Lívia (COMPLETA)

By JandiOliveira

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No reino Sarabely, a rainha deu a luz a duas gêmeas, a qual deu os nomes de Lívia e Olívia. Mas como a tr... More

CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
EPÍLOGO
LIVRO 2
AGRADECIMENTOS
COMEÇOU!!!

CAPÍTULO 41

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By JandiOliveira

- Sabíamos que isso iria acontecer - a voz de Olivia chega até mim, olho por sobre o ombro, vejo ela se aproximar e parar ao meu lado.

- Ele adiantou por praticamente um ano.

- Iria acontecer cedo ou tarde.

Me viro totalmente para ela, a luz da lua ilumina seu rosto fazendo seus olhos azuis escuros brilharem.

- Não está preocupada com o que teremos que fazer uma com a outra ? Não sei você, mas não estou muito ansiosa para socar a sua cara.

Vejo o indício de um sorriso em seu rosto, antes que ela responda.

- É, eu muito menos. Mas já fizemos isso uma vez, podemos fazer de novo.

Um silêncio desconfortável se instala entre nós, quando lembramos da última vez que estivemos em uma arena juntas.

- Eu ganhei de você pela primeira vez hein.

Ela me da um soco de leve no braço, e ouço sua risada baixinho. Tenho vontade de rir também, mas o som não sai da minha boca, ele parece estranho e errado demais.

- Só pra você saber, deixei que me derrubasse.

- Acha mesmo que vou acreditar ? Estava com tanta raiva de mim, quanto eu de você naquele dia.

- Você teve sorte.

Queria poder discordar dela, mas acredito que também tenha sido um pouco de sorte. Eu estava com raiva e vergonha, queria poder provar para ela a todos que podia vencer, que não era uma fracassada... queria diminuí-la por querer Dylan.

Agora, sinto vontade de ter toda aquela raiva dentro de mim, o ódio e a vontade de vencer. Mas tudo que tenho dentro de mim, é um enorme vazio.

- Você quer vencer Olivia ? - A pergunta me escapa antes que possa contê-la. Olivia se vira para me encarar de frente.

- Está me perguntando se quero ser rainha ? Acho que ninguém diria que não - ela pega minhas duas mãos e as aperta. - Mas quero que saiba de uma coisa Lívia, há um limite de até onde eu iria pela coroa, e ele é você.

Ela me puxa para um dos seus raros abraços.

- É reconfortante saber que você não quer enfiar uma faca em mim.

Me afasto de seus braços e dou as costas para ela.

- Seria reconfortante saber que você não quer enfiar uma em mim - suas palavras me fazem parar, e um meio sorriso, que tenho certeza que parece mais uma careta para ela, se forma em meu rosto antes que eu me vire novamente para onde Olivia está.

- Não precisa se preocupar com isso, sou a mais fraca de nós duas lembra ?

- Livia... está passando por muita coisa esses dias, e sei que não fui muito sensível com você no enterro de seu amigo, mas pode conversar comigo se quiser, não está sozinha.

Quero dizer para ela, que é mentira. Estou sozinha desde onze anos atrás, quando a perdi, não tenho ninguém a não ser Dylan, e nem posso tê-lo sem perder o pouco que resta de minha irmã. Quero dizer para ela, que a solidão sempre foi meu pesadelo, mas agora é a única coisa que desejo.

Mas não digo nada, apenas balanço a cabeça para ela antes de me virar e seguir até um cadafalso montado no meio da praça. Meu pai esta lá em cima junto com mamãe, subo os degraus e me posiciono à esquerda do rei, não demora para que Olivia se junte a nós também.

Uma multidão de rostos nos encara lá de baixo, algumas próximas demais dos guardas que cercam o cadafalso. Percebo que os murmúrios entre o povo aumentam quando minha irmã chega, e até algumas palmas podem ser ouvidas.

- Hoje não é uma noite de comemoração, não estamos aqui para gritar e torcer pelas princesas. Essa noite, agradecidos pelo ar que respiramos, o chão que nós pisamos , a água que bebemos e o alimento que comemos, imploramos aos deuses mais uma coisa. Que eles deem força a verdadeira rainha, a coragem para enfrentar suas batalhas, a justiça para julgar de forma correta e honra, para usar a coroa que a pertence.

Vejo quando dois homens sobem o cadafalso, cada um segurando um cavalo de pelagem marrom, eles os levam até a nossa frente.

Sinto uma mão em meu ombro, e quando olho para trás vejo minha mãe.

- Estou torcendo por você - susurra em meu ouvido.

- Tenho certeza que a senhora deveria ser imparcial - respondo.

- Provavelmente, mas você merece Lívia, sua pureza faz de você uma verdadeira rainha, sei que seria uma boa líder.

Tiro sua mão de meu ombro com força.

- Você não me conhece... pelo menos não mais.

Pego a espada que o homem me oferece e vou até o animal, minha espada desce no pescoço do animal, mas o golpe não é forte o suficiente para arrancar sua cabeça, e sou obrigada a dar outro. Ao meu lado Olivia dá seu primeiro golpe, arrancando a cabeça do cavalo de primeira.

