INVERNO ARDENTE | Bucky Barne...

By DixBarchester

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Guerra. Hidra. Assassinatos. Pronto para obedecer... O mundo de James Buchanan Barnes estava congelado em vio... More

✎ INTRO
▶ MÍDIA
❝EPÍGRAFE❞
01. SOZINHO
02. SAVANNAH
03. JAMES
04. VIZINHOS
05. SAM
06. CELULAR
07. STEVE
08. ALPINE
09. ABBY
10. QUEBRA-CABEÇAS
11. GUS
12. SOLDIER'S
13. MÚSICA
14. VERDADES
15. AMIGOS
16. JOALHERIA
17. PESADELO
18. MUDANÇAS
19. CONVERSAS
20. ADEUS
21. RECONCILIAÇÃO
22. AMOR
24. LUCIA
25. BEVERLY
26. PRISIONEIROS
27. FOGO
28. ARDENTE
29. TREINAMENTO
30. HERÓIS
31. PEDIDO
32. COMPENSAÇÃO
33. FIM

23. IMPREVISTO

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By DixBarchester

E aqui estou, vamos fingir que não faz uma década e seguir o baile kkkkk 

Deixa eu comentar uma coisa com vocês rapidão, que eu vi MUITOOOO nos comentários quando o Bucky fala algo em russo: vocês ficam loucas pra saber o que é imediatamente e correm pro tradutor kkkkkk eu sei eu vi, tá? kkkkkk Eu vou sempre colocar a tradução, mesmo que demore alguns parágrafos, é que as vezes o suspense faz parte da emoção que quero passar no momento. 

Dito isso...
Boa leitura!

Os olhos azuis gélidos se abriram lentamente. Paz. Era isso que Bucky Barnes sentia naquela manhã. Não podia se mexer, a cama era pequena demais para isso, mas ele pouco se importava, porque estava envolto pelo perfume que mais adorava no mundo todo e colado a um corpo quente e macio, que ressonava sobre seu braço direito.

Quantas coisas podiam mudar em tão pouco tempo? Foi esse pensamento bobo que cortou a mente de Bucky naquela manhã...

Porque faziam apenas alguns dias, um pouco mais de duas semanas, desde que as coisas tinham mudado de verdade na vida dele. Savannah e Bucky não eram mais amigos, eram mais que isso, algo que não tinham a necessidade de nomear ou explicar para ninguém.

Mas Terry tinha dito uma coisa na noite anterior que ficou na mente de Barnes... Sua garota sempre fica feliz quando você vem.

"Sua garota". É, Bucky definitivamente gostava disso.

Ir buscá-la no Soldiers tinha se tornado uma rotina, no começo ficava do lado de fora esperando, mas um dia chegou mais cedo e ficou no fundo do bar vendo Savannah no palco e foi... A melhor coisa que podia ter feito. Então acabou se tornando algo que ele fazia às vezes; entrava discretamente e ficava lá atrás, bem longe do palco, apreciando o quanto Savannah era incrível no que fazia, seja cantando algo calmo ou levando a plateia a loucura com algo mais animado e dançante.

Sua intenção não era ser notado, mas de uma forma ou de outra os olhos castanho-esverdeados sempre o encontravam, e então Savannah sorria... Um sorriso-sol que era apenas do James dela e, naqueles breves instantes, Bucky se sentia a pessoa mais importante do mundo todo, porque o show era exclusivamente para ele, mesmo que ninguém soubesse.

Cada nota, cada movimento, tudo, era dele.

E então ele a levava para casa no limite máximo de velocidade e fazia amor com ela como se nada mais no mundo importasse. E não importava.

Não tinham dormido mais separados desde a primeira vez, até haviam tentado, mas não deu certo. Aconteceu no dia seguinte a reconciliação dos dois, assistiram um filme juntos de noite e Savannah pediu pizza, como costumava fazer quando estavam no apartamento dela, no fim da noite Bucky estava decidido a ir embora, pensou que talvez fosse melhor levarem as coisas mais devagar. Coisas de sua cabeça que pensava demais.

Teve um pesadelo horrível aquela noite, não como os que costumava ter, esse era um tipo confuso que misturava lembranças e medos, envolvia Savannah e uma dezena de coisas desconexas que tinham acontecido com eles desde que se conheceram. O fato é que acordou aterrorizado, o coração batia pesado e os pulmões simplesmente não conseguiam captar oxigênio nenhum. Não conseguia respirar sem ela.

Bateu na porta de Savannah as três da manhã e foi só dentro do abraço dela que conseguiu dormir de verdade...

Assim, virou rotina também, dormiam juntos em uma cama ou na outra, isso não importava. Mesmo que a cama de Savannah fosse de solteiro. Bucky até gostava, porque isso significava que ficariam colados a noite inteira.

E era assim que estavam naquele momento, o corpo feminino e quente encaixado no do Sargento, as costas no peitoral dele, as pernas entrelaçadas e partes muito especificas de suas anatomias grudadas que uma forma que Bucky era totalmente incapaz de ignorar.

Acordar do lado de Savannah era uma das melhores coisas que já tinha feito na vida, não só porque sempre tinha sonos tranquilos quanto estava envolvido pelo calor dela, mas também porque sua garota era adorável pela manhã, com o cabelo bagunçado e carinha de sonho...

Adorava acordá-la com um beijo para que tomassem café juntos, antes que ele saísse para ir trabalhar, ou então para fazerem yoga, o que no fim acabava sempre virando outro tipo de exercício...

