The Stripper (rabia version)

By sunshinecabell

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Você já imaginou ter duas vidas? Ser duas pessoas ao mesmo tempo? Aposto que sim. Mas entre pensar e viver ha... More

Capítulo 1 - Duas Vidas
Capítulo 2 - Voltando ao Brasil
Capítulo 3 - The Stripper
Capítulo 4 - Nova Presidência
Capítulo 5 - Primeiro Dia
Capítulo 6 - Conversa e mais tempo juntas
Capítulo 7 - A dança
Capítulo 8 - O beijo
Capítulo 9 - Perdendo o controle
Capítulo 10 - Le Café
Capítulo 11 - Devaneios
Capítulo 12 - Confusão
Capítulo 13 - Presente, carona e conversa
Capítulo 14 - Jogo perverso
Capítulo 15 - Chegada inesperada
Capítulo 16 - Reencontro
Capítulo 18 - Um dia diferente
Capítulo 19 - O jantar
Capítulo 20 - Dura realidade
Capítulo 21 - O troco
Capítulo 22 - Perdidas
Capítulo 23 - Arrisque-se
Capítulo 24 - Toda hora
Capítulo 25 - Caminhos cruzados
Capítulo 26 - Desentendimentos e Desculpas
Capítulo 27 part 1 - Uma nova aliança
Capítulo 27 part 2 - Uma nova aliança
Capítulo 28 - Um dia especial
Capítulo 29 part 1 - Momentos
Capítulo 29 part 2 - Vitória do Inimigo?
Capítulo 30 - A descoberta
Capítulo 31 - Confronto
Capítulo 32 - Turbilhão de sentimentos
Capítulo 33 - Caindo em tentação
Capítulo 35 - Coisas do passado
Capítulo 37 - Pedidos
Capítulo 38 - Erros e arrependimentos
Capítulo 39 - Presente especial
Capítulo 40 - Vai dar tudo certo?
Capítulo 41 - Mentir, sim ou não?
Capítulo 42 - O Prêmio
Capítulo 43 - Noite de descobertas
Capítulo 44 - O inimigo comemora.
Capítulo 45 - Sair, sim ou não?
Capítulo 46 - Decisão
Capítulo 47 - The Lap Dance
Capítulo 48 - Xeque-mate
Capítulo 49 - Estratégia
Capítulo 50 - Nova Era
Nova Fanfic
Capítulo 51 - Acerto de contas
Capítulo 52 - A perda

Capítulo 17 - Conhecendo a família

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By sunshinecabell

Point Of view Rafaella Kalimann

Eu olhava pela pequena janela do avião. O mesmo agora passava entre as nuvens, exibindo uma bela paisagem aquela tarde. Já fazia muito tempo que ir para casa de minha família não me rendia felicidade. Não que eu nãos os amasse, pelo contrario, eram uma das melhores coisas de minha vida. Só que a vida as vezes da voltas, e param na hora errada. Desde a minha infância, muita coisa havia mudado. Minhas bases, e meu porto seguro já não era tão forte assim.

Eu odiava me sentir fraca, ou frágil. Sentir que a qualquer instante eu poderia desabar. Tudo aquilo era contra minha natureza. Mas eu estava assim agora, como em todas as outras vezes no qual eu os visitei. Diferente das outras, agora alguém me ajudaria a sair dessa.

- Você tem reuniões importantes na segunda.

Ouvi a doce voz de Bianca soar ao meu lado. Tirei a atenção da paisagem lá fora, para fita-la. Ela estava linda, mesmo com uma expressão cansada e sonolenta. Por incrível que pareça, mesmo com meu costume de ser sempre reservada. Eu não estava me importando com o fato de Bianca ir junto a mim. A mulher era a saída perfeita daquele lugar, e não somente por aquilo, Srta. Andrade nos últimos dias era minha melhor companhia. Ela se mostrava prestativa, fora sua conversa boa e energia positiva. Tudo o que eu precisava no meu dia a dia. Talvez com ela eu fosse diferente, ou ao menos estivesse sendo. Estranhamente Bianca me fazia relaxar, e esquecer qualquer tipo de mal que me rodeava.

