11:45

By LoudChaos

228K 36.6K 12.1K

Alex Donavan encontrou um anjo. Ele é belo, límpido, transcendente. Finch Conhard, com os olhos azuis cristal... More

isso é um conto
| introdução |
1. Alexis Donavan
2. Alexis Donavan
3. Finch Conhard
4. Alexis Donavan
5. Finch Conhard
6. Finch Conhard
7. Alexis Donavan
- caderno de Finch Conhard, pag 135
8. Finch Conhard
9. Alexis Donavan
- caderno de Finch Conhard, pag 146
11. Finch Conhard
12. Alexis Donavan
- caderno de Finch Conhard, pag 170
FIM

10. Alexis Donavan

10.5K 2K 1K
By LoudChaos

And my heart is a hollow plain

For the devil to dance again

And the room is too quiet

I was looking for the breath of a life

A little touch of a heavenly light

But all the choirs in my head sang "no"

- Breath Of Life, Florence And The Machine


Finch não aparece na terça seguinte.

Eu olho para o relógio pela primeira meia hora até finalmente entender que ele não vem.

Nos últimos 4 meses ele não faltou nem um dia do círculo da superação.

Eu não quero estar incomodada. Não quero me importa. Mas é impossível.

Ao mesmo tempo que eu não quero vê-lo, eu acho que eu também não quero deixar de vê-lo.

É confuso e fodido para cacete, mas é a verdade.

Olho para a cadeira vazia e abandonada, da qual Finch costuma se sentar e suspiro, incomodada pelo fato de estar me importando tanto.

Por que ele não está aqui?

Tem alguma coisa a ver comigo?

Ele está me evitando?

Ele parou de frequentar o círculo?

Eu não me concentro em nenhum discurso ou compartilhamento. Os viciados falando é apenas um som de fundo, bem oco e distante em minha mente.

Não que eu geralmente preste muita atenção, mas hoje estou particularmente desinteressada.

Henry nota e no final da sessão ele faz menção de se aproximar, mas eu saio de lá mais rápido do que o normal. Só a ideia de passar nem que seja mais dois minutos ouvindo as citações entusiasmadas e inspiradoras de Henry faz a minha espinha gelar.

Na sessão seguinte, na sexta, ele também não aparece.

Com o pé batendo contra o chão de forma frenética, eu encaro o relógio pelos primeiro vinte minutos. Tento esperar até que o ponteiro maior chegue no seis, mas não consigo.

Olho para Henry, que me fita quando eu fico de pé no meio do compartilhamento de Julie.

Todos os olhos estão em mim agora e Julie para de falar no meio de uma frase.

Eu não esperava uma saída tão dramática mas não vejo outra opção.

— Eu preciso ir. -- declaro.

Henry sustenta o meu olhar, esperando por mais informação.

— Corrimento — invento rapidamente. — Vim hoje apenas porque realmente não queria perder um dia de círculo, mas estou naqueles dias — eu faço uma careta e encaro principalmente os homens. Billy se encolhe em seu assento e Derek me encara como se eu tivesse duas cabeças. — Sabe como é... cólica terrível e sangue para todo o lado. E acabei de lembrar que não trouxe absorvente extra. E juro por Deus que se eu espirrar isso aqui vai parecer uma cena de filme de terror.

Henry me encara fixamente, o rosto sem expressão. Eu acho que ele está finalmente ficando imune as minhas declarações.

O silêncio se estende até que Hillary diz, com a voz suave:

— Eu tenho um aqui, se você quiser.

Eu movo a minha cabeça em sua direção e a encaro.

Puta que pariu.

Eu abro a boca e, com muito esforço, não a mando calar a boca.

— Qual?

Ela franze as sobrancelhas.

— O que?

— Qual é o tipo de absorvente que você tem? — eu indago, me esforçando para ser paciente.

Ela hesita. O silencio toma o circulo enquanto todos ali encaram essa troca de palavras com certo fascínio e perplexidade.

— Always com abas.

Eu suspiro dramaticamente e fecho os olhos, balançando a cabeça.

— Tenho alergia. 

Antes que ela possa dizer alguma coisa, me viro para Henry, que ameaça a abrir a boca. Mas eu o corto.

— É isso aí, então. — eu digo, me movendo para fora do círculo. — Desculpa, Henry, realmente gostaria de ficar mas tem coisas que a gente não pode interferir. Tipo, a natureza. -- eu jogo as mãos para cima. — A mulher e o fardo de gerar a vida!

Quando eu termino de falar já estou no meio do caminho até a porta.

Henry abre a boca mas eu não sei o que diz porque estou passando pela saída.

Não sei se ele acredita. Provavelmente não. Mas o interessante sobre menstruação é que geralmente os homens se resumem a amebas assim que a palavra é mencionada.

Eu pego o carro e faço o meu caminho até a casa de Finch. Não paro para pensar sobre o que estou fazendo. Sou impulsiva demais para isso. E no fundo, sei que é uma péssima ideia. Então se eu for debater com a parte razoável do meu cérebro, irei desistir.

Eu preciso vê-lo.

Entender que diabos está acontecendo.

E também xinga-lo por ser tão covarde por não conseguir me encarar.

Eu estou irritada, confusa e... com saudade.

