Ela é do Supremo 1º (DEGUSTAÇ...

By mihfranklim

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Livro 1º da Trilogia Underwood 1º atingiu lobos ranking 🥇 1º atingiu fantasia ranking 🥇 1º atingiu romance... More

Informações
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Seis
Capítulo Sete
🐺LIVRO FISICO🐺

Capítulo Cinco

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By mihfranklim

Você pode correr do destino
Pode ser esconder do passado
E, até mesmo negar às evidências.
Mas nunca poderá apagar os fatos da sua memória.

Mih Franklim

Depois da carta que li na cafeteria, não dei mais importância para essa bobeira. Ficou bem visível que eu não queria me mudar e o meu pai deve ter organizado essa brincadeira para me entreter e me animar. Jamais seria capaz de magoá-lo dizendo que descobri sobre o seu joguinho idiota, o que está me deixando louca é à sensação que tive quando olhei para aquele carro preto, foi a mesma sensação quando estava no banho, e até mesmo quando acordei depois de um caloroso sonho erótico.

Não foi medo, embora deveria ser — desejo, tesão, é uma súbita e louca vontade de me tocar em um ambiente público como se eu fosse um animal selvagem no cio, isso é ridículo, Hugo estaria rindo da minha atual situação, até me parece que estou sendo perseguida ou algo parecido, será que estou sendo seguida por um sociopata?

Se esse for o caso, devo informar que sou bem irritante, seria impossível me manterem em cativeiro com a boca fechada, sou conhecida por ser tagarela, e falar em momentos errados — céus, olhe, estou pensando idiotices novamente, não estou sendo seguida.

Provavelmente o carro só estava estacionado do outro lado da rua por algum motivo pessoal do motorista, quem sabe ele apenas tenha parado para atender o telefone ou algo do tipo.

Suspirei fundo mexendo no meu prato de comida. Essa cidade está me enlouquecendo, sem mencionar as sensações estranhas que o meu corpo está sofrendo, muito calor, queimação nas minhas partes íntimas, minha visão está ficando turva às vezes, como uma dependente de cocaína. Fechei os olhos enquanto rodava o garfo na macarronada sem fome, tento olhar pelo lado bom, cheguei em casa sem ser devorada por algum animal selvagem da floresta.

— Antonella, Antonella?

— Hm, desculpa, mãe, você disse alguma coisa.

— O que aconteceu, filha?

Bufei revirando os olhos quando as mãos quentinhas e pesadas do meu pai parou sobre a minha cabeça para me fazer um cafuné. Papai me deu um demorado beijo na testa, e se sentou do lado da mamãe para jantarmos juntos.

— Nada, eu só dei uma volta pela cidade. — confessei tentando ficar empolgada — Tudo é tão, diferente, sinto falta de Râșnov.

Diferente, essa foi a palavra que achei cabível para não dizer bizarro.

— Logo, logo, você se acostuma querida. — minha mãe piscou não minha direção.

Concordei mudando de assunto, voltei o meu olhar para o meu pai que já devorava a macarronada elogiando sutilmente a comida da mamãe.

As vezes eles são melosos demais, meus pais parecem dