INVERNO ARDENTE | Bucky Barne...

By DixBarchester

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Guerra. Hidra. Assassinatos. Pronto para obedecer... O mundo de James Buchanan Barnes estava congelado em vio... More

✎ INTRO
▶ MÍDIA
❝EPÍGRAFE❞
01. SOZINHO
02. SAVANNAH
03. JAMES
04. VIZINHOS
05. SAM
06. CELULAR
07. STEVE
08. ALPINE
09. ABBY
10. QUEBRA-CABEÇAS
11. GUS
12. SOLDIER'S
13. MÚSICA
14. VERDADES
15. AMIGOS
16. JOALHERIA
17. PESADELO
18. MUDANÇAS
19. CONVERSAS
20. ADEUS
21. RECONCILIAÇÃO
22. AMOR
23. IMPREVISTO
25. BEVERLY
26. PRISIONEIROS
27. FOGO
28. ARDENTE
29. TREINAMENTO
30. HERÓIS
31. PEDIDO
32. COMPENSAÇÃO
33. FIM

24. LUCIA

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By DixBarchester

ALERTA DE GATILHO: Esse capitulo contém descrições leves de abuso e descrições corridas de ataque de pânico. Leiam com responsabilidade.

Demorei, não nego, mas se consideramos a demora anterior, até que não demorei tanto assim (oi?)

Sobre esse capítulo, ele é respostas e transição, mas eu tenho que dizer uma coisa importante, citando meu amor Tom Hiddleston: "Todo vilão é um herói na própria mente", então as vezes certas coisas terríveis não parecem tão terríveis quando são narradas pelo vilão. 

Boa leitura!

Lucia Von Bardas tinha muitas certezas na vida, mas havia uma que há anos havia se tornado a maior delas, essa certeza se resumia àquele exato momento. Seu Quebra-Nozes em seus braços outra vez...

Fazia dezesseis anos que estavam separados, ela tinha apenas vinte na época. Lucia olhou para o homem com a cabeça apoiada em seu colo e sorriu, o tempo fora bom com ele.

Olhou pela janela o carro ganhando a estrada e as paisagens passando depressa. Um dos trigêmeos Novokov — Nikolaj, a julgar pelas tatuagens — estava no volante, Lúcia seguia atrás com o Quebra-Nozes, enquanto Leonid e Vladmir, as outras duas cabeças do Cerberus, seguiam em outro veículo, com o estúpido porteiro intrometido como prisioneiro.

Ele seria uma boa cobaia para o doutor Freakmann naqueles experimentos idiotas que o cientista teimava em fazer.

Lucia olhou o soldado adormecido e deslizou as unhas pintadas de vermelho pelos cabelos curtos, não era feio, mas era a versão errada dele.

Porém, Von Bardas sabia que logo isso seria corrigido, o inverno estaria de volta aos olhos azuis que ela tanto conhecia e ela se reuniria com seu Quebra-Nozes uma vez mais, para que enfim completassem a missão de suas vidas.

E depois... bom, depois que achassem a Estrela Cadente o mundo todo se curvaria a eles, não havia uma só coisa que não poderiam ter, ninguém mais os separaria novamente...

Lucia se lembrava da primeira vez em que colocou os olhos no Soldado Invernal, um brinquedo quebrado sem seu braço metálico. Quis brincar com ele, mas brincar era proibido no serviço de seu pai.

O Barão de Von Bardas era um dos homens mais importantes da Hidra, o responsável pelo Soldado naquela época, ele gostava de assistir às sessões de correção, gostava de saber que sua arma mais valiosa estava bem calibrada para cada missão. E Lucia estava sempre por perto, a mãe tinha morrido muito cedo, e a pequena constantemente estava perambulando pelas instalações gélidas e cinzentas da Hidra.

Sempre quis brincar com o Quebra-Nozes, mas nunca pôde, seu pai dizia que dentro dele havia um homem ruim, que não entendia o bem que o Soldado Invernal representava para o mundo. Então eles o colocavam para dormir com choques e logo o Soldado vinha, tudo que o Barão tinha que fazer era dizer as palavras mágicas guardadas no livro vermelho.

Lucia cresceu querendo aquele livro, cresceu sabendo que só seria feliz e completa se o tivesse. Alguns diriam que era uma obsessão de uma menina mimada, com a mente danificada pela crueldade que via dia a dia e pelos ensinamentos deturpados de um pai nazista, mas não era o que ela pensava, já ainda no florescer de seus quinze anos Lucia Von Bardas sabia que não era isso. Era amor...

