Touching Paradise • Beauany

By abeaushine_

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Any era uma adolescente extrovertida e cheia de alegria até o pior acontecer. Quando perde sua mãe em um terr... More

Elenco + playlist
The lake
Beautiful smiles
Going back to our lives
First on the list
Aquarium of the Pacific
Old and new friends
Just friends
Shoulder to cry
Good night, Any!
Plans for the saturday
City of Angels x Twilight
It's a crazy party
Friendly advice
No powers
Tedious but interesting
Nervous
Nostalgic day
Enlightening conversations
She drives me crazy
Twins day
Theories
I miss you
Like the sky
Screams, hugs and tears (1/3)
Not everything is as it seems (2/3)
Bad dream (3/3)
Know better
Caution
A small wager
Dinner invitation
You're not the only one
Revelations
Ups and downs
Trying
Sofya's party
I'm not crazy
Sensations (+16)
Decisions
The truth (parte 1)
The truth (parte 2)
Did I screw it up?
Shiv being Shiv

Feelings

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By abeaushine_

03.10.2019 - 15:20
Los Angeles, California
Música: Não Olha Assim Pra Mim (OUTROEU)

Joshua

Any parece distraída desde que voltamos do cemitério pela manhã, mas não a julgo. Embora não possa ver com clareza, sei que sua mente ainda a tortura. Pensando nisso, tenho feito o que está ao meu alcance para fazê-la sorrir.

Preparei seu café da manhã mais cedo, enquanto ela estava no banho, e ocupei boa parte de seu tempo com vídeos divertidos do YouTube. Depois a ajudei no preparo de nosso almoço, fazendo o que me pedia enquanto ela cozinhava. Só fiquei um pouco preocupado quando nos sentamos à mesa, pois, apesar do risoto de frango ter ficado excelente, Any mal tocou em sua comida.

Também a ajudei com a louça e, após certo tempo na cozinha, conversando sobre lugares que gostaríamos de conhecer, sugeri que ela me mostrasse seus filmes favoritos na esperança de que se animasse. Any me deixou escolher entre o tal Crepúsculo e Harry Potter. Obviamente, escolhi o segundo, pois ainda me sentia um pouco ofendido por sua preferência por aqueles vampiros idiotas.

Agora estamos lado a lado no sofá, quase terminando o segundo filme da saga sobre o jovem bruxo. Gaya está por perto, mordendo um de seus brinquedos no tapete. Estou gostando, confesso, mas notar o quanto Any parece desinteressada, ainda que não tire os olhos da tela, me incomoda profundamente.

— Parece entediada. Minha companhia é tão ruim assim? — tento brincar.

Ela se ajeita em seu assento e, ainda olhando fixamente a TV, diz:

— Não é isso, eu só assisti esse filme tantas vezes que nem me surpreendo mais.

— Então acho que deveríamos ver outra coisa. Algo novo, de preferência. — faço menção de me levantar para pegar o controle remoto na mesinha de centro, mas Any toca o meu braço. Direciono meu olhar a ela.

— Não precisa. — ela suspira. — Olha, Josh, eu agradeço tudo o que está fazendo por mim. Sei que suas intenções são as melhores possíveis e juro que estou tentando seguir o fluxo, mas infelizmente estou sem cabeça pra qualquer coisa no momento, entende?

Sua voz soa baixa e contida, como se estivesse cansada demais para se justificar, e eu sei que de fato está. Sei também o quanto está se esforçando para não me deixar sozinho e se trancar no quarto. É isso o que Any faz quando está sofrendo. Ela afasta as pessoas, mesmo tendo plena consciência de que precisa de alguém.

— Claro, eu entendo. — pego o controle e desligo a TV. — Você também entende que independente do que diga ou faça, não vou sair do seu lado até que se sinta melhor, certo? Não vou te deixar sozinha.

— Se for pelo que disse ao meu pai...

— Não estou aqui pelo seu pai, Any, por favor. Pensei que tinha sido claro o bastante. Eu teria ficado mesmo que ele não pedisse. Estou aqui por você. — digo com sinceridade. Ela assente e dobra as pernas no sofá, ficando de frente para mim.

— Por que se importa? — questiona, me olhando atentamente. — Por que meu bem-estar é tão importante pra você?

Engulo em seco. Não é o tipo de pergunta que eu esperava. Para ser sincero, não faço ideia de como respondê-la sem mentir e eu não quero continuar agindo dessa maneira. Encaro minhas próprias mãos, sentindo-me um pouco desconfortável.

— Josh, olha pra mim... — ela toca o meu rosto e acaricia levemente.

