a mochila no chão e começa a gritar, chamando o animal feroz. Dá alguns tiros para cima e corre em direção a floresta que está em chamas, sumindo completamente de vista. A fumaça cobre todo o medo, ingenuidade e fraqueza dela.


¨¨


Katarina cumpre o que prometeu e volta a correr com todas as forças que consegue produzir em seu corpo. Limpa as lagrimas enquanto se movimenta rápido desviando de todos os obstáculos e foca em chegar na cabana o mais ligeiro que conseguir. Ela tem que fazer isso por ela, por Thaís e por Nícolas, não importa a fumaça, não importa as chamas, nem as arvores caindo em seu caminho, ela vai fazer o que tem que fazer.

O caminho parece ter multiplicado de tamanho e agora se torna muito mais mortal. Os galhos chamuscados desabam sobre a terra, a fumaça espeça impede a visualização do caminho, o céu vermelho parece informar que o fim do mundo está presente e o medo da morte sussurra nos ouvidos dela.

Katarina toma decisões rápidas, sem pensar muito, e subir em uma árvore para se direcionar é uma delas. Ela aproveita que depois de muito barulho os raios sessaram e executa seu plano. A tosse descontrolada e a falta de ar torna tudo mais lento e menos objetivo, mas por sorte não demora muito para encontrar uma laranjeira ainda intacta do caos ao seu redor e não perde tempo. Ela retira sua camisa larga, enrola ela no rosto cobrindo a boca e o nariz e fica apenas de sutiã, com o corpo exposto a todo mal ao seu redor, essa é a única chance que tenho de sobreviver. Ela dá um salto desengonçado e segura o galho mais baixo e começa a escalar com bastante dificuldade, a planta não é muito alta, mas é o bastante para ela conseguir enxergar a chaminé da cabana bem distante, estou no caminho certo, é só correr reto!

Katarina está nas alturas, tirando as folhas da frente da sua visão para poder enxergar melhor, e se equilibrando em uma tora grossa e resistente quando um tiro é disparado chamando sua atenção. Ela torce para ser algo bom, torce para que sua vida e a dos outros estejam seguras e que acorde amanhã no seu quarto descobrindo que tudo isso foi um terrível e tempestuoso pesadelo, com seus pais na correria de sempre indo trabalhar e deixando um banquete de café da manhã para ela, mesmo sabendo que ela já tem idade suficiente para se virar sozinha. Katarina torce para que Thaís esteja viva e que esse disparo tenha sido uma bala bem dada na cabeça de José, que tenha matado ele e que tenha acabado com tudo isso, que ela seja a heroína dessa história.

Porém gritos de dor, com um timbre familiar e feminino são emitidos logo após os disparos.

É assustador, traumatizante e abusivo.

Uma lagrima solitária vem como aviso para Katarina em cima daquela árvore.

Thaís está morta.


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