The Stripper (rabia version)

By sunshinecabell

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Você já imaginou ter duas vidas? Ser duas pessoas ao mesmo tempo? Aposto que sim. Mas entre pensar e viver ha... More

Capítulo 1 - Duas Vidas
Capítulo 2 - Voltando ao Brasil
Capítulo 3 - The Stripper
Capítulo 4 - Nova Presidência
Capítulo 5 - Primeiro Dia
Capítulo 6 - Conversa e mais tempo juntas
Capítulo 7 - A dança
Capítulo 8 - O beijo
Capítulo 9 - Perdendo o controle
Capítulo 10 - Le Café
Capítulo 11 - Devaneios
Capítulo 12 - Confusão
Capítulo 13 - Presente, carona e conversa
Capítulo 14 - Jogo perverso
Capítulo 15 - Chegada inesperada
Capítulo 16 - Reencontro
Capítulo 17 - Conhecendo a família
Capítulo 19 - O jantar
Capítulo 20 - Dura realidade
Capítulo 21 - O troco
Capítulo 22 - Perdidas
Capítulo 23 - Arrisque-se
Capítulo 24 - Toda hora
Capítulo 25 - Caminhos cruzados
Capítulo 26 - Desentendimentos e Desculpas
Capítulo 27 part 1 - Uma nova aliança
Capítulo 27 part 2 - Uma nova aliança
Capítulo 28 - Um dia especial
Capítulo 29 part 1 - Momentos
Capítulo 29 part 2 - Vitória do Inimigo?
Capítulo 30 - A descoberta
Capítulo 31 - Confronto
Capítulo 32 - Turbilhão de sentimentos
Capítulo 33 - Caindo em tentação
Capítulo 35 - Coisas do passado
Capítulo 37 - Pedidos
Capítulo 38 - Erros e arrependimentos
Capítulo 39 - Presente especial
Capítulo 40 - Vai dar tudo certo?
Capítulo 41 - Mentir, sim ou não?
Capítulo 42 - O Prêmio
Capítulo 43 - Noite de descobertas
Capítulo 44 - O inimigo comemora.
Capítulo 45 - Sair, sim ou não?
Capítulo 46 - Decisão
Capítulo 47 - The Lap Dance
Capítulo 48 - Xeque-mate
Capítulo 49 - Estratégia
Capítulo 50 - Nova Era
Nova Fanfic
Capítulo 51 - Acerto de contas
Capítulo 52 - A perda

Capítulo 18 - Um dia diferente

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By sunshinecabell

Gente, eu tinha dito no cap 16 que a irmã da Bia tinha 13 anos mas tava errado, ok? Aqui ela tem 8. Já editei lá. Bjbj
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Point Of View Bianca Andrade

Sabe quando você está dormindo, e acorda com uma energia diferente? Uma espécie de sensação boa? Foi assim que acordei hoje. Espreguicei-me sobre a enorme cama box, sentindo todos os músculos do meu corpo mais relaxados. Abri os olhos com certa dificuldade, e fitei o teto de gesso. Meus olhos correram por todo o luxuoso quarto no qual estava hospedada. A casa dos Kaliamann's era de se dar inveja, tudo era extremamente lindo, e mesmo com tanto luxo, ainda poderíamos sentir como um ambiente acolhedor. Rolei na cama de um lado para o outro, sentindo o aroma suave que emanava dos lençóis tão macios. Quando Rafaella veio em meus pensamentos. Eu não conseguia imaginar o quão difícil estava sendo para a mesma, ter que enfrentar a doença de seu pai.

Pelo pouco de conhecimento que tinha a respeito da doença. Alzheimer era um mal incurável, e só piorava com o decorrer do tempo. Apesar da doença, Sebastião parecia ser um homem feliz, até o momento eu sempre notava um sorriso sincero em seu rosto. Genilda e Larissa pareciam estar conformadas a viverem com a doença do mesmo. Somente para Rafa era mais dificultosa a aceitação, e eu não a julgava. A noite de ontem realmente havia a deixado frágil demais, lembro exatamente do brilho triste dos seus olhos ao me fitar. Foi de cortar o coração vê-la assim. O que mais havia me deixado surpresa foi o pedido de apenas um abraço. Será que Rafaella me considerava uma amiga? Ou havia sido somente no seu pior momento?

Não..

Rafaella não era daquela maneira, ela sempre se mostrava uma pessoa totalmente decidida e sincera. imaginá-la de outra maneira era um tanto difícil para quem convivia com seu jeito cotidianamente. Mas então, o que ela esperava de mim? Talvez nada, apenas uma amizade. Era nítido que Rafaella se ajoelhava aos pés de Jennyfer, ou melhor, aos meus pés. Mas não era assim que eu a queria. Eu a queria, queria sentir seu carinho, queria ser cuidada, amada. Mas nesse patamar eu ainda não havia entrado.

Jennyfer conquistou Rafa com o corpo, o desejo. E eu? O que eu havia feito? Nada. O que eu tinha conquistado de Rafaella?

Levantei-me da cama deixando as ideias para trás. Pensar em tantas coisas me deixaria confusa. Por isso, eu havia tomado uma decisão. Faria desse final de semana algo especial, eu não me preocuparia com Jennyfer, ou com o fato de ela ser minha chefa. Como ela havia pedido, seriamos apenas Rafaella e Bianca. Nada mais.

Depois de um banho quente, vesti uma calça jeans, com designe rasgado na perna, e uma blusa cinza de tecido leve. Meus cabelos estavam soltos e levemente ondulados. Olhei-me pela ultima vez no espelho antes de sair do quarto, a essa hora todos já deviam estar a mesa para o café da manhã. Desci as escadas sem fazer um só barulho, ouvi algumas risadas vinda de fora que, julgava ser de Tião e Larissa. Eles não estavam na sala de jantar, pela enorme vidraça eu os vi sentados a mesa do café da manhã do lado de fora. Aproximei-me lentamente da mesa onde todos estavam reunidos.