E aquela era, com certeza, uma das coisas que Bucky mais gostava de fazer de manhã... Ou em qualquer horário, se fosse bem honesto...

Sorriu contra os fios ruivos, pensando no quanto Savannah Devenport lhe fazia bem. Claro que ainda era o mesmo Bucky Barnes de sempre, ainda ia nas reuniões, ainda tinha problemas, ainda tinha as coisas que não falava e as culpas que carregava, mas quando estava com a sua garota todo o resto deixava de ter tanta importância assim.

Ela o fazia feliz.

Suspirou, a claridade que vinha através da cortina entreaberta dizia que era quase hora de levantar. Bucky acompanhou o raio de sol intruso que cortava o quarto e passava exatamente sobre o corpo de Savannah, logo acima da raposa que ela tinha no quadril.

Correu os dedos metálicos por ali, bem de leve, uma caricia que quase não chegava a ser um toque de fato, mas que foi o suficiente para que o corpo dela arrepiasse diante dos olhos dele. Savannah era uma obra de arte em cada pequeno detalhe.

— Hum... — A voz sonolenta veio em um misto de gemido e lamúria. — Isso é tão bom...

Bucky sorriu, subindo a mão para afastar os fios ruivos e afundar o nariz na curva do pescoço de Savannah, totalmente beneficiado pela posição em que estavam. Se tinha um cheiro melhor que o dela no mundo, ele desconhecia.

— Bom dia, Boneca. — Murmurou baixinho, beijando a pele dela bem devagar.

— Bom dia, Sargento. — Ela ronronou se movendo contra o corpo dele, como se houvesse qualquer possibilidade de ficarem ainda mais próximos.

A mão de vibranium deslizou pela lateral do corpo feminino, até a coxa, para então voltar, parando na altura das costelas, os dedos quase roçando nos seios...

— Está com frio? — Perguntou, sentindo quando Savannah tremeu e novamente se arrepiou inteira.

— Frio? — Ela repetiu, deixando uma risadinha irônica sair pelo nariz. — É assim que chama agora?

Bucky riu da resposta, mas esse som morreu em sua garganta quando Savannah rebolou os quadris contra ele e um arrepio delicioso o pegou de surpresa.

— Você está muito animada pra quem acabou de acordar... — Ele murmurou, beijando o pescoço dela suavemente.

— Eu chamo de efeito Barnes, qualquer pessoa acordaria animada depois de dormir com você. — Savannah riu, se virando de frente para Bucky e o olhar deles finalmente se encontrou.

Ela tocou o peitoral dele com a ponta dos dedos e foi descendo devagar, contornando cada um dos músculos sem tirar as orbes avelãs de Bucky.

— Além disso... — Ela passou pelo abdômen dele e continuou a descer. — Você também acordou bem animadinho.

Bucky fechou os olhos quando a mão quente e macia deslizou pelo comprimento de sua ereção, o esboço da resposta que tinha em mente se foi, dissipado pelas sensações imediatas e arrebatadoras, que eram uma constante toda que vez que Savannah lhe tocava daquela forma.

Aproveitou o braço em que ela estava apoiada e a puxou para perto, colando os lábios nos dela. Era sempre assim, um segundo e eles incendiavam como fogo e gasolina se encontrando. Seus corpos já pareciam se conhecer tão bem que sempre sabiam como ou onde tocar o outro no momento exato em que desejavam ser tocados.

No fundo parecia para Bucky que ali, no calor daqueles braços, ele finalmente tinha encontrado seu lugar no mundo, ele se encaixava... Se é que isso faria alguém sentindo se um dia fosse colocado em palavras...


Quando os corpos rolaram na cama, Savannah ficou por cima, James ergueu o tronco e apoiou uma das mãos atrás do corpo para que ficasse parcialmente sentado. Ela tinha as mãos apoiadas nos ombros masculinos e estava praticamente montada no colo dele, o que lhe dava uma grande liberdade de movimentos.

Sorriam um para o outro, os corpos se tocando sem qualquer peça de roupa entre eles. James tinha os olhos tão azuis e brilhantes aquela manhã que chegavam a tirar o folego e Savannah não conseguia fazer nada a não ser amar aquele homem de todo o coração, corpo e alma. Aqueles últimos dias tinham sido tão incrivelmente perfeitos que, tudo que ela queria era poder declarar as pequenas três palavras que estavam constantemente presas em sua garganta.

Eu te amo.

Queria gritar, dizer cinquenta vezes seguidas e então mais cinquenta, mas tudo estava tão maravilhoso que ela se pegou com medo dessas simples palavras... medo de estragar tudo.

Tinha decido esperar o tempo de James então, até lá se contentava em mostrar com ações o que sentia e assim o amava todos os dias; em cada toque, sorriso, olhar e palavra solta. E esperava que um dia isso fosse o bastante para que ele a amasse de volta...

Mas a verdade é que quando James a olhava daquele jeito que estava olhando naquele exato momento — como se ela fosse a deusa-sol e ele um simples e devoto adorador — Savannah se sentia amada de uma forma tão plena que seus olhos enchiam d'água.

E quando ele a beijava, como fez logo em seguida, movendo os lábios contra os dela como quem compõe um soneto, o amor se tornava estrelas no céu da sua boa e fazia morada em seu corpo, como nunca antes.

Então... talvez três palavras não fossem tão essenciais assim, não quando era capaz se sentir tudo aquilo na pele...

— Eu preciso de você. — Ele murmurou contra os lábios dela, tão rouco que era como se o desejo tivesse voz.

— Eu sou toda sua, James... — Savannah respondeu e o sentiu sorrir.

