- Harry? Está tudo bem? Nós chegamos há quase duas horas e você ainda não saiu desse trailer! Logo você que sempre gosta de sair para explorar e conhecer as cidades que a gente vêm para fazer o show... - Gemma diz em voz alta , enquanto entra no trailer e caminha até os fundos, abrindo o cortinado, que escondia a cama de casal, e se deparando com o irmão mais novo deitado embaixo de em uma pilha de cobertas e com os olhos caídos. - Bu! Achei você! - Ela brinca com um sorriso carinhoso nos lábios e se senta na beirada cama, esticando a mão e fazendo carinho no rosto do mais novo. - Céus, Harry! Você está muito quente! Aposto que está ardendo em febre! Oh merda! - Ela exclama, assustada com o calor anormal que atinge suas mãos, e se levanta em um pulo rápido. Preocupação caindo sobre ela como um balde de água escaldante.
O garoto levanta o olhar, a encarando por alguns breves segundos, antes de fechar os olhos e suspirar pesadamente. Como estivesse cansado e sofrendo.
Por favor, só me leva para algum hospital.
É o que Harry pensa, não encontrando forças em si para mover um músculo sequer e, muito menos ainda, conseguir gesticular seus pensamentos para a irmã. Sua cabeça parece estar pesada e enevoada; latejando de forma aguda e incômoda. Como uma bomba prestes a explodir a qualquer momento. Todo o seu o corpo dói, os membros também pesados e rígidos. Todo o seu corpo treme em vibrações de baixa frequência, causadas pelo frio incomum que o estado febril lhe faz sentir.
- Eu vou chamar o papai e nós vamos te levar em um médico. Só... Não se mexa, por favor.
Não é como se eu tivesse forças para sair daqui por conta própria, Gem.
Ele apenas pensa, novamente. Contudo, dessa vez, ele encontra força para um fraco e lento balançar de cabeça. Em seguida, um espasmo de frio atinge seu corpo e ele se encolhe ainda contra as cobertas.
Se apresse. Ele implora mentalmente.
Harry vem se sentindo estranho desde a a noite passada, mas não esperava teria sido pego por uma doença qualquer.
A garota sai do trailer apressada e caminha a passos rapidamente até onde os circenses estavam sentados e conversando, descansando após montarem uma boa parte da estrutura da tenda. Ela se vira para o pai, Zayn, Liam e Niall que riam distraídos e pigarreia, atraindo os olhares para si.
- Não pirem com o que eu vou dizer, ok? -Suspira, mexendo os dedos nervosamente. Automaticamente, eles já ficam mais rígidos. - Harry está com muita febre e honestamente? Ele não parece nada bem. Pai, nós temos que pegar o carro e levá-lo ao hospital, não acho que ele esteja numa situação para apenas tomar algum remédio e melhorar.
- Eu vou também. - Zayn se levanta de prontidão, atraindo alguns olhares curiosos dos outros.
- Eu também! - Niall e Liam dizem em uníssono, fazendo a mais velha revirar os olhos. Ela já imaginava que a reação seria essa e, no fim, terminaria com eles causando um tumulto no hospital. Porém, nada do que ela disser os fará mudar de idea. Então Gemma se dá por vencida e suspira, encarando os três com um olhar sério.
- Vocês dois vão buscar a minivan. Papai, eu e Liam vamos pegar o Harry, acho que ele está muito fraco e não vai ter condições de andar sozinho ou fazer qualquer tipo de movimento brusco sem nossa ajuda. - Ordena, um pouco de preocupação transparecendo em sua voz autoritária e apressada.
- O que está acontecendo? Eu fui pegar comida para a gente. Desistiram da fogueira? - Louis pergunta, aparecendo de repente com algumas vasilhas na mão, provavelmente vindo de volta da cozinha. Ele olha para os outros com o cenho franzido, vendo que todos agora estão um pouco mais pálidos e com expressões estranhas.