"Digamos que eu acredite que ela não é, mas deveria ser, é muito bonita.

Sebastião falava para Rafa. Será que estavam falando sobre mim? Rafa soltou uma risada para o senhor, jogando um pequeno pãozinho nele.

- Estragar comida é pecado... Bom Dia para vocês!

Falei ao me aproximar da mesa. Todos rapidamente colocaram os olhares sobre mim, deixando-me envergonhada. Rafaella me fitou dos pés a cabeça, como quem analisasse cada detalhe que havia em mim.

- Bom Dia, Bianca!– Larissa falou animada.

- Viu só, Rafa? Bianca ainda é religiosa.

- Pai! - Rafaella o cutucou, e depois lançou um olhar em minha direção.

- Bom Dia, Bia. sente-se com a gente. – Rafa falou sorrindo.

Bia? Lauren tinha me chamado por um apelido? Droga! Largue de ser uma boba Bianca, é apenas um apelido carinhoso. Sorri tímida, e me aproximei dela. Haviam duas cadeiras, uma do lado de Larissa e a outra do lado de Rafa. Caminhei para mais longe daquela mulher, distancia seria bom para minha sanidade mental.

- Aqui, do meu lado.

Seu tom de voz foi calmo, e ao mesmo tempo decidido. Sentei-me ao seu lado, recebendo um lindo sorriso.

- Dormiu bem? – ela sussurrou enquanto se servia de café.

Olhei fixamente para Rafaella. Essa manhã, seus olhos tinham uma tonalidade mais clara, e diferente da noite anterior. O brilho não era melancólico, e sim feliz.

- Sim, dormi muito bem, e você?

- Dormi muito bem também. Hoje nós vamos sair, certo?

- Vamos? – perguntei confusa.

- Claro! Larissa vai fazer o aniversario do papai amanhã. E quer que a gente ajude a escolher algumas coisas. Eu não queria ir, mas ela não aceita um "não" como resposta. - falou fazendo uma careta engraçada.

Olhei para Lari que mandou um sorriso.

- Isso é bem de família.

Rafaella sorriu para mim, provocando outro sorriso provavelmente idiota em meu rosto.

- Deve ser! Quer croissant? Não fui eu quem fiz, mas estão ótimos! - Ela falou pegando a pequena cestinha onde estavam os croissants que tinham um cheiro maravilhoso.

- Você deveria provar, Bianca, são realmente deliciosos. – Tião falou abocanhando um.

- A levei ao Le Café, pai, e adivinha só? ela amou!

- Não era para menos filha, aquele lugar é divino! Amanhã quando eu for a empresa trabalhar, vou dar uma passada lá.

- Pai... - Rafa começou.

- Que? Posso comprar um pra você, e depois vamos à empresa. Tenho um milhão de problemas para resolver.

Droga, ponto negativo. Tião havia tido outro lapso de memória. Eu apenas coloquei uma de minhas mãos sobre a de Rafa, tentando passar que estava tudo bem. Ela olhou para mim, respirou fundo e para minha surpresa, apenas assentiu. Não fechou o humor e nem resmungou como havia feito na noite anterior.

"Bom Dia, Bom Dia Família"

Um homem alto, de cabelos escuros, e roupas desleixadas falou enquanto se aproximava da mesa.

- Finalmente apareceu, Renato, pensei que já tinha se mudado para a casa da Alessandra.

Larissa falou enquanto digitava em seu celular.

- Ainda não, mas quem sabe um dia. Maninha! Que milagre ter sua majestosa presença aqui.

Rafaella arqueou uma sobrancelha, sorrindo amarelo para o homem que se curvava para ela em reverencia.

- O bom filho a casa torna.

- Sempre não é?

- Claro.

O rapaz pegou um copo de suco, e se sentou a mesa para logo me encarar.

- Ora, ora. Fatos inéditos, Rafa trouxe a namorada para conhecer a família?

- Essa é a Bianca Andrade, assistente da Rafa na empresa meu filho. – Genilda falou servindo o homem de pequenos pães.

- Você namora sua secretaria? - soltou com certo sarcasmo.

- Não, Renato. Bianca e eu não namoramos.

Senti certo incomodo por aquele momento. Renato, como era chamado, parecia não ser tão gentil como o restante das pessoas da família. Pelo clima pesado, talvez Rafaella e ele não tivessem uma convivência amigável. 

- Ótimo então, caminho livre. Bom Dia, Bianca, não é?

- Exatamente. – foi que disse.

Rafaella se levantou da mesa, para se abaixar e sussurrar em meu ouvido.

- Já terminou?

Sentir seu hálito quente contra minha pele, fez todo meu corpo se arrepiar. Eu a fitei, e agora sim ela parecia estar irrita.

- Sim, eu já terminei.

- Eu não quero ficar aqui, se quiser pode vir comigo.

Eu assenti e me levantei da cadeira para segui-la.

- Mas já? Não me deixou nem conhecer sua secretaria, maninha. Deixe de ser egoísta. - O tom dele era provocativo e debochado.

- Você não tem o que conhecer, e muito menos o que falar com ela.

- Com licença, Bom Dia, senhores.

Tião e Genilda sorriram, e eu me retirei. Caminhei atrás de Rafa que saiu pisando duro para dentro da casa.

- Vamos? – Larissa se aproximou

Rafaella já não carregava o sorriso largo de minutos atrás. Uma expressão zangada se fez presente. 

- O que aconteceu, Rafa? – Larissa perguntou confusa.

- Renato, irônico e provocador como sempre!

- Você sabe como ele é. Eu não sei porque você ainda se irrita! 

Rafa soltou o ar com força, provavelmente tentando se manter calma o suficiente.

- Vamos ou não?

- Vamos levar Bianca para conhecer L.A. Amanhã nós resolvemos os assuntos para a festa do papai.