Alguma coisa caiu no chão enquanto ele tateava a mesinha ao lado da cama em busca de um preservativo, mas nenhum dos dois se preocupou com isso, porque seus corpos imploravam um pelo outro como se houvesse alguma necessidade empírica de se tornarem um só.

E Savannah amava aquele momento exato, não importava como fosse ou onde, havia algo de especial na forma como James a penetrava, não era sobre os movimentos que podiam ser rápidos ou lentos, era sobre as íris azuis que transbordavam de algo tão puro, intenso e catártico que talvez não tivessem inventado uma palavra para descrever ainda...

A mão gelada de vibranium ditava o ritmo em que Savannah se movia, o corpo ondulando contra o dele, assim como o mar calmo beija a areia da praia. Havia algo de diferente sobre James naquele dia, um tipo de certeza comovente brilhando em seu olhar azul que não deixou o dela por um só instante. E isso fazia com que tudo parecesse ainda mais intenso, porque havia uma aura erótica no ar, havia o prazer se acumulando em cada poro rapidamente, mas também havia algo mais... Algo não dito.

Um algo que fazia com que Savannah pensasse em "para sempre", mesmo que esse fosse um conceito no qual não acreditasse realmente. Mas podia ser pra sempre enquanto o "para sempre" durasse...

Ya lyublyu tebya. — James declarou em um russo deliciosamente rouco e o prazer explodiu em ondas quentes dentro de Savannah, fazendo com que seu corpo atingisse o nirvana mesmo que ela não fizesse a menor ideia do que as palavras significavam.

E como uma reação em cadeia, uma avalanche que vem levanto tudo, ela pôde sentir quando James alcançou o clímax logo depois dela, as bocas se unindo em um beijo lento e apaixonado que durou até os corpos se acamarem...

O Sargento continuou acariciando os cabelos ruivos por um longo momento, até que finalmente se levantou da cama com Savannah ainda no colo, perfeitamente segura ao redor dele, como se não pesasse nada.

A risada deles se espalhou pela casa, enquanto James caminhava sem qualquer dificuldade até o banheiro e ligava o chuveiro ainda com Savannah nos braços. Só a soltou quando se certificou que a água estava em uma temperatura agradável para ambos.

Savannah adorava aquilo, os banhos conjuntos nos pequenos banheiros de seus apartamentos; deslizar o toque pelos músculos ensaboados; beijos molhados; abraços apertados; massagear a cabeça de James toda vez que fazia questão de lavar seu cabelo ou então, como naquele momento, apenas fechar os olhos e deixar que ele passasse shampoo nos fios compridos dela com toda a delicadeza do mundo.

— Aquilo que me disse agora pouco... O que significa? — Ela perguntou, quando estava de costas para o Sargento e ele parou o que fazia.

O silêncio de alguns segundos a fez franzir as sobrancelhas e olhar para trás.

— Você não disse que queria aprender russo? — James respondeu finalmente, quando os olhos dos dois se encontraram. — Tenta descobrir.

— Eu queria aprender russo pra te dar uns beijos, agora não preciso mais. — Savannah moveu os ombros e fez um gesto displicente com as mãos que espalhou água por toda a parte.

— Queria aprender russo, só pra me dar uns beijos? — James riu enquanto negava e deslizou os dedos pelos fios ruivos para tirar todo o shampoo. — Não era trabalho demais?

— Você totalmente valia a pena. — Savannah riu também, envolvida no clima ameno e confortável que eles compartilhavam. — Honestamente, se eu soubesse o que sei agora, teria até virado poliglota.

Virou de frente para ele e deu uma olhava nada discreta em cada parte do corpo masculino.

— Você não devia ficar inflando meu ego desse jeito, eu vou ficar mal-acostumado. — O Sargento retrucou, envolvendo-a com um dos braços e deixando que a água morna caísse sobre os dois.

— Pode ficar. — Savannah envolveu o pescoço de James e se aproximou para sussurrar no ouvido dele: — Seu gostoso.

A gargalhada masculina e potente cortou o ar e o Sargento se limitou a negar algumas vezes, envolvendo a cintura de Savannah com os dois braços.

Ela amava quando ele ria daquele jeito, leve, despreocupado e totalmente descontraído.

Potseluy menya. — As palavras russas vieram junto com o olhar azul. — É assim que se fala "me beije" em russo.

— Potiselui menea... — Savannah se esforçou pra repetir o mais parecido que podia.

— Seu pedido é uma ordem, Boneca... — James declarou pouco antes de tomar os lábios dela em um beijo quente e ousado.

Claro que aquele banho acabou da melhor maneira possível...

E James estava atrasado outra vez. Mas honestamente não parecia muito preocupado com isso quando saiu todo sorridente para o trabalho. Savannah amava aquela rotina simples.

Cuidou de alimentar Alpine antes de voltar para a cama, a gatinha ficava no apartamento em que dormissem, por isso aquele dia estava ali, se achando dona de tudo e reclamando de qualquer coisa, como sempre.

Mesmo assim ela fez questão de se deitar com Savannah assim que a viu sozinha.

— Quem é a insuportável mais adorável do mundo? Quem é? Quem? — A ruiva provocou Alpine, coçando sua barriguinha e apertando de leve até levar uma mordida ardida.

Riu da gata e a deixou em paz, focando os olhos no celular sem qualquer pretensão, até que teve uma ideia.

— Vamos aprender russo, Alpine? — Falou em voz alta, enquanto procurava pelo tradutor. — Tenho certeza que aquele gostoso do seu dono me disse uma sacanagem bem explicita e eu nem pude desfrutar disso porque não entendi...