- Tenho? Com quem?

Ela continuou a deslizar os dedos sobre a tela do Ipad, passando os compromissos da minha agenda.

- Com alguns interessados da Inglaterra, querem conhecer seus serviços.

- Inglaterra? Nossa, isso é ótimo!

- Sim, já pensou? Construir uma filial britânica?

- Nunca havia pensado nisso, mas é uma idéia boa. Vamos trabalhar muito para eles, ok?

- Pode deixar comigo Sra.

Ela nunca ia perder o costume de me chamar de senhora? Fitei a moça com um olhar acusativo.

- Que foi?

- Senhora - revirei os olhos.

- Desculpe, Rafa.

Sorri para ela, que devolveu o mesmo. E então voltou a fitar o aparelho em suas mãos. Eu não entendia o que Bianca tinha para me fazer me sentir tão a vontade com ela. Me fazia sentir vontade  deixar toda nossa questão profissional para simplesmente ser sua amiga.

Amiga...

Era mesmo isso que eu ansiava com aquela mulher? Olhei para ela sem deixar que ela percebesse. Fitando seus traços delicados e angelicais, Bianca era uma mulher doce que encantava até o mais duro coração, como o meu. Não era duvida que ela seria a perfeita mulher para casar e ter belos filhos. Filhos? Meu Deus, Rafaella, você está viajando demais.

- Está tudo bem?

Ouvi ela falar.

- Sim, estava apenas pensando

Sorri para a moça que assentiu, e encostou-se a sua poltrona fechando os olhos. Bianca tinha traços tão familiares, eu só precisava saber com quem.

Horas depois desembarcamos no aeroporto de Los Angeles, e como de esperado. Nosso carro já estava devidamente aposto para nos levar.

- Já tinha vindo a L.A antes?

- Na verdade não, eu não tive a oportunidade.

- Vejo que serei a oportunidade para você conhecer muitos lugares.

- Eu nem perguntei se você fala inglês, você fala?

- Sim, um pouco. O suficiente para não me perder.

Bianca sorriu sem jeito, me provocando uma pequena risada.

Point Of View Bianca Andrade

Eu estava me sentindo meio envergonhada. Rafaella e eu não tínhamos tanta intimidade a ponto de passar um final de semana juntas. Eu sabia que aquela seria a forma de fazer ela se safar do final de semana em família. Mas apesar de tudo eu estava feliz, feliz de ficar na presença dela que me fazia tão bem.

Ao sair do aeroporto vimos o carro estacionado com o motorista a nossa espera. Assim que nos viu o rapaz tratou de pegar nossas malas e guardar. O caminho até a sua casa foi puro silencio, já estava tarde, e mesmo assim as ruas ainda estavam agitadas. Turistas de um lado para o outro com suas câmeras fotográficas animados com tudo. Olhei para Rafaella que estava calada, apenas fitando a paisagem pela janela. Será que ela estava se sentindo mal? Eu não conseguia entender por qual motivo visitar sua família era tão ruim assim, pelo que parecia ela se dava bem com todos. Algo a incomodava bastante, e tenho certeza que dividir isso comigo seria bem difícil.

Eu estava nervosa, conhecer a família Kalimann não foi mérito a nenhum funcionário daquela empresa. Apesar de ouvir falar que Sebastião era uma pessoa de bom coração. Eu nunca tinha o visto, apenas ouvido falar. Por algum motivo desconhecido ele não comandava mais os pólos da empresa há anos.

- Você está bem? – perguntei a ela.

- Sim, por quê?

- Está muito calada.

- Não se preocupe, Bianca – ela sorriu - Chegamos!

Tirei os olhos de Rafa olhando para a casa, ou melhor mansão. Os Kalimanns realmente não gostavam de economizar em nada ao fazer seus prédios. Nada mais justo para maior empresa de imóveis do país, certo? Um enorme portão preto com sigla "K" se abriu dando visão da enorme mansão. Era de se ficar deslumbrada com tudo aquilo.

- Exagerado não é? – Rafaella perguntou.

