Lucas
Desligo o celular assim que ouço o fim da ligação e caminho até a sala me encostando na entrada, observando com calma a garota loira sentada no meu sofá, enrolada em uma coberta fina sem desviar a atenção da TV.
Estamos na última semana de aulas na faculdade desse ano, e com isso eu e a Julia quase não nos vimos nos últimos dias por conta das provas, ela ficou estressada pra caralho e quase me deixou louco com tudo isso, enquanto eu tentava manter tudo na paz.
Com tudo isso, acabamos tendo uma discussão na quinta-feira, coisa desnecessária, mas eu entendia que ela tava estressada com as coisas então deixei que ela falasse, o que a deixou mais irritada por eu não estar brigando também. Quando mandei a mensagem ontem a noite, pra ela vir aqui em casa passar o final de semana comigo, não tive uma resposta, mas hoje, as 17hrs a campanhia tocou.
Me sentei do seu lado no sofá, mas segui sendo ignorado. Apesar de ser sábado, ninguém tinha animado rolê hoje, talvez pela chuva forte que caia, então o Arthur acabou indo para o apê das meninas, enquanto eu chamei a Julia pra vir pra cá.
– Meu bem? – chamei baixinho enrolando meu dedo em uma mecha de cabelo dela, a fazendo pausar o episodio que passava na TV e voltar sua atenção para mim.
– Desculpa, ta? – ela começou falando baixinho levando sua mão até minha bochecha fazendo um carinho de leve – Eu tava muito mal por conta da faculdade, as provas e as coisas no trabalho e acabei descontando em você.
Concordei com a cabeça pegando a sua mão e dando um beijo antes dela se aproximar para me dar um selinho e passar seus braços pelos meus ombros para um abraço.
– Tava com saudade pra caralho de tu, loira.
– Semana que vem começa as férias da faculdade e você vai poder me ver toda noite, pelo menos alguns dias. – ela falou se ajeitando ao meu lado e pegando minha mão.
A gente ainda não tinha discutido como ficaríamos nas festas de final de ano, se eu iria para a casa dos pais dela ou se ficaríamos aqui, mas eu sabia o que ela queria.
– Sabe com quem eu tava falando no telefone? – pedi brincando com o cabelo dela, assim que ela negou com a cabeça, deixei um beijo na sua testa e voltei a falar – Minha mãe.
– Aconteceu alguma coisa?
– Não. De certa forma sim, mas nada muito grave.
– O que foi? – ela se virou para me olhar, a cara de preocupação dela me fez abrir um pequeno sorriso.
– Eles tem um jantar importante, inauguração de uma empresa de algum amigo. E a Isa ta meio doentinha, ai não queriam levar ela por causa do tempo e não conseguiram ninguém para ficar com ela. – olhei para ela que já tinha entendido – Eles vão deixar ela aqui às 19h30min.
– Você sabe que eu amo sua irmã, e ela nem incomoda nada.
– Mas vai atrapalhar nossa noite. – falo manhoso a fazendo semicerrar os olhos e segurar meu rosto com as duas mãos.
– Não vai nada. – ela me deu um selinho antes de conferir as horas no celular – Nós temos 1 hora e 20 minutos até eles chegarem.
Nesse tempo em que começamos a namorar, a Julia se abriu cada vez mais pra mim, ela ainda era a menina quieta que eu conheci no começo do ano quando estamos juntos com nossos amigos ou qualquer outra pessoa, mas quando estamos só nós dois, ela se solta, não tem vergonha nenhuma.
Então, quando ela abre um sorriso para mim tirando o cobertor de cima das pernas e se arrastando pra cima do meu colo, eu sei exatamente o que ela quer.
– O que foi hein? – murmuro colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha enquanto ela passa os braços pelos meus ombros mordendo o lábio.
– Amor? – ela fala baixinho antes de deixar uma trilha de beijos molhados pelo meu pescoço me fazendo fechar os olhos.
– Hãn?
– Senti sua falta! Bastante... – ela sabe como eu fico louco quando ela sussurra desse jeito no meu ouvido, por isso gosta de me provocar.
Levo uma mão à barra do seu moletom, enfiando por baixo da blusa e indo direto para o seu peito, apertando por cima do sutiã de renda a fazendo arfar no meu ouvido.
Com um movimento rápido, ela puxa meu cabelo para me beijar, enfiando a língua de um jeito sensual e que faz eu ficar todo duro imaginando outra coisa, quando sua mão desce até a minha calça de moletom preta, apertando meu volume por cima, deixo escapar um gemido que a faz morder o lábio me olhando nos olhos.
– Porra, não me tortura, loira!
– Que foi? – ela mordisca meu pescoço ao mesmo tempo em que rebola no meu colo devagar.