Okay, James era um fofo romântico na maior parte do tempo, mas depois daqueles dias Savannah já sabia muito bem que ele tem um jeito muito particular — e delicioso — de levar as coisas para o próximo nível. E ele podia surpreender de formas muito positivas quando mostrava um pouco de seu lado selvagem.

— Se bem que qualquer coisa que ele diz em russo parece uma sacanagem explicita... — Savannah obviamente estava falando sozinha, porque Alpine não lhe dava qualquer atenção.

Convencida que encontraria algo deliciosamente impróprio, ela tentou se lembrar das palavras exatas e repeti-las para o tradutor de voz. Teve que tentar uma porção de vezes, mas sua pronúncia não era das melhores... Estava quase desistindo quando em uma das tentativas o tradutor retornou com: Você quis dizer "Ya lyublyu tebya"?

— Isso! — Savannah comemorou, clicando do botão de traduzir e esperando a internet fazer sua mágica...

E então ela parou. Os olhos presos na tela iluminada onde três palavras se destacavam em preto... Três simples palavras que pareciam capazes de mudar o mundo. Três pequenas palavras que colocaram um enorme sorriso no rosto de Savannah Devenport.

"Eu te amo."

✪ ✪ ✪ ✪ ✪

O dia no trabalho estava bem mais produtivo que o de costume, um pouco porque Bucky estava feliz e muito porque ele queria voltar para casa logo...

Queria ver se Savannah descobriria o que ele tinha dito aquela manhã.

Desconfiava que ela apenas deixaria a coisa de lado, o que era bom, porque as palavras tinham escorregado de sua boca de forma tão natural, como se ele já as tivesse dito um milhão de vezes, e não era assim que esperava que acontecesse... Não era mentira, claro que não, e tampouco surpreendeu Bucky como pensou que aconteceria.

Amava Savannah Devenport. Mas como não amaria afinal?

A surpresa era ter demorado tanto para perceber isso, porque se pensasse em retrospectiva o sentimento por ela já estava ali, em seu peito, há um bom tempo... Talvez já a amasse desde a primeira vez que a beijou.

Na verdade, se sentia um pouco idiota por só ter notado quando o instinto o fez dizer as palavras em voz alta e em russo. Quer dizer, estava sempre pensando demais, como não tinha pensando justo nisso? Talvez a parte consciente do seu cérebro estivesse acostumava demais a reconhecer o amor como algo exclusivamente relacionado a Steve...

Mas o que sentia por Savannah não era como nada que já tivesse sentido antes.

E honestamente Bucky estava pouco preocupado com entender ou fazer comparações, seu amor por Savannah era a melhor descoberta da semana e ele queria comemorar isso e obviamente queria dizer pra ela... não em russo, claro.

Então preferia que ela esquecesse a coisa russa e ele pudesse dizer de novo, direito dessa vez. Queria que fosse um momento especial, queria olhar nos olhos avelãs enquanto ela absorvia aquela verdade. E, no fundo queria muito que ela dissesse de volta. Porque, da mesma forma que nunca tinha dito aquilo para ninguém que não fosse sua família, nunca tinha ouvido aquelas palavras de outra pessoa.

Nunca tinha amado alguém que o amasse de volta.... Mas agora amava.

Porque sabia que Savannah o amava, podia sentir isso na pele cada vez que os olhos dela focavam nele, podia sentir nos toques, nos sorrisos, nos beijos e nas pequenas atitudes... todavia colocar em palavras seria como o fechamento do ciclo, o momento perfeito.

Então sim, Bucky queria que fosse um momento especial, só não sabia exatamente como fazer isso... Talvez precisasse da ajuda de alguém mais moderno e com melhor gosto.

Não Sam, porque apesar dos conselhos pertinentes, ele era tão romântico quanto uma banana e qualquer coisa pra ele parecia se resumir em sexo — nada ruim, mas não era o objetivo do dia — então precisava de um reforço mais adequado para aquele momento... e tinha a pessoa perfeita em mente. Gus.

Ligaria para o amigo em sua pausa da tarde e pediria ajuda, talvez a indicação de um lugar legal para levar Savannah... As pessoas ainda iam à parques de diversões?

Seus pensamentos foram interrompidos pelo vibrar do celular em seu bolso traseiro. Bucky colocou as ferramentas no chão e tirou a luva da mão direita para atender, vendo o nome "Abby" brilhar na tela. Aquilo era estanho.

Não porque nunca conversassem, muito pelo contrário, Savannah tinha colocado Bucky em um grupo e Abigail falava o tempo todo, mas nunca recebeu uma ligação dela...

— Oi, Abby. — Atendeu, se afastando um pouco dos outros por causa do barulho da construção.

Silêncio, a respiração pesada do outro lado da linha fez a mente de Bucky criar uma dezena de cenários aterrorizantes. Savannah... foi seu único pensamento imediato. Mente e coração começaram a prever tragédia e dor, todas as sinapses nervosas de Bucky entraram em curto, ele sentiu que as pernas falhariam a qualquer momento.

— Abigail, fala comigo. — Pediu, a preocupação impregnando seu tom de voz.

— Me desculpa... — Ele sussurrou tão baixo que Bucky mal ouviu. — Eu não sabia pra quem ligar...

— Aconteceu alguma coisa com a Savannah? — Ele perguntou apressado, temendo a resposta, mais do que temia pela própria vida.

