Enquanto o casal continuava no completo silêncio, aquele ruído de galhos sendo pisoteados e mato sendo amassado ficava cada vez mais nítido de se ouvir.
- Mas o que será isso agora? Será que nos seguiram? - Rowenna cochicha enquanto se posiciona ao lado de Karlayo.
- Shiiuuu. - O rapaz pede silêncio e cheira o ar, logo após ele suspira aliviado. - Acho que não devemos nos preocupar.
Aproximando-se da beira do lago onde eles se encontravam, vinha caminhando devagar um pobre cavalo magro e solitário. Com cara de cansado e uma respiração pesada e ofegante, o coitado se abaixa para beber um pouco de água enquanto a fraca luz do luar iluminava seu lombo corroído por selas e apetrechos de carroça.
- Pobrezinho... De onde será que ele veio? - Rowenna se aproxima do pangaré e o clareia melhor com a luz do lampião. - KARLAYO! - Ela brada enquanto acena para o rapaz. - É ele. O cavalo daquele senhor suspeito, o da carroça maltrapilha.
- O que? - Ele se levanta com muita dificuldade e segue na direção deles. - Ora que coincidência. Pelo visto, estamos indo na direção correta.
- Assim eu espero. - Rowenna diz enquanto acaricia o pobre animal. - Se ao menos ele pudesse falar pra nos ajudar.
- E quem disse que ele não pode? - O rapaz fala enquanto ergue uma das sombrancelhas. - E aí, amigão?
O cavalo dá uma relinchada tentando se afastar, mas está com tanta fraqueza em seus músculos que desaba no chão.
- Calma, garoto. Somos amigos. - Rowenna diz fazendo carinho nele, e o mesmo a observa com semblante bastante sofrido.
Karlayo começa a interrogar o cavalo solitário, mas antes de tirar qualquer informação relevante, o mesmo dá seu último suspiro e desvive ali mesmo.
Com tais informações, o jovem casal descobriu que o senhor que conduzia a carroça puxada pelo cavalo era o mesmo que raptou a avó de Rowenna. Ele contou que o outro homem era filho deste senhor que o ajudava em seus crimes, e que eles levavam suas vítimas para um esconderijo localizado em uma cabana aparentemente abandonada, e que deste local ninguém mais saía.
Um turbilhão de pensamentos e dúvidas rodeavam a mente de Rowenna. Agora estava explicado por qual motivo Karlayo não conseguia usar seu faro para tentar encontrar algo suspeito, pois aquele cheiro de café que o incapacitava de tal proeza estava impregnado não apenas no animal, mas em todo ambiente em que eles estiveram. Os malfeitores estavam debaixo de seus narizes, literalmente, e eles não perceberam. Agora a única coisa a se fazer era proseguir até aonde o equino havia lhes dito.
- Pelo que ele havia falado, teremos que seguir para o Oeste, parece que o tal lugar fica na beira de uma estrada, denominada "Estrada do Lobo". - O rapaz diz enquanto fecha os olhos do animal.
- Tá, e pra onde fica isso? Confesso que não entendo nadinha desse negócio de senso de direção, pra mim é tudo igual, por isso prefiro seguir as placas.
- Então a dona sabichona não sabe de tudo? Que incrível! - Ele diz ironicamente.
- Não, seu bobo. Como eu disse, prefiro seguir as placas que são muito mais seguras do que um palpite aleatório.
- Ah sim, me perdoe dona seguidora de placas. Vamos seguir naquela direção. - Ele diz apontando o dedo. - Mas antes, vamos descansar um pouco e esperar clarear. Estou exausto.
Assim seguiu-se noite adentro, Karlayo dormia como um bebê e Rowenna não conseguia ao menos dar um cochilo, ainda estava pensativa, aos poucos perdendo as esperanças de encontrar dona Gertrudes com vida.
De repente, a ruiva ouve um trotar de cavalos vindo em sua direção e o que parecia ser o falatório alto de vários homens.
- Karlayo. - Ela cutuca o rapaz, mas é surpreendida por um desses cavaleiros.
- Ora, ora, ora... O que temos aqui? - Um deles fala devorando Rowenna com os olhos. - Um moça tão bela andando com um... - Ele torce o nariz quando Karlayo olha diretamente para ele. - Um projeto de lobisomem?
- O que querem? - Ela questiona notando que os mesmos estavam armados.