- Sim, mas é lindo. Seus pais na vão reclamar? Digo, de eu vir com você.

- Não, não se preocupe. Vai por mim, minha família é bem diferente do que você está imaginando agora.

Ela falou rindo, tocando com o indicador em minha cabeça.

- Sabe ao menos o que estou imaginando? - perguntei curiosa.

- Sei! Você está imaginando encontrar velhos vestidos de forma super formal, cheio de frescuras. E arrogantes.

- Nossa, você leu meus pensamentos!

Rafa soltou uma gargalhada gostosa de ouvir. O senhor parou o carro, e logo correu para abrir a porta.

- Sejam Bem Vindas, Senhoras. – Falou o homem gentilmente.

- Obrigada.

Rafaella e eu paramos diante do enorme porta da mansão. A mulher me fitou, e respirou fundo para então dizer:

- Escute, não fique com vergonha. Eles vão achar que eu tenho algo com você, mas eu vou deixar claro que não temos, pode ficar tranquila, ok?

Eu nada falei, apenas assenti.

- E outra coisa, vamos convencê-los que vamos ficar em um hotel e não aqui. Haja naturalmente, e qualquer coisa fale comigo. – ela estava falando rápido demais.

- Tudo vai ficar bem, eu tenho certeza que vai.

Ela parou de falar no mesmo instante em que ouviu seu nome.

- Se acalme, eu estou aqui com você. - sussurrei, olhando no fundo daqueles olhos verdes que eu tanto amava.

- Obrigada.

Por uma fração de segundos aquela não era mais a Rafaella imponente que eu conhecia. Essa tinha um semblante preocupado, seus olhos estavam mais claros, nervosos. Eu segurei firme a sua mão, passando força para enfrentar seja o que a provocava medo ou agonia. Até que a porta se abriu. Soltamos as mãos rapidamente, não tão rápidas a ponto de impedir que nos vissem de mãos dadas.

- Rafinha!

Uma garota que aparentava ter em media uns dezoito anos a abraçou com força. Se jogando nos braços de Rafaella com toda saudade. Ela tinha os cabelos castanhos claros, quase loiros e pele clara.

- Que saudade de você, Lari...

- Pensei que não viria. Mas estou feliz demais que veio!

A garota falou sorrindo, enquanto se soltava dos braços de Rafa, para logo me fitar sorridente.

- E você, como se chama?

- Me chamo Bianca Andrade.

A moça apertou minha mão, e beijou meu rosto em um gesto educado.

- Seja bem vinda, Bianca. Me chamo Larissa Kalimann, vamos entre.

Se por fora a casa era linda, por dentro era muito melhor. Era digna de casas de novela, mas por mais estranho que seja, tinha um ar acolhedor, como um perfeito lar de família.

"Mamãe, papai! Vejam quem chegou" - Larissa gritou enquanto entravamos na casa. Rapidamente uma mulher e um senhor apareceram.

- Filha! Que bom que veio!

Falou a mulher  ao se aproximando de Rafaella, abraçando a mesma com toda vontade. Era lindo ver como a família de Rafa sentia tanta a falta dela, aquilo só aumentava mais ainda a curiosidade por saber o motivo no qual a mulher não gostava de os visitar.

- Você fica cada dia mais linda, menina.

O senhor falou enquanto abraçava Rafaella. Ela fechou os olhos, e respirou fundo, devolvendo o abraço com a mesma intensidade.

- Senti sua falta pai...

Nesse momento todos nós estávamos olhando aquela cena com o coração na mão. Eu não sabia o motivo, mas eles tinham uma conexão linda e extremamente especial.

- Senti a sua também, Minha pequena!

Rafa sorriu, e ele também. Até que o senhor colocou os olhos sobre mim.

- E você moça bonita, como se chama?

Eu sorri, tentando manter toda a tranquilidade do mundo sobre os olhos dele.

- Me chamo Bianca Andrade, senhor.

- Não me chame de senhor, ate parece que sou velho! Pode me chamar de Tião, Bianca!

- Muito prazer. – falei sem jeito.

