Hero POV'
Era tardinha. Estava com as crianças. Elas banhavam-se na piscina e Jo, observara perto da borda. Conseguiamos nos comunicar por olhares, mas com bastante cuidado,obviamente. Retirei meus óculos de sol e avistei Nori em minha frente
— A senhora Khadijha chegou, Hero. — ela disse e então eu soltei um suspiro pesado. Logo observei os passos prudentes de Khadijha vindo na nossa direção
— Querido, fiquei sabendo que não estava na empresa, então resolvi vê-lo aqui mesmo.Estávamos com saudades de você. — Em primeiro momento tentei entender o significado do"estávamos com saudades", mas logo me dei por si, de que ela se referia a criança que carregava no ventre
— Sente-se, não é bom ficar tanto tempo em pé. — Ela sorriu largamente
— Você fica tão fofo preocupado, amor. — sorri falsamente. — As crianças estão se divertindo, uh. E a empregadinha parece estar também. — bufei.
— Khadijha, gostaria que a tratasse com respeito, por favor. — ela deu de ombros
— Eu só a trato de acordo com que ela merece. — suspirei pesado.
— Se acha que tratar os outros com grosseira é no mínimo bonito para uma pessoa como você, vá em frente. — Disse, sem medições de palavras.
Eu estava cheio de ter que fingir sentir algo por Kha. Mas, meu filho não merece pagar por um preço tão alto
— O que há com você? Quando o assunto é a babá dos seus filhos, você quase me tortura de tanta grosseria. — Sua voz distorcida ecoou em meus ouvidos.
— O que há com você, Khadijha?! Acha que pode ser melhor que todos, mas não é. Somos todos iguais e temos sentimentos. — Gritei alterado, até alternar os olhares de Jo e das crianças para mim. — Com licença.
Fitei Jo que franziu o cenho confusa, e então adentrei para dentro da mansão.
[...]
— Hero? — A voz doce de Jo me tira dos devaneios. — Posso entrar? — ela pergunta e rapidamente, eu abro a porta do quarto
— Ela... Já foi? — pergunto, minha voz embargada e sem emoção. Ela assentiu com a cabeça.
— Já tem algum tempo. — murmura. — As crianças elas já estão na cama, por isso resolvi vir até aqui. — sorri
Ela tinha o dom de me acalmar.
— Não vejo a hora de poder ficar com você a todo o tempo. — ela sorrir, corada. — É difícil te observar tanto durante o dia e não poder te abraçar, te beijar. — puxei-a para perto de mim, colando nossos corpos.
— Eu notei que você discutiu com Khadijha. — ela disse, sua voz baixinha e com um tom de preocupação em abranger tal tema. Assenti, a soltando e colocando as mãos impacientemente sob a cabeça.
— Ela me tira do sério, Jo. Eu não aguento mais.
— Eu sinto por te deixar numa situação com essas. — sorrio de lado.
— Você não tem culpa, Jo. Eu sim, sou o grande culpado neste caso
— O que quer dizer com isso, meu bem? — suas mãos tocam minhas bochechas e eu sinto meu corpo se arrepiar
— Você não entenderia. Me julgaria, e, provavelmente acabaria tudo entre nós. — Ela senta ao meu lado na cama e sorrir.
— O que seria tão grave a esse ponto, Hero? Eu estou aqui, não esqueça. Sempre vou estar.
— Não depois que te proferir isso
— Isso o que, meu amor? — Abaixo a cabeça e solto um suspiro pesado.
— Eu ainda não sabia que estava apaixonado por você. — dou uma pausa. Era agora a hora da verdade. De esclarecer tudo. — Eu juro que queria não ter ido tão além, mas eu estava tão bêbado
— Hero, por favor, o que está dizendo?
— Eu estou dizendo que... Khadijha, ela está grávida. — seus olhos levemente se arregalam e se enchem de lágrimas. — Mas, eu juro, Jo, eu juro que não queria. E se pudesse voltar no tempo, eu...