— Não é sobre a Savy. Acho que eu 'tô encrencada... — O murmúrio de Abby veio em seguida e Bucky quase respirou aliviado ao saber que não tinha a ver com Savannah. — Me desculpa, mas eu não sabia pra quem pedir ajuda, porque a polícia não vai...

A palavra polícia disparou um alerta em sua mente. Savannah podia estar segura, mas algo claramente tinha acontecido com Abigail.

— Onde você está, Abby? — Perguntou firme, sem saber se aquilo era algum exagero da amiga ou se era mesmo sério.

— Eu não pensei que fosse me dar mal... — Ela começou em tom de desculpas. — Você avisou, mas eu pensei que...

O soldado não precisou ouvir o resto, as peças se montaram em sua mente rápido demais.

— Você não largou a matéria da Ministra. — Ele presumiu certeiramente.

— Desculpa... — Abby murmurou como uma criança que é pega fazendo coisa errada. — Um informante disse que um pessoal dela estava em uma das bases desativadas da SHIELD e eu só.... sei lá pensei em ver tudo de longe.

— Mas você não ficou longe, não é — Bucky começou a ver para onde tudo estava caminhando e não gostou nada disso.

— Eu achei que podia tirar algumas fotos escondida... — Ela balbuciou. — Mas eles estão aqui, ela e os trigêmeos, não entendo o que falam, mas eu....

— Me manda a sua localização. Estou indo te buscar. — Bucky declarou, enquanto jogava o capacete de proteção em um canto qualquer e alinhava os fios apressadamente.

Se achassem uma jornalista escondida em uma base secreta, nada de bom aconteceria com ela.

— Me desculpa... Eu não queria te envolver, mas eu... — Abby parou, quase como se a voz estivesse entalada na sua garganta. — Eu 'tô com medo.

Bucky podia ter dito um milhão de coisas, mas não era o momento para isso, podia dar um sermão em Abigail depois, quando ela tivesse em segurança.

— Continua escondida, eu já estou chegando. — Ele disse e ouviu a afirmativa dela do outro lado antes que desligassem.

Minutos depois já estava na moto com a localização em mãos, tinha dito ao chefe no trabalho que acontecera um imprevisto e o homem concordou rapidamente com sua saída. Um pouco empolgado demais até. Bucky teve quase certeza que ele sabia mesmo de sua identidade e tinha pensado que era algo dos Vingadores, mas isso não importava realmente.

A moto cortou a cidade no limite máximo que velocidade, podia ter avisado Sam, mas além de não achar reforços necessários naquela ocasião, também não quis perder um segundo parado mandando mensagens ou explicando as coisas em uma ligação. Entraria lá e tiraria Abby antes de serem vistos.

Por esse motivo também não avisou Savannah; primeiro porque ela ficaria muito preocupada; segundo porque não a queria envolvida de forma alguma com nada daquilo; e terceiro porque pretendia voltar antes do fim do dia, depois de dar o devido sermão em Abigail e então nunca mais pensaria em toda aquela porcaria outra vez...

A localização enviada levou Bucky até uma instalação no norte do estado, um prédio antigo e pequeno de três andares e cercas elétricas desativadas, nem era de fato tão afastado assim, o tipo de lugar onde apenas burocracia era feita, o que tornava tudo estranho. O que o pessoal da Ministra podia querer ali?

Quando se imagina alguém invadindo uma das bases desativadas da SHEILD logo se pensa em roubo de armas ou tecnologia, coisa que certamente não era armazenada em um local como aquele...

De toda forma Bucky deixou as teorias de lado e escondeu a moto em um lugar discreto, antes de pular a cerca com destreza e facilidade.

Fazia um bom tempo que não tinha que se envolver em nada como aquilo, mas era como se seu corpo inteiro nunca tivesse parado, porque cada movimento furtivo ainda lhe era praticamente automático.

Cruzou o gramado alto e malcuidado sem maiores problemas, não haviam seguranças ali e as câmeras pareciam desativadas, mesmo assim Bucky fez o possível para evitá-las. A pouca movimentação parecia vir da frente do prédio, por isso ele procurou por um local alternativo para entrar no local...

Sequer precisou tomar muito impulso para alcançar uma janela quebrada no primeiro andar, se apoiou na parede e logo alcançou o parapeito com a mão de vibranium, mais dois segundos e seus pés pousaram no interior de um escritório parcialmente vazio e cheirando a mofo. Cadeiras tombadas e pó, era tudo que tinha ali.

Seus passos eram rápidos e silenciosos, cortou três daqueles escritórios em questão de um minuto e como não encontrou Abigail continuou caminhando, atento a cada som ou movimento que ocorresse perto de si. No andar inferior podia ouvir as coisas sendo reviradas, mas nenhuma voz.

Passou por mais três ou quatro escritórios, todos mais do mesmo, bagunça, entulho, pó e mofo. O máximo que podia existir ali eram arquivos velhos, nada mais. O que uma ministra que tinha conseguido entrar no sistema privado do presidente poderia querer em um lugar como aquele?

Bucky se obrigou a tirar isso da mente, sua prioridade ali era levar Abigail embora em segurança, depois que estivessem longe e tivesse enfiado um pouco de juízo na cabeça daquela jornalista maluca, aí sim poderia parar e pensar em teorias para as ações nada lógicas da Ministra.

Abriu mais uma porta, tomando todo o cuidado que podia para que a madeira antiga não rangesse e soube logo que tinha encontrado o que procurava. Deu um passo para dentro e sem qualquer dificuldade segurou a cadeira com a qual Abby tentou lhe atingir.