Seu toque me causa sensações estranhas, como se eu devesse ficar em alerta, mas tudo o que faço é fitar a imensidão de seus olhos escuros que possuem um brilho diferente agora. De forma quase meticulosa, Any traça linhas imaginárias com o polegar, que desliza por minha bochecha até o maxilar. Então ela segue até o meu queixo, deixando um rastro quase dormente por onde passa, e depois, a boca. Ela exita por alguns instantes, mas quando seu dedo finalmente alisa meu lábio inferior, meus batimentos aumentam consideravelmente.

— Você é tão intrigante... — a voz sai quase num sussurro. Sua mão volta a repousar gentilmente em minha bochecha. — É diferente de todos os outros garotos. Eu sinto.

— Any... — instintivamente, toco sua mão em meu rosto. Não sei se a garota vê meu gesto como uma brecha, mas no momento seguinte, ela pousa a mão livre em meu peito. Meu coração bate ainda mais forte.

— Por favor, me diga por quê se importa! — ela pede suplicante e cola sua testa a minha. — Por favor!

— Eu só quero cuidar de você, te proteger... — acaricio seu braço. Os pelos se eriçam no mesmo instante. Meu peito sobe e desce com rapidez. Só então me dou conta do quanto minha respiração está descompassada.

— Desculpa por isso, mas você não pode me dizer algo assim e esperar que eu não faça nada. — ela umedece os lábios.

— Any, o que você...

Não tenho tempo de terminar minha pergunta, porque no mesmo segundo ela simplesmente une nossas bocas. No primeiro momento, meus olhos se arregalam em surpresa, não só pela situação, mas também por ser uma experiência totalmente nova. Fico sem saber como agir.

Em contrapartida, não quero que ela se decepcione. É um momento delicado, ela está triste e não quero que o dia de hoje se torne ainda mais pesado. Por esse motivo, decido relaxar um pouco e levar tudo com a maior naturalidade possível. Fecho os olhos e sigo seus movimentos, como se estivéssemos em uma dança lenta e ritmada.

Tento manter a calma para não perder a harmonia e, felizmente, tudo passa a fluir bem. Os lábios cheios e macios se encaixam perfeitamente aos meus. Eles não têm gosto de cereja, mas ainda sim ostentam um sabor que eu não me importaria em provar de novo. É quase inebriante.

Suavemente, Any passa as mãos por minha nuca e pescoço. Um gesto simples, mas que me arranca suspiros e o frio na barriga citado por Joalin em uma de nossas conversas. No mesmo instante lembro-me de sua descrição, de que seria como voar, mas agora, sentindo na pele, eu discordo. Beijar essa garota é ainda melhor.

Ainda levando-me pelo momento, a envolvo pela cintura, trazendo-a mais para perto. Ela toca meus ombros e vai encerrando o beijo aos poucos. Não abro os olhos de imediato. Fico parado por alguns segundos, ainda imerso em sensações. Quando finalmente encaro a garota a minha frente, a vejo encarando de volta, parecendo admirada.

— É uma das pessoas mais incríveis que já conheci, Josh. — ela diz. A voz contida tomada por certa emoção. — Você não faz ideia do quanto sou grata por te ter aqui, agora. — sua testa volta a tocar a minha. — Às vezes eu só queria que o tempo parasse.

Ela fecha os olhos e inspira profundamente, enquanto sua mão direita brinca de forma distraída com os cabelos em minha nuca. Sinto uma vontade enorme de voltar a beijá-la, mas sei que não posso. Não existe a menor possibilidade disso acabar bem.

— Acho melhor você se afastar. — sussurro, tentando manter o controle. Any faz o que digo, mas me olha confusa. — Seu pai pode aparecer a qualquer momento e não seria legal. Sabe, eu não tenho um colete a prova de balas. — brinco. Ela ri um pouco.

— Relaxa, você tem muitos pontos com o velho Edward. Prova disso é que ele te pediu para cuidar de mim mesmo sabendo que ninguém nos supervisionaria. Acredite, ele nunca atiraria em você.

— Nunca se sabe. — sorrio de lado.

Olho para baixo e me dou conta de que minhas mãos ainda estão ao redor da garota. Eu as afasto no mesmo instante. Como se retornasse a realidade, Any também tira suas mãos de mim e se afasta por completo. Aproveito o espaço e me coloco de pé.

— Eu gostaria de um pouco de água. Se importa se eu for até a cozinha? — uso uma desculpa qualquer a fim de conseguir algum tempo sozinho. Preciso digerir o que acaba de acontecer.

