Escolhida para lutar

By gabsalgayer

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A ameaça está próxima. O rei feiticeiro de Thails pretende comandar todos os reinos do continente de Loxigan... More

Prólogo
Capítulo 1 - 𝑷𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒖𝒎
Capítulo 3
Capítulo 4 - 𝑷𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒅𝒐𝒊𝒔
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7 - 𝑷𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒕𝒓𝒆𝒔
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Epílogo

Capítulo 2

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By gabsalgayer

𝔇𝔲𝔞𝔰 𝔥𝔬𝔯𝔞𝔰 𝔡𝔢𝔭𝔬𝔦𝔰

As mulheres me arrumaram como uma verdadeira princesa, não me reconheci quando me encarei no espelho. A moça baixinha que parecia ser a líder entre elas se chamava Alícia, as outras duas eram suas filhas gêmeas Anabete e Elisabete, ambas tem quase 25 anos e trabalham no palácio desde sempre com a mãe.

Eu tomei um banho quente e relaxante quando os meninos saíram e as mulheres esperaram pacientemente com uma roupa já separada. Nunca pensei que um vestido pudesse ser confortável.

Elas cortaram dois dedos do comprimento do meu cabelo afirmando que as pontas estavam muito ressecadas, mas não vi diferença nenhuma, ele continua abaixo do quadril. Elas hidrataram ele e fizeram alguns cachinhos, ele diminuiu uns dois centímetros por isso, ainda ficando abaixo da cintura, o que me deu um leve orgulho. Elas prenderam as duas mechas da franja em uma trança para trás, porque reclamei que atrapalhavam minha visão.

Fizeram uma maquiagem bem leve e básica, afirmando que não era necessário porque eu tinha uma "beleza natural".  

Elas passaram o que chama-se rímel e uma sombra, que é basicamente um pó colorido nos meus olhos, disseram que meus olhos eram muito bonitos e maquiagem demasiada poderia estragar a pureza e o brilho deles. Eu nunca havia reparado neles até colocarem um espelho bem na minha frente, os revelando verdes, muito verdes. Eu quase levei um susto quando Elisabete disse algo sobre ser híbrida, mas levou um cutucão da mãe e se calou depois de se desculpar. 

Quando fiquei pronta, elas me encaravam com os olhos marejados.

-Vocês são realmente muito sensíveis...- eu comento e elas gargalham.

-Seu irmão veio buscá-la para almoçar - Anabete diz e abre a porta revelando Henry pronto para bater na mesma. Ele ri e entra. 

Ele me vê e gargalha alto.

-Desculpe, eu estou no quarto certo? - ele diz me encarando e depois encarando as minhas amigas.

-Está sim, Alteza - Alícia gargalha e ele me olha, faz um gesto com o dedo me mandando dar uma voltinha, faço isso rindo feito boba.

-Primeiramente, uau. Segundamente, uau de novo - ele diz e todos rimos - você está linda, agora vamos que eu estou morrendo de fome e não aguento mais meu estômago roncando, vou comer uns quarenta cervos se não comer nada agora - diz e toma minha mão seguindo caminho sem deixar que eu me despeça das meninas.

-Por que comeria cervos? - pergunto rindo até que me dou conta... Eu não estou mais em Glaviros, não vivo mais com vampiros, agora eu vivo com lobos. -  Eu entendi, deixa para lá.

-Tudo bem, ah! Mamãe e papai vão falar com você hoje no almoço, pode sentar do meu lado se quiser - ele diz batendo seu ombro no meu delicadamente e eu rio.

Quando chegamos na sala onde iríamos almoçar senti o olhos dos meus "pais" e de Ben sobre mim e automaticamente mordi o lábio inferior sem querer demonstrar nervosismo. A rainha/mamãe levanta e vem até mim, ela pega um mecha do meu cabelo e olha para o marido. 

-Ela não está linda, Andrew? - ela manda a pergunta e sem esperar resposta me encara novamente - está incrível, querida.

-Obrigada - rio constrangida. 

Odeio chamar atenção.

