Escolhida para lutar

By gabsalgayer

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A ameaça está próxima. O rei feiticeiro de Thails pretende comandar todos os reinos do continente de Loxigan... More

Prólogo
Capítulo 1 - 𝑷𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒖𝒎
Capítulo 2
Capítulo 4 - 𝑷𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒅𝒐𝒊𝒔
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7 - 𝑷𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒕𝒓𝒆𝒔
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Epílogo

Capítulo 3

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By gabsalgayer

𝐻𝑒𝑛𝑟𝑦 𝑛𝑎𝑟𝑟𝑎𝑛𝑑𝑜

Quando saímos em disparada até o lago eu vi que Vic não usava o estribo, seu pé estava apoiado na barriga do cavalo, quase pensei em pedir que parasse para arrumar mas ela me ultrapassou rapidamente.

Ela quase passa por Ben quando a vejo soltar as rédeas e cair do cavalo que seguiu até a floresta. 

Pegamos ele depois.

Desço do cavalo e Ben faz o mesmo, chamamos por Vic mas sua respiração era fraca e seus olhos fechavam e abriam com dificuldade. Pego ela e a coloco em cima do meu cavalo, e então seu corpo fica mole.

Ben, vá na frente e peça para chamarem um médico, se eu correr muito ela pode cair de novo.

Assim ele o faz, monta em seu cavalo novamente e corre em direção ao estábulo enquanto eu seguia o mais rápido possível tentando não deixar Vic cair.

Quando chego ao estábulo, dois guardas esperavam com Ben e mamãe. Desço do cavalo e pego ela levando-a para dentro com mamãe na minha cola em choque. 

-Leve-a para a enfermaria, Marco já está lá - papai diz assim que passo por ele. Chego na enfermaria e coloco minha irmã na maca delicadamente. 

-Saia, por favor - Marco, o médico da família indica a porta e vejo que mamãe já entrou e se sentou na poltrona segurando a mão de Vic.

-Não posso ficar? - pergunto visivelmente triste.

-Não, Alteza. Apenas um acompanhante - o médico diz e eu bufo indo até a porta e a fechando atrás de mim. Me sento ao lado de Ben em um sofá próximo a porta e esperamos. 

𝔘𝔪𝔞 𝔥𝔬𝔯𝔞 𝔡𝔢𝔭𝔬𝔦𝔰

Papai aparecia a cada cinco minutos perguntando por notícias, as respostas eram sempre as mesmas. "Nada".

Então, começamos a ouvir gritos, papai arregala os olhos e caminha até a porta, sem delongas ele abre e entra. Eu e Ben ficamos vendo tudo do lado de fora. Vic chorava e gritava, parecia estar com muita dor. O médico, feiticeiro contratado por mamãe, faz alguns gestos estranhos com as mãos e ela para de gritar ficando inconsciente na maca.

-Está na hora - Marco diz encarando meus pais e depois a mim e Ben. - Ela vai se transformar.

-Leve ela para o salão de treinamento - minha mãe diz e meu pai pega Vic e caminha rápido até o salão onde todos usam na primeira transformação. Ele impede que se machuque ou machuque outras pessoas.

Papai coloca ela no chão, no meio do globo que chamamos de salão e fecha-o, lacrando sua porta. Podemos nos ver mas evita que ela nos mate se perder o controle. O feiticeiro faz os gestos novamente e Vic volta a gritar, agora com os olhos abertos e cheios de lágrimas. Depois do primeiro estalo, os gritos ficam mais fortes, cheios de dor.

Eu lembro da minha primeira transformação, eu achava que iria morrer. Meus ossos se partindo, garras e dentes crescendo e tudo ficando menor... 

Então, a transformação de Vic termina. Ela para de gritar e apenas choros lupinos são ouvidos. Encaro sua forma. 

Uma pelagem escura, preta e seus olhos violeta. Ela era enorme, no mínimo três metros, dentes e garras afiados como uma espada. Mas eu sei que não nos machucaria, seus olhos inocentes e medrosos me encaravam, alternando entre nós cinco, o feiticeiro sorri e desaparece, deixando papai e mamãe boquiabertos assim como Ben e eu.

-Você está bem? Como se sente? - pergunto alto, ela me encara e balança a cabeça com fúria. Aponto para minha cabeça e ela senta entendendo.

Me sinto estranha, muito estranha. -Ela fala em minha cabeça.

-Ela está bem - digo para meus pais e todos sorrimos.

-Ela é...-Ben começa e papai termina.

-Uma suprema - ele diz e eu o encaro, assim como mamãe. - Precisará de mais treinamento do que achamos. Uma suprema nunca poderia ficar sem alcateia, e as alcateias nunca poderiam ter uma suprema indefesa.

