ROWENNA

Por JolziRosa

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Rowenna e sua avó são as melhores confeiteiras de sua região, porém numa noite chuvosa, a matriarca desaparec... Más

PRÓLOGO
Cap. 2 - Pistas
Cap. 3 - Uma Mão Lava a Outra
Cap. 4 - Pesadelo, Pancadaria e Tiro
Cap. 5 - Lambida Lupi
Cap. 6 - Fogo no Bordel
Cap. 7 - Ciúmes e Desconfianças
Cap. 8 - O Noivo da Ruiva
Cap. 9 - Salvamento e Prisão
Cap. 10 - Inocente Cativo
Cap. 11 - Casal em Fuga
Cap. 12 - Cavalo Solitário
Cap. 13 - Lago do Amor e Cobra Sucuri
Cap. 14 - A Caçada Continua
Cap. 15 - A Fera que Habita em Nós
Cap. 16 - Armadilhas Mortais e uma Descoberta

Cap. 1 - Procura-se uma Avó

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Por JolziRosa

Quando Rowenna conseguiu dormir um pouco, já era tarde da noite. A chuva ainda caía forte e o vento assobiava alto. Ela dormia um sono pesado, que jamais havia tido em toda sua vida. Nem se alguém lhe jogasse um balde de água fria ela não teria acordado, pois estava bastante cansada. Nem mesmo o cantar alto do galo a fez despertar. Todo dia ele cantava exatamente as 5:00 da manhã, fizesse frio ou chuva, lá estava o Carijó todo imponente com seu canto estridente.

Um tempo depois de seu despertador ambulante cantar, ela acorda enfim com o som de uma batida forte, como se o vento tivesse aberto a porta de entrada. Ela se levanta apressadamente, acende com dificuldade o lampião, coloca uma de suas facas no bolso de sua roupa e com seu facão em punho, abre cautelosamente a porta de seu quarto.

De fato a porta estava escancarada. O vento derrubava os objetos de cima da mesa e movimentava violentamente as cortinas da janela. Ela se apressa em fechar a mesma e segue em direção ao dormitório da avó, porém antes de entrar no cômodo, Rowenna escorrega em algo molhado no piso de madeira. Aquilo não era água. Iluminando sua mão que havia se sujado com aquele líquido viscoso, ela pôde perceber se tratar de sangue.

Adentrando nos aposentos da avó, ela percebe o quanto a situação era grave. Dona Gertrudes não se encontrava no cômodo, e para seu desespero, o lugar estava totalmente revirado, com marcas de sangue no chão e em cima da cama. A espingarda estava no chão, com alguns cartuchos vazios do lado, e o facão também se encontrava jogado em um canto tingido de vermelho.

- Mas que diabos aconteceu aqui? - A garota se questiona enquanto escuta o trotar de cavalos na estrada.

Para sua sorte, os caçadores e os lenhadores acordavam de madrugada para seus afazeres, e a chuva havia cessado a pouco tempo.

- SOCORRO! - Ela grita para eles que prontamente se voltam para o pedido de ajuda.

- Rowenna? O quê aconteceu? - Roswell desce rapidamente de sua montaria indo até a garota coberta por sangue.

- Roswell. - Ela diz o abraçando, com os olhos lacrimejando. - Minha avó, aconteceu alguma coisa grave com ela.

- Se acalme, eu estou aqui. - Ele fala afagando seus cabelos ruivos. - Vai ficar tudo bem. Agora nos conte, o quê está acontecendo?

Ela conta aos caçadores o ocorrido e que não havia escutado nada durante a noite, pois o barulho da tempestade com trovoadas encobriam todo e qualquer outro ruído.

- Eu deveria ter verificado seu quarto de madrugada. - Ela fala  enquanto o dia amanhecia e os caçadores já haviam verificado a casa.