O sangue mancha seu rosto assim como o meu, quando seus olhos se desviam do corpo morto do animal e encontram os meus, não vejo nada neles, o pensamento de que agora somos mais iguais do que nunca atravessa minha mente. Duas irmãs pela metade.

Quase dou risada da idéia. O cheiro de sangue chega até mim quando o vento frio corta o ar com força, meu estômago se contorce, e mesmo que eu não tenha nada para colocar para fora, a vontade de vomitar me atinge em cheio.

- Que a verdadeira rainha vença - dou as costas para os gritos do povo e desço a escada na lateral, dois guardas me seguem até meu cavalo, e para minha segurança me acompanham até o castelo.

Quando desço do cavalo, minha cabeça gira, e um dos guardas me segura antes que eu caia no chão.

- Quer e eu a acompanhe até seus aposentos alteza ?

Balanço a cabeça em negativa.

- Não é necessário.

Me livro de suas mãos e entro no castelo. Ando pelo corredor iluminado por tochas, com passos arrastados, mesmo após passar um dia inteiro deitada na cama, me sinto exausta, não só fisicamente, mas de tudo, estou cansada das pessoas e de mim mesma.

Me aproximo da porta do meu quarto, e quando estou quase chegando lá, vejo Dylan sair das sombras.

Minhas entranhas se contorcem de dor quando vejo seu cabelo ruivo brilhando sob a luz, me lembrando de Oliver. Por um segundo, vejo Oli ali, parado no mesmo lugar me esperando para irmos juntos ao meu treino. Esfrego os olhos para sair de meus devaneios, e meus dedos encontram algo molhado. Quando olho para meus dedos vejo o sangue do animal, mas depois de um instante minhas mãos estão encharcadas pelo sangue... de Oliver.

- Lívia ? Está tudo bem ? - A voz dele me traz de volta a realidade, e quando olho para os meus dedos vejo apenas um borrão vermelho de sangue do animal que estava em meu rosto.

- Não posso falar agora Dylan.

Entro em meu quarto, e tento fechar a porta, mas a mão dele impede.

- Lívia... Por favor, eu sinto muito.

Suspiro, já cansada de ouvir isso.

- Ah sente é, pelo que ? Por Oliver ? Não precisa mentir para mim, você não é capaz de sentir pela perda do seu irmão, porque nunca notou que teve um. Agora me deixe em paz.

Bato a porta em sua cara, e me encosto nela, exausta, deixo meu corpo descer até o chão. Mas não desmorono, prometi a mim mesma que não cedeira mais, mesmo que seja o que eu mais queira fazer...mesmo que talvez essa seja a única coisa que eu faça direito.

Me obrigo a levantar e ando até minha cama. Tiro meu sapato do pé direito, e estou prestes a jogá-lo no chão quando meus olhos encontram o espelho e fico imóvel.

- O que é esse sangue em seu rosto Lívia ? Enfiou um machado na cabeça de outra pessoa ?

Anne sorri para mim, da mesma forma que sorriu antes de me dar as costas uma última vez. Antes que eu a matasse.

Fecho os olhos com força e balanço a cabeça.

Ela não é real.

Ela não é real.

Ela não é real.

Mas quando volto a abrir os olhos, Anne continua ali.

- Não pode escapar de mim Lívia, não dessa vez

- Me deixa em paz.

- O que vai fazer para vencer sua irmã Lívia ? pode enganar aos outros, mas eu sei que você quer a coroa, me conta, vai arrancar a cabeça dela com um machado ? Nós duas sabemos o quanto você gosta disso.

- Cala a boca !

Arremesso o sapato no espelho, estilhaçando-o em milhões de pedacinhos. Me aproximo cautelosa dos cacos, e quando não vejo o sorriso perverso de Anne em nenhum pedaço, suspiro aliviada.

Caio de joelhos no chão. Cacos de vidro perfuram minha mão, mas não me importo, chego a pressiona-la com mais força, até sentir os pedaços pequenos entrando na carne. Meus olhos queimam com lágrimas contidas que não deixo cair, e quando o grito sai de mim, ecoando pelo quarto, não é pela dor, é de raiva... raiva de mim mesma por ser tão fraca.

Pare de sentir, pare de sentir, pare de sentir.

Digo a mim mesma, estou enlouquecendo por minha própria estupidez. Estou cedendo de novo porque sou fraca, e minha cabeça não para de girar com pensamentos sobre tudo que eu poderia ter feito diferente, com Olivia, Oliver e Dylan e até mesmo Anne.

Estou fraca porque ainda sinto tudo como antes, e não sei como mudar isso. Ódio, tristeza e arrependimentos vem em ondas enormes de dentro de mim e continuam me puxando para baixo.

Pare de sentir, pare de sentir, pare de sentir.

Imploro a mim mesma.

Mas não tenho a mínima ideia de como fazer isso.

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