Brooklyn, dez anos depois.
Amberly Johnson era, de longe, a menina mais bonita do Brooklyn. No auge dos 19 anos, tinha a vantagem de trabalhar a hora que quisesse, ganhando o próprio dnheiro, na mercearia da mãe, na rua atrás da qual morava.
Não era novidade para ela, nem para ninguém, que a maior parte dos rapazes que passavam na mercearia para comprar um refrigerante de cola, tinham apenas o objetivo de dar uma olhada nela e tentar, em vão, puxar algum assunto.
Sempre odiou, desde a época da escola, a atenção masculina por ter um corpo bonito e ser considerada linda. Então, ela não tinha nada a mais que a beleza dela para chamar a atenção de ninguém?, Amber se perguntava, revoltada, sempre que alguma amiga argumentava que queria ser igual a ela.
Claro que Amber já tinha se aproveitado do fato de ser "linda", beijando alguns dos rapazes. Mas nenhum deles parecia interessado em nada mais do que um beijo ou dois e, com isso, ela também não se interessava.
Hope era a melhor amiga dela e era a única que a entendia. Gordinha e baixinha, semlre com uma roupa escandalosa e chamativa e os longos cabelos ruivos morangos enfeitados, era um repelente natural de meninos.
Mas não que isso importasse:Hope tinha uma enorme queda por caras que nunca a corresponderiam. E estava tudo bem com isso.
-Você viu? Estão prevendo uma guerra para o ano que vem! - Hope comentou, horrorizada.
Amber parou de esfregar o balcão com um pano e álcool e encarou a amiga, que sentada em um banquinho e vestida de amarelo limão, folheava um jornal.
Amber esticou a mão e pegou o jornal. Deu uma olhada na matéria e suspirou. Ainda se lembrava do assunto " Primeira Guerra Mundial". Odiaria presenciar a Segunda.
-Por quê as pessoas tem que fazer guerra? Não vêem que ninguém ganha?
Hope deu de ombros.
-A ganância e a ignorância humana me deixam horrorizada.
Amber concordou.
Hope também trabalhava há alguns anos na mercearia da família de Amber. Na verdade, elas mais conversavam do que trabalhavam, mas gostavam de ter suas tardes ocupadas e os inícios de noite também, especialmente, depois que terminaram o ensino médio.
Amber, originalmente, seria mandada para uma faculdade de administração por seus pais. Eles eram liberais e vinham de uma família onde quem mandavam nos negócios, eram as mulheres.
Porém, os planos foram interrompidos quando o pai de Amber foi morto na Primeira Guerra. O Soldo recebido não era muito, de forma que a mercearia se tornou o principal sustento da família de três integrantes: Amber, sua mãe e um gato chamado Cookie.
Minutos depois dessa conversa, quando Hope e Amber comentavam sobre o novo vestido roxo horroroso que a Senhorita Figg comprou para o Baile Beneficiente do Clube dos Homens do Brooklyn, a campainha da loja soou, anunciando a chegada de um cliente.
Nenhuma das duas se preocupou em olhar por cima do balcão e verificar quem era. Continuaram comentando se o pecado da Senhorita Figgs foi o chapéu vermelho, ou os saltos amarelos.
Bucky respirou fundo e ajeitou o novo uniforme de Soldado do Exército.
Não que quisesse impressionar Amber. Céus, a odiava. Mas não queria dar motivo para que ela falasse de sua aparência. Olhou pela janela da mercearia, enquanto fazia cera e esperava para ver se Steve ia aparecer.
-Olá, Bucky!
Bucky se virou ao ouvir uma voz animada e notou Amber de costas para ele, mexendo em um jornal. Uma rápida olhada para o lado e percebeu Hope apoiada no balcão, passeando os olhos pelo uniforme dele.
-Ah, Oi... Hope? - Bucky questionou, incerto.
Já tinha saído uma vez com ela, quando ficou com uma amiga delas. Hope (se esse fosse mesmo o nome) era uma pessoa legal, Steve poderia dar uma chance à menina.
Tinha reparado que a ruiva era um pouco obcecada pelo Steve. E a frase seguinte apenas confirmou isso:
-Isso mesmo! Hey, o Steve vai aparecer hoje? Nunca vejo vocês separados...
Bucky percebeu, com o canto dos olhos, Amber suspirar e lançar um olhar feio para a amiga. Ele ergueu as sombrancelhas, desconcertado.
Sabia que Steve tinha uma queda do tamanho de um precipício por Amber desde a primeira vez que a viu.
Mas de um tempo para cá, vinha percebendo a queda de Amber por Steve também.
E de alguma forma, isso o deixava se sentindo... Deslocado? Desconfortável? Sobrando? Algo assim...
Até porquê, odiava Amber. E odiaria ter que se afastar de Steve por causa de Amber. Odiaria mais ainda ter que ver Amber e Steve de casalzinho pelas ruas, enquanto ele era esquecido e jogado para trás.
-...Bucky?!
Bucky encarou Hope e percebeu que tinha ignorado ela durante um tempo. Deu um sorriso sem graça e encarou Hope.
-Ah, me desculpe... Me distraí...
-Eu vi! - A Ruiva sorriu. - Vai comprar alguma coisa?
Bucky piscou confuso. Comprar alguma coisa? Olhou ao redor, sob o olhar curioso e de desprezo que Amber dava em sua direção. Se deu conta de que estava na Mercearia.
E se lembrou porquê tinha entrado lá. Bombons. Ia comprar bombons para o aniversário de Rebecca!
-Ah, sim... Vocês tem bombons?
-Quarta prateleira, de cima para baixo, na sua direita. - As duas meninas falaram juntas.