Sempre teve plena certeza do que queria, sabia que só seria feliz se tivesse seu Soldado Invernal e sabia que era mútuo, ela sentia isso em seu coração adolescente toda vez que tinha a oportunidade de chegar perto dele. Mas o outro, aquele dentro do Soldado, era um problema. Ela o via se debater para fugir em muitas de suas sessões disciplinares, aquele homem que habitava o corpo de seu Quebra-Nozes era um empecilho, Lucia sempre soube disso...

Com o passar dos anos, quando não estava no gelo, o Soldado se tornava cada vez mais eficiente e todas as suas missões eram bem-sucedidas, ele voltava coberto de sangue e Lucia se orgulhava disso, e fantasiava com ele, com o que um dia seriam. Juntos.

Nos momentos furtivos em que conseguia encontrá-lo a sós, ela podia tocá-lo sem reservas, mas queria mais que aquele toque, queria mais que pousar suas mãos nos braços dele, enquanto o sangue escorria pelo ralo de uma pia velha. Mas sabia que só teria isso se tivesse o livro.

Seu pai e todos os outros sempre reforçavam que o Soldado não era um brinquedo e não estava ali para satisfazer os desejos insanos de uma garotinha mimada, ele era uma arma. Mas Lucia achava que o Quebra-Nozes podia ser as duas coisas ao mesmo tempo.

Seu brinquedo e sua arma...

Quando tinha dezessete conheceu o Doutor Freakmann, um homem a frente de seu tempo a quem nunca davam o devido crédito e respeito, assim como faziam com ela. Lucia não era ouvida, respeitada ou levada em conta, era apenas a filha do Barão e a tratavam como uma coisinha sem importância que tinham que tolerar apenas... Grande erro. Mesmo seu próprio pai já não a ouvia mais e a cada dia o rancor crescia e crescia dentro de seu peito.

Lucia prometeu a si mesma que quando tivesse o livro vermelho tudo aquilo teria fim, o Quebra-Nozes destruiria cada um dos que riram dela e finalmente lhe dariam o devido respeito.

Doutor Freakmann tinha a solução perfeita, algo especial que poderia realizar qualquer desejo de quem o possuísse. A Estrela Cadente. Um artefato raro, nunca visto, algo que a Hidra procurava há tanto tempo que considerava uma lenda. Diziam que era o que havia ajudado John Kennedy a chegar à presidência, ele fez um pedido e então foi eleito, simples assim.

O Soldado Invernal foi mandado para eliminá-lo depois disso¹. Nunca foi do interesse da Hidra um homem como Kennedy chegar naquele cargo, era contraproducente para os planos da organização. Mas depois de seu assassinato a Estrela Cadente se perdeu para sempre, a Hidra procurou por anos, mas sem provas de sua existência consideraram apenas um mito.

Freakmann tinha uma teoria diferente, todo aquele tempo eles procuravam por "algo", não por "alguém" e esse tinha sido o grande erro da Hidra, o Doutor acreditava que a Estrela Cadente era na verdade uma pessoa, alguém com dons extraordinários, algo herdado pelo sangue, derivado de raças alienígenas que um dia tinham se escondido entre os humanos. Ele chamava a espécie de "Inumanos", pessoas aparentemente normais, até que fossem expostas a um cristal muito específico, e passassem por uma transformação. Como uma borboleta em um casulo.

Quando a Hidra roubou a pesquisa dos Inumanos de Freakmann, ele decidiu não compartilhar com a organização suas teorias sobre a Estrela Cadente. Mas contou tudo a Lucia, porque diferente de todos os outros, ele a via como uma aliada.

Talvez, alguns dissessem que ambos flertavam com a loucura e psicopatia, por isso se identificaram com as teorias um do outro, mas a verdade é que Lucia Von Bardas aos dezoito anos, já não se importava a mínima com o que os "outros diziam".

Os próximos dois anos foram de uma busca minuciosa e secreta. Lucia teve que mentir e manipular para usar recursos, aprendeu a fazer isso muito bem, mesmo quando se tratava de encarar o próprio pai. Cada dia mais perto da Estrela Cadente a deixava mais frívola com o resto do mundo, ela não se importava com mais nada ou ninguém. Tudo que importava eram seus objetivos. Capturar a Estrela Cadente e pegar o livro vermelho, então ela e o Quebra-Nozes reconstruiriam o mundo da forma que Lucia quisesse...

Não foi fácil, já que tudo que Von Bardas e Freakmann possuíam era uma imagem antiga, uma garota de cabelos escuros e curtos, uma criança ainda, mas que depois de tantos anos já podia ter mudado muito. Nunca souberam sua real aparência depois de todo aquele tempo, mas isso pouco importava, a localização era o bastante, a Estrela Cadente se chamava Willa, estava escondida em um orfanato no norte — ou talvez fosse uma escola, isso também não fazia diferença.

