11:45

By LoudChaos

228K 36.6K 12.1K

Alex Donavan encontrou um anjo. Ele é belo, límpido, transcendente. Finch Conhard, com os olhos azuis cristal... More

isso é um conto
| introdução |
1. Alexis Donavan
3. Finch Conhard
4. Alexis Donavan
5. Finch Conhard
6. Finch Conhard
7. Alexis Donavan
- caderno de Finch Conhard, pag 135
8. Finch Conhard
9. Alexis Donavan
- caderno de Finch Conhard, pag 146
10. Alexis Donavan
11. Finch Conhard
12. Alexis Donavan
- caderno de Finch Conhard, pag 170
FIM

2. Alexis Donavan

15.9K 2.3K 1.4K
By LoudChaos

Let's go get high

The road is long, we carry on,

try to have fun in the meantime

- Born To Die, Lana Del Rey

|4 meses antes|

É uma tarde de terça como qualquer outra.

O que quer dizer que estou no "círculo da superação" escutando a irritante da Hilary falar sobre ter chorado compulsivamente em cima de uma bolsa de dois mil dólares no final de semana.

O círculo da superação é a minha penitência. Literalmente.

Há dois meses o juiz bateu o martelo e transformou as minhas terças e sextas em um inferno pessoal.

Mas acho que é melhor do que ir para a prisão por atentado ao pudor e agressão. Como havia sido a minha primeira condenação, ele resolveu pegar leve. Me condenou a seis meses de grupo de apoio para viciados.

O que torna toda essa história remotamente interessante é que é um grupo de viciados variados.

Temos os viciados em analgésicos, alcoólatras, drogados, ninfomaníacos e Hillary.

Uma loira irritante que é viciada em compras.

Compras.

Sério.

— Meus pais vão ficam tão decepcionados. É a segunda vez nesse mês que tenho uma recaída.

Eu rolo os olhos de forma um tanto dramática.

Henry nota. Ele é o coordenador dos viciados. Um ruivo barrigudinho com cara amigável. Um alcoólatra curado. Apesar de saber que isso é maior besteira. Alcolatras nunca são curados, são alcoólatras o resto da vida, só é preciso um gole.

Ele me encara, apreensivo, porque sabe o que estou prestes a fazer.

— E o pior de tudo, não consegui devolver. — ela pausa, inspira fundo. — Eu gastei 3 mil dólares.

E eu não consigo evitar.

— Você deveria tentar crack, Hilary. É um vício bem mais econômico. — Ela ergue o olhar para mim. Os olhos azuis arregalados e ainda molhados. Ela me encara como se eu tivesse acabado de esfaquear um filhote na sua frente. — Não é mesmo, Derek? — eu pergunto, me direcionando para o homem enorme e repleto de tatuagens a minha direita.

Derek costumava ser um traficante, até se apaixonar pelo próprio produto.

— Quanto você acha que ela consegue por três mil? — indago.

— Três mil? — ele pergunta, inspirando fundo e arregalando os olhos. — Muita coisa mesmo. — ele balança a cabeça. — Tipo, quilos.

— Quilos? — ergo a sobrancelha. —— Uns 10?

— Alex. — escuto Henry murmurar.

Xavier, o cracudo magrelo de uns 30 anos, entra na conversa.

Seus olhos são vidrados.

— Talvez ainda ma...

— Gente. — Henry interrompe. — Não estamos aqui para discutir preço de drogas. — ele me lança um olhar. — Muito menos aconselhar a um colega o uso. O que conversamos sobre interromper os outros enquanto estão compartilhando?

Eu levanto os braços.

— Desculpe. — eu volto a encarar a loira que está com um olhar meio horrorizado. — Continue, Hilary, por favor.

Ela me encara como se eu a deixasse com um gosto amargo na boca.

Sorrio de forma simpática.

Eu sou ruim, mas Hilary desperta o pior de mim. Desprezo o vicio dela. Desprezo a voz dela. Acho que desprezo até a escolha de esmalte dela. Que roxo horroroso.

Ela termina de falar e eu observo o relógio, tentando ignorar a voz irritante.

Eu passo o olhar em volta. No nosso circulo patético constituído por onze viciados ainda mais patéticas.

Meus olhos desviam para o grande salão. É apenas um enorme cômodo com pé - direito alto. Lembra uma igreja, mas é um salão que pertence ao governo. Quando não está sendo usado para os círculos, ele é usado para festas formais políticas e coisa do tipo. O chão é de madeira escura, e ele range em alguns lugares. As paredes são brancas, assim como o teto.

Meu olhar finalmente para no relógio na parede a minha direita.

Cada sessão costuma durar cerca de uma hora. A não ser que alguém tenha uma recaída terrível. Como na semana passado quando Samuel chegou aqui com heroina ainda no sistema. Seus olhos vidrados e o corpo se contorcendo por mais.

Quando isso acontece, ficamos por tempo indefinido.

O que é extremamente inconveniente para mim.

Ainda são cinco horas, falta meia hora para a tortura acabar.

Escorrego na cadeira dura, tentando ficar mais confortável.

Julie, a alcoólatra de meia idade está terminado de falar sobre uísque com gelo quando a porta do grande salão é aberta de repente.

Um garoto loiro entra no salão. Mas acho que loiro é eufemismo porque seu cabelo é quase branco.