- Rowenna, há sinais de luta e bastante sangue. Seja quem ou o quê for que pegou sua avó deve estar longe neste momento. - Joseph diz olhando com pena para a pobre garota. - Roswell será encarregado de levá-la até a cidade para alertar as autoridades. Ficar aqui sozinha pode ser perigoso.

- Está bem, senhor Joseph. Obrigada pela ajuda. - Ela diz enquanto enxuga algumas lágrimas que escorriam por seu rosto. - Vou me trocar e iremos.

Após alguns minutos, Rowenna volta vestida com uma blusa branca com botões, uma calça preta, a qual estava se tornando moda na época para algumas moças mais ousadas e fora dos padrões como ela. E cobrindo-lhe a cabeleireira ruiva e o restante do corpo, sua capa vermelha, que era bastante quente e aconchegante. Ideal para os dias frios que faziam naquelas redondezas. Roswell encara a garota enquanto ela monta em seu cavalo preto, e eles seguem viagem.

...

Chegando na pequena e pacata cidade, o casal vai até às autoridades para registrar o ocorrido.

- Iniciaremos as buscas amanhã, senhorita Rowenna, pois estou sem homens neste momento. - O delegado avisa.

- Mas senhor D, tenho certeza de que minha avó está ferida gravemente e precisando de cuidados médicos. O senhor não têm mais ninguém que possa nos ajudar?

- Infelizmente não podemos fazer nada no momento, querida Rowenna. Sua avó não é nosso único caso de desaparecimento nos últimos dias. Os vilarejos vizinhos também vêm registrando vários sumiços de anciões. Meus rapazes estão fazendo o possível para encontrá-los. - O homem diz com pesar.

- Está bem, senhor D. Obrigada pela ajuda. Estarei aguardando por notícias.

Eles saem do estabelecimento, indo até os cavalos.

- Row? Você vai ficar bem? - Roswell questiona a ruiva.

- Eles não vão ajudar, Roswell. E quando decidirem ir atrás dela poderá ser tarde demais. Sei que ela está viva, minha vó não é frágil, ela é osso duro na queda, sei que deve ter lutado com unhas e dentes. E a culpa foi toda minha por não ter ouvido o furdunço, porque havia passado quase a noite toda em claro por conta do... - Ela pára de falar por um instante se recordando.

- Por conta do quê, Row?

- Já sei onde devemos procurar por pistas. - Ela sobe afobada em sua montaria e correndo na direção oposta a cidade.

Eles param de frente sua casa, ela pega a chave do estabelecimento e observa todo aquele sangue esparramado. A ruiva abre a cozinha e coloca algumas guloseimas dentro de uma cesta, trancando o local novamente e deixando a chave embaixo do capacho. Agora ela segue com rapidez estrada a fora.

- Espere Row, onde é que estamos indo? - O rapaz indaga todo esbaforido tentando alcançá-la.

- Até a vila Lupis. - Ela diz enquanto sua capa e seus longos cabelos oscilam com o vento.

- A vila dos lobisomens? Nem brinca! - Ele fala surpreso. - Mas que diabos iremos fazer lá? Não sabe que aquela gente é perigosa? Eles são traiçoeiros.

- É, eu sei. Se quiser, pode deixar que irei sozinha.

- De jeito nenhum. - Ele responde ajeitando sua espingarda. - E se eles lhe atacarem?

- Vai por mim. Eles não vão.

Após mais alguns quilômetros cavalgando, eles desviam o curso para uma pequena estrada de cascalhos e pedregulhos, se embrenhando cada vez mais na floresta. Agora, um pouco mais devagar, eles vêem árvores de um lado ao outro, e apenas a estrada cortando o meio delas, com várias flores plantadas estrategicamente nas extremidades do caminho.

- Acho que estamos chegando.

- Você já tinha vindo aqui antes? - Ele questiona atento.

- Não, mas minha avó me explicou como se chegava aqui. - Ela diz enquanto nota uma fachada de madeira. - "Vila Lupis". É aqui.

- Espere Row, fique atrás de mim. - Ele diz  passando a frente dela.