Lucia sabia que precisava do Soldado Invernal para aquela missão, ninguém mais seria capaz de capturar a Estrela Cadente com tanta eficiência como ele... Demorou quase cinco meses para que ela e o Doutor Freakmann montassem o plano perfeito...

Um dos invernos mais rigorosos das últimas décadas castigava o país, no dia em que Lucia Von Barbas finalmente colocou suas garras pintadas de vermelho no livro daquela mesma cor. Ela ainda se lembrava de tudo, da emoção de ouvir o Soldado despertar, o homem errante dentro dele tentando a todo custo se libertar. Dos gritos e do choque...

Lucia se lembrava com clareza de cada uma das palavras, ficaram gravadas em sua mente como a letra de uma música. Uma música particular apenas dela e de seu Quebra-Nozes.

"Pronto para obedecer."

Nunca três palavras soaram tão doces e tão certas... Talvez outras garotas com a idade de Lucia quisessem ouvir um "eu te amo", mas não ela. Obediência parecia muito melhor.

Sua primeira ordem foi o que sempre quis. Um beijo. E teria pedido muito mais, porém estavam na companhia de Freakmann e, além disso, o tempo era curto, não demoraria muito para que o Barão e o restante da Hidra soubessem que o Soldado Invernal havia sumido.

Teria todo o tempo do mundo para ordenar beijos e todo o resto depois. Para qualquer outra pessoa podia soar abusivo pedir coisas como aquelas para alguém que não poderia negar, mas Lucia não via assim, ela sabia que o Quebra-Nozes a amava e que todo aquele tempo estava apenas esperando para serví-la.

Deu a ele sua missão, capturar a Estrela Cadente e matar todo o restante. Sem testemunhas. Homens, mulheres e crianças; seja quem estivesse no orfanato tinha que ser eliminado assim que o alvo principal estivesse sob custódia.

Lucia podia sentir o gosto da vitória na ponta da língua, mas isso foi o mais próximo que chegou de tudo que sempre almejou. A Hidra agiu mais rápido do que ela esperava...

Freakmann conseguiu fugir, mas Lucia foi duramente punida pelos homens do novo destaque da organização: Alexander Pirce, um idiota que logo assumiria a diretoria da SHIELD.

Nunca alguém tinha chegado em um posto tão alto na agência rival, mas isso em nada importava para Lucia. As doutrinas, convicções e planos da Hidra não eram nada para ela, Von Bardas tinha os próprios desejos...

Naquele dia seu pai lhe renegou, mas nem isso foi o bastante para que fosse perdoado, ele foi deposto de seu cargo, enquanto Lucia secretamente esperava pela volta de seu Soldado Perfeito, que traria sua salvação na forma da Estrela Cadente... Isso também não aconteceu.

A posição e os anos de trabalho do Barão permitiram que os dois fossem embora vivos, uma mentira é claro, o troco veio pouco depois em um carro sabotado. A Hidra não deixava pontas soltas. O Barão estava morto e Lucia apesar de também dada como morta, chegou apenas bem perto disso, mas foi salva por Freakmann.

O doutor fez dela uma versão melhor de si mesma.

Demorou anos até que estivesse perfeita outra vez, nesse meio tempo Lucia descobriu que o Soldado Invernal nunca chegou a capturar a Estrela, algo aconteceu naquele dia e ele acabou no fundo de um lago congelado do qual foi retirado posteriormente pela Hidra. E a Estrela Cadente se perdeu para sempre...

Lucia Von Bardas prometeu a si mesma que recuperaria tudo que tinham arrancado dela. A Hidra pagaria caro. Nos anos seguintes teve que permanecer escondida esperando pelo momento certo. Nesse meio tempo Freakmann trabalhava no projeto Cerberus e assim Nikolaj Novokov se juntou a eles, pensando que viria um super soldado para proteger seu país, um lugarzinho afastado chamado Latvéria. Impressionante o que se consegue contando umas mentiras para um homem que perdeu a família para a guerra.

Os outros dois Novokov eram fruto de muito trabalho de Freakmann. Um simples trio turbinado ao máximo com o que a ciência e tecnologia tinham de melhor, conectados a Von Barbas por chips intraneurais. Nada de palavras mágicas, o Doutor nunca foi capaz de reproduzir a obra prima que era o Soldado Invernal.

Cerberus faria tudo que ela mandasse, mas Lucia esperou o momento certo para agir... Ela viu aquela estupidez de "Vingadores" nascer; viu a queda da SHIELD e da Hidra, mas sabia que a organização continuaria de pé de algum modo. Corte uma cabeça e duas nascem o lugar; viu os mesmos Vingadores se desmantelarem; e finalmente viu metade do mundo virar pó.