- Certo! Você vai adorar conhecer L.A, Bia!

- Bia? – Rafaella perguntou, me fazendo rir.

- Sim, imagino que o apelido dela seja Bia, não é?

- Sim!

- Viu? – falou ela de forma convencida – Vou pegar minha bolsa e nós vamos.

Larissa sorriu, e logo se retirou, deixando-nos a sós.

- Peço que não leve em consideração toda a intimidade.

- Não se preocupe, Rafaella. Eu até prefiro que seja assim. - soltei serenamente. 

- Vou leva-la em lugares maravilhosos hoje!

- Vai descontar alguma coisa do meu salário pela tour?

Rafa soltou uma risada relaxada, enquanto me fitava intensamente.

- Vou pensar... Quer ir mesmo com essa roupa?

Olhei para ela confusa, pensando no que havia de mal com a minha roupa.

- Algo errado?

- Não! pelo contrario, você está linda, Bianca, sério...

Rafa terminou a frase, desviando os olhos dos meus. Ficamos caladas por alguns segundos, o que pareceu constrangedor.

- Os marmanjos devem cair matando em cima de você... – resmungou ela me fazendo sorrir.

Se eu não soubesse o quão louca por Jennyfer, Rafaella era. Eu até poderia pensar que sua atitude fosse puro ciúme. Mas seria loucura de minha cabeça pensar que Rafaella Kalimann estaria com ciúmes de mim. Então apenas sorri. Em poucos minutos já estávamos entre as ruas de L.A. Rafa a todo instante contava historias suas e do lugar por onde passávamos. Era bom conhecer mais dela, de sua historia e vida em si. Ela poderia ser tão diferente da empresaria arrogante que todos imaginavam que ela seria.

- Hoje tem um mega jogo do Dodgers, poderíamos levar Bianca para ver. - Larissa falou do banco de trás. 

Rafa respirou fundo, com os olhos atentos ao movimento do transito na rua. 

- Não creio que Bianca queira ir a um estádio de baseball, Lari.

- Se depender de mim, nós vamos sem problema algum! Eu não entendo nada do jogo, mas adoraria acompanhar vocês.

Rafaella parou em um semáforo, e fixou seus olhos em mim. Ela tinha uma expressão indecifrável, porém estranhamente agradável. Seus olhos estavam fixos em mim, e um breve sorriso nascia no canto de seus lábios.

- Tem certeza? Sabe o quão lotado aquilo fica não é, Srta Andrade? - perguntou, quase como um desafio.

- Sim, Sra. Kalimann. Eu sei.

- Vocês sempre ficam se tratando formalmente desse jeito?

Larissa perguntou do banco de trás do carro, provocando um riso relaxado em Rafa.

- As vezes sim, gosto do sobrenome da Bianca. – Ela falou me fitando.

- Isso é serio? Ou você está brincando? - perguntei com um sorriso.

- Estou falando muito sério!

Ao terminar aquela frase, o clima pesou. Rafa me encarava fixamente, e eu não ousei desviar o olhar. Eu não tinha certeza, mas aquele par de olhos verdes tão intensos me transmitiam uma pitada de malicia.

- Pois bem, vamos ao estádio? O jogo deve começar em meia hora. - Exclamou Larissa nos tirando daquela pequena bolha.

Em exatos vinte minutos, estávamos as três passando em meio à enorme multidão que adentravam o Dodger Stadium. Rafaella ia à frente, nos levando pelo melhor caminho. Larissa nos fez entrar a caráter, compramos bonés e blusas. O que havia servido muito bem em Rafa. Ela estava vestindo uma calça jeans clara que realçava perfeitamente bem suas curvas, uma camisa azul com o nome do time, e um boné. Literalmente era a forma que eu nunca imaginaria vê-la.

- Achei lugares lá em cima, vamos!

Rafaella falou mais alto do que o normal. O barulho e a forte movimentação naquele lugar, dificultava qualquer tipo de comunicação entre nós. Ela agarrou minha mão delicadamente, puxando-me em direção aos lugares livres mais acima.

- Finalmente! – ela falou se sentando.

- Que calor é esse, meu Deus! – Larissa falou enquanto se abanava.

Rafa se sentou no meio, sendo rodeada por mim e Larissa. Eu me acomodei ao seu lado, praguejando mentalmente o calor infernal que fazia naquele momento. Larguei meu celular ao lado, enquanto cruzava as pernas. A blusa do time estava bem folgada, o que me rendia um calor maior. De forma ágil, amarrei a beirinha da blusa, deixando que um pouco de meu abdômen ficasse visível. Rafaella lançou um olhar longo em minha direção, mas eu nem sequer me importei. Eu sentia o peso daquele olhar, e confesso estar adorando. Eu mostraria para Rafa que Bianca também sabia seduzir. 

- Misericórdia, não tá dando assim. – Rafa falou desviando o olhar de minhas pernas, e se abanando com o folheto que havia recebido.

Segurei o riso, fingindo não ter escutado. Me levantei um pouco para olhar com mais facilidade o estadio. Ela me olhou novamente, agora recebendo um olhar meu também. Mas não sustentei por muito tempo, voltei a me sentar, enquanto virava meu boné para trás.

- O jogo vai começar  logo. – Larissa informou.

- Quer beber alguma coisa? Você parece estar com calor.

Era loucura, ou Rafa estava mesmo me devorando com os olhos?

- Quero sim.

A mulher assentiu, e nada falou. Ela respirou fundo, e sorriu. Sorri de volta para ela, e desviei de seu olhar.

- Bianca... - A olhei novamente. - Você está muito linda.

- Você também, Rafa.

Ela sorriu e se levantou para pegar as bebidas. Larissa que estava ao lado dela só nos lançou um sorriso malicioso. Rafa logo voltou com refrigerantes e pipoca. O jogo estava bem animado, o estádio lotado. Era sem duvidas extremamente emocionante. E a família Kalimann com toda certeza adorava aquele estilo de jogo, pois as duas pareciam entender de tudo e mais um pouco. Rafaella hora ou outra me explicava alguns lances. Eu estava bem, ela parecia estar bem feliz de estar ali.