Porra, que coisa mais idiota.

Eu me odeio só por estar admitindo isso a mim mesma. Mas é a verdade. E eu nunca fui o tipo de pessoa que foge da parte feia da realidade.

O meu celular toca e, quando eu olho de relance para a tela, vejo o nome da minha mãe.

Eu suspiro, fazendo uma nota mental para responde-lá mais tarde. Diana Donavan é uma mãe solteira com uma filha drogada. A vida não é fácil para ela. Meu pai vazou antes mesmo que eu pudesse falar. Nada disso é culpa dela. Ela tenta de verdade. Tanto que às vezes eu me sinto sufocada por todo aquele olhar maternal preocupado e magoado.

É terrível ser o motivo de maior angustia e preocupação de alguém que você ama. É terrível o que eu fiz ela passar ao longo dos anos. Todos os sumiços, ataques, recaídas, brigas.

Eu vou para o círculo por causa de um bater de martelo de um juiz qualquer. 

Eu me mantenho sóbria por ela.

Ou pelo menos, tento.

Eu ligo o rádio, estou no meio caminho da casa de Finch agora e noto que estou dirigindo mais rápido que o normal.

Eu não consigo parar de pensar nele. Seu rosto quando o beijei. Seu toque. Seu gosto. Seu meio sorriso toda vez que eu digo algo malvado ou sarcástico. Sei que apesar de jamais admitir, ele gosta.

Quando paro em frente a casa dele, estou pensando na nossa última conversa. Nas minhas últimas palavras para ele. Flashs da noite em que ele me jogou para fora de sua cama também atravessam a minha mente.

Desligo o motor e saio do carro sem nem me preocupar em tranca-lo. Atravesso o gramado bem aparado e vou direto para a lateral da casa, logo abaixo da janela dele.

Olho para os dois lado, para a vizinhança meio morta.

Fazer isso em plena luz do dia é mais assustador do que fazer à noite.

Subo rápido, antes que alguém me veja ou antes que perca a coragem.

Estou rezando para que ele esteja em casa enquanto faço a breve escalada. Caso contrário, isso está sendo em vão.

Deus, eu estou disposta a ser presa por esse garoto.

Chego até o batente da janela e consigo ver de relance uma parte do quarto de Finch. Não o vejo lá dentro, mas empurro a janela de vidro para cima e me impulsiono para dentro. Quando coloco a metade do corpo para dentro e viro o meu rosto para o interior do quarto, é quando o vejo.

Meu pé congela no piso de seu quarto e o outro continua para fora porque eu não consigo me mexer.

A primeira coisa que vejo é seu corpo caído no chão, ao pé da cama. Não consigo ver seu rosto, apenas os fios loiros e a sua nuca. Ele está meio encolhido, a camisa branca distorcida até a metade do tronco.

Não parece a posição de alguém que esteja dormindo.

Parece a posição de alguém que está sofrendo.

Por um segundo, talvez menos, uma interrogação surge em minha cabeça.

Até que eu vejo.

A seringa jogada ao lado do corpo.

Eu sinto frio em todo o meu corpo. Um formigar em minhas pernas e braços, mas me obrigo a me mover.

Eu vou até ele e fico de joelhos.

— Finch. — eu chamo.

Ele não responde.

Eu o toco, sentindo os meus próprios dedos dormentes. Ele também não reage.

Puxando o seu braço eu o giro em minha direção.

Seu corpo está mole, como um boneco.

Eu arfo quando finalmente vejo o seu rosto. Sua cabeça pende caída, aparadas em meus braços. Seus olhos estão um pouco abertos. As pálpebras se movem com dificuldade. Não sei se ele é capaz de me ver, mas quase não sou capaz de fitar o azul.

Seus lábios estão entreabertos, e um respirar suave sopra o ar.

Uma pancada de alívio me toma de forma assustadora.

Eu toco o seu rosto com a minha mão livre. Tirando alguns fios molhados de sua testa.

Seu vício. Aqui está. Em sua forma mais plena e mortal.

Eu não preciso de muito para compreender.

Heroína. — eu sopro. 

E é quando eu sinto uma lágrima escorrendo pela minha bochecha, que eu entendo o que ele sempre esteve tentando me dizer.

— Ah, Finch. — eu murmuro bem baixinho, em um soluço estrangulado.

Ele é um anjo.

Mas um anjo caído.

Continue Reading

You'll Also Like

186K 18.8K 45
VENCEDOR EM SEGUNDO LUGAR EM PROJETO DOZE MESES VENCEDOR EM PRIMEIRO LUGAR NAS OLIMPÍADAS LITERÁRIAS Brooke Williams é uma garota de dezesse...
33.5K 727 14
Você tem motivos suficientes para tirar a sua vida? Está convicto(a) disso? Por que tem tanta certeza? Quero te dar 13 grandes "Porques" para você nã...
3.2K 660 30
Após terminar o ensino médio, sem perspectivas de fazer uma faculdade, Stefaní Prado é convidada pela tia para passar um tempo em sua casa, no vilare...
5.9K 781 28
"Minha vida é uma longa história, mas ela pode estar prestes a acabar". Sete cores. Sete peças. Seis pessoas. Amélia, uma jovem encantadora tem uma...