— Eu não sabia que era você... — Ela murmurou com os olhos arregalados por trás dos óculos redondos enquanto Bucky colocava a cadeira no chão sem fazer um só ruído.

Não teve tempo de dizer nada ou de dar um único olhar feio, antes que os braços de Abby grudasse em sua cintura em uma confusão de fios roxos... Ela tremia dos pés à cabeça, como se ali fosse o epicentro do inverno.

Bucky apenas negou algumas vezes e a abraçou de volta de forma compassiva. Talvez pudesse deixar o sermão pra depois....

— Está machucada? — Perguntou em um sussurro que mais parecia o som do vento.

— Eu me escondi. — Abby respondeu da forma mais óbvia do mundo e Bucky teve que segurar a vontade de rir.

O que era absolutamente inapropriado para a situação.

— Eu disse pra você não se meter com isso. — Ele manteve a postura firme e a expressão fechada e fria.

— Eu sei... Me desculpa. — Ela pediu se afastando dele e encarando os próprios pés. — Não conta pra Sierra nem pra Savannah...

Bucky franziu as sobrancelhas, sério que o medo dela era das duas outras garotas e não dele?

— Vamos, eu vou te tirar daqui. — Se limitou a dizer, procurando a melhor forma de saírem.

Decidiu voltar pelo mesmo caminho, tentar uma outra rota podia colocá-los cara a cara com o pessoal da Ministra e Bucky estava decidido a sair dali sem precisar se envolver em uma luta.

Estavam no meio do corredor quando o soldado ouviu os passos vindos da escada, puxou Abigail para uma das salas antes que a porta da saída de emergência se abrisse. Podia ver o homem pela fresta da porta. Era um dos trigêmeos que acompanhava a Ministra por toda a parte.

Era um cara parrudo, alto, transmitia a imponência e a força de um urso selvagem. Ele vestia roupas sociais, mas estava sem terno, apenas com a camisa branca, as mangas dobradas até os cotovelos, expondo algumas tatuagens do braço esquerdo. Bucky se preparou para uma possível luta, cerrando os punhos enquanto Abby, ao seu lado, colocava as mãos sobre a boca para reprimir a própria respiração.

O soldado começou a contar cada passo, enquanto aguardava o homem e se preparava para todo o tipo de implicação que aquela briga teria... Mas o guarda-costas da Ministra apenas entrou na sala em que Abby estava instantes antes.

Se Barnes tivesse demorado mais alguns minutos para chegar, a jornalista teria sido descoberta.

Bucky pôde ouvir a garota suspirar de alívio e apontou a janela para ela. Não era o local por onde ele tinha entrado, mas depois de abrirem o vidro com cuidado poderiam escapar por ali. Ele deve que calcular suas opções depressa demais, pedir que Abigail fosse primeiro era o ideal, no entanto duvidava muito que ela conseguisse pular dali sem se ferir.

— Eu vou primeiro e te pego lá embaixo. — Murmurou, já colocando o corpo no beiral da janela.

— São uns dez metros de queda. — Abby segurou sua jaqueta e sua voz, mesmo que muito baixa, estava apavorada.

— Eu vou segurar você. — Ele garantiu de forma prática e saltou, sabendo que não tinham tempo para conversas ou planos menores.

Pousou em um baque seco, como um felino que caí de pé sem maiores problemas, ergueu a cabeça e encarou Abigail lá em cima, que estava branca feio uma folha sulfite. Fez um movimento exasperado para que a garota se apressasse e ela subiu no parapeito, sentando-se na janela e retirando os óculos, para coloca-los em segurança no bolso da frente da jaqueta Jeans.

Outo movimento efusivo de Bucky e ela fez o sinal da cruz, prendendo a respiração e impulsionando o corpo para frente, de olhos fechados como quem vai mergulhar em águas profundas.

O soldado não teve qualquer problema segurar Abby e logo a colocou no chão sã e salva. A observou dar um passo para trás e checar o próprio corpo como quem se certifica que está viva e inteira.

— Vamos embora. — Ele sussurrou, revirando os olhos para a atitude boba e exagerada da jovem.

Não podiam voltar pelo mesmo caminho, já que a janela da sala em que o guarda-costas da Ministra estava tinha visão total daquela área. Seria arriscar demais. Bucky decidiu contornar o prédio usando a própria construção como cobertura, estariam mais perto da entrada e de onde estavam os outros homens, mas ele confiava que podiam sair pela lateral sem serem notados, e assim que estivessem na rua seriam apenas dois pedestres comuns, já que aquela área não era tão deserta assim.

— Bem que eu podia aproveitar e tirar umas fotos, não é? — Abby murmurou de repente, quando pararam em uma das quinas do prédio para que Bucky recalculasse a rota.

Dali os sons eram mais perceptíveis e apenas alguns metros os separam da entrada principal do edifício.

O soldado lançou um olhar tão gelado para Abigail que ela se encolheu como um filhotinho apavorado.

— Não está mais aqui quem falou... — Ergueu uma das mãos em rendição e guardou o celular no bolso imediatamente.

Seguiram pelo gramado alto e amarelado em direção à cerca de arame, beneficiados pelas árvores que estavam espalhadas por aquele ponto, dali tinham que tomar ainda mais cuidado, um dos carros estava muito perto da cerca e o outro posicionado na frente da entrada, se fossem no momento errado podiam ser vistos, assim como Bucky conseguia ver mais um dos guarda-costas da Ministra naquele momento.

Era exatamente igual ao anterior, a única diferença é que não tinha tatuagem alguma nos braços. Ele colocou algumas caixas de papelão no carro e logo voltou para dentro.

Por que a Ministra estava recolhendo o que pareciam arquivos antigos da SHIELD?

Bucky deixou essa curiosidade inoportuna de lado e cruzou até a cerca, sabendo que não poderia apenas pular agilmente como tinha feito antes, já que Abigail nunca conseguira fazer o mesmo na velocidade necessária. Então ele apenas puxou as grades de arame com os dedos de vibranium e as estourou o bastante para que passassem por ali.

Fez um gesto para Abby e ela foi primeiro, Bucky se preparou para ir em seguida quando a voz masculina veio alta;

— Madame, chequei suas credenciais, mas não acho que tem permissão para estar aqui... — Por trás da árvore ele pôde ver um homem sair da pequena guarita que ficava na frente do prédio, era um senhor já bem velho, certamente o contato de Abby.

Não era incomum que instalações obsoletas do governo fossem cuidadas por porteiros em turnos, a falta de segurança dizia claramente que ninguém se importava com aquele lugar... Então por que a Ministra estava ali? O que havia de tão importante naquele lugar quase abandonado para que ela mentisse sobre suas autorizações?

Bucky tirou esses pensamentos da mente uma vez mais e se preparou para cruzar a cerca, Abby já estava escondida do outro lado.

— Tenho certeza que deve haver um engano... — A voz feminina veio e um arrepio violento e gelado cortou o corpo do soldado. Algo de reconhecimento perambulou por seu cérebro, ao mesmo tempo em que um sentimento forte de enjoo fez seu estômago dar uma volta em si mesmo.

Conhecia aquela voz?

Olhou para trás, por entre as árvores e tudo que conseguiu ver foram fios negros presos e um terninho cinza em um corpo feminino. Novamente aquela sensação de reconhecimento veio forte e estranha.

— Bucky... — Abigail lhe chamou em um sussurro exasperado e só então o soldado percebeu que tinha voltado alguns passos sem nem perceber.

Olhou a mulher e o porteiro que trocavam algumas palavras e então focou em Abby, queria ir com ela, mas seus pés não se moveram. Precisava saber o que estava acontecendo...

— Pega o seu carro e vai embora agora. — Ordenou com um gesto e o mover imperativo dos lábios, quase sem som. — Eu preciso ver uma coisa.

— Bucky! — Abby protestou, mas ele já tinha dado as costas e voltava por entre as árvores cada vez mais perto da entrada.

Não sabia o que queria ver ou por que, era como se algo gritasse dentro de sua mente e ele não conseguisse ouvir. Se lembrou do rosto da Ministra nas fotos e de fato teve quase certeza que a conhecia de algum lugar, parecia estar na ponta da língua, mas não conseguia colocar em palavras... Por isso voltou a olhar para os dois ali parados conversando. Se visse mais de perto talvez lembrasse...

Algo em seu bolso frontal vibrou e Bucky rapidamente pegou o telefone antes que fizesse barulho. O nome "Boneca" brilhava na tela, ele tinha trocado o contato em algum ponto daqueles últimos dias e acabou sorrindo com isso.

Seja qual fosse o reconhecimento em seu cérebro ele decidiu ignorar, tinha que voltar pra casa, para Savannah...

Tinha que voltar para sua garota.

Se virou então, vendo o olhar aliviado de Abby conforme se aproximava, ela era ocultada pelas árvores do outro lado da cerca. Bucky alcançou as grades finalmente e deu o primeiro passo para sair.

— Você! — Ele ouviu o grito masculino carregado de sotaque russo cortar o ar e soube que tudo tinha ido por água abaixo. — Não poder estar aqui! Intruso!

Merda.

Deu um olhar categórico para Abby e ela se escondeu entre as árvores do lado de fora. Por sobre o ombro viu que o guarda-costas de braço tatuado lhe observava por uma das janelas do primeiro andar com uma arma em punho. Certamente tinha trocado de sala naquele meio tempo e percebeu a movimentação no gramado. A única coisa que Bucky podia fazer era torcer para que ele não tivesse visto Abigail também.

Naquele curto segundo em que ele erguia as mãos devagar, apenas para ganhar tempo para a melhor saída, Bucky pensou em fugir, mas podia ouvir o homem gritando ordens em russo e sabia que não seria rápido o bastante, não tendo que proteger Abby.

Ele também podia lutar, provavelmente venceria porque afinal, por mais que não gostasse, era o Soldado Invernal e os outros apenas homens comuns... Mas isso criaria uma confusão sem tamanho com o governo, e correria o risco de ter que fugir das autoridades, de novo.

E isso significava fica bem longe de Savannah.

Respirou fundo então, afinal havia uma terceira opção... Fingir que tudo tinha sido um mal-entendido, inventar uma desculpa e esperar que sua ligação com os Vingadores fosse o bastante para que saísse dali sem maiores problemas.

Agiria como se não soubesse de nada sobre aquelas pessoas; era apenas um homem perturbado tentando saber mais do próprio passado e por isso estava ali, procurando por arquivos que o ajudassem a montar o quebra-cabeças de sua vida. Com sorte eles seriam idiotas o bastante para acreditarem e, por estarem ali sem permissão, tentariam o máximo não envolver mais nenhuma autoridade...

Era um plano de merda, mas era o único em sua mente naquele curto momento, além disso ganharia um pouco de tempo para que Abby fugisse.

Se virou devagar, as mãos ainda erguidas, pronto para argumentar. O cara parado da janela deu um salto ali do primeiro andar, pousando no chão com os coturnos negros em um baque estrondoso, fosse quem fosse não era de forma alguma um homem comum...

Outros dois vieram do prédio logo em seguida, alertados pelas palavras russas do primeiro, eram exatamente iguais, exceto pela tatuagem no braço de um deles.

— Não mover! — Ele ordenou, mostrando que não falava muito bem o idioma. — Quem ser você e o que fazer aqui?!

Bucky começou a contar sua mentira devagar, pausadamente e bem apaziguador. As armas, todas automáticas e com silenciador, estavam apontadas para ele o tempo todo, enquanto o primeiro homem, o da tatuagem, mantinha uma das mãos fechadas e erguidas, o que era o sinal para que os outros aguardassem. Dos três ali, aquele era o líder.

Pela visão periférica ele pôde ver que o senhor de antes se aproximava com a mulher em seu encalço, Bucky não podia ver o rosto dela de onde estava...

Quando finalmente entrou em seu campo de visão, a mulher sorriu de um jeito que fez todo o corpo do soldado arrepiar de asco. Aquele sentimento de reconhecimento estava lá outra vez, mas olhando para o rosto dela ele não conseguia se lembrar. Algo era muito familiar; o jeito de se mover, o sorriso vil, os olhos azuis demais, o cabelo negro... Algo nela fazia Bucky ter a nítida impressão que a conhecia, e ele não gostava nada disso.

— Interessante a sua história... — Ela disse finalmente e sua voz soou todos os alarmes na mente de Bucky.

Tinha uma arma na mão direita também, mas ela não estava realmente apontada para ele. Era um tipo que o soldado não reconhecia, tinha alguns detalhes azuis e uma escala luminosa na lateral.

— Pena que é mentira... — A Ministra declarou como quem fala do tempo e Bucky se preparou para a luta eminente, mesmo que nenhum dos trigêmeos tenha se mexido. — Eu sei que você não veio por documentos do passado. Você veio por mim.

A única coisa que Bucky conseguiu pensar naquele momento foi que ela já sabia que estava sendo monitorada por Sharon e Sam. Porque não tinha outra explicação. Mas o sorriso ladino passava outro tipo de mensagem e isso começou a confundir o soldado.

— Eu já estava me perguntando quanto ainda tempo ainda iria demorar... — Ela continuou, dando alguns passos na direção dele como se não se sentisse nem um pouco ameaçada. — Eu estou te esperando desde o primeiro dia que você voltou do blip...

O que? A informação conflituosa desestabilizou Bucky mais do que seria aconselhável naquele momento. A Ministra não falava como alguém que estava sendo investigada, ela falava como alguém que o conhecia...

— E é claro que me preparei muito bem para esse encontro... — Ela ergueu o braço rapidamente e Bucky até tentou se esquivar, mas três dos cinco tiros pegaram nele, dois diretamente em sua pele, não no braço de vibranium.

Não pretendia parar, lutaria até o fim, mas sentiu tudo rodar de um jeito estranho, já tinha levado mais de dois tiros e nunca ficou baqueado daquele jeito. Mais dois disparos vieram, e desses ele sequer teve chance de escapar.

Sentiu as pernas fracas e moles, tentou se manter firme, mas foi impossível não desabar. Os três homens baixam a arma ao mesmo tempo, os olhos frios e nada impressionados. Bucky tateou o ferimento, mas não sentiu sangue algum...

Mas que infernos estava acontecendo?

O rosto tão familiar e ao mesmo tempo desconhecido apareceu em seu campo de visão, olhos azuis que vinham com uma figura que não era aquela na sua frente. As unhas vermelhas no gatilho berravam uma verdade que Bucky viu se desenhar de forma pavorosa na sua mente...

Era ela!

— Tecnologia da SHIELD*. — A ministra moveu a arma exibindo um sorriso superior. Bucky sentia que estava dopado — Não é letal. Só vai te fazer apagar por algumas horas. Eu podia deixar Cerberus lidar com você, mas não queria correr o risco de estragar seu rostinho bonito.

Ela teve a ousadia de tocar a barba dele. Bucky segurou no pescoço da mulher com o braço de vibranium, fraco demais para de fato conseguir apertar...

Conhecia aquele toque, aquela voz e aqueles olhos... O rosto mais velho tinha lhe confundido. Mas então a mulher a sua frente era apenas uma garotinha de vestido claro, correndo em uma base da Hidra; uma mão com unhas pintadas de vermelho; ordens cruéis; seu pesadelo mais aterrorizante... aquela que tinha mandado ele matar crianças.

Mais dois disparos vieram.

— É bom te ter de volta, meu querido Quebra-Nozes. — Lucia Von Bardas sorriu como quem acabou de ganhar um prêmio.

Tudo ficou escuro... e Bucky soube, com uma certeza angustiante que nunca mais veria Savannah Devenport na vida. Estava nas mãos da Hidra outra vez.



*A arma em questão é uma I.C.E.R (na versão dublada seria algo como: emissora de cartuchos incapacitantes), ela é uma criação do Fitz e pertence ao universo de Agents of Shield.

Só Inverno Ardente consegue começar de um jeito totalmente amorzinho e acabar na maior treta trágica.... Parece que o plot de ação finalmente chegou e já foi logo metendo os dois pés, sem aviso mesmo... 

E agora temos um "eu te amo" não dito, um casal separado e o Bucky nas mãos da "Hidra". O que será que vai rolar hein??

No próximo temos Savannah, e isso é o que eu posso dizer por enquanto... 

Vou tentar voltar rapidinho, porque sei que foi um final de capitulo cruel. 

Beijos e até!


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