- Já tinha esquecido como é bom assistir um jogo deles. - falou transpirando felicidade.

- Você devia se divertir mais! Deixar o trabalho de lado por algumas horas.

- Eu não consigo, Bianca, eu sou sozinha, e tenho muitos compromissos.

- Que podem ser pausados para um momento de descanso. Faz bem para mente, sabia?

- Aposto que sim. Vou deixar você encarregada disso.

Eu fiquei sem entender, mas apenas assenti. Voltamos a atenção no jogo, que por sorte o time que Rafa e Lari gostavam havia ganhado. Saímos do enorme estádio em pura alegria. Era tão estranho conhecer aquele lado mais descontraído dela, mas aquilo estava sendo maravilhoso.

Depois de lá conheci todo o centro de L.A, Rafaella e Larissa eram ótimas guias. Batemos várias fotos.

- Falei com mamãe, e ela disse que devemos almoçar em casa. Papai quer ficar mais tempo perto de você, Rafa.

Larissa falou entrando no carro.

- Tudo bem, nós vamos para casa. Depois te levo para conhecer o resto, Bia.

A mulher falou gentil. Fazendo-me sorrir.

[...]

Depois de um banho frio naquele calor infernal. Eu vesti uma saia longa branca, com detalhes de renda e com uma fenda na coxa. Na parte de cima, uma blusa da mesma cor, de mangas longas mas soltinhas. A mesma deixava uma parte de meu abdômen a mostra. Eu queria algo leve, suave.

- Você está maravilhosa, Bianca!

Larissa falou ao me encontrar no meio do corredor.

- Obrigada, onde está Rafaella?

- Ela esta conversando com o papai na varanda. Vamos para lá?

Eu apenas assenti, sendo levada pela garota até onde Rafa estava. Chegando lá, a mesma soltou um sorriso assim que pôs os olhos sobre mim, eles eram avaliativos e curiosos.

- Se veste de forma tão bonita sempre?

Tião perguntou fazendo-me corar.

- Não Senhor, eu apenas me vesti normal.

- Rafaella, você é uma mulher de sorte!

- Papai...- ela sussurrou.

- O que? Você tem uma bela secretaria. Quando eu estava trabalhando, sua mãe não deixava que nenhuma mulher bonita ficasse. Por isso minhas assistentes sempre foram velhas com o pé na cova.

Soltamos uma risada divertida para o homem, que parecia se divertir ao contar.

- É serio, pode perguntar a ela.

" O que estão falando de mim?"

Genilda falou enquanto servia a mesa junto de Meredith.

- Estava lembrando com elas de minhas assistentes.

- Todas foram senhoras muito bem entrevistadas por mim.

Ela falou nos fazendo rir.

- Vejo que tive sorte então – Rafa falou com os olhos sobre mim, me fazendo corar em vergonha.

O almoço foi tranquilo, estávamos na varanda da enorme mansão beira mar. Conversando sobre diversos assuntos. A brisa do mar deixava tudo mais refrescante. A família de Rafaella com toda certeza era bem diferente do que imaginei. Pelo que soube eles vieram de origem humilde, isso se dava a simplicidade de Sebastião e Genilda, que obviamente não interferia em nada, na conduta de alta sociedade em que viviam hoje em dia. Os senhores eram bem simpáticos o tempo todo.

- Está achando muito ruim? - sussurrou para mim.

- O que?

- Ficar aqui, eu prometi que lhe levaria para conhecer L.A.

- Fique tranquila, o objetivo é que você veja sua família! Além de que estou adorando conversar com eles.

- Mesmo? - perguntou com uma das sobrancelhas arqueadas.

- Mesmo, sra. Kalimann.– falei fingindo formalidades.

- Rafa! não me venha com Sra. Kalimann este final de semana, Bianca.

- Como desejar.

- Perfeito, Srta. Andrade.

- Você pode e eu não? – perguntei fingindo irritação.

- Sim, eu sou a chefe, querida. – Ela tinha um sorriso convencido.

- Não, estamos fora da Kalimann Industry, aqui somos apenas Bianca e Rafaella.

- Você é esperta demais.

- Eu sei.

Soltei uma piscadinha que a fez sorrir.

- Pensei que a gente poderia dar uma volta no cais de Santa Monica. O que acha, Lari?

- É uma ótima ideia!

- Serio? Eu sempre quis ir lá!

Rafa sorriu.

- Pois então vamos! Tipo, agora!

- Eu vou ficar, Ok?- Larissa falou rapidamente.

- Por que?

- Eu preciso encontrar um amigo agora, mas vá com a Bianca.

- Mas, Lar...

- Shhiiu! Aproveite Maninha!

Rafa e eu nos entreolhamos, sem entender o motivo pela desistência de Larissa, mas mesmo assim, resolvemos ir juntas. Não demorou nem uma hora, e já estávamos estacionando próximo ao píer de Santa Monica. O lugar era simplesmente lindo. Caminhamos por toda a extensão do píer, entre crianças, pais e até casais que circulavam por ali, em conversas entretidas. Algumas pessoas batiam fotos, outras brincavam com o parque de diversão montado naquele lugar. A roda gigante estava totalmente iluminada com lâmpadas coloridas, enquanto as pessoas davam um passeio. Rafa caminhava ao meu lado, com os braços cruzados, provavelmente tentando se aquecer em meio a brisa que soprava do mar.

- Esse lugar é maravilhoso!

- Você gostou? - perguntou com um sorriso.

- Claro! Você não gosta?

- Eu amo. - Seu tom de voz foi calmo, e sincero. - Sabe, quando eu era mais nova, meus pais sempre nos traziam aqui. Eu, Renato e Larissa brincávamos demais nesses jogos que fazem aqui.