A única vez que fraquejou em seu propósito foi quando soube do Soldado Invernal pela televisão, ele estava de volta, tinha vencido o homem dentro dele e colocado uma bomba em uma reunião idiota por um acordo ainda mais idiota. Alguns diziam que não tinha sido ele, mas Von Bardas sabia que tinha sim. Seu Quebra-Nozes estava de volta e a encontraria, voltaria para ela. E daquela vez não precisariam de um livro, porque Lucia se lembrava de cada uma das palavras.

Foi uma certa decepção quando ele sumiu do mapa outra vez, porém Von Bardas sabia que era tudo culpa do outro, do homem, daquele que chamavam de Bucky Barnes. E então veio o pó e a dizimação e Lucia teve que conviver com o fato de que o Soldado Invernal fora vítima de Thanos.

Todavia essa foi também a oportunidade perfeita para que colocasse seu plano em ação. Deletou tudo que havia sobre si mesma e criou uma outra vida para Lucia Von Bardas. Ministra da Latvéria. Claro que teve que eliminar todas as testemunhas da vida antiga, mas Cerberus estava pronto para esse tipo de missão e, enquanto Von Bardas ascendia como politica impecável, ele dizimava a Hidra cabeça por cabeça, até que não sobrasse nenhuma para se multiplicar.

Dentro daqueles cinco anos Lúcia conseguiu tudo que queria, menos a localização da Estrela Cadente. Freakmann sugeriu que Willa podia ter sumido com o estalo, assim como a mulher do Presidente dos Estados Unidos. Contudo Von Bardas se negava a acreditar nisso e decidiu que talvez se aproximar do Presidente Norte Americano fosse exatamente a chave para encontrar o que tanto buscava...

Era de conhecimento da Hidra que os presidentes trocavam informações confidenciais entre si, algo que apenas alguém que assumia aquele cargo tinha acesso, arquivos ultrassecretos e irrastreáveis. Lucia tinhas esperanças que Jonh Kennedy tivesse deixado alguma informação útil sobre a Estrela Cadente naqueles arquivos, o tipo de coisa que alguém que não soubesse que se tratava de uma pessoa deixaria passar batido. Talvez rotas de fuga ou qualquer pequeno detalhe que ajudasse na localização do "artefato".

Von Bardas estava quase próxima o bastante quando os Vingadores Idiotas estragaram tudo e desfizeram o estalo, a Primeira Dama estava de volta e isso atrapalhou todos os planos, por outro lado, aquilo também significava que o Soldado Invernal estava de volta e ela sabia, com uma convicção obsessiva, que ele assumiria o controle outra vez e a encontraria cedo ou tarde.

Ficou prepara para isso enquanto seguia com seu plano, tinha certeza que ele voltaria para ela quando vencesse o incoveniente Bucky Barnes.

Teve que mandar Cerberus se livrar da Primeira Dama e de mais uma dezena de pessoas chatas e intrometidas que voltaram do maldito blip e podiam atrapalhar tudo. Foi uma ironia poética usarem justo um acidente de carro para se livrar do problema, da mesma forma que a Hidra tinha feito anos antes, quando tentou se livrar dos Von Bardas.

E Lucia adorava uma boa ironia poética.

Com o Presidente comendo na sua mão e os recursos da Hidra e da SHIELD à disposição, ela achou que finalmente teria o que sempre buscou, no entanto a busca por informações nos arquivos presidências não teve qualquer resultado positivo.

Lucia teve que engolir suas frustrações para continuar procurando, Doutor Freakmann havia desistido, muito mais focado em sua nova pesquisa do que na Estrela Cadente, mas a Ministra não se importava, sua obstinação a fez voltar à estaca zero; se não havia informações digitalizadas talvez encontrasse algo nos arquivos antigos das duas organizações.

E era isso que vinha fazendo nos últimos meses, incansavelmente. Viajava de base em base, recolhendo arquivos velhos, examinando e passando para a próxima instalação, era por isso que estivera naquele antigo prédio da SHIELD. Von Barbas não imaginava, no entanto, que seria justo ali que o Soldado Invernal lhe encontraria novamente...

Ela soube no momento em que o encarou que era o outro no controle, por isso o apagou imediatamente, não tinha interesse algum em Bucky Barnes, na verdade possuía todas as esperanças que Freakmann encontrasse um jeito de eliminar aquele homem inconveniente de dentro de seu Quebra-Nozes de uma vez por todas.

Até lá traria o Soldado Invernal de volta usando a canção particular dos dois, e não precisaria de um livro dessa vez.

Lucia sorriu quando olhou para o rosto desacordado. Aquilo era um sinal de que estava prestes a conseguir tudo que sempre quis, afinal não havia mais ninguém que poderia atrapalhar seus planos...