— Hero, não. Não adianta chorar por cima do leite derramado. Isso não vai mudar. — Se levanta bruscamente. — É um filho. Uma pobre criança indefesa que está em jogo, não entende?
— Eu tenho dinheiro, Jo. Eu darei tudo que for preciso a essa criança. E então,poderemos ser felizes
— Nunca mais repita uma coisa dessas, Fiennes. — sua voz sai rígida e com frieza. Seus olhos ainda cobertos por lágrimas me encaram com frustação . — Eu nunca deixaria que você.fizesse isso. Imagine o que essa criança passaria nas mãos dessa mulher! E ainda mais sem um pai presente por perto. Não, Hero, definitivamente não!
— Jo...
— Eu sabia desde o início que isso nunca daria certo. — Ela vira-se dando as costas para mim. Eu agarro levemente seu ombro.
— O que quer dizer com isso, Jo? — Falo com cuidado palpável.
— É isso mesmo que você está imaginando, Hero Fiennes. Acabou.
Viro-a frente a frente para mim. Queria olhar no fundo de seus olhos e, então, ouvir de sua boca.
— Jo, a gente se ama. Não podemos lutar contra esse sentimento.
— Sabe o que não podemos? Não podemos agir como se isso aqui fosse um conto de fadas. Não somos Romeu e Julieta. E se fossemos, sabíamos que o final dessa história não seria feliz. — Suas palavras doíam em mim.
— Eu já tive um final infeliz demais, Josephine. Não deixe que isso aconteça mais uma vez,por favor.
— Me desculpe, eu não posso fazer isso. Eu não consigo. — Seus passos pesados ao retirar-se do meu quarto me deixou alí, estático, sem chão.
Eu estava cansado de tantas fodidas que a vida dava em mim. Eu estava sofrendo. E estava doendo muito em meu peito. Mas, sabe, uma coisa Jo tinha razão: Isso não era conto de fadas. E se fosse, não teríamos um final feliz, pois, quando não é para ser, não há nada que faça isso mudar.
Se pudesse voltar no tempo, voltaria no dia em que odiei a babá desastrada que derrubou um dos meus quadros favoritos. E, mais, eu mudaria a decisão tomada: Eu a demitiria. Eu a excluíria da minha vida.
Mas, não, eu fui fraco, sabe por que? Porque desde a primeira vez em que eu a vi na minha frente, eu sabia: Era amor a primeira vista.
Josephine POV'
Decidida. Minha cabeça formulava tudo que eu havia vivido nos últimos meses. Desde o dia em que Mercy Fiennes me chamou para a entrevista de emprego na mansão do seu irmão, Hero Fiennes, até o dia em que eu me senti completamente sem chão, porém com uma decisão que eu sabia que seria melhor para todos.
Minha decisão estava tomada, e ninguém me faria recorrer a trás.
Tentei fechar meus olhos e entrar na inconsciência, mas estava difícil. Não conseguia pregar os olhos. Logo, a luz da manhã, adentrando em meu pequeno quarto me fez fazer a minha higiene matinal.
— Bom dia, Jo. — Nori disse alegre, dando de ombros. — Está de folga, hoje, uh? —E então, fixou seu olhar em minhas malas feitas.
— Não, Nori. — respondi simples
— Então de quem são essas malas? — Ela me fita com intensidade, um tanto confusa
— São minhas, Nori. — Dou uma pausa, ao ver as crianças se aproximarem juntos a Hero. — Eu queria mesmo falar com o senhor. — Ele me encarou sem entender.
— Jo, de quem são essas malas? — Enzo perguntou, mordendo um pedaço de sua torrada.
— Jo, veja, consegui trançar meus cabelos sozinhas. — sorri, assentindo levemente.
— Não estou entendendo. — Hero diz, olhando em meus olhos
— Tudo bem, chega de tanta enrolação. — encaro a todos, passando meu olhar sobre cada um. — Essas malas são minhas, e para ser mais exata, Senhor Fiennes, eu decidi pedir minhas contas.
— O que? — Nori e as crianças dizem em uníssono.
— É isso mesmo. Eu decidi que vou embora
Eu não voltaria atrás quanto a isso