- Vocês são uma família linda.

- Você acha?

Ela perguntou com um olhar confuso, enquanto colocava as mãos nos bolsos. 

- Eu tenho certeza, Rafa.

Ficamos em silencio por alguns minutos, apenas caminhando até a areia da praia. Rafaella me ajudou gentilmente a tirar minhas sandálias rasteirinhas dos pés.

- Nada melhor que pés descalços na areia.

Ela falou tirando seu coturno preto.

- Você tem toda razão.

Rafa ficou de pé rapidamente estendendo a mão para mim.

- Vamos? Uma caminhada apenas, prometo não ficar tão longe.

- Fechado!

Afastamo-nos do píer o suficiente para ter uma bela visão do mesmo. O sol estava se pondo àquela hora, a vista era simplesmente maravilhosa. O céu estava com uma coloração alaranjada, com nuvens espaçadas, deixando apenas os desenhos indefinidos naquela imensidão. 

- Esse por do sol com toda certeza está entrando no meu raking dos melhores.

Rafaella falou se sentando na areia, largando seus sapatos ao lado. Eu a admirei por alguns segundos, vendo seus cabelos sendo levemente desgrenhados pelo vento que soprava.

- Você tem um raking? – perguntei me juntando a ela.

- Tenho, e esse está em segundo lugar. Em primeiro, está o que eu vi com meu pai e minha avó. Foi lindo, e foi aqui, sabia?

- Sério?

- Sim, nesse mesmo lugar que estamos agora.

- Como sabe que é exatamente aqui? – Perguntei em desafio, fazendo a mulher ao meu lado sorrir.

- Eu simplesmente sei, Bia. Eu sinto, é um lugar importante, eu sempre vinha com eles, até minha avó morrer, é claro. Nunca havia trazido alguém aqui antes.

Eu respirei fundo sentindo meu coração fraquejar, porque ela tinha que ser tão maravilhosa?

- Porque me trouxe? – perguntei sem pensar.

- Eu não sei, algo me dizia que eu tinha que lhe trazer aqui.

- Algo?

Ela assentiu.

- Eu não sei dizer o que.

- Posso ficar feliz com isso?

Rafaella sorriu enquanto me fitava. Seus cabelos estavam meio desgrenhados devido a brisa do mar, seus olhos estavam em um tom clarinho, calmo e acolhedor. Eu sentia aquele frio na barriga tomar conta de mim, mesmo sem qualquer tipo de interação maior. Estar ao lado dela já era o suficiente.

- Se achar que isso é bom, sim. Você pode.

-É bom sim.

- Ótimo então, mas me fale um pouco de você. Até agora você já sabe muito de mim, e eu não sei tanto de você assim. Por que estava mal ontem? – ela perguntou enquanto desenhava algo na areia.

Eu respirei fundo ao lembrar o dia anterior, desviei os olhos do dela, apenas apreciando o crepúsculo que acontecia ali. O sol já havia ido, dando espaço apenas para o brilho das estrelas aquela noite.

- É complicado.

- Posso entender..- ela falou calmamente.

- Eu não tenho uma família como a sua. Eu não tenho pais que me amam, que cuidam de mim, que se preocupam.

Ela ficou calada, apenas me olhando.

- Eu não falo com minha mãe há anos, e muito menos com o homem que diz ser meu pai.

- E por quê?

- Ela me odeia, e ele eu não quero nem ver.

- O que aconteceu entre vocês duas?

- Talvez você não queira saber, não vou encher sua cabeça com meus problemas. – Falei abaixando a cabeça.

Rafaella se aproximou mais de mim, ficando bem ao meu lado.

- Eu quero, quero conhecer você, Bianca.

Olhei em seus olhos verdes, e me pareciam ser tão sinceros. Transmitiam-me tanta confiança.

- Meu pai nos abandonou muito cedo, nos deixou em uma miséria sem fim. Ficamos dias sem sequer ter o que comer por culpa dele e a jogatina suja. Ele vendeu tudo, tudo o que tínhamos para jogar. Voltava para casa nas madrugadas, bêbado, quebrando tudo com a fúria por ter perdido tudo. E às vezes, até batia em minha mãe, sabe?

Eu fechei os olhos ao lembrar aqueles momentos, tentando controlar a enorme vontade de chorar.

- Eu vi tanta coisa que eu faria tudo pra esquecer. Mas até que um dia ele foi embora de vez, e ficamos realmente sem nada. Eu já não aguentava mais ver a minha mãe e minha irmã naquela situação. Então eu procurei um emprego, e consegui dinheiro, mas minha mãe não havia gostado do trabalho, e falou diversas coisas para mim. Coisas que eu jamais vou poder esquecer um dia. Mesmo assim eu continuei, sai de casa e prometi a minha irmã, Íris, que voltaria para busca-la. Foi quando comecei a trabalhar na Kalimann Industry, conheci Manu e Mari. E com o dinheiro que comecei a ganhar, alugamos a casa, e o resto eu mandava para as duas todo mês. E tudo foi se ajeitando, sabe?

Rafa assentiu, sua testa estava franzida, talvez buscando entender tudo. Ou parte de tudo, eu jamais poderia contar para ela qual trabalho havia sido, mesmo sentindo que naquele momento ela me perdoaria por tudo.

- E você voltou para vê-las ontem?

Eu assenti, limpando as lagrimas que teimavam em cair.

- Eu recebi uma ordem de despejo da casa delas. E fui verificar o que havia acontecido, pois todo mês eu mando a quantia suficiente. E chegando lá eu encontrei minha irmã. Ela estava linda e grande.

Falei ao lembrar de Íris sentindo um aperto no coração por tê-la longe de mim.

- Conversamos por algumas horas, até que minha mãe chegou. E Como previsto, ela me magoou novamente, me maltratou como ninguém.