-Vamos comer ou enrolar mais? Estou faminto! - Henry resmunga e senta ao lado de Ben que ria da cara emburrada do irmão. Quase o agradeci por isso, já que todos voltaram ao que estavam fazendo, a rainha me puxou e me pediu para que me sentasse ao seu lado hoje, dei de ombros em direção à Henry que bufou rindo.

-Temos algo importante para conversar, Vic - o rei me chama e eu engulo seco.

Já fiz besteira?

Apenas assinto com a cabeça e espero que ele esbraveje e me xingue como Joan, mas ele não o faz. Na verdade, ele largou o jornal que estava lendo e me encarou com um sorrisinho.

-Sabe porque foi criada por vampiros? - ele me pergunta.

-Porque meu pai morreu antes de eu nascer e minha mãe me entregou á eles e fugiu...- respondo, foi o que Caste me contou quando perguntei quando tinha apenas seis anos.

-Sabe porquê seu pai foi morto e sua mãe fugiu? - ele tenta ser delicado e eu suspiro negando com a cabeça.

-Caste sempre mudava de assunto quando eu perguntava - eu digo baixo enquanto todos ouviam a conversa com atenção, apenas Henry atacava seu prato, mas com os olhos alternando entre mim e o rei.

-Bom...seu pai vivia aqui, em Sargenis. Era um dos meus sentinelas - ele diz e eu engasgo com saliva. 

-Hã? - murmuro. Depois de alguns minutos processando a informação eu digo - por...por que está me contando isso?

-Porque precisa saber o que você é -  ele responde e eu tremo. - Você é metade feiticeira, e metade loba. Assim como sua mãe e seu pai. Sua mãe se casou na terra dela, Thails, a  terra dos feiticeiros, com seu pai, um lobo. Só foi permitido o casamento deles porque juraram nunca ter filhos. Mas quando o acordo foi quebrado, se tornaram inimigos do rei. Seu pai foi assassinado na mesma noite. Ambos foram condenados à morte, e matariam você antes que nascesse.  - Ele faz uma pausa -  sua mãe abriu um portal até a fronteira com Glaviros e fez um acordo com Caste em busca de asilo para você. Anos depois o corpo dela foi encontrado - eu solto todo o ar dos meus pulmões, que eu nem sabia que tinha prendido.

-Que acordo ela fez? - eu pergunto com a voz fraca.

-Ele abrigaria você até os seus quatorze anos, e depois a mandaria para mim, para que se transforme e tenha um treinamento e alcateia - ele explica. -  Eu sinto muito, mas o acordo não incluía abrigar sua mãe, ela certamente compreendeu. Nunca poderiam abrigar uma "desertora" -ele faz aspas com as mãos. - Isso poderia virar em guerra e tudo que os vampiros não queriam era uma guerra, tanto que você foi dada como morta para o rei de Thails, mas logo ele saberá que não está por causa da sua magia.

-Eu uso a minha magia há muito tempo, por que só agora que ele notaria? - eu pergunto e a rainha responde.

-Porque era só metade sua usando magia, quando se transformar...vai ativar a energia que estava adormecida em você. O rei sabe de tudo, ele sente a assinatura de magia de cada ser, e se tem mais de uma em alguém, ele mata, porque ele, e só ele, quer ser o mais poderoso. Ele acredita que é um Deus e que todos devem venerar a sua glória. Eu como rainha detesto ter que lidar com esse homem - ela desdenha. 

-A parte importante é, vamos treinar e proteger você, mas não podemos evitar que um dia ele a pegue, então é bom que esteja preparada para lutar contra ele. Querendo ou não, esse rei sabe que você é uma ameaça, se não ele nem ligaria para você e seus pais. Mas ele os matou, ele liga, então saiba que eu morreria para protegê-la, porque seu pai me protegeu a vida toda, e seu avô o meu pai e sua linhagem protegeu a minha... chegou o dia que eu posso retribuir o favor. 

-Morreria para salvar você, querida - a rainha concorda - nada nem ninguém, toca nos meus filhos - ela sorri.

-Morreríamos também, mas só se não doesse - os gêmeos dizem juntos e todos rimos.

