Apreciados A Ascendência do T...

De autormatheusramos

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Morrer não é uma alternativa. Em um futuro distópico seis pessoas completamente distintas e desconhecidas aco... Mais

NOTA
EPÍGRAFE
DEDICATÓRIA
SEM SURPRESAS
SOB NENHUM FINAL
TODAS AS LUZES
HISTÓRIAS DE TERROR
AS NOSSAS DECISÕES
A HUMANIDADE QUE NOS RESTA
A BRISA DA ESPERANÇA
O COMEÇO DOS JOGOS
A ASCENDÊNCIA DO TRAIDOR
O DIA DE AMANHÃ
OS NOSSOS MEDOS
A VERDADE
BARRINHA DE CEREAL
DEPOIS DA MANSÃO
ELE
TODOS NÓS TEMOS QUE ESTAR MORTOS
A COBRA DO ADÃO E EVA
NÃO VEREMOS O SOL NASCER DE NOVO
MARIANA
OS OUTROS
SER HUMANO
AGRADECIMENTO

QUEM NÓS SOMOS

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De autormatheusramos

DAVI ACORDA. ELE ESTÁ sentado na poltrona da sala de estar que, com ajuda de Thaís, ele arrastou pelo corredor até a sala de jantar para ficarem vigiando José de uma forma mais confortável. Ele continua dormindo em cima da mesa, as vezes sussurra coisas que não entendemos, ele acorda para comer, mas parece que está em transe, não abre os olhos, não fala, apenas engole as coisas que é dado e volta a dormir.

Thaís atravessa a porta com dois jarros de plantas pequenos que lavaram e usaram como copo, duas bananas e algumas barrinhas de cereal, ela deixa tudo na mesa ao lado das pernas de José e se senta ao lado dele. Davi vai ao banheiro lavar o rosto de forma demorada e encara a parede onde deveria ter um espelho e se pergunta qual foi a última vez que ele escovou os dentes e não consegue recordar. Ele percebe o quanto sente falta daquilo, das cerdas alisando os seus dentes e do gosto refrescante na boca. Ele olha para seu corpo e percebe que o pelo já estão crescendo novamente, mas ele não pode tirá-lo enquanto estiver naquele lugar.

Ele relembra de todas as vezes que se estressou se depilando e o quanto ficou satisfeito quando presenciou o resultado, ele daria tudo para ter essa experiência outra vez e rir consigo mesmo dentro daquele espaço apertado. Também pensa nas meninas que estão presas ali e o que elas irão fazer quando enfim voltarem a menstruar. Ri mais um pouco e volta para tomar... ele não sabe que horas são e se pode chamar aquela refeição de café da manhã.

Thaís já tem terminado de comer quando Davi começa, ele não tem pressa na mastigação.

O chão libera uma vibração imperceptível, o clima parece se tornar mais macabro e rarefeito, tudo ao redor indicava o que iria acontecer em seguida, mas eles não prestaram atenção nos sinais, eles deveria ter prestado atenção nos sinais...

O som das sirenes invadem o ar de surpresa, fazendo todos se assustarem. Ele não é estridente e torturante como o dos corvos, parece mais um alarme, como se quisesse informá-los de algo. Davi não sabe onde Mariana e Katarina estão, ele queria todos juntos nesse momento e correria atrás delas sem pensar duas vezes se não fosse pela abertura da parede no extremo da sala dando lugar a uma TV que segundos atrás não estava ali.

A TV traz uma mensagem com as mesmas letras amarelas, dessa vez precisavam agir rapidamente. Ao contrário das mensagens anteriores, essa ordenava uma ação imediata, sem escolhas, sem tempo para se questionar, era para os pés saírem do chão e se movimentarem para algum lugar que fosse bem distante dos cômodos dessa mansão.


FUJA! ELE ESTÁ CHEGANDO.


–Quem está chegando? – Thaís pergunta apressada.