- Que filha da puta. – Lauren soltou sem perceber – Me desculpe, mas eu não tenho outra palavra para isso.

- Não se preocupe. Tudo bem. Talvez você tenha razão. Ele também estava lá, com ela.

- Seu pai?

- O mesmo, Sandro Andrade. Ele já fez a cabeça dela outra vez, e tenho certeza que é o mesmo que está levando todo o dinheiro.

- Você não pode deixar isso assim, Bianca. – seu tom de voz era bravo.

- Eu não posso fazer nada, Rafa. A única solução seria tirar Íris de lá. É apenas com ela que me preocupo, mas eu não sei como posso fazer isso.

- Pois eu sei não se preocupe. Tenho alguns amigos que são advogados, e com toda certeza poderão conseguir isso.

- Não, não posso aceitar.

Rafaella me fitou seria.

- Você não pode aceitar que sua irmã viva com eles, é isso que você não pode aceitar. Ela merece um lar, um lar de verdade, com amor e carinho, e ninguém melhor do que você para lhe dar isso.

Eu já não tinha mais controle, eu só conseguia chorar. Em pensar em tudo que eu já havia vivido em todas as humilhações e desprezo. Eu não poderia deixar acontecer o mesmo com Íris, eu não podia. Levantei a cabeça, fitando Rafa que me encarava com um semblante preocupado.

- Obrigada, Rafa.

Ela nada falou apenas me abraçou forte.

Talvez eu nunca mais houvesse me sentido como agora. Eu queria entender como Rafaella conseguia me deixar assim, sem razão, com os nervos em alerta a todo instante, com aquele frio clichê na barriga. O que tinha nela? Que virava meu mundo do avesso, que me fazia cometer loucuras. Droga, eu estava perdida. Perdida naqueles olhos verdes que hora ou outra me fitavam curiosos, naquele sorriso descontraído no meio de nossas conversas mais simples. Perdida no desejo que ela me fazia sentir, no corpo e em suas mãos quando me tocavam. Em seus lábios que me beijavam com gana sobre o disfarce da noite. Não havia sequer mais duvidas, eu estava perdida, mas perdidamente apaixonada por Rafaella Kalimann.

- Tive uma ideia!

Rafa exclamou me fitando com um largo sorriso.

- Que ideia?

- Vamos continuar com nosso passeio? Esta ficando tarde, e ainda quero lhe levar pra conhecer o park central de Los Angeles. Eu não quero lhe ver triste, ok? Eu prometo que vou te ajudar com Íris e vou querer conhecer ela.

Ela falou levantando-se do chão, enquanto limpava sua calça da areia da praia.

- Olha como estou meus olhos devem está vermelhos. Vamos para casa.

- Deixe de preguiça, Bianca. Você vai adorar! Eu garanto, sou a sua guia esse final de semana, e a tour por L.A ainda não acabou, senhorita. Você continua linda, eu garanto.

- Isso vai me custar muito caro? – falei entrando na brincadeira

- Talvez alguns anos de trabalho sem receber na Kalimann Industry.

Soltei uma risada junto dela.

- Isso não é nada bom!

- Agora já era ninguém mandou aceitar passar o final de semana comigo! Você sabe o quanto sou chata.

- Você não é..

- Mas vou ser agora, então vamos, por favor.

Era até fofo como ela estava animada para me levar a esse lugar, eu não iria negar a um pedido seu, até porque na maioria das vezes Rafaella não pedia. Ela ordenava como uma boa empresaria e presidente. Ela me estendeu a mão, e ajudou-me a levantar.

Depois de alguns minutos de carro chegamos a um dos maiores park's que havia em L.A. Era lindo, e estava um tanto movimentada aquela noite. Caminhamos pela enorme extensão dele, ao redor do lago central que estava iluminado por luzes em led que flutuavam sobre a água calma. Até ver um grupo de pessoas sentadas diante do enorme telão que havia ali.

- Podemos comprar algo para comer se quiser, e sentamos em algum lugar para ver o filme. O que acha?

Rafaella às vezes parecia ler meus pensamentos.

- Mesmo?

- Claro! Confesso que sempre gostei de vir em cinemas ao ar livre. Mas eu nunca vim acompanhada.

- Pois bem, aqui estou. – falei sorrindo.

- Perfeito, sente-se naquele lugar, tem umas cobertas que eles mesmo entregam aqui. Vou pegar algo para comermos e já me junto a você.

Ela falou e rapidamente se retirou, olhei em volta percebendo o quão programa de casal aquilo era. Sentei-me na coberta que estava sobre a grama fofa, o filme já havia começado. Ao redor famílias estavam sentadas bem juntas assistindo ao filme que provavelmente seria um romance, alguns casais estavam abraçados em meus aos carinhos, provocando uma pontinha de inveja por querer estar assim com ela.

- Prontinho, Bianca.

Ouvi a voz de Rafa, e a mesma com cuidado se sentou ao meu lado. Em suas mãos um balde médio de pipoca que cheirava divinamente bem, e uma sacola com algumas guloseimas e refrigerante. Quantos anos nós tínhamos mesmo?

- Me sinto uma criança comendo tanta porcaria assim. - falei sorrindo para ela.

- Eu também! Mas nada mais justo, já faz um bom tempo que não como essas coisas.

- Serio? Pois eu como sempre, daqui a pouco ganho uns kilos a mais – sussurrei.

Rafaella arqueou uma sobrancelha em minha direção.

- E vai continuar linda.

Soltei uma risada para ela que sorriu.

Estávamos na parte de trás, a maioria das pessoas estavam mais perto da tela. Ao nosso redor havia apenas dois casais entre carinhos. Olhei rapidamente para Rafa que estava atenta ao filme. Como ela podia ser tão linda? Droga! Já não bastava ela me enlouquecer com todo o fogo que tinha quando encontrava com Jennyfer ela ainda tinha que ser amável e gentil com Bianca. Estava sendo tão surreal a nossa aproximação, Rafaella não era uma pessoa aberta com os outros, não deixava ninguém habitar em seu mundo pessoal. Mas comigo, ela era diferente, eu só não sabia o por que.