- O prazer é todo meu, Rafa nunca trouxe uma namorada antes!

Rafaella e eu arregalamos os olhos, trocando um olhar rapidamente. Eu senti minhas bochechas esquentarem. Provavelmente eu estava corando.

- Papai, Bianca trabalha comigo.

O homem fitou Rafaella como quem não acreditasse em absolutamente em nada.

- Não sabia que "trabalha comigo" é como se referem às namoradas hoje em dia.

- Tião, não deixe a moça com vergonha, por favor. – falava a mãe de Rafa– Me chamo Genilda, mas pode me chamar de Genildinha. Seja bem vinda querida.

- Prazer senhora.

- Chegaram a tempo do jantar. Vamos?

Larissa convidou. Olhei rapidamente para Rafaella que assentiu. Assim, seguimos todos para sala de jantar. A casa era enorme, em suas paredes claras haviam muitos quadros bonitos. O comodo possuía  moveis luxuosos e sofisticados, seja lá quem decorou tinha bom gosto.

- Gostou, Bianca? Digo, da decoração.

Larissa perguntou sorrindo enquanto andava ao meu lado.

- Sim, é tudo lindo.

- Eu mesma decorei, cada detalhe.

- Você tem um ótimo gosto, Srta Kalimann.

- Epa! Larissa. Ou simplesmente Lari! Nada de Srta Kalimann, deixe essas formalidades aos velhos tipo meu pai ou minha mãe.

- Eu ouvi isso, Larissa! - Genilda falou mais a frente. 

Sentamos todos a mesa. Sebastião sentou-se na cabeceira, do seu lado direito Genilda e Larissa estavam, e do seu lado esquerdo ficamos Rafaella e eu. Diferente do que imaginei, a mesa não estaria repleta de vários tipos de talheres e taças de cristal . Tudo era simples e bonito.

- Como estão as coisas no Brasil, Rafa? - Tião falou enquanto cortava em pedaços seu filé mal passado.

- Tudo sobre controle, papai. Estamos caminhando perfeitamente bem. Fechamos um contrato importante há dias atrás com a construção de seis prédios no norte do estado.

- Isso é maravilhoso! Seis? Estou muito orgulhoso! Não tem nenhum ano que lhe coloquei lá!

Rafaella sorriu abertamente.

- A Srta. Andrade foi de grande ajuda, me colocou por dentro de todos os assuntos da Kaliamann Industry em poucos dias.

Corei rapidamente, por que Rafa tinha que falar de mim assim? E aqui? Senti os olhos de Tião sobre mim, como quem estivesse me analisando.

- Isso é maravilhoso, srta. Andrade, quer dizer que você conhece muito bem a empresa?

- Com a palma da mão papai. Essa mulher sabe tudo!

- Que isso senhor, eu só sei porque sou secretaria da presidência.

- Gosto de trabalhar com pessoas assim, elas sempre sobem na vida!

- Vamos ficar mesmo falando de trabalho?

Larissa resmungou do outro lado, fazendo Sebastião e Rafaella soltarem uma sonora risada.

- Onde está Renato?

- Ele não apareceu hoje aqui, saiu ontem a noite. Deve estar na casa da noiva.

Genilda se pronunciou, enquanto tomava um gole de seu vinho tinto.

- Seu irmão não tem jeito, ontem mesmo peguei ele no colégio brigando com um coleguinha.

Sebastião reclamou enquanto comia. Eu senti que Rafaella ficou seria, sem mover um músculo. Olhei para Genilda e Larissa que no mesmo instante ficaram caladas.

- Querido, Renato já não é mais uma criança. Ele nem na escola está mais.

Genilda falou enquanto acariciava a mão do marido que a olhava confusa.

- Tem certeza? Eu fui buscar ele ontem na escola.

- Tenho meu amor, Renato já tem 30 anos.

Eu estava meio perdida, como ele não sabia sobre o filho? E porque Rafaella estava tão desconfortável aquele instante?

- Tudo isso? Estamos velhos querida! – O senhor falou rindo.

Rafa rapidamente se levantou da mesa, assustando todos nós.