- Roswell, eu que o diga. Eles me conhecem, pelo menos conheciam minha avó. E podem ser hostis com você. É melhor ficar esperando aqui.

- E deixar você sozinha com esses animais? De jeito nenhum.

- Eu não estou pedindo. Fique aqui. Se precisar de você, eu grito. E coitados, não os chame assim, eles são pessoas normais como nós.

- Tá, ficarei aqui. E normais é que eles não são. - Ele diz revirando os olhos. - Rhum... Coitados. Coitado é o filhote de rato que nasce pelado. - Ele resmunga baixinho.

Ao entrar na pequena vila, haviam várias casas de um lado ao outro, uma estrada de pedras e um chafariz ao centro. O local era bastante florido, com variedades de flores lindas que ela nunca tinha visto em lugar algum. Haviam várias pessoas sentadas nas portas, conversando e rindo, crianças brincando na rua, e outras cumprindo seus afazeres. Rowenna se sentia um pedaço de carne fresca exposta em um açougue enquanto passava pelas pessoas, que neste momento se aglomeravam curiosos ao redor da moça de capa vermelha.

- É ela? Acho que sim.

- Ela trouxe doces?

- Porquê não foi dona Gertrudes que veio desta vez?

Alguns sussurravam enquanto ela pára repentinamente no meio da vila, retirando o capuz que cobria seu rosto, deixando os moradores ainda mais espantados.

- Bom dia a todos. - Ela diz meio receosa e com o rosto rubro por ter tantos olhares curiosos a observando. - Meu nome é Rowenna. Neta de Gertrudes, a confeiteira. Nesta manhã minha avó desapareceu, e eu preciso de ajuda.

- O quê? Desapareceu?

- Dona Gertrudes desapareceu?

Os cochichos a rodeavam, enquanto seu cavalo começava a ficar nervoso com tanta gente ao seu redor.

- Em quê poderíamos lhe ajudar, senhorita Rowenna? - Um deles, alto, robusto, amedrontador e portando um enorme machado pergunta se aproximando da pequena aglomeração.

- Eu preciso apenas de algumas informações. - Ela desce do cavalo. - Por favor. Eu estou desesperada e não sei o que fazer.

- E porquê acha que iremos lhe ajudar? - Ele fala ríspido tentando a intimidar.

- Porque minha avó era a única que acreditava na bondade de vocês. - Ela diz enquanto ele a encara com olhar de incógnita.

- MUTUM! Deixe a pobre menina em paz. - Uma senhorinha sai de dentro de uma das casas gritando com o rapaz, e caminhando até a ruiva. - Onde já se viu. Cadê a educação? Venha querida, não dê ouvidos ao Mutum. Ele é muito rabugento e qualquer um que não seja de Lupis é motivo para ele agir com hostilidade. Não se preocupe, ele é inofensivo.

A anciã lhe segura pelas mãos e a leva para dentro, enquanto as crianças levam o seu cavalo até um bebedouro.

- Ah, querida. Sua avó e eu somos amigas de longa data, sabia? - Ela lhe diz enquanto retira uma chaleira do fogão a lenha. - Sabe, ela e seu avô nos ajudaram bastante em nossa juventude. Quando as outras pessoas em sua ignorância ainda tinham muito medo de nós, o caos se estalava por todo canto naquela época. Hoje em dia, ainda são ignorantes, mas só têm preconceito mesmo. Acham que somos hostis ou não confiáveis.

- Eu sinto muito vocês terem que passar por isso, senhora. - A garota fala enquanto pega a xícara de chá que a idosa lhe entrega. - Obrigada.

- Dína. Meu nome é Dína. E é um prazer lhe conhecer pessoalmente. Gertrudes fala muito de você, mas ela dizia pra mim que não falava de nós pra você pra não ficar com medo. Mas eu digo, não precisa ter medo, temos um bom coração. - A senhorinha lhe fala sorrindo, tomando um gole de sua xícara. - Mas então, em quê nós aqui de Lupis poderíamos lhe ser útil? - Ela diz fitando a garota com seus olhos alaranjados que não causavam estranheza ou desconforto, mas sim uma tranquilidade descomunal.