Ele observa o nosso círculo e fecha a porta atrás de si.

Estamos todos o encarando.

Eu me remecho na madeira dura, me sentando direto na cadeira enquanto o observo.

O que mais me chama atenção é o cabelo. O amarelo é apenas uma pincelada sutil. Nunca vi alguém tão loiro assim, pelo menos não naturalmente. E analisando a cor de sua pele, presumo que não seja tinta, ele é muito pálido.

Ele se aproxima em passos lentos, porém confiantes, enquanto observa nosso grupo.

O garoto usa uma jaqueta jeans clara por cima de uma blusa cinza.

— Aqui é o círculo de superação? — ele pergunta.

A sua voz é grave e meio arrastada, quase como se ele estivesse cansado. Ele não fala alto, mas as palavras são claras.

Henry sorri, acolhedor.

— É, sim. Finch Conhard?

O garoto pálido assente. E é quando noto seus olhos. São surpreendentes. É tão azul e tão claro que chega a ser cristalino.

— Gente, dêem as boas vindas para Finch, ele é o novo integrante do círculo. — Henry diz com um sorriso amigável, levantando uma mão exagerada em direção a Finch.

O garoto passa os olhos ao redor, e tenho a estranha sensação de que ele demora um segundo a mais em mim. Mas talvez porque eu esteja o encarando fixamente.

— Olá. — ele diz, sem muita expressão, e nosso grupo o responde com uma boas-vindas relativamente entusiasmada.

Noto que de repente a expressão triste e sofrida de Hillary deixou seu rosto.

— Puxe uma cadeira. — pede Henry, apontando para as que estão sobrando para fora do círculo. — Gente, vamos nos afastar para que Finch possa entrar.

O que se segue é um irritante barulho de cadeiras sendo arrastadas no chão e pessoas se movendo em relativa sintonia.

Enfim, estamos todos sentados dentro do círculo, inclusive o garoto de gelo.

— Bem, não sei se já esteve em algum grupo como esse, mas começamos nos apresentando com nossos nome e então nosso vício. — explica Henry.

O garoto olha em volta, para nosso grupo, e então diz sem muita emoção:

— Meu nome é Finch Conhard e eu sou um viciado.

— Olá, Finch. — dizemos em uníssono.

Um momento se passa enquanto esperamos, mas o garoto não diz nada.

— Quer compartilhar sobre o seu vício? — Henry pergunta, finalmente.

— Não. — ele diz, simplesmente. Não de forma rude, mas de forma cortante.

Por um segundo, Henry fica visivelmente surpreso, mas então sorri novamente.

— Tudo bem. Escutar os outros já é participar e um grande passo.

O garoto assente e Henry passa para a próxima vítima.

— Meu nome é Samuel e eu sou viciado em cocaina.

Mas meus olhos, no entanto, continuam no garoto gelo. Eu sou particularmente curiosa e o fato dele não compartilhar o seu vício me deixa incomodada.

Hum.

Ele não parece um viciado em drogas. Muito contido. Muito arrumado. Mas isso as vezes não quer dizer nada. Drogados nem sempre são esqueletos zanzando por aí com olhares vidrados e roupas surradas.

Álcool também parece muito distante.

Sexo?

Em sorriso sutil e involuntário cresce em meus lábios enquanto o observo.

Com certeza, não. Mas seria interessante.

De repente, os olhos de gelo saem de Samuel e ele me pega encarando. Um meio sorriso irônico ainda pendendo em meus lábios.

Ele me observa, seu rosto impassivo. Acho que espera que eu desvie, envergonhada por ser pega.

Mas não o faço.

Alguns segundos a mais se passam e eu espero. Espero que ele fique desconfortável, espero o que ele vai fazer em seguida e então...

Ele desvia.

Claro, como previsto.

Meu sorriso cresce e eu volto a olhar para Samuel. Ele termina de compartilhar e então é minha vez. Henry passa o bastão da glória para mim.

Falar nunca ajudou. Compartilhar o quão fodida eu sou nunca fez com que as coisas melhorassem.

Mas agora, as palavras saem da minha boca com facilidade, quase como se fosse automático.

— Meu nome é Alexis Donovan e eu sou uma viciada em drogas, sexo... — eu lanço um olhar para o garoto novo e pisco, ele ergue suavemente as sobrancelhas claras. — Analgésicos e... — eu paro por um segundo, mas abro a boca novamente, quase me esquecendo. — Ah, e álcool, claro.

Meu nome é Alexis Donavan e eu sou viciada em tudo o que pode potencialmente acabar com a minha vida.


_________

E aí, o que estão achando????

Vocês pediram por uma playlist então a partir de agora vou deixar uma música em todo começo de capítulo ;)

Continue Reading

You'll Also Like

20.8K 4.3K 41
"A vida inteira, meu mundo foi feito de sons. Cores se convertiam em notas, formas tornavam-se acordes. E tudo convergia em uma melodia infindável, i...
29.9K 174 9
Conto Erótico
3.2K 662 30
Após terminar o ensino médio, sem perspectivas de fazer uma faculdade, Stefaní Prado é convidada pela tia para passar um tempo em sua casa, no vilare...
15.8K 1.5K 49
Em um reino onde a sua renda decide em qual parte do país você vai morar, Tormenta e os outros cinco melhores assassinos do continente vivem juntos n...