- Eu vou ao banheiro! - ela falou saindo.

Olhei para Larissa e Genilda que tinham um olhar triste, Sebastião ficou tranquilamente, como se nada tivesse acontecido. Eu sabia que Rafaella não havia ido ao banheiro, pensei em ir atrás dela e lhe ajudar, mas eu não tinha certeza se era o que ela precisava.

- Mas então, Bianca, você é a secretaria de Rafa?

- Sim, eu sou a nova secretaria dela.

- Ela é muito chata não é? Mandona demais! – Larissa falou rindo

- Nem tanto, até o momento Rafaella e eu nos damos super bem.

- Vocês fazem um belo casal também!

- Tião, querido! - A senhora exclamou, tocando a mão do marido.

- O que? Estou dizendo a verdade. Diga-me filha, você é de onde? - Perguntou o senhor de forma educada.

- Eu nasci no Brasil mesmo, no Rio de Janeiro.

- Oh sim. Nós somos de Minas Gerais, viemos para Los Angeles por causa do polo aqui.

- Disso eu realmente não sabia.

- Não se preocupe, você vai saber de muita coisa até ir embora.

O jantar correu tranquilamente, depois da pequena situação que até agora eu não havia entendido, Rafaella voltou à mesa, mais calada do que antes. Era de se notar seu desconforto. Mas Genilda e Larissa a todo instante cuidavam de nos deixar totalmente a vontade aquela noite. Depois do jantar sentamos todos no sofá da sala, em uma conversa entretida. Larissa era uma garota muito inteligente e comunicativa, tinha idéias maduras e interessantes, Genilda era bem calma, centrada, e a todo instante estava cuidando de Sebastião, que por sinal assistia a um jogo de basquete na TV.

- Domingo vamos fazer o aniversario do Papai!

- O que? Festa? Jura?

Rafa resmungou.

- Sim, vamos fazer um jantar simples que você e Bianca estão intimadas a vir!

- Larissa, não estamos em clima de festa!

- Para, Rafaella! Tente entender que a vida segue! Ele esta bem, você precisa ficar também.

- Você não entende, e nem nunca vai entender.

As duas irmãs ficaram discutindo na minha frente até Rafaella me fitar. Eu sabia que sua ira não era exatamente comigo, mas aquele olhar me deu calafrios.

- Vamos para um hotel, agora.

Eu apenas assenti e Rafa saiu andando.

- Não, fique aqui, Bianca.

- Desculpa, Lari, mas eu tenho que ir com sua irmã.

- Fique tranquila, ela vai ficar também. Rafa só esta passando por um problema difícil, me entende? Ela não aceita a doença do papai.

A menina falou de forma tristonha fitando a irmã do outro lado da sala.

- Doença?

- Sim, descobrimos há um tempo atrás que ele tem Alzheimer. E devido a isso, o medico indicou que ele deixasse o trabalho. Foi difícil para todos, mas para Rafa foi bem pior, ela sempre foi tão apegada nele e imaginar que essa doença só piora a deixa assim, frágil.

Agora sim tudo havia se explicado, desde a nossa ida ao café, notei que Rafaella falava de seu pai com um orgulho desmedido. Tinha o homem como o melhor de todos, o que ele realmente parecia ser. Sebastião além de um grande empresário, parecia ser um ótimo pai de família. O contrario do meu, é claro. Mas eu entendia o motivo de ela evitar estar com eles, talvez fosse mais saudável para mente de Rafa a imagem de Tião sendo o mesmo de antigamente, e não o de agora. Talvez aquela noite ela realmente precisasse ficar distante daquela casa.

- Isso é realmente muito difícil.

- Sim, nos primeiros meses foi muito complicado. Papai não aceitava de forma alguma a doença, disse que tinha um enorme trabalho a cumprir com nossas empresas. O meu irmão Renato nunca teve vocação para ser empresário, entende? Foi quando Rafaella depois de toda decepção resolveu ser a nova toda poderosa, e comandar tudo.

- Vocês ficam bem com isso? Com ela comandar tudo? – perguntei curiosa.