Bucky desviou o olhar do rosto de Amber e foi até a prateleira, ouvindo o sino tocar e Amber se ajeitar, enquanto abria um sorriso.
Bucky respirou bem fundo.
-Oi, Stee! - Amber acenou, animada.
Steve ficou vermelho e deu um leve sorriso, enfiando as mãos nos bolsos. Não tinha o menor jeito com garotas e invejava secretamente Bucky por isso.
Bastava um sorriso e todas queriam sair com ele.
Mas, por algum motivo, Amber simpatizou com o menino magricela e desnutrido e sempre puxou assunto com ele.
Steve não sabia dizer em que momento da vida dele, parou de enxergar Amber como uma menina e a ver como uma mulher, mas sabia que não tinha como negar que ele sempre se sentiu atraído por ela.
Talvez fosse o nariz fino em contraste com a boca larga e lábios carnudos. Ou o cabelo que escorregava sobre os olhos esverdeados. Também podia ser a simpática escondida embaixo da camada de "ego inflada" que Steve tanto ouvia falar.
Eles se encararam por longos segundos.
-Oi, Steve! - A menina ruiva que fazia de tudo para chamar a atenção de Steve pulou na frente dele e esticou a mão. - Como vai? Quer ajuda com as compras?
Steve apertou a mão da menina e deu um sorriso, sem graça, negando. Bucky chegou a bater na testa com a embalagem de bombom, observando a cena.
Não era possível que ele não tinha aprendido absolutamente nada!
Depois se corrigiu. Sim, era possível... Era de Steve Rogers que estavam falando!
Antes que a situação piorasse, Bucky decidiu ajudar o amigo e se dirigiu a Amber, mas a chegada de mais uma cliente na loja, o fez apenas entregar a caixa de bombom e esperar, observando Amber.
Se não fosse tão metida...
Desviou o olhar e percebeu Steve ainda roxo de vergonha por Hope estar se jogando para cima dele. Amber não parecia irritada com a amiga, talvez, só chateada.
-Você está me ouvindo, sem noção?
Bucky tirou o olhar do decote de Amber e levantou os olhos, até os olhos dela. Amber bufou alto.
-Barnes, deu três dólares!
Ele catou as moedas nos bolsos e entregou para a garota, vendo Steve se aproximar com um dólar e uma garrafa de refrigerante.
Bucky bufou.
-Eu disse que não precisava de nada disso, Steve! É só uma comemoração simples e você é de casa!
-É, eu sei! - Steve reclamou, fugindo do olhar e do sorriso de Amber. O rosto dele parecia um pimentão. - Mas eu acho chato ser convidado para um aniversário e não levar nada. Nem o refrigerante!
Bucky não respondeu.
-Aliás... - Hope apareceu ao lado de Steve, depois de embrulhar as compras da terceira cliente. - Por quê você está fantasiado de Soldado?
Bucky franziu a testa e riu, ajeitando os cabelos.
-E acabei de me alistar, seriamente, para o quartel, Hope. Não é fantasia!
Steve pareceu murchar um pouco. Esse era um assunto delicado. Já tinha tentado duas vezes e, nas duas, foi recusado.
-Sorte sua, meu amigo, você não ter se alistado! - Bucky exclamou, puxando Steve pelo colarinho e o abraçando. - Eu soube que provavelmente, vai estourar uma Guerra em breve...
Com exceção de Amber, os três jovens iniciaram um papo sobre a possível Guerra. Steve era quem menos falava, como Amber pôde perceber, mas ainda sim, era nítida a força de vontade que Steve demonstrava para entrar no exército.
Amber não pôde deixar de admirar. Achava lindo essa idéia do Steve, de ser útil, ser alguém ou morrer tentando.
Alguns olhares doram trocados entre eles e só. Bucky anunciou que tinha que ir embora e Steve foi atrás.
Amber ainda estava lembrando da empolgação com a qual Steve estava contando o que faria caso entrasse no exército, quando Hope senta no balcão e a encara.
-O que foi, Hope?
-Viu o jeitinho que o Steve estava te olhando? Aí, amiga... Você é tão sortuda! Sério! Ele está caidinho por você!
Amber sentiu as bochechas virarem dois tomates e deu de ombros.
-Está, é? E você não ficaria chateada?
Hope negou.
-Claro que não! Você viu como o Barnes é bonito? E naquela farda, então... Pode ficar com o Steve, amiga. O Barnes é todinho meu!
Amber deu uma risada e jogou o pano que limpava o balcão em Hope.
-Seu e de metade de Nova Iorque! Pelo amor de Deus, Hope! O Barnes?
-Ele é lindo! - Hope abaixou o tom de voz. - E a Brye saiu com ele já... Disse que ele beija bem, tem pegada e... Sabe bem o que faz, se é que me entende!
Amber arregalou os olhos e deu um gritinho, batendo na amiga.
-Sua safada!
-Que foi?! - Hope riu. - Vai me dizer que não ficou curiosa?!
Amber negou, ainda rindo.
-Com o imbecil do Barnes? Não! Mas eu até que ficaria com o Steve...
Hope fez uma carinha safada e riu.
As duas amigas não souberam o que era sair ou ficar com os dois meninos, até alguns anos depois.
Oi, gente! Tô passando aqui para agradecer aos votos e às visualizações e dizer que essa capa nova foi feita pela girasoldoido!
Muito obrigada! Você arrasa! ❤🤭
O próximo capítulo é o último da primeira parte e nele, vocês vão conhecer um Steve diferente dos que conhecem! Eu adoro brincar com a personalidade dos meus personagens e usar a licença poética ao meu favor ❤
Espero que vocês gostem!
Bjs 💋💋