-Morreria protegendo minha família, nunca pediria que morram por mim - digo - mas se é assim, aceito sua proteção - sorrio fraco. 

- Agora vamos comer, antes que esfrie - a rainha diz rindo e começamos a comer. Quando eu termino, volto minha atenção ao rei.

-Quando é minha transformação? - pergunto.

-Normalmente horas depois do primeiro contato com seu lobo mental - ele responde limpado a boca.

-E ele fala na sua cabeça do nada? Como o Henry e o Ben? - digo e eles gargalham.

-De certa forma, sim - ele responde ainda rindo.

Terminamos de comer e ficamos conversando até servirem a sobremesa, eu sinceramente nunca havia comido tanto... O rei e a rainha são muito brincalhões, ambos gostam de fazer palhaçada e fazem muita piada. Quando deu duas horas da tarde, a rainha me acompanhou até meu quarto dizendo que queria conversar. Entramos e nos sentamos na cama. Ela tira os saltos e põe os pés para cima.

-Então... um papo de mulher agora -  ela ri. - Normalmente, dias depois de se transformar, você encontra o seu companheiro de alma.

-Seu o que? - eu repito sem entender

-Companheiro de alma - ela sorri. - É um lobo mandado pela lua que foi praticamente feito para você. Alguém que vai amar todos os seus defeitos e ainda mais as suas qualidades. Querendo ou não, estão destinados desde muito antes de nascer. - Ela explica.

-Existe alguma forma de se livrar dele? - eu pergunto e ela ergue uma sobrancelha - caso for um babaca estúpido...é sempre bom ter como jogar o lixo fora - digo rindo e dou de ombros. Ela concorda e ri sem jeito.

-Existe a rejeição. Você recita as palavras em frente ao seu companheiro, em alto e bom som. Isso corta a ligação de vocês e é uma dor quase insuportável. Muitos lobos enlouquecem e perdem o controle sendo destinados a viver em sua forma lupina sem saber como voltar ao normal e tomar novamente o controle. - Ela fala devagar.

-Conheceu alguém que sofreu com a rejeição?

-Minha prima Jesebell, ela e o companheiro não se davam nada bem, ele saía para bordéis todas as noites e voltava podre de bêbado. Ela o rejeitou e foi embora com os dois filhos. Ele pirou, saiu de casa uma noite tão transtornado que se transformou e ficou fora de controle, ele matou duas alcateias inteiras...mulheres e crianças, dilaceradas. Ele lutou contra todos os homens das duas alcateias e matou todos. Ele era um dos alfas mais fortes de Nambler, o nosso reino vizinho, também liderado por lobos. Jesebell nunca mais me deu notícias, não faço ideia de onde ela está com os filhos. Mas tenho certeza que está muito longe, ela nunca deixaria Will chegar perto dela e dos meninos novamente... - ela termina e eu suspiro.

-Espero não precisar rejeitar ninguém - digo e ela concorda.

-É pior na lua de sangue. A primeira é sempre mais difícil se você não tem o seu companheiro - ela diz e faz uma pausa. - A lua de sangue é uma semana para acasalar, ela fica no céu durante uma semana e quem não tem o seu parceiro, normalmente perde o controle do seu lobo e foge para a floresta para se isolar.

-Corta e fita hein, mãe. Só tenho quatorze anos... -digo rindo e seus olhos marejam e então me dou conta do que disse. -Me desculpe... eu

-Está tudo bem! Eu sempre quis ser chamada de mãe por uma menina... Eu jamais irei roubar o lugar da sua mãe biológica e eu nem tentaria, mas ser a sua mãe do coração, é mais que uma honra.

-Ser filha de uma mulher como você que é uma honra... - digo e ela me abraça.

-Que tal você dormir um pouco? Nós gostamos de cochilar depois do almoço - ela sugere sorrindo.

-Eu estou mesmo com sono - eu rio e ela me acompanha.

- Até mais, querida - ela diz e sai fechando a porta atrás de si. Sorrio comigo mesma e coloco uma calça larga e uma blusa também larga como pijama, vou até a janela e fecho as cortinas deixando o quarto escuro. Vou até a cama e me deito.