- Sim, ela é a pessoa mais indicada. Rafa é como a versão feminina e mais bonita do meu pai.

Larissa riu fraco.

- Só que ela é bem triste com isso, e ainda não conseguiu superar. As reuniões de família sempre são assim. Tensas.

- Eu imagino, eu nunca a vi assim antes. Ela é sempre tão forte e reservada.

- Sim, mas ela baixou a guarda para você, não é?

- O que?

Olhei para a moça de forma confusa, fazendo a mesma soltar um sorriso tímido.

- Ela é mais aberta com você do que já foi com qualquer outra pessoa que não é da família.

- Eu? Não, Rafaella é minha chefa. Eu não me meto em seus assuntos particulares. - Falei rapidamente.

- Bianca, Rafa nunca trouxe uma mulher aqui antes. Nem namoradas, nem secretarias e nem sua antiga noiva. Arg.

- Nunca?

- Nunca! Rafaella aprendeu com meu pai a nunca misturar a vida pessoal com o trabalho. Eu não sei o que deu nela para lhe trazer até aqui, digamos que ela não deixa ninguém de fora adentrar sua vida pessoal.

A garota cochichou. Eu não sei o que Rafaella pensaria sobre Larissa estar me contando todas suas fraquezas naquele momento, mas com toda certeza não iria gostar nada. Eu fitei a mulher que conversava baixinho com seu pai, que parecia se divertir assistindo jogo sentado em sua poltrona macia. Ela fitava ele, analisando cada detalhe. Era tocante o olhar que ela o lançava.

- Eu já vou, papai.

- Não filha, fique aqui em nossa casa. Essa casa é sua também, e aposto que a Srta. Andrade quer ficar, não é?

- Já reservamos um hotel.

- Pois desmarque. Pietro já colocou as malas em cada quarto com minhas ordens, e você fica. – o homem falou decidido.

Rafa nada falou, apenas soltou um sorriso amarelo.

- Certo, ficarei então.

- Ótimo! Eu ainda mando aqui mocinha.

- Eu sei que sim, papai...

Rafaella se levantou e caminhou para próximo de mim, me levando até a varanda da casa, que dava de frente para o mar. A noite estava linda, as ondas quebravam violentamente no meio da escuridão. Ficamos caladas por alguns segundos apenas ouvindo o barulho do mar, quando resolvi falar.

- Se quiser posso ir para um hotel.

- De jeito nenhum, se eu vou ficar, você fica comigo.

- Eu não quero atrapalhar.

- Por favor, Bianca, fique. Se quiser ir eu não vou impedir, mas quero muito que fique comigo.

- Rafa...

Olhei no fundo de seus olhos, e eles tinham um brilho diferente do normal. Não era orgulhosa e nem alegre. Estavam tristes, melancólicos.

- Eu fico, ta? Fico aqui até o dia que precisar.

- Obrigada, e me desculpe por isso. Eu sei que estou sendo chata, mas é que são eles..

- Eles são maravilhosos Sra. Sua família é linda, você não deveria ficar assim.

- Você não entende.

Rafaella falando desviando o olhar do meu.

- Talvez eu não entenda, mas se precisar de mim eu vou estar aqui para você.

Falei da forma mais sincera que eu poderia me expressar. Rafa me fitou novamente, ficando em puro silencio.

- Posso pedir uma coisa?

Aquela pergunta que fazia seu coração disparar a mil me apenas ouvir.

- Claro, pode sim.

- Me dá um... Abraço?

Eu juro que poderia me derreter inteira com aquele simples pedido. Ela queria um abraço meu. Eu respirei fundo, sentindo o ar escapar mais depressa dos meus pulmões. Eu nada falei, apenas assenti brevemente. Rafaella me olhava serenamente. A mulher deu um passo a frente, me fazendo sentir seus braços me envolverem forte. Inicialmente meu corpo ficou tenso, e o dela também. Mas ela relaxou assim que sentiu meus braços a sua volta. Um alivio tomou conta de mim, e aparentemente dela também. Rafa tinha um abraço tão bom, que poderia me fazer esquecer a existência de qualquer coisa fora dali. Eu fechei os olhos, tentando prolongar aquele momento o maximo possível. Era uma situação que eu sabia que não aconteceria com freqüência. A fragilidade de Rafaella não era algo que a mesma gostava de demonstrar, devido a isso, eu daria todo meu apoio quando ela resolvesse se expor de maneira tão sincera para mim. 