Alcateias? Eu não fico só em uma?

-Um lobo supremo é o comandante de todos os comandantes, o maior dos maiores. - Explico e ela rosna, não para mim, mas para si mesma.

-Quer correr um pouco?- Ben oferece.

-Ben, cuidado - mamãe o repreende.

-Ela está controlada, está tudo bem - papai diz e abre a porta do salão. 

Nisso, Vic sai correndo como um risco negro em direção a floresta. Sorrio e me sento no banco assim como Ben e meus pais.

𝑉𝑖𝑐𝑡𝑜𝑟𝑖𝑎 𝑛𝑎𝑟𝑟𝑎𝑛𝑑𝑜

Corria rapidamente entre as árvores, embora tudo parecesse estar em câmera lenta. As borboletas voavam devagar e o canto dos passarinhos que antes era ligeiro, agora parecia tão lento quando uma sinfonia de valsa. 

Depois de correr feito louca pela floresta, diminuo a velocidade e encontro um lago. Me aproximo e bebo um pouco de água. 

Só paro quando ouço um galho quebrar, automaticamente fico em posição de ataque olhando atentamente para o lugar de onde veio o barulho. Um lobo enorme sai do seu "esconderijo" e me encara.

Sua pelagem era cinza com preto, e seus olhos eram azuis escuro. Ele parecia inquieto e não reconheci seu olhar. Não era alguém que eu conhecesse. Então, começo a ficar inquieta. Uma voz feminina fala na minha cabeça.

É ele, é ele, é ele.

Hã?

Sou Carli, sua loba. Me comunico aqui e agora afirmando que é ele.

Ele quem? -pergunto desconfiada.

Seu companheiro, se aproxime.

Não obedeço. Ele também parece estar em um conflito interno, porque esqueceu que estou bem na sua frente.

Eu rejeito a minha companheira. - Uma voz masculina ecoa na minha cabeça e uma dor insuportável atinge meu peito. Caio no chão ouvindo meu próprio choro. Observo o lobo ir embora com dificuldade. Assim que me sinto forte o bastante para ficar de pé, ultrapasso ele correndo, ouvindo-o resmungar também de dor.

Eu não posso fazer isso, perdoe-me. -Ele continua falando. Então, minha mente vaga longe. Não o ouço mais pedir perdão, ou chorar. Simplesmente o bloqueei.

Quando chego ao encontro da minha família, volto a forma humana involuntariamente, estando vestida. (Imagine o que quiser, tenho minha versão na mídia

Vejo os me encarar com o semblante sério. Não espero nada, apenas corro para o castelo seguindo para o meu quarto o mais rápido possível, por isso errei em torno de cinco vezes por virar o corredor errado. Quando finalmente chego, abro a porta e me jogo na cama, pronta para desabar, e demonstrar toda a fraqueza e dor que estou sentindo.

É insuportável. Está me corroendo de dentro para fora, eu não consigo respirar.

É tudo seu. Da sua mente, a rejeição é ruim por muitas horas, depois você acostuma.

Por que dói tanto?

Porque ele era a pessoa que foi feita para você, a lua enviou ele porque sabia que ficariam mais fortes juntos. Quando um de vocês rejeita, automaticamente perdem forças que nem sabiam que eram necessárias, como a força para respirar no seu caso. Agora fique calma, e pare de chorar, é doloroso mas precisa viver com isso.

Ouço a porta do meu quarto abrir e fechar e uma mão tocar meu ombro delicadamente.

-Querida? -ouço mamãe chamar - quer conversar sobre isso? - Ela pergunta gentil, e eu balanço a cabeça negativamente.

-Ele nem me conhecia - resmungo parando de soluçar aos poucos.

-Eu tenho certeza que não. Se conhecesse, saberia que fez a maior besteira do mundo. 

-Como descobriu? -pergunto.

-Seu vestido. Branco significa rejeição... - ela diz hesitante.

-Ah... Para um primeiro dia teve muita emoção - digo e ela sorri passando a mão pela minha trança.

-Amanhã é um novo dia, querida. Tudo vai passar, e você será a princesa que Sargenis precisa, e a suprema mais forte dessa geração, confie nas minhas palavras. Todo esse sofrimento é necessário para tornar a mulher que um dia será - ela suspira e eu sento na cama encarando a bela mulher na minha frente - troque esse vestido. Ninguém precisa saber da rejeição se você não quiser.

Hoje a rainha usava um vestido azul turquesa de seda, sua tiara era prateada com alguns diamantes, como sempre estava impecável.