–Eu não sei e não pretendo ficar aqui para descobrir! – Davi engole sua comida. –Me ajuda com José, vamos colocá-lo embaixo da mesa e cobri-lo com os panos.

E assim fazem, afastam todas as cadeiras de madeira, coloca-o em baixo e depois põe elas no lugar como se nada tivesse sido mexido ali. Não parece que ele está totalmente protegido, porém está bem escondido, seu corpo está completamente coberto por uma pilha de lençóis velhos.

A sirene para de soar, a televisão volta para dentro da parede e em seguida todas as luzes se apagam. Isso lhes parece familiar.

Eles vão até a porta com cautela, já estão acostumados a andar no escuro naquele lugar. Eles dão passos calmos e seguros, atravessam a porta trancando-a atrás de si. O lugar mais perto dali e que parecer ser mais seguro é a sala de jogos, Davi manda Thaís segui-lo, mas o corredor está tão escuro que nem consegue enxergar o rosto da sua amiga. Ele se apoia no papel de parede e vai se arrastando tendo a parede como guia até encontrar outra porta, ele não faz nem ideia se está indo na direção certa. Ele não escuta nada além da própria respiração ofegante e seu coração acelerado. Quem está chegando? O traidor? Mas Nícolas está morto, então deve ser outra coisa. Descobrimos o traidor rápido demais e os donos desse jogo repugnante quer colocar mais emoção na parada? Mas o que está chegando? Davi chama por Thaís, mas não recebe resposta, ele não consegue mais escutá-la, eles não estão mais juntos, perceber que está sozinho. Ele pode ir procurá-la, procurar todas as meninas, mas e se isso colocar em risco a minha vida? É melhor ele procurar um lugar seguro para se esconder. Mas e se todos morrerem e eu ficar sozinho nessa mansão? Essa ideia de estar sozinho nesse lugar o apavora, ele prefere procurá-las.


¨¨


Davi continua usando a parede como guia e sente seus pés flutuarem, seu corpo se inclina discretamente no chão reto, pode ser uma peça que seu corpo está lhe causando, a falta de visão está fazendo ele sentir coisas que não são reais. Inclinar, flutuar, os pés dele estão no chão, ele sabe disso, mesmo que não possa enxergar. Ele grita por Thaís de novo, mas a sua voz congela na garganta. Ele sabe que algo ou alguém está a solto por aí e gritar não é a melhor das ideias, não quer atraí-lo para si. Então ele só continua andando no silêncio absoluto.

Um passo de cada vez, seu corpo está suando frio. Ele tem que ocupar a mente com alguma coisa, se Davi pensar demais que está cercado por sombras, sozinho, com um perigo iminente perto dele já é o bastante para fazer a cabeça dele explodir em um ataque de pânico. Ele baixa a cabeça, mesmo não conseguindo enxergar o chão e respira devagar e não para nunca de andar.

Ele não lembra de as portas serem tão distantes uma das outras, ou elas se afastaram ou ele está andando mais devagar do que imagina. Ele só para o passo quando esbarra fortemente em alguém, esse alguém libera um grito alto e agudo de surpresa. Davi já sabe quem é só pelo timbre da voz e coloca a mão tampando a boca da pessoa tentando acalmá-la.

–Mariana! Sou eu, Davi! – ele a solta e escuta uma respiração de alivio. –Você está sozinha?

–Nessa escuridão acabei me perdendo da Katarina, não sei onde ela está... e você?

–Eu também me perdi da Thaís, não sei o que aconteceu. – Davi olha ao redor com a força do hábito, mas não enxerga nada.

–E José?

–Escondemos ele embaixo da mesa na sala de jantar. – ele sussurrou caso alguém estivesse escutando-os. –Precisamos sair daqui, estamos muito expostos.

–Quem está vindo?

–Eu não faço ideia! – uma das mãos dele continua tocando na parede e agora a outra segura a mão dela e os dois se usam de guia e continuam andando infinitamente para a frente.