✪ ✪ ✪ ✪ ✪

Savannah Devenport sugou todo o ar ao seu redor através dos lábios, como se de alguma forma isso fosse ajudar seus pulmões a finalmente terem acesso a qualquer resquício de oxigênio... Não funcionou, a única coisa que parecia circular por seus órgãos era pó de vidro, algo que arranhava suas vias respiratórias por dentro, causando uma dor física que parecia muito verdadeira naquele momento.

Não conseguia respirar. Simplesmente não podia. Era como se James fosse seu ar e sem ele tudo que lhe restasse fosse um mundo árido. As palavras "Bucky", "sequestrado" e "Hidra" rondavam por sua cabeça freneticamente de novo e de novo, em um looping infinito que parecia a trilha sonora de um filme de terror macabro, o fundo perfeito era o choro compulsivo de Abby há alguns metros dali.

Estavam há alguns metros de uma base abandonada da SHIELD ou algo assim, Savannah honestamente não saberia dizer, porque Sierra havia lhe trazido, e contado o que sabia no caminho, enquanto Gus e TJ se juntavam a eles. Abby tinha ligado para a namorada primeiro e no fundo Savannah até agradeceu por isso, porque não tinha ideia de como reagiria ou do que faria se tivesse recebido uma notícia daquelas por telefone.

O discurso apavorado e trêmulo de Abigail não fizera muito sentido, ela estava abalada demais pelo que havia presenciado, e de cinco palavras três eram "perdão". Savannah até queria raciocinar com mais clareza, porém sua mente estava nublada por uma única verdade cruel: James tinha sido sequestrado pela Hidra.

E ela não conseguia respirar sem ele.

— S...? — Sierra chamou em um tom ameno, enquanto ainda tentava acalmar Abby. — Você precisa respirar, por favor.

— Eu não queria... Eu só... — Abigail continuava a balbuciar sem muito sentido. Estava sentada no meio-fio, os carros estacionados ali perto e o prédio antigo da SHIELD não muito longe dali. — Sinto muito.

— Tudo bem... — Sierra esfregava-lhe os braços, tentando transmitir algum conforto.

No entanto a cena não era mais que um borrão para Savannah, tudo ao seu redor parecia rodar, suas mãos tremiam e ela tinha plena certeza que estava sofrendo um ataque cardíaco, tamanha a dor que as pontadas agudas espalhavam por seu tórax. Ela queria pensar melhor, ter uma solução lógica que consertasse tudo, mas sua mente não conseguia funcionar, assim como seus pulmões não tinham capacidade de respirar.

Possuía a noção que havia alguém muito perto de si, mas naquele momento ela sequer viu quem era. Apoiou as duas mãos um pouco acima dos joelhos e curvou o corpo, como se isso fosse lhe ajudar a conseguir ar. As imagens desconexas em sua mente eram violência e pavor, ela praticamente podia ouvir James gritando...

E se o colocassem no gelo outra vez?

E se o obrigassem a fazer tudo que ele mais odiava?

E se ela nunca mais o visse?

Seus olhos eram incapazes de verter as lágrimas acumuladas neles, mas cada fibra de seu corpo sentia o pavor latente se acumular em pontos de dor. Ela suava frio, tremia e seu coração não batia como devia...

— De espaço pra ela TJ, a S. precisa se acalmar aos poucos. — A voz de Sierra veio de tão longe que Savannah acreditou que estivesse embaixo d'água, se afogando aos poucos. Isso explicaria a falta de ar.

— Não temos tempo pra espaço, não. — Sentiu o corpo ainda mais perto do seu. — E nem tempo para crises nervosas ou ataques de culpa.

— Não é assim que se resolve esse tipo de coisa TJ. — A psicóloga tentou argumentar, em seu costumeiro tom calmo.

— Com todo respeito à sua profissão, Sierra... — TJ foi enérgico e segurou os ombros de Savannah, fazendo com que olhasse para ele, embora não o visse de fato, porque tudo estava envolvido por névoa. — Cada segundo que passamos surtando, é um segundo a mais de vantagem na Hidra. Precisamos fazer alguma coisa e precisamos fazer agora. Desculpa, Savy...

Savannah sequer previu o tapa, até que lhe atingiu em cheio, ardido, sacudindo sua cabeça e fazendo o ar entrar de uma vez só dentro de seus pulmões em um tranco violento que levou água e nevoa embora de uma vez só².

A clareza lhe atingiu ao mesmo tempo em que Gus e Sierra repreendiam TJ pela atitude nada recomendada. Mas Savannah não se importou, a dor verdadeira pareceu um jeito de compensar aquela que era causada pelo seu pânico. Como se isso lhe ajudasse a recuperar o foco e a clareza.

— Você está certo, eu estou ouvindo. — Ela assentiu para TJ. Se alguém tivesse um plano que ajudasse James, Savannah com certeza queria saber.