- Nada... Só estávamos passando, quando vimos a claridade da sua fogueira. - O homem asqueroso com bafo de cachaça e dentes faltosos dá uma piscadela pros outros dois companheiros. - Não deveria andar sozinha por aí com um lobisomem.
- Melhor com um lobisomem do que mal acompanhada.
- Hummm... Mas que língua afiada você tem, moça. Será que essa boquinha linda sabe fazer mais alguma coisa além de dizer besteiras? - Ele segura o rosto da ruiva, apertando suas bochechas.
- Tire suas mãos imundas de mim. - Ela brada e o mesmo é surpreendido por um soco no nariz.
- Mas que diabos! Você quebrou meu nariz, sua rameira. - Ele diz se afastando bruscamente, tirando a arma do coldre e dando um tiro num tronco de árvore atrás deles.
- E vou quebrar mais coisas se vocês não nos deixarem em paz. - Ela fala sacando sua arma rapidamente e mirando na testa do infeliz, enquanto Karlayo num sobressalto se coloca em posição de defesa ao lado dela. - E da próxima vez, é melhor me acertar, porque eu não erro um alvo assim tão perto.
- Hey, hey. Calma, pessoal. Nós não queremos problemas. Nem com você e nem com seu amigo lobisomem. - Um dos rapazes diz puxando o homem.
- É isso aí. Só estávamos de passagem e nosso amigo bebum aqui resolveu fazer graça. Desculpem ele. Vamos embora e não incomodaremos mais.
- Está certo. - Rowenna fala sem tirar os olhos deles e sem baixar a guarda.
- Ah, só mais uma coisinha. Já que vocês estão indo e tentaram nos roubar ou se aproveitar, gostaríamos que nos dessem essa pá de vocês. Não sei se sabem, mas temos um amigo pra enterrar. - Karlayo diz apontando pro cavalo morto à beira do lago.
Um dos rapazes assente com a cabeça e lhes entrega a pá. E da mesma maneira que haviam surgido, os três sujeitos vão embora.
- Você é incrível, sabia? - Karlayo diz pra ruiva enquanto finca a pá no chão.
- E-eu? Porquê tá me dizendo isso? - Ela fica toda corada com o elogio e coloca uma mecha do cabelo atrás da orelha, disfarçando um sorriso de leve.
- Nunca imaginei que poderia existir alguém tão destemida por detrás desse semblante frágil. Estou me sentindo um molenga perto de você. - Ele sorri disfarçadamente.
- Pára, seu bobo. Tá me deixando sem graça. Me dê essa pá, o resto da noite vai ser longa até cavarmos esse buraco.
- Hahá. Imagina se eu, Karlayo, irei deixar você fazer o trabalho pesado aqui. Pode deixar que eu cavo a cova, e você fica de vigia. Não queremos que os três patetas retornem ou que apareçam mais gente inconveniente, não é mesmo?
- Ah vá... E é você que está fazendo o trabalho pesado, né? - Eles riem juntos. - Mas falando sério agora. Você está bem mesmo? Seus ferimentos melhoraram?
- Sim, sim. Já estou pronto pra outra. Ou quase, sou forte, mas não sou de ferro.
E assim, Karlayo cavou embaixo de uma árvore por cerca de 2 horas até obter uma cova funda o suficiente. Pra sua sorte, a terra estava bastante fofa por estar perto da água. Ele arrasta o corpo do animal e o joga no buraco.
- Prontinho amigo. Descanse em paz. - Ele faz menção de jogar terra em cima.
- Pode parar por aí. Está exausto, dá pra notar. Pode deixar que eu o cubro com a terra. Vá descansar um pouco e vigiar.
- Sim, senhora. - Ele diz tirando sarro da situação e ela revira os olhos, balançando a cabeça negativamente.
✷✷✷
Oiê, Pessoal!
Tatu do Bem com Vocês?
Quanto tempo, desculpem a Demora nas Postagens!
Tá tudo uma correria só!Enfim, espero q Tenham Gostado, Comentem e Votem pra eu saber q ainda estão Nos Acompanhando!
Agradeço pela Paciência, um Abração à Todos e Até o Próximo Capítulo... 🧡
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ROWENNA
Про оборотнейRowenna e sua avó são as melhores confeiteiras de sua região, porém numa noite chuvosa, a matriarca desaparece sem deixar pistas, apenas um rastro de sangue e sinais de luta pela casa. Rowenna busca ajuda de Karlayo, um rapaz peculiar que, juntament...