Balancei a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos e me concentrar no filme que parecia ser muito bom.

- Está tudo bem?

Não, não estava tudo bem, eu gostava demais dela para ficar assim.

- Sim, só estava pensando.

- Posso saber em que? – ela sussurrou para não atrapalhar as outras pessoas ao redor.

- No quanto esta sendo bom isso aqui.

Rafa ficou calada, apenas com os olhos sobre os meus. Para logo expandir seus lábios em um lindo sorriso.

- Vou lhe contar um segredo.

Ela se aproximou, sentando bem ao meu lado, e se inclinou para falar em meu ouvido.

- Eu também estou adorando isso aqui.

Ela sussurrou calmamente em meu ouvido, fazendo todos os pelinhos do meu corpo se eriçarem. Eu abaixei a cabeça e sorri sem jeito. Tudo sobre o olhar atento da mulher ao meu lado.

- Se importa se eu deitar com a cabeça no seu colo? Eu não quero parecer abusada, mas já sendo. – Ela perguntou envergonhada.

- Não tem problema, pode deitar.

Rafaella rapidamente afastou algumas coisas, e se ajeitou no chão, colocando a cabeça sobre minhas pernas.

- Gizelly vai me matar, estou deitando no colo da conquista dela. Ou Guilherme, não é?

- Eu não tenho nada com nenhum dos dois.

- Ótimo então. Não quero ter que ficar em discussão por ciúmes dos seus pretendentes, Srta. Andrade.

Ela se acomodou.

- Ah! Não seria só com eles não, viu? Tem sua noiva, Ivy, Ela seria uma das primeiras a brigar.

- Oh céus! Nem fale o nome dessa mulher, estragar a nossa noite não dá.

- Você é tão diferente dela.

- Eu sei, você deve se perguntar o que eu vi nela, não é?

- Não, eu não me perguntei isso. Ivy é uma mulher linda, fina e aposto que vem de uma família refinada.

- Você tem toda razão. Mas isso pra mim não conta em nada. Tem muitas e muitas coisas que eu gosto em uma mulher.

- Tipo?

Rafa parecia pensar em sua resposta. Ela respirou fundo, e me encarou.

- Tipo o jeito de ser. Gosto de ver que a garota se preocupa comigo, que ela procura me entender da melhor maneira possível. Que ela seja linda e delicada, ou sexy e quente. Que ela sorria mais vezes, que converse comigo sobre coisas simples, que me faça sentir diferente, entende? Como se eu fosse outra Rafaella, que se arriscasse por desejo ou por amor.

Meu coração palpitava a cada palavra que saia da boca dela. Eu sabia que ali no meio de todas aquelas palavras, ela havia citado Jennyfer, que havia pensado nela por alguns instantes, mas em quem mais ela veria as outras características?

- Eu entendo perfeitamente bem.

- Gosto de você, Bianca.

Ela soltou no ar, me deixando muda, sem reação. Fazendo parecer que aquilo não havia sido nada para mim, mas por dentro meu coração estava em uma batida frenética que a qualquer momento eu poderia jurar que sairia do peito.

- Talvez em anos, você seja a única mulher que eu conheci que me senti tão a vontade, sabe? E em pouco tempo, eu sei que temos uma relação de trabalho, mas não me arrependo em nada de ter lhe trazido para passar esse final de semana comigo. De ter deixado você conhecer um pouco da minha vida, que eu garanto poucas pessoas sabem.

- Eu nem sei o que dizer, Rafa... Apenas que eu estou adorando estar aqui com você, que com toda certeza você me tirou de um final de semana depressivo – Sorri fraco – E que me sinto bem contigo, gosto da sua amizade.

Amizade. Não era bem a palavra que eu gostaria de usar, mas foi a única que deveria ser dita ali. Ficamos nos olhando por alguns segundos, sem desviar o olhar, a respiração dela era compassada, calma. Passando-me certo alivio.

- Você sentiu isso? – ela sussurrou.

- O que?

- Isso! – Rafaella colocou a mão sobre o rosto.

Eu sorri sem entender. Até sentir uma gota de água cair sobre meu ombro. Esperei por alguns minutos e mais gostas começaram cair.

- Espera...está falando de..?

Eu nem terminei a frase quando a chuva iniciou repentinamente, e eu me referia a uma bela e forte chuva.

- Oh céus!

Point Of view Rafaella Kalimann

Levantamo-nos rapidamente do chão, notando que boa parte das pessoas já estavam correndo de lá. Pegamos nossas coisas rapidamente, e corremos para de baixo de uma arvore enorme. Bianca passava a mão pelos braços tentando tirar os resquícios de água em sua roupa. Era um verdadeiro temporal, e ficar ali não ajudaria em nada se proteger da chuva.

- Isso só pode ser brincadeira.

A morena resmungou me fazendo rir. Era no mínimo cômico aquela situação.

- Do que você está rindo?

- Da situação, Bia, desculpa.

- Veja, estou toda molhada, e de branco.

Realmente ela estava. Bianca estava com uma saia longa branca, que possuía uma enorme fenda na coxa, que por sinal deixava muito bem sua perna a mostra. Vestia uma blusa branca também, soltinha, que deixava sua barriga lisinha de fora. Mas ambas peças já estavam um pouco molhadas, quando resolvi lhe ajudar.

- Pegue isso, vista e nós vamos.

Falei entregando minha jaqueta de couro para ela. Bianca pensou, mas resolveu aceitar, e rapidamente vestiu a peça.

- Nós vamos correr para o outro lado, certo? Meu carro está lá.

Ela olhou para o outro lado que por sinal estava bem distante. Fechou os olhos e respirou fundo, quando eu a puxei para de baixo do temporal.