— Claro que não, vai lá.

Lhe dou um rápido aceno de cabeça e saio às pressas em direção a cozinha. O coração ainda bate forte. Encosto-me na bancada e respiro fundo a fim de normalizar meu estado, pois embora tenha gostado da sensação dos lábios de Any contra os meus, sei que não deveria.

Eu errei feio e, por causa disso, nossa relação será ainda mais complicada a partir de agora. Nem preciso ler sua mente para saber que minhas reações só serviram para alimentar ainda mais suas esperanças. Tudo porque eu permiti que ela me beijasse...

Ah, meu Deus!

Ela me beijou mesmo! E eu beijei de volta!

Ah, meu Deus!

Passo as mãos pelos cabelos, nervoso. A ficha finalmente caindo como deveria. O que eu fui fazer? Só espero que Gabriel não tenha visto, porque caso contrário, estou ferrado. Nunca terei meus poderes de volta.

Felizmente, qualquer problema com meu superior pode ser resolvido em outra hora. No momento o problema maior é saber como voltar para aquela sala e encarar Any.

Eu poderia simplesmente me sentar a seu lado e iniciar uma conversa como se nada tivesse acontecido, mas nesse caso, estaria fazendo exatamente o que Lamar me disse para não fazer: tratando-a como uma amiga comum logo depois de "me mostrar interessado".

Mais uma vez não tenho ideia do que fazer. A verdade é que deveria estar me acostumando. Ultimamente eu nunca sei.

— Está tudo bem? — ouço a voz dela bem atrás de mim. Fecho os olhos e respiro fundo mais uma vez antes de me virar para respondê-la.

— Sim, eu estava apenas tentando descobrir onde ficam os copos para pegar minha água. — forço um sorriso.

— Que tal usar algum desses? — Any aponta três copos de vidro sobre um tipo de bandeja, bem a vista, no armário.

— Ah, claro... — me apresso em pegar um deles, sem jeito por ter usado uma desculpa tão esfarrapada. Any vai até a geladeira, pega uma garrafa d'água e me serve. — Obrigado. Eu realmente não tinha visto.

— Não foi nada. — ela deixa a garrafa sobre a mesa e me mostra um meio sorriso. — Não pense que eu vim te espionar, ok? Só queria dizer que me sinto mentalmente exausta e que gostaria de ir para o meu quarto, se não se importa.

— Não, nem um pouco. Você precisa mesmo descansar.

— Nem imagina o quanto.

— Nesse caso, imagino que não precise mais da minha companhia. — esvazio boa parte do copo.

— Não me leve a mal. Você deixou de ir a escola para me dar apoio, preparou meu café da manhã e deu o seu melhor para que eu me divertisse de alguma forma. Eu realmente aprecio isso, Josh. Sendo sincera, nem sei como agradecer. Mas agora, sinto que preciso ficar a sós comigo mesma.

— Tudo bem, entendo perfeitamente. — enfio as mãos nos bolsos do moletom. — Então, eu vou indo.

— Eu te acompanho até a porta.

Seguimos em silêncio até a entrada da casa. Paro na varanda e a observo.

— Tem certeza de que vai ficar bem sozinha?

— Tenho. Você fez com que eu me sentisse bem melhor. — ela diz e me surpreende com um abraço apertado, que retribuo prontamente.

— Te vejo amanhã na escola?

— Com certeza.

— Ótimo. — dou alguns passos em direção a escada, mas antes de descer, olho a garota uma última vez. — Me agradeça sorrindo.

— Hein?

— Você disse que não sabe como me agradecer, então apenas sorria. Eu gosto muito quando sorri. — ela faz o que peço e retribuo na mesma medida. Então trocamos acenos e sigo meu caminho.

Reflito sobre meus sentimentos conflituosos a cada passo e, apesar de ter a consciência de que estou encrencado, não consigo parar de sorrir. Aquele beijo me trouxe ótimas sensações. Imagino que Any tenha sentido algo parecido, pois sei que quando disse que a fiz se sentir melhor, não se referia exclusivamente a minha companhia.

Foi bom, mas infelizmente não pode se repetir. Minha missão ficaria comprometida, porque sei que Any se magoaria no minuto seguinte em que eu partisse e, provavelmente, não seria a única. Sim, dadas as circunstâncias, sinto que também ficaria chateado por deixá-la. Mas é o certo a ser fazer, não é? Foi o que planejei desde o princípio, quando pedi permissão a Gabriel para vir à Terra.