– Vamo pro quarto?
Não espero ela responder para levantar agarrando suas coxas para manter ela firme no meu colo, beijando seu pescoço até chegarmos ao meu quarto e eu bater a porta com o pé.
As 19h35min o interfone toca, resmungo virando de lado na cama e empurrando o braço da Julia para que ela fosse atender, ela bufa baixinho levantando da cama só de roupa intima e pegando a calça jeans do chão para logo em seguida sair correndo em direção a cozinha.
– Levanta logo, Lucas! Seus pais estão subindo. – ela para na frente da cama com as mãos na cintura, vestida com a calça jeans e com o sutiã preto.
– Você fica linda pra caralho assim. – falo antes de me levantar fazendo ela dar uma risada envergonhada negando com a cabeça.
Cinco minutos depois, a campanhia toca, nesse tempo, troquei de roupa e junto com a Julia arrumamos o quarto. Assim que abri a porta, dei de cara com a minha mãe em um vestido longo, meu pai estava ao seu lado vestindo o terno de sempre com a minha irmã no colo.
– Oi mãe, entra. – ela beija minha bochecha arrumando meu cabelo bagunçado antes de entrar.
– Boa noite, Lucas. – aceno com a cabeça em resposta ao meu pai direcionando a atenção para a minha irmã que abre um sorriso enorme e me estende os dois bracinhos assim que me vê.
– Mano...
– Oi meu bebê. – abraço ela beijando sua bochecha antes de fechar a porta quando meu pai entra e para ao lado da minha mãe que esta conversando com a minha namorada.
– Não queríamos atrapalhar a noite de vocês, mas não podíamos cancelar. – minha mãe explica para a loira ao seu lado.
– Não tem problema nenhuma, já falei pro Lucas o quanto eu gosto da irmã dele, ela não incomoda.
– Aproveita a noite, mãe. A gente vai cuidar dela. E a Isa vai se comportar, né? – encaro minha irmã que concorda com a cabeça ainda agarrada ao meu pescoço.
– Qualquer coisa, liguem. – meu pai fala olhando para o relógio no pulso antes de colocar a mão no meio das costas da minha mãe e voltar a falar – Precisamos ir, se não chegaremos muito atrasados.
Depois de nos despedirmos e de recebermos varias instruções, meus pais finalmente saíram e minha irmã pulou do meu colo correndo para os braços da Julia, que a levantou enchendo sua bochecha de beijos antes de sentar no sofá.
– Tudo bem, princesa? – ela pediu para a minha irmã que concordou com a cabeça balançando os cabelos escuros cheios de cachos, que puxou da nossa mãe.
– Tava co saudadi – a Isa volta a jogar os bracinhos envolta da minha namorada fazendo beicinho.
– Se continuar assim, eu vou ficar com ciúmes hein. – falo ao me sentar ao lado delas, fazendo com que as duas se enroscassem ainda mais me mostrando a língua em seguida.
A Julia se deu bem com a minha irmã desde o primeiro dia em que se viram e, desde que começamos a namorar, elas acabaram se aproximando ainda mais, já que desde então comecei a visitar minha família com mais frequência, arrastando a Julia em todas essas vezes.
Mesmo meio doentinha, a minha irmã continuava a brincar com a Julia e a fazer inúmeras perguntas, arrancando uma gargalhada minha e por vezes, deixando a minha namorada corada.
Perto das nove da noite, as meninas me expulsaram da sala para fazer a janta enquanto as duas ficaram escolhendo um filme, fui sem reclamar, a minha irmã parecia estar se divertido e, a minha namorada, parecia feliz, deixando o estresse que vinha sentindo nas ultimas semanas de lado.
Nunca me imaginei vivendo isso, nunca imaginei que ficaria em casa em um sábado a noite cuidando da minha irmã mais nova e com uma namorada, e nunca me imaginei amando tudo isso.
– O cheiro ta bom. O que ta fazendo ai, hein? – a loira me abraça por trás, passando os braços pela minha cintura e beijando minhas costas por cima da camisa branca.
– Macarrão com molho branco. – mostro a panela para ela que concorda com a cabeça ainda abraçada a mim – É a única coisa que eu sei fazer e que a minha irmã vai gostar.
– Relaxa, ela vai gostar. Precisa de ajuda?
– Não, tudo certo! – pego seu braço de leve a puxando para o meu lado e beijando sua bochecha – Ela ta se comportando?
– Ela ta assistindo galinha pintadinha – a loira levanta a sobrancelha com a boca meio aberta em um sorriso antes de voltar a falar – A Isa disse que era para deixar para ver o filme junto de ti.
– Aposto que eu vou adorar pra caralho, né?