Eu sentia a respiração dela compassada contra mim, seu corpo quentinho me envolvendo com ternura. Por que ela tinha que ser tão maravilhosa? Porque ela tinha que me fazer gostar mais dela? Se não era exatamente comigo que ela queria algo. Tentei para de pensar, e apenas aproveitar aquele instante, até ouvir o seu maldito celular tocar. Rafa me soltou, para logo tirar seu aparelho telefônico do bolso. Ela me fitou com um sorriso tímido e logo atendeu, colocando a chamada no viva-voz.

"Onde está você cadela? Bati na sua casa e nada de você aqui"

Soltei uma risada divertida.

- Eu disse a você que viria para casa dos meus pais em L.A, lembra?

" É verdade, eu tinha esquecido. Você podia ter me lembrado não é?" -  Gizelly falou fingindo estar irritada.

- Como eu iria saber que você tem problema de memória?

" Eu não tenho, ok? Tenho muitas boas memórias!"

- Só se for de suas saídas com todas aquelas mulheres.

Rafa falou rindo ao telefone, eu apenas olhava aquela situação engraçada das duas, soltando vez ou outra uma risada.

" Quem está rindo ai? Você está com alguém, não é sua safada?!"

Rafaella riu alto para então responder.

- Que isso mulher? eu sou uma pessoa direita. A Srta. Andrade está comigo aqui.

" O que está fazendo com a minha mulher na casa dos seus pais? Fura olho!"

Corei violentamente, e Rafa segurou o riso.

- Gi, talvez eu tenha esquecido de lhe avisar que o celular estar no modo de alto falante.

" vagabunda você mesmo! Oi Bianca! não ligue para Rafa ok? Ela é louca. Não caia nos assédios dela."

- Olá Srta. Bicalho – foi apenas o que disse.

" Sua voz é linda até por telefone, nossa Bianca, ainda me caso contigo."

- Você não vai casar com a Srta. Andrade, Gzelly, não deixaria isso acontecer.

" Você não tem que se meter! Nada de se apaixonar por ela, eu vi primeiro!"

Naquele instante Rafa e eu nos olhamos, e pela primeira vez eu vi a mulher corar diante de algo. Ela pigarreou algumas vezes se recompondo.

- Você já esta com sono ou bêbada? Nos falamos depois certo? Beijos, Gizelly.

" Beijos gostosa, e isso não foi para você, Rafa "

Fim da ligação, Rafa colocou o celular no bolso ainda constrangida com o que Gizelly havia falado.

- Não ligue para ela, ok? Acho que deu para perceber o quanto Gi não é muito certa das idéias.

- Fique tranquila. Esta tudo bem.

- Bom, vou levar você ao seu quarto então.

Eu apenas assenti. Rafaella me conduziu nas escadas ao enorme corredor da mansão Kalimann, até o quarto onde eu ficaria. Paramos frente a porta em puro silencio.

- Se precisar de algo, me chame. Obrigada de novo por vir comigo, Bianca.

- Já disse que não precisa me agradecer, estou feliz de ter vindo.

Rafa sorriu.

- Estou feliz que você veio comigo.

- Ótimo então, eu prometo tentar fazer do seu final de semana melhor.

- Eu não duvido disso, boa noite, Bianca.

- Boa Noite Senhora..quer dizer, Rafa.

Ela sorriu e se afastou, deixando-me olhá-la até sumir naquele corredor imenso. O dia hoje havia sido totalmente diferente, não existia empresa, não existia Jennyfer. Só existia apenas Rafaella e Bianca. Seja lá aonde aquilo chegasse, eu iria até o final. Eu faria a mesma se aproximar de mim, mas de mim de verdade.

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