Neste momento, o rapaz denominado Mutum e uma moça grávida aparecem e Rowenna percebe ser a mesma moça do dia anterior que havia comprado suas quitandas.

- Olha, que cabeça a minha. Deixa eu apresentar alguns dos meus netos. Mutum, o mal encarado e esta linda moça é a Anna.

- Eu me lembro de você. Esteve lá ontem pra comprar uma geleia. - Rowenna fala sorrindo.

- E a torta de morangos, que por sinal estava deliciosa. O pequeno aqui adorou. - Ela diz passando a mão na barriga.

Rowenna apenas sorri agradecida.

- Então, querida. Você havia nos dito que Gertrudes desapareceu?

- Sim, senhora. Eu avisei as autoridades, mas eles estão bastante ocupados com outros casos de desaparecimentos e não sei quando irão começar as buscas por minha avó.

- E por qual motivo veio até nós para pedir por ajuda?

- É que na noite passada, durante a tempestade, eu ouvi uivos. E logo após, na madrugada ela desapareceu. - Os Lupis a olham surpresos. - Não estou dizendo que foram vocês, jamais. Mas eu só quero saber quem estava próximo de nossa casa ontem a noite, pra eu saber se essa pessoa tem alguma pista sobre o quê poderia ter acontecido. Por favor, vocês são minha única esperança de encontrá-la com vida.

Eles se entreolham desconfiados e a matriarca diz que precisam fazer uma reunião com todos os Lupis urgentemente.

Após alguns minutos, já reunidos e sentados de frente ao chafariz, a matriarca começa a falar para as pouco mais de 50 pessoas que ali se encontravam.

- Atenção meus queridos Lupis. Como já sabem, Gertrudes a nossa melhor confeiteira e minha amiga de longa data, está desaparecida desde a noite da tempestade. - Ela fala enquanto todos estão no mais completo silêncio, até mesmo as crianças menores respeitavam dona Dína e não davam um piu sequer. - Sei que alguns de vocês estavam por aí transmutados ontem a noite. E nossa jovem Rowenna gostaria de saber quem estava nas proximidades de sua casa. Pois esta pessoa pode ter visto algo que poderia ajudar nossa confeiteira mirim a encontrar respostas. Então, por favor, me respondam com sinceridade, quem saiu ontem praquelas bandas?

E durante alguns segundos se ouvem cochichos de negações e espanto dos presentes ali.

- Fui eu vovó. - Um rapaz que estava escorado em uma árvore ouvindo ao longe toda a conversa levanta a mão, enquanto caminha até elas, juntamente com seu falcão de estimação pousado em seu ombro.

- Karlayo? - Ela diz dispersando a multidão para voltarem aos seus afazeres diários. - Querida, este é meu outro neto, Karlayo. Karlayo esta é Rowenna, a confeiteira mirim.

- Prazer em conhecê-lo. - A ruiva lhe estende a mão, porém ele não a cumprimenta.

- Onde estão seus modos, meu filho? Não foi isto que lhe ensinei. - Dona Dína esbraveja com o neto. - Parece um brucutu. Me desculpe, querida. Como eu havia lhe dito antes...

- Os Lupis não se dão bem com forasteiros, eu entendo. Tudo bem. - A moça sorri sem graça.

- Então, Karlayo, poderia nos contar o quê estava fazendo próximo a casa das confeiteiras noite passada?


✷✷✷
Oie, pessoal!!
Tatu do Bem com Vocês?
Espero q estejam gostando, e se puderem estar adicionando a História na Biblioteca pra Não perderem nenhuma Atualização!!
Deixem um Comentário e uma Estrelinha pra gente aí também!! (✿^‿^)

Um Abração a Todos e Até o Próximo Capítulo... 🐺

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