— Como sabe que era a Hidra? — Thomas se aproximou de Abigail e ela piscou algumas vezes, ainda impactada pelo tabefe que tinha acabado de assistir.

De alguma forma isso pareceu dar um pouco mais de foco a ela também.

— A mulher o conhecia e o Bucky a conhecia também. — Ajeitou os óculos sobre o nariz e assumiu aquele tom jornalístico. — A Ministra mencionou que Bucky tinha vindo por ela e que estava esperando por ele desde o blip. Então não pode ser apenas por causa de qualquer investigação. — Ela assentiu para o próprio raciocínio como se ele se tornasse mais claro em sua mente conforme falava. — E ela tinha aquelas armas estranhas, além disso o homem que pulou lá de cima não se machucou. Logo... Hidra.

Abby apontou o andar e todos focaram ali. Algo passou rápido pela mente de Savannah, uma ideia que não tomou forma de fato, e que se foi da mesma forma fugaz que apareceu, deixando apenas uma sombra que a fazia ter essa sensação estranha na boca do estômago.

— É um bom raciocínio. — Gus concordou devagar. — Disse que atiraram nele, Bucky estava muito ferido?

O peito de Savannah se contorceu de dor e TJ, que estava mais perto, apertou-lhe a mão direita em um gesto de apoio.

— Isso é o estranho... — Abby devolveu, franzindo as sobrancelhas enquanto negava um tanto confusa. — Ela atirou várias vezes, mas não houve ferimentos ou sangue, ele só desmaiou.

— Talvez seja algum tipo de arma tranquilizante. — Sierra opinou de forma neutra e os outros concordaram com essa linha de raciocínio.

— A Hidra certamente teria esse tipo de tecnologia. — Gus opinou e novamente todos estavam de acordo.

A mente de Savannah vagou por memorias muito antigas, aquelas que ela se esforçava para não acessar com frequência. A época que tinha um pai. Porque apesar das brigas frequentes com a esposa, quando se tratava da filha, Carter Devenport era sim um bom pai... Bom, isso se desconsiderassem o fato de que ele ensinava Savannah a limpar armas de fogo ainda com seis anos de idade.

Parecia uma atividade divertida na época, como um quebra-cabeças, ele desmontava tudo, tirava a munição, ensinava Savannah a limpar cada parte e depois a colocar tudo de volta. Ela se lembrava de longos discursos sobre aquilo não ser um brinquedo e das coisas terríveis que podiam acontecer caso mexesse nas ferramentas de trabalho do pai sem permissão...

Porém, naquele momento, a memória em questão não tinha a ver com as armas em si, mas sim com as conversas quase casuais que eles tinham quando estavam naquela atividade conjunta. Carter gostava de falar do trabalho, mesmo que Savannah na época não entendesse muito. Todavia naquele exato instante ela lembrou com perfeição de uma frase solta:

"Quando lidamos com sequestros ou desaparecimento, as primeiras horas são cruciais pra trazer a vítima de volta para a família com vida".

— Se estamos lidando com um desaparecimento tempo é crucial. TJ está certo, não podemos gastar nenhum segundo surtando. — Ela declarou e era bizarro reproduzir a fala de um homem que havia se tornado um assassino.

— Eu não queria isso... eu só... — Abby tentou se desculpar outra vez, mas Savannah a cortou com um erguer da mão esquerda.

— Todo mundo aqui já fez besteira pelo menos uma vez na vida. — Ponderou firme, sabia que não podiam brigar entre si naquele momento. — Quando o James estiver em casa a gente vê isso.

— Devíamos pedir ajuda para os Vingadores. — Gus sugeriu e ninguém discordou abertamente.

Savannah lembrou de todas as vezes em que James mencionara que não era um Vingador, ele não parecia nutrir amizades na equipe além de Sam ou do Capitão Rogers.

— Revistaram ele? Tiraram algo dos bolsos ou coisa assim? — TJ cortou a linha de raciocínio de Savannah, quando fez as perguntas de forma urgente. Abby negou algumas vezes.

— A Ministra só ficou tocando o rosto dele como uma doida obstinada. — Ela declarou fazendo uma careta de nojo.

E a sombra estava lá de novo, passando rápido pela mente de Savannah, mas dessa vez ela veio com a lembrança de uma conversa, uma sobre os pesadelos de James. Onde havia uma mulher que o apavorava de todas as formas. Uma que tinha mandado que ele matasse crianças...

Não podia ser podia?

A situação ficou ainda pior com aquela ideia, James não estava apenas com a Hidra, ele estava com seu pior pesadelo, e Savannah tinha quase certeza que aquele pavor dele vinha não só das ordens cruéis que a mulher dava, mas do que ela representava para ele. Violação.