Só param quando Mariana bate de cara contra uma parede que pelos cálculos deles não existe nessa parte do corredor. Ela segue para o lado usando essa nova parede como direção atrás de uma saída, mas só encontra o outro extremo do corredor.

–Temos que sair daqui! – Davi informa. –Vamos voltar!

Eles andam em direção contrária da qual estavam vindo e depois de quinze passos Davi bate de frente com outra parede que a segundos atrás não estava ali. Estão presos, isso é óbvio.

–Temos que sair daqui! – ele repete e logo em seguida uma luz solitária no teto se acende, ela possui uma tonalidade âmbar.

A iluminação possibilita a eles verem onde estão situados – em algum lugar da mansão, dentro de um quadrado minúsculo –. Duas paredes se levantaram do chão e fecharam o corredor principal com os dois lá dentro. Não fazem ideia se irão conseguir sair dali nem o que acontecerá nos minutos seguintes e isso os apavora.

–O que está acontecendo com esse lugar? – Mariana surta.

–Calma, vamos resolver isso, só precisamos... – ele não consegue pensar em um plano, estão presos, não carregam nada que possam derrubar aquelas paredes e não tem ninguém para quem possa gritar porque Thaís e Katarina estão por aí correndo, tentando salvar a própria vida. –Esperar. – essa é a única resposta que ele consegue pensar e para sua sorte ela aceita.


¨¨


Thaís caminha lentamente, cada passo dela é muito bem pensado. Ela, assim como os outros, estão com a visão corrompida, mas isso não impede ela de continuar avançando. Ela se perdeu de Davi e não sabe se o encontrará de novo, então ela apenas tenta encontrar algum lugar que a mantenha segura. Ela tropeça em algumas taboas que estão espalhadas pelo chão e acaba caindo. Ela tampa a própria boca para não soltar nenhum grunhido, seu joelho esquerdo está ardendo por causa da pancada e o barulho que emitiu quando caiu ainda é reproduzido por aí como um eco. Eu tenho que continuar, já rasguei todo o meu corpo, um machucado desses não vai me impedir. Ela rasteja pelo chão frio de madeira e chega até as escadas duplas principais e desce pela esquerda até o salão principal de chão quadriculado. Ela se levanta com dificuldade usando o corrimão como apoio e sem pensar duas vezes corre em disparado até o lugar que para ela parece ideal e perfeito: a cozinha.

Logo após entrar usa o tato para reconhecer o local e os objetos, tenta ligar o interruptor, mas nada acontece. Tropeça em uma das cadeiras fazendo-a cair no chão com um estrondo, isso faz ela congelar. Sem pensar duas vezes Thaís se joga no chão, perto da bancada, contorno-a e se espreme dentro do armário vazio, escondida completamente. Ela prende a respiração e torce para que o barulho não tenha chamado tanta atenção, isso é a coisa que ela menos precisa nesse momento. Ela fecha os olhos com força como se aquilo fizesse-a escapar da sua condição atual. Ela escuta uma batida estranha, vindo de algum lugar no mesmo cômodo que ela, e seu coração para.


¨¨


–Quem deve estar chegando? Uma pessoa nova? Um assassino? Outro traidor já que Thaís matou o Nícolas? – essa ultimo questionamento tem um peso maior na fala de Mariana que se senta no chão escorada.

–Eu não sei, mas para fazer todo esse alarde e as luzes se apagarem... não parece boa coisa! – Davi fala e acompanha ela no descanso.

Silêncio.

A lâmpada parece fazer mais barulho do que a respiração dos dois.

–Ouvi a sua conversa com Katarina no quarto! – ele fala longos minutos depois.

Ela olha para as paredes em volta desconfortável.

–Sobre Thaís?

–Exatamente. Acredita mesmo que ela matou Nícolas propositalmente?

–Eu não acredito em nada, mas tudo foi bem estranho... pode existir mais de um traidor, não sabemos. – ela confessa e ele pensa nas palavras dela.