Me levanto na cama e vou até o banheiro lavando o rosto. Depois, fui até o closet e coloquei um vestido simples de meia manga azul bebê e uma sandália branca. 

-Pode usar suas joias, Vic. Elas são suas - mamãe diz sorrindo. Ela entra no closet e pega uma coroa simples com pedras água marinha e coloca na minha cabeça. 

-Parece errado - murmuro.

-Mas é o seu destino. Vai parecer errado até decidir aceitá-lo - ela diz e coloca meu cabelo para frente dos ombros. - Você está linda, agora vamos jantar.

Seguimos para o térreo do castelo, passamos pelos corredores e chegamos na sala de jantar - que também era a de café e almoço.

Nos juntamos aos meninos e começamos a conversar. O papo era animado, papo vai em vem e comíamos enquanto falávamos. Sem formalidades ou etiqueta. Comíamos como uma família normal, como pessoas normais, sem todo o mundo caótico cheio de regras e realeza e fantasia. Pela primeira vez me senti parte de algo, pertencer àquele lugar. Eu soube enquanto via meus pais e irmãos rirem feito loucos, eu morreria por eles também, e eu caçaria e mataria quem os fizessem mal. Agora eu sou princesa, mas fui criada para matar, na arena ou fora dela.  

Fizemos jogos até tarde da noite, brincamos de adivinha, mímica e diversos entretenimentos até todos caírem cansados no sofá, eu e os meninos ríamos loucamente enquanto papai tentava imitar alguma coisa que eu ainda não tinha conseguido decifrar. Até que um guarda entra na sala e o chama.

-Sim? - ele pergunta arrumando suas roupas e sua coroa.

-Os rebeldes... - o homem começa a explicar mas papai faz um gesto o mandando acompanhá-lo até sua sala para terem mais privacidade. Quando deixam o recinto, mamãe corta o clima dizendo:

-Então, o que acham que seu pai estava imitando? - ela pergunta animada, mas visivelmente preocupada em relação à notícia. 

-Pode ir lá, mãe. Você é a rainha, precisa saber das notícias também - digo e vislumbro seus olhos marejarem mas ela não fala nada. Apenas aperta delicadamente meu ombro ao passar por mim.

-Nunca vi alguém ser tão apaixonado pelo seu ofício quanto a mamãe - Ben diz - ela ama ser rainha, não só pelo luxo mas por saber que tem voz aqui e pode melhorar tudo de dentro para fora.

-Além de ter se apaixonado por papai muito antes de descobrir que ele era rei - Henry completa.

-Eles são companheiros? -pergunto.

-Não - Ben responde e logo explica - o companheiro de mamãe morreu antes dela conhecer o papai. Ele lutou em uma arena contra um feiticeiro e bom... perdeu.

-Que triste. Acho que perder um companheiro é pior do que ser rejeitado - suspiro.

-Acho que não -Henry discorda- se ele morre você simplesmente não sabe se ele te ama, se te rejeita, você sabe que não... - ele comenta enquanto devorava uma bolacha, quando termina de falar recebe uma cotovelada de Ben -Eu nem me toquei, Vic. Me desculpe - ele diz terminando de comer.

-Tudo bem, você tem razão. A parte boa é que isso não me abala, não mais. Eu tenho a família que eu preciso, os únicos de quem eu dependo são vocês, mamãe e papai - digo e eles se jogam em cima de mim em um abraço. -E vocês são muito pesados - digo e os empurro para o lado.

-Não, não somos - eles exclamam juntos.

-Sim, vocês são - digo rindo. - Eu preciso dormir eu estou cansada demais, deem boa noite para papai e mamãe por mim.   Boa noite - digo e me despeço deles com abraços breves. 

Me dirijo até meu quarto e assim que chego, tiro a coroa que pinicava na minha cabeça. Me sento na cama enquanto olhava para ela. Penso no que mamãe falou... é o meu destino, eu só preciso aceitá-lo.

 Ser uma alfa, ou melhor, uma suprema... isso é muito mais que jamais imaginei ser. Eu me contentaria com uma cabana perto do lago fazendo feitiços em troca de alguns trocados para sobreviver. Seria uma vida pequena, inútil... e agora tem uma alcateia que um dia vai depender da minha liderança.

Eu vou crescer, aperfeiçoar tudo, lutas, idiomas, etiqueta e quaisquer coisas mais que eu possa pensar em precisar. Treinarei como loba e como feiticeira, reinarei com destaque do meu ofício. Mostrar que eu, Victoria Rebecca Glaviros Sargenis, não preciso de um companheiro nem para liderar, nem para viver. 

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