Definitivamente, não podemos nos beijar outra vez. Ainda posso consertar o que houve, dizer que me deixei levar por um momento. É isso, contanto que não aconteça novamente, nenhum de nós sairá machucado dessa história. Se acontecer, bem... Talvez comecemos a trilhar um caminho sem volta.

Encontro Joalin na porta de casa, abrindo a mesma, quando chego. Seu semblante está sério, cansado, como se o dia tivesse exigido boa parte de suas energias. Mesmo assim, ela sorri ao me ver.

— Oi.

— Olá, Josh.

— Ainda é cedo. — checo o relógio. São apenas quatro da tarde. — Não deveria estar deixando a ESLA neste exato momento?

— Peguei a Shiv fugindo pouco depois do almoço e acabei fugindo com ela. — diz, simplesmente. Entramos juntos em casa.

— Então ela foi mesmo ao cemitério?

— Sim, e como a ótima guardiã que sou, fiz questão de ir junto. — Joalin joga sua mochila em um de nossos sofás e se senta no outro. — Pensei que ela dispensaria minha companhia, mas estava tão fragilizada que aceitou.

— Por que ela preferiu mentir para a família? — me sento ao seu lado. — Não seria melhor que tivesse ido ao túmulo junto com a Any e o Edward?

— Ela tem medo, Josh. — a loira suspira. — Ver a forma que a Any se culpa, faz com que a Shiv sinta medo de demonstrar demais.

— Demonstrar o quê? Que também sente falta da mãe? — pergunto, confuso. — Isso não é vergonha alguma.

— Não, demonstrar que também sente culpa.

— Não estou entendendo, Joalin. — me ajeito melhor em meu assento.

— Eu nunca te contei, mas naquela noite, a Shiv fez uma coisa...

— Que coisa? — encorajo, pois ela parece hesitante em prosseguir.

— Se lembra de que a Any pegou um vestido dela sem permissão?

— Sim. Prossiga.

— Quando percebeu, ela quis dar o troco na irmã. — minha amiga me encara, esperando que eu a compreenda. Como não consigo, ela bufa e franze as sobrancelhas. — Priscila achava que a Any estava dormindo no quarto. Nunca se perguntou como, de uma hora para outra, ela não só descobriu que a filha havia fugido, mas também o endereço daquela festa?

— Espera, foi a Shiv?

— Bingo! — Joalin deixa sua cabeça pender para trás, acomodando-se no encosto. — Ela contou tudo à Priscila. Edward estava de plantão na delegacia, então nunca soube.

— Mas o fato de ter contado essas coisas a mãe não a faz culpada. Priscila morreria de qualquer forma aquela noite.

— Só que elas nunca entenderiam isso. Para os humanos é mais fácil culpar alguém do que simplesmente aceitar o fato de que tudo acontece exatamente como deveria. — ela volta a suspirar. — Enfim, Shiv tem medo de que a Any descubra o que houve, porque acha que a própria irmã a culparia.

— Exatamente como se culpa todos os dias. — concluo, finalmente compreendendo a postura reservada que Shivani adotou perante a perda da mãe.

Gostaria de poder afirmar que Any nunca faria algo assim, mas ela realmente acredita ser responsável pelo que houve. Logo, ao descobrir que Shiv contou seu paradeiro, transferir esse fardo para os ombros da irmã seria algo lógico.

— Ela pretende contar a verdade algum dia?

— Sim, mas acho difícil que o faça. Apesar das recentes discussões, Shiv ama a irmã e morre de medo que ela a odeie.

— Talvez seja melhor assim.

— É, talvez. Acho que certas coisas não precisam ser ditas. — ela me olha. — Como foi seu dia com a Any?

— Foi bem... — penso um pouco no adjetivo mais adequado. — interessante.

Desvio a atenção para as minhas mãos, torcendo para não receber outra pergunta do gênero. Sei que eu poderia citar inúmeras coisas feitas por mim e Any desde que deixamos o cemitério, mas apenas uma insiste em dominar meus pensamentos e não quero falar a respeito no momento.

— Só interessante? — ela franze o cenho, provavelmente estranhando a escassez de minhas palavras.

— Aham. — coloco-me de pé. — Vou tomar um banho, está bem? — ela assente.

— Não demore. Você está escondendo alguma coisa e quero saber o que é. Nem pense em me enrolar.

— Não estou te enrolando.

— Mentiroso! — os olhos azuis se estreitam em minha direção. — Céus, você está cada vez mais humano. Cuidado, Joshua!

— Te vejo no jantar, Joalin! — ignoro seus comentários e apenas saio da sala.

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