Tão confortável... Tão quentinha...

ℌ𝔬𝔯𝔞𝔰 𝔡𝔢𝔭𝔬𝔦𝔰

Eu acordo com alguém batendo na porta, levanto e me arrasto até a porta. Abro e vejo os meninos, eles sorriem e entram sem esperar convite.

-Dormiu bastante, hein - Ben diz rindo enquanto deitava na minha cama.

-Eu acho que estava realmente cansada - digo me sentando no canto de cama que restou.

-Quer dar uma volta? Podemos cavalgar um pouco... - Henry pergunta animado.

-Claro, eu só vou trocar de roupa - digo e vou até o closet colocando uma calça de couro levemente justa e uma blusa verde de algodão. Faço minha trança habitual e saio do recinto terminando de amarrar os cadarços do coturno.

-E é por isso que nunca vou me acostumar com você de vestido, fica muito melhor de calça - Ben gargalha e Henry concorda rindo também.

-Acho que eu tenho que me acostumar a usar mais roupas, eu só tinha cinco blusas e duas calças, agora devo ter cem vezes mais - rio e eles acompanham ficando de pé e abrindo a porta.

-Vamos lá - Henry diz e me oferece o braço, eu o encaro com uma cara de deboche e ele ri pegando minha mão me arrastando pelos corredores com Ben na nossa cola.

Chegamos em uma porta branca e Ben Henry abre ela dando visão ao que parecia ser um estábulo. Haviam muitos cavalos e pessoas trabalhando, algumas escovavam os animais e outras limpavam o lugar.

 - Curt, nós vamos levar três. Harbor, Bingo e a Valente. - Ben diz e eu sorrio de canto vendo um homem gigante (literalmente) caminhar até uma baia e começar a levar as encilhas de um lado para o outro.

-Nomes legais - eu digo.

-Cada um tem um cavalo, o nome dele começa com a primeira letra do nome do dono - Henry explica. 

-Eu...

-Valente é a sua. Ela é arisca ás vezes mas corre bem e... você vai gostar dela - Ben me fala cutucando meu ombro.

Então, o homem gigante vem ao nosso encontro com outros dois garotos, cada um deles segurando um cavalo. O homem entrega um cavalo inteiramente negro para Ben que sobe no mesmo e dispara para a porta do estábulo. Um dos garotos segurava um cavalo cor de mel, ele tinha uma mancha branca bem no meio da testa, Henry subiu no mesmo mas não correu até Ben, ele ficou me esperando.

O outro garoto, segurava uma égua enorme, ela era branca com manchinhas pretas por todo seu corpo. Seus olhos eram clarinhos, diferente dos outros que tinham olhos castanhos. Subi nela agradecendo ao garoto que a encilhou para mim e sorri para Henry em um aviso de que poderia ir.

-Quando puxar a corda, ela vai parar, quando quiser correr é só cutucar ela delicadamente com o pé...- ele começa a explicar.

-Henry eu sei andar a cavalo- eu gargalho e cavalgo até Ben que ainda nos esperava.

-Está vendo Ben? Nossa irmã é incrível - Henry comenta assim que me alcança.

-Corrida até o lago? - Ben nos desafia.

Eu não sabia exatamente onde era esse lago mas eu não ia perder essa corrida. Assinto e depois que Henry também o faz, disparamos para campo a fora.

Eu não sei se era pela velocidade ou se era porque eu andava bem, mas Henry não parava de me olhar e olhar para o estribo, olhava tanto que passei por ele.

Estava quase passando Ben quando uma dor forte me atinge e eu começo a perder velocidade. Então, tenho dificuldades para respirar, perco as rédeas do cavalo e caio do mesmo apenas sentindo o impacto doloroso da minha cabeça com o chão. Vi os meninos ficarem perto de mim rapidamente, me chamando e pedindo que eu ficasse consciente, mas não era como se eu conseguisse manter os olhos abertos. Senti meu corpo ser levantando e depois colocado em cima de um cavalo, depois disso... a escuridão me levou. 

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