Ele não podia ficar nas garras dela por mais nenhum segundo.

— Se não tiraram o celular dele podemos rastrear, provavelmente e só questão de tempo até encontrarem e destruírem, por isso é só uma pequena janela, precisamos chamar os Vingadores e precisamos fazer isso rápido. — TJ declarou e foi como se a luz da esperança brilhasse entre eles.

— Você pode rastrear o celular dele? — Savannah perguntou urgente e recebeu um mover casual de ombros como resposta.

— Claro, podemos fazer como se ele tivesse perdido, precisamos só da senha, você sabe? — TJ fez com que tudo parecesse incrivelmente prático e rápido.

— Deve ser a mesma da Netflix. — A ruiva respondeu, torcendo para estar certa.

Em alguns segundos TJ abriu tudo que precisava usado o celular de Savannah e de fato a senha que ela sabia foi o bastante, logo havia um mapa na tela onde um ponto se movia depressa.

Não estava tão longe assim, não ainda.

Savannah processou todas as informações que tinha rápido demais e tomou uma decisão quase instantânea. Nunca foi do tipo que ficava parada de toda a forma, sempre foi a pessoa que agia para proteger os amigos e não seria diferente com James.

— Olha, Vingadores eu não sei, mas podemos pedir ajuda do Falcão. — Ela declarou, tão prática quanto TJ, e recebeu alguns olhares surpresos.

— Você sabe como entrar em contato com ele? — Gus questionou, mas Savannah sequer se sentiu culpada por nunca ter contado que sabia da identidade secreta de um dos heróis que os meninos tanto gostavam.

Não era o segredo dela parar contar, mas naquele momento era uma questão de urgência.

— É o Sam. — Disse com um mover de ombros.

O Sam? — O queixo de Gus caiu rapidamente. — O Sam do grupo de apoio?

Não era uma surpresa que James tivesse comentado coisas do grupo de apoio com os amigos, por isso Sam era um nome conhecido pela maioria deles, mas só Savannah tinha encontrado com o Falcão pessoalmente.

— E isso é basicamente tudo que eu sei sobre ele... Que dá reuniões no grupo de apoio, não trocamos telefones, eu não quis ser invasiva. — Ela explicou depressa sem querer se prolongar no assunto. — Talvez o Terry lá do meu serviço tenha o contado dele.

Olhou para o rosto de cada um ali e respirou fundo, sim, tinha que seguir com seu plano, era o melhor que podia fazer naquele momento...

— Então é isso que vamos fazer: Vocês vão atrás do Sam e contam o que aconteceu, e eu vou seguir o rastro do James. — Ela declarou tão prática que era como se estivasse falando do planejamento das férias de verão.

Esticou a mão para recuperar o próprio celular.

— O que?! Não! — TJ apertou o aparelho contra o peito. — Ficou louca agora? Está querendo enfrentar a Hidra por acaso?

— Claro que não, eu não sou idiota. — Ela retrucou com um revirar de olhos impaciente. — Eu vou seguir o rastro de perto, e se o sinal sumir, porque eles acharam o celular do James, eu vou ver onde e talvez consiga continuar seguindo tudo de longe.

— Isso não é uma boa ideia. — Gus apontou e TJ concordou com um gesto veemente.

— Você mesmo disse que temos apenas uma pequena janela de tempo aqui. — Savannah apontou de forma certeira. — Eu só quero manter essa janela aberta o máximo possível, apenas tempo o bastante para que o Falcão chegue e resolva tudo.

O plano fazia sentido em sua mente, porque ela tinha certeza que Sam nunca deixaria James na mão, além disso ele saberia se precisaria chamar reforçou ou se podia lidar com a Ministra sozinho. Tudo que Savannah tinha que fazer, era garantir que o rastro não se perdesse até que a ajuda chegasse.

— Isso é muito arriscado, S. — Sierra interferiu, usando um tom apaziguador.

— Eu sei disso. Mas James vale o risco. — Savannah devolveu firme. — Além disso, não vou enfrentar ninguém, eu só vou seguir de longe e cautelosamente. Assim vocês podem rastrear meu telefone se o sinal do James sumir.

TJ respirou fundo e fez uma careta de desgosto, mesmo assim entregou o celular de volta para a dona.

— Okay. Eu vou com você. — Ele declarou com a mesma praticidade que ela.

— Não. — Savannah foi enfática. — Você é quem tem a cabeça fria e pensa rápido, preciso que agilize a coisa toda com o Sam.

— Então eu vou. — Sierra decidiu e Savannah negou uma vez mais.

— Abby precisa de você agora. — Apontou com simplicidade e logo seus olhos caíram em Gus que já estava abrindo a boca: — E não. — O cortou mesmo antes que pudesse dizer alguma coisa. — Não vamos separar mais nenhum casal hoje, se é um risco, prefiro me arriscar sozinha.