– Você vai amar! – ela me da um selinho antes de se desvencilhar de mim para voltar para sala, não sem antes eu dar um tapa na sua bunda a fazendo me mostrar o dedo do meio.
Durante o jantar, a minha irmã conversou mais do que comeu, acho que é normal nessa idade as crianças estarem sempre curiosas com tudo que acontece ao seu redor.
Enquanto a Julia lava a louça, seguro a mão pequena da Isabella e a levo para o meu quarto para colocar o pijama que minha mãe trouxe e insistiu que era para colocar quando ela fosse dormir.
– Prontos pro filme? – a cabeleira loira da Julia pende na porta quando ela coloca só a cabeça ali para falar com nós, chamando a atenção da pequena que estava de pé em cima da cama.
– Siimm. – seguro a cintura da minha irmã que pula animada na cama enquanto concorda prolongando a palavra e estende os braços para a minha namorada.
– Vai ter que se acostumar com a verdade que a sua irmã gosta mais de mim do que de você. – ela me joga um beijo no ar passando por mim e tirando as minhas mãos da cintura da Isabella para a pegar no colo.
– Eu não acredito que vocês vão me forçar a assistir Barbie. – resmungou sentando no sofá logo depois de ver a tela da TV da sala.
– Mas eu gostu dela, mano. – quem vê a minha irmã fazendo bico e agindo dramaticamente, poderia facilmente dizer que é irmã da Julia, e não minha.
– Ela é chata pra caralho, isso sim. – puxo a coberta pra cima de mim e logo em seguida recebo um tapa no braço, me fazendo olhar rapidamente para a autora da agressão.
– Não fala assim na frente da criança. – a cara de brava da minha namorada me faz rir e murmurar um pedido de desculpas.
– Ta bom, vamos assistir isso. Deita aqui, princesa. – minha irmã sobe no meu colo deitando a cabeça no meu peito enrolando o próprio cabelo nos dedos pequenos com os olhinhos vidrados na tela de TV – Vem cá também.
Sem muita demora, a Julia apagou a luz da sala e se sentou ao meu lado, passando a coberta por cima de nós três e deitando a cabeça no meu ombro em seguida, enlaçando os dedos nos meus, fazendo um carinho de vez em quando.
A Isabella dormiu em menos de 30 minutos de filme, mas continuamos assistindo em silêncio, um filme após o outro até a meia-noite, quando meu braço começou a ficar dormente e decidimos colocar a Isa para dormir na cama.
– Coloca bem no meio da cama, para ela não cair caso se mexa muito igual o irmão. – a Julia fala baixinho arrumando os travesseiros.
– Eu nem me mexo muito, para de mentir. – resmungo colocando a criança na cama, arrumando a coberta e tirando os cabelos do seu rosto, para beijar sua testa em seguida – Boa noite, princesa!
Quando em fim me levanto, encontro a minha namorada parada ao lado da porta, os braços cruzados e me encarando com um olhar perdido, franzo o cenho caminhando até ela e pegando uma mecha do seu cabelo, fazendo a me olhar.
– O que foi? – sussurro para ela que nega com a cabeça segurando minha mão e me tirando do quarto.
No corredor, a Julia agarra minha cintura ainda em silêncio, então passo meus braços ao seu redor e só quando chegamos na sala e nos deitamos no sofá, enrolando nossas pernas e entrelaçando nossas mãos, ela volta a falar.
– Você seria um bom pai.
Ergo minha cabeça para a encarar melhor, mas ela segue com a cabeça enterrada no meu pescoço.
– Não sei. Talvez sim, nunca tive muita paciência pra criança.
– É..
– Mas, eu vou me esforçar pra ser um bom pai pras nossas crias. – ela ergue a cabeça tão rápido que quase bate no meu queixo.
– Que cria? Quem disse que vamos ter filhos?
– Nós vamos. Daqui uns anos. – beijo a ponta do seu nariz quando ela abre um sorriso – Quero uma mini Julia e um mini eu correndo por ai. Não sei qual a parte de que quero você na minha vida você não entendeu, eu quero crescer contigo, conquistar as coisas ao seu lado, formar família, cuidar dos pequenos capetinhas que teremos.
– Lucas...
– Eu sei que você fica insegura sobre essas paradas, mas ta tudo bem, ok? Agora que a gente ta junto, não vou sair do seu lado. Eu te amo pra caralho, loirinha!
– Vai pro inferno – ela bate de leve no meu peito dando risada antes de se esticar e me beijar – Eu te amo.
– Vamo, conta pra mim o que aconteceu naquela editora que tu tava puta da cara ontem. – bato na bunda dela para que contasse logo, o sorriso que ela abre faz meu coração apertar e ter certeza de que o meu lugar é ao lado dessa loira estressada pra caralho, mas ao mesmo tempo, a pessoa mais paciente desse mundão.