–Você confia na Katarina tanto assim?

–Ela está comigo desde o começo de tudo isso, ela me parece transparecer verdade! Além de que, se fosse ela porque se aproximaria tanto de mim? – Mariana questiona para Davi.

–Porque você é a pessoa mais forte e inteligente aqui dentro. – ele fala e não acredita se realmente aquilo saiu da sua boca. Ele a fecha com rapidez. Anellie aparece na sua mente e mais uma vez ele a vê nessa garota que está na sua frente, preso com ele nesse cubículo agoniante.

Mariana não se importa com as palavras ditas, ou finge não se importar.

–E você, confia tanto na Thaís assim? – ele rebate a pergunta.

–Totalmente! Ela me mostrou sinceridade, me mostrou quem realmente é, e que está mesmo comigo aqui dentro. A história de vida dela, suas motivações e personalidade me mostrou que é alguém confiável! Eu não consigo ver essa imagem terrível que vocês estão tentando criar dela. – Davi responde quase sem respirar.

–Porque você é a pessoa mais ingênua, sentimental e manipulável aqui dentro! – Mariana diz as palavras com calma enquanto olha fixamente para ele sem nenhuma expressão.

–Não vou levar como ofensa. – Anellie era do mesmo jeito, ele pensa. –Thaís não faria isso, ela é muito frágil, vive chorando por aí... esse não é um bom plano! Eu sei em quem confiar e desde sempre ela me passou uma impressão boa, ela faz coisas boas. Poxa, ela está ajudando o José! Eu confio cegamente em Thaís.

–Você deveria tomar cuidado com o que fala, sua língua pode lhe matar. Em um lugar como esse, por incrível que pareça, estar sozinho e só ter a si mesmo para confiar parece a melhor das opções.

–Talvez você não esteja seguindo seu próprio conselho! – Davi brinca.

–Cala a boca! – ela brinca de volta.

Mariana se levanta e começa a retirar a roupa, uma peça de cada vez até ficar de sutiã e calcinha.

–O que você está fazendo? – Davi pergunta desviando o olhar.

–Está um forno aqui dentro! Você deveria fazer o mesmo. – só nesse momento ele se dá conta que o mormaço do local está realmente insuportável e que sua roupa está ensopada de suor assim como seu cabelo.

Ele se levanta retirando também a roupa ficando apenas de cueca. Deveria ser constrangedor fazer aquilo, mas para os dois foi uma ação normal.

–Se me recordo bem, você falou que está solteiro, não é?! – ela fala jogando as roupas para um canto.

–Sim, estou! Mas o que isso tem a ver? – Davi pergunta e suspeita da aproximação dela.

–Calma, foi só uma pergunta simples. – eles agora estão a alguns centímetros de distância.

Isso parece estranho, tudo começou a acontecer rápido e sem nenhum aviso prévio, não faz sentido algum, não faz sentido nenhum ela se comportar desse jeito.

–E você tem? – Davi entra no papo dela mesmo ficando sem jeito.

–Nunca tive, eu sou daquelas que não se apega muito, sabe como é né?! – ela passa a mão pelo rosto dele e por cada parte do peitoral despido. –Mas quando eu quero muito alguma coisa, faço acontecer.

Ele não acha que os dois combinem ou algo do tipo, não deveriam estar ali naquele momento, ou deveriam... tudo parece tão quente e confuso. Não é uma oportunidade que pode se recusar. Isso o faz lembrar das festas que ia quando era adolescente e das garotas que beijava sem nem mesmo saber seus nomes.

Ele volta a sentar no chão e ela se posiciona no colo dele logo em seguida.

–Isso vai acontecer apenas dessa vez! – Mariana sussurra essas palavras no ouvido de Davi e ele concorda com a cabeça. Ela retira a cueca dele fazendo-o penetrá-la seguindo seus movimentos rápidos e brutos.


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