Não podia colocar mais ninguém em perigo, além disso não queria que seu foco ficasse disperso, James era sua prioridade naquele momento e, se levasse qualquer um dos amigos consigo e algo de ruim acontecesse, ela não queria ser obrigada a escolher com quem se preocuparia mais.

— Eu não acho que esse plano seja bom. — Sierra ponderou preocupada, e pelos olhares Savannah soube que o restante do grupo também concordava com isso, mesmo que não o fizessem abertamente.

— Talvez não seja, mas não temos tempo pra pensar em um plano melhor. — Ela retrucou, encarando cada um deles. Eram seus amigos e tinha ser honesta com eles. — O que eu não posso fazer é ficar sentada aqui esperando o rastro do James sumir... porque da última vez ele passou décadas sendo torturado e usado. Não podemos deixar acontecer outra vez. Eu não posso deixar.

Engoliu o nó que se formou em sua garganta e encarou o chão, procurando a todo custo se manter forte. Se desmoronasse não poderia ajudar o homem que amava.

— E não vamos deixar acontecer de novo. — Gus declarou de forma firme. — Não vamos desistir dele.

Todos assentiram, concordando mutuamente com um plano que não chegava nem perto de ser o melhor ou o mais sensato, mas que talvez pudesse de fato ajudar.

Abby descreveu os carros, ela tinha sido esperta o bastante de anotar as placas, mas nenhum deles achava que isso ajudaria de fato, mesmo assim Savannah ficou com todas as informações.

— James com certeza veio de moto... — Ela olhou ao redor procurando pelo veículo. — Eu vou com ela.

Demorou alguns minutos para que encontrassem a motocicleta escondida atrás das do prédio e ocultada por folhagens. Foi só então que Savannah percebeu a bobagem, afinal não tinha a chave, no entanto isso não foi problema algum para TJ que sabia exatamente o que fazer e logo a Harley Davison estava funcionando com uma ligação direta.

— Obrigada. — Savannah agradeceu quando de abraçaram — Não sei o que eu faria se você não estivesse aqui.

— A perna não funciona como deve. Mas o cérebro ainda está bonzinho. — TJ sorriu encorajador e lhe entregou o capacete.

Savannah deu instruções para que Abby cuidasse de Alpine, caso aquilo demorasse mais que o esperado, e se despediu dos outros amigos também, todos preocupados e tensos, mas fazendo o possível para se manterem otimista, tinham um plano e assim que falassem com Sam tudo daria certo.

— Aqui, leva o meu telefone também, nunca se sabe. — Gus entregou o celular para Savannah e mostrou a ela como desbloquear a tela.

Parecia uma medida exagerada, mas ninguém ali sabia quanto tempo aquela perseguição duraria, então o melhor a fazer era mesmo levar um celular extra.

— Boa sorte, Savy. — TJ desejou quando ela subiu na moto e colocou o capacete, mas Savannah sabia que talvez "sorte" não fosse o bastante naquele caso.

Ganhou a estrada o mais rápido que podia, o coração batendo apressado dentro do peito e a preocupação cuidando de lhe manter focada.

Talvez o grupo conseguisse falar com Sam antes mesmo que o sinal de Bucky fosse desligado, talvez toda aquela corrida de moto se mostrasse inútil no fim das contas, mas Savannah precisava sentir que estava fazendo alguma coisa.

Porque só conseguiria respirar corretamente outra vez quando James estivesse em casa, em seus braços, e pudesse dizer a ele o quanto o amava.

A história deles não podia acabar antes disso. 

¹ É fato canon no MCU que o Soldado Invernal matou John Kennedy.

² Interromper um ataque de pânico causando dor, NÃO É recomendável, tenham em mente que isso é uma história e a situação exigia medidas desesperadas, pelo amor da sua divindade preferida, não saia esbofetiando seus amigos. 

Então... Obviamente Lucia tem sérios problemas e fica bem claro o motivo do Bucky se sentir tão mal quando tem vagas lembranças dela. Tem uma porção de pequenas respostas/informações nesse capitulo, espero que vocês tenham pescado todas, porque sem sempre elas foram diretas. 

Savy tá indo atrás do Boy e o Squad tá indo atrás do Boy do Boy kkkkkkk (oi?) e agora hein?

IMPORTANTE: Eu fechei o planejamento da fic e ela acaba no capitulo 33 (salvo pequenas mudanças ou capitulos que tem que ser divididos em 2 porque ficaram muito grande) isso significa que estamos na reta final... (já tô com saudades por antecedência) 

Por enquanto é isso. Volto em breve.
Beijos e até!

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