- RAFAELLA! – ela gritou me fazendo rir.

- Corre! Corre, Bia!

Foi apenas o que falei. Saímos correndo pela grama fofa do parque, de baixo da tempestade que nos molhava. Bianca soltava alguns gritinhos agoniados ao pisar nas enormes poças de água no meio do caminho. A ventania fazia sua saia flutuar algumas vezes, obrigando a mulher a segurar a peça com as mãos. Por mais estranho que fosse, eu estava adorando aquela situação. Eu corria em meio a uma risada alta, e inúmeras trocas de olhares com Bianca, que carregava um lindo sorriso no rosto.

- Espera, Rafa

Ela gritou ao fundo. Eu parei em meio a tempestade, vendo a chuva banhar nossos corpos. Bianca tinha os cabelos ensopados,  e a respiração ofegante. A morena se curvou, em demonstração de cansaço. A chuva estava simplesmente torrencial, mas não ousei deixa-la. Me aproximei rapidamente da carioca que me encarou.

- Espere, eu preciso tirar essa sandália.

- Tire-a, eu vou lhe esperar.

Bianca me fitou ainda receosa que eu corresse e a deixa-se sozinha. A mulher se baixou tirando as delicadas sandálias dos pés molhados. E logo me fitou, soltando um sorriso sapeca para começar a correr.

- Então isso foi um truque?

Falei para mim mesma ao ver a morena correr bem a minha frente. Eu logo tentei me adiantar para alcança-la, eu só conseguia ouvir sua risada divertida enquanto corria para perto do carro. Mas dessa vez só paramos quando chegamos ao lugar onde meu carro estava estacionado.

- Eu não...a-aguento mais correr – ela falou ofegante se encostando no carro, soltando uma risada gostosa.

- Entre rápido!

Bianca entrou no carro, e logo em seguida eu fiz o mesmo. Fechamos a porta com força, rindo feito duas bobas da situação. Estávamos completamente encharcadas e sujas dentro do automóvel.

- Me lembre de ver a previsão do tempo antes de sair de casa. 

Ela falou rindo, encostando-se ao estofado de couro. Soltei uma risada para mesma, que me olhou. Ficamos por alguns segundos sem falar nada, deixando apenas que o riso morresse, deixando espaço apenas para o barulho da chuva lá fora. Nossos olhares se sustentaram por longos segundos, criando um clima diferente entre nós. Eu analisei cada minimo detalhe do belo rosto daquela mulher. Desde seus olhos intensos, até a pequena gota que deixou seu cabelo, escorrendo por seu rosto. Bem próximo aos seus lábios carnudos, e extremamente atrativos.

- Acho melhor irmos para casa. Eu não quero ser culpada por um resfriado.

Ela abriu um sorriso lindo para mim, e assentiu.

Em exata meia hora já estava estacionando na garagem de casa. Desci do carro sobe a garoa fina, ajudando Bianca a sair.

- Veja meu estado. Estou horrível. Não vou entrar na sua casa assim!

- Vai sim, vamos – falei puxando-a pela mão.

Ela reclamou olhando para sua saia que estava cheia de marcas de lama, e completamente molhada. O tecido fino grudou no corpo de Bianca, deixando bem clara todas suas curvaturas lindamente sinuosas, que eu não pude evitar de notar que ela era dona de um corpo extremamente lindo.

- Não se preocupe, já já você toma um banho.

Ela assentiu, corremos para a entrada, rindo outra vez de nosso estado deplorável.

- Oh meu Deus! O que aconteceu?

Minha mãe perguntou assim que abriu a porta e nos encontrou daquela maneira.

- Chuva, nos pegou no meio do caminho.

Falei puxando Bianca para dentro de casa. Fizemos um rastro molhado no chão a cada passo que dávamos para dentro da casa.

- Ainda bem que fiquei em casa – Larissa falou rindo – Vocês estão horríveis!

- Obrigada, maninha.

- Anda meninas, vão já para o banho, vou pedir para Meredith levar tolhas quentinha para vocês.

- Obrigada, Sra. Kalimann.

Bianca falou educada como sempre, para logo subir as escadas totalmente molhada.

- Bom banho.

Ela sorriu ao me ouvir e continuou seu caminho para o quarto, e assim eu também o fiz.

Depois de um banho quente, vesti uma roupa quentinha, o clima estava frio. Deite-me na cama pensando em todo o dia que eu tive, e me peguei sorrindo ao pensar nela. A imagem de Bianca sorrindo, e correndo de baixo do forte temporal preencheu minha mente me fazendo viajar. Até assim ela conseguia ser linda? Lembrei do quão bonita ela ficava vestida com roupas de time, ou do quão doce ela era com minha família, comigo. Ou como ela me fazia sentir diferente quando estava comigo. Meu Deus, Rafaella. No que você está pensando?

Fechei os olhos e neguei mentalmente aqueles pensamentos que teimavam em permanecer em minha cabeça. O que ela estaria fazendo agora? Será que também estava pensando em nosso dia? Eu poderia ver, ou melhor não.

Sim...

Eu Poderia!

Sai do quarto, desci até a cozinha, já não havia mais ninguém. Aproveitei e preparei dois chocolates quentes no capricho e subi até o quarto dela. Parei diante da porta, sentindo um certo nervoso de incomoda-la. Será que ela iria achar ruim? Rafaella você não é insegura assim! O que está havendo com você? Respirei fundo buscando coragem. Abri a porta lentamente sem fazer nenhum barulho, ela devia estar tomando banho ainda para a minha decepção. Entrei no quarto colocando a xícara sobre o criado mudo, até que resolvi deixar para quando ela saísse. Não ficaria bem espera-la dentro de seu quarto . Olhei em volta, pegando um pequeno pedaço de papel e uma caneta.

" Pensei que iria querer um nesse frio, espero que goste, eu mesma fiz.

Rafaella Kalimann"

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