- Harry está doente e nós vamos precisar levá-lo para um atendimento médico. Você pode avisar ao Simon que pegamos o carro e depois avisar para minha mãe o que aconteceu? Jesus... Ela vai surtar! Mas não vai caber mais gente no carro, meu irmão tem que ir deitado e o projeto de 'os três mosqueteiros' não vão abrir mão de ir. - Ela pede e explica, se atropelando nas próprias palavras e tomando uma respiração profunda ao termina de falar.
- Se acalme, Gemma. Ele vai ficar bem, tenho certeza disso. Eu vou avisar a eles sobre o que aconteceu e vocês apenas vão, ok? Qualquer coisa, dependendo de como sua mãe receber a notícia, eu pego um táxi com sua ela até o hospital para não deixá-la ir sozinha.
- Obrigada! -A garota puxa o escritor para um abraço aperto que dura poucos segundos, e ele sorri e lhe dá alguns tapinhas nas costas.
- Gemma, vamos! - Liam buzina. Ambos se viram para ver que já estavam todos na minivan prontos para irem.
- Obrigada mais uma vez! Ligo para dar notícias em breve.
O caminho para o hospital é silencioso e há uma pequena nuvem de tensão pairando sob todos eles. Não pense que é exagero. Harry realmente é frágil. Sua imunidade baixa o tornando extremamente vulnerável, especialmente quando ficava doente. E aquela não era a primeira vez que algo assim acontecia. Quando o garoto tinha doze anos de idade, quase perdera a vida devido a uma estúpida bactéria que lhe causara uma infecção generalizada. Desde então, os amigos e a família adquiriram certo trauma, ficando preocupados e atentos até com a mais simples das gripes.
Quando chegam no local, o Styles mais novo é retirado do carro, sendo carregado por Liam, e levado para para dentro. Quando explicada a situação ao recepcionista, ele é prontamente atendido. Robin entra com o filho para sala do médico e os outros quatro jovens são deixados na sala de espera.
- Tinha muito tempo que eu não via ele doente assim. Acho que a última vez foi aquela... -Gemma sussurra baixinho e cabisbaixa, estremecendo com as lembranças horríveis de cinco anos atrás. A cena de seu irmão em uma maca, conectado a aparelhos e branco como um fantasma, a deixou abalada por uma vida. Não queria, jamais, vê-lo daquela forma novamente.
- Não vamos lembrar disso. - Niall murmura, segurando a mão da amiga na tentaram de lhe passar algum conforto. - Ele vai ficar bem, não vai ser como a última vez.
- Ele não merece passar por isso. - Zayn, que até então estava calado, desabafa com um suspiro triste. - Ele já passa por tanta coisa. Não pode falar, nem rir ou sorrir; come com muita dificuldade. Além de tudo, ele ainda enfrenta o preconceito das pessoas que não sabe lidar com as diferenças. Harry é tão jovem, doce e inocente... Deus! Tudo que ele menos precisava era de uma doença inútil para piorar a situação. - Exclama, algumas lágrimas frustradas e chateadas deslizando para fora de seus olhos e pelas suas bochechas, escorrendo de seu queixo para seu colo.
- Ele ainda vai ter a vida que merece, Gem e Z. Algo muito bom para ele ainda está por vir, eu tenho certeza. Não chorem, por favor. - Liam, que está sentado entre os dois, diz, os puxando para um abraço apertado.
Eles retribuem e Niall também se une, os quatro permanecendo ali, nos abraços uns dos outros, por alguns instantes, até que suas respirações estivessem mais tranquilas e as lágrimas parassem de cair.
- Mudando de assunto... Já pediu a Louis para autografar todos os milhares de livros dele que você tem? - Zayn provoca com um sorriso maroto nos lábios, a marca do choro ainda em seu rosto, tentando quebrar um pouco da tensão.
- Idiota! - A garota revira os olhos e lhe dá um soquinho no ombro, porém suas bochechas se coram em um tom rosado. Ela realmente tinha todos os livros escritos por Tomlinson e se considerava a fã número um do rapaz. - Eu não tenho culpa se ele escreve tão bem e tem as melhores histórias. Respondendo a sua pergunta: não. Eu ainda não pedi, ele mal se juntou a nós e estou com pouco de vergonha. Ele é tão lindo!-Suspira.
- Lindo e de olho no seu irmão! - Liam deixa escapar.
- Desculpa? - Ela arqueia as sobrancelhas de forma surpresa.
- Ele secou o Harry completamente no outro dia e também está sempre olhando para ele. Claramente amor a primeira vista. - Explica e os garotos riem da expressão no rosto da garota. - Não, é sério. Louis realmente tem uma queda por seu irmão e ele não está fazendo questão de esconder... Bem, se está, está fazendo muito mal.
- Meu irmão já sabe disso?
- Nós falamos com ele a respeito, mas você o conhece, G. Se recusa a aceitar que alguém de fora possa realmente gostar dele. Ele acha que a paralisia o define. - Zayn revira os olhos, -Porém, por mais que ele não admita, ele também está um pouco encantado pelo escritor... E o medo de aceitar os próprios sentimentos e acabar sofrendo?
- Você se esqueceu do melhor! - Niall se lembra com uma grande sorriso e se vira para Gemma: - Louis a Zayn para ensiná-lo a língua dos sinais, foi logo que contamos sobre o probleminha do H.
- Oh meu Deus, isso é tão fofo! Eles ficariam lindos juntos, mas se depender do Harry vai demorar... Ou nem acontecer. - Eles riem juntos e, então, Robin entra na sala de espera.
- Bom crianças, o H vai passar a noite no hospital e já está sendo internado. A boa notícia é que é apenas uma virose e amanhã ele já estará melhor. Eu vou voltar para buscar a Anne, ela ficará aqui e passará a noite com ele, vocês podem fazê-lo companhia enquanto isso? Quarto 202.
O homem mal consegue terminar de falar, quando os quatro circenses se levantam e correm em direção ao corredor de onde ele viera.
Eles entram no quarto 202 de forma afobada e apressada, se atrapalhando ao tentarem passar todos pela porta ao mesmo tempo. Harry, agora um pouco menos pálido e fraco após receber um remédio e soro na veia, observa a cena de seu lugar na cama, achando graça da situação.
Para que tanta pressa? Não é como se ele fosse sair dali.
- Graças a Deus você está bem e foi só um susto! - Gemma é a primeira a exclamar, aliviada, e a se aproximar, enchendo o rosto do irmão de beijos babados enquanto ele faz uma careta e tenta empurrá-la para longe. O rosto quente de vergonha.
- Os médicos disseram que você está com alguma virose, mas que não é nada grave. Felizmente!
- Eu sei bem qual vírus Harry pegou. - Zayn diz e todos o encaram, vendo um sorriso atrevido dançar em seus lábios. Lá vem. - Chama vírus do amor.
- O laudo diz que é transmissível e nós suspeitamos de que o transmissor desse vírus se chama Louis Tomlinson! - Liam ri, entrando na brincadeira e vendo os olhos verdes se arregalarem como se tivessem sido pegos fazendo algo errado. A expressão combinando com o tom de vermelho cobrindo sua pele.
- Gente, eu conheço uma música. Vocês poderiam me acompanhar?
Em seguida, os quatro jovens começam a balançar seus corpos de um lado para o outro em um ritmo lento, divertido e sincronizado. Ao mesmo tempo, eles cantam em uníssono a letra de uma música conhecida.
"Now I'm speechlees
Over the edge
I'm just breathless
I never thoutgh that i'd catch this lovebug
Now I'm hopeless,
head over heels in the moment
I never thought that I'd get hit by this lovebug"
Eles terminam a canção com risadas divertidas e escandalosas.
Harry, vermelho até as pontas das orelhas, parece pronto para explodir em vergonha. Ele quer se esconder no primeiro buraco que encontrar, talvez ele mesmo cave um.
Porque, bem... Ele não está apaixonado por Louis Tomlinson.
Por Deus, eles mal se conhecem!
Mas o que Harry não sabe é que o amor não escolhe tempo, nem momento. Pode ser à primeira vista ou a longo prazo. Mas quando vem, o amor só vem. E te abraça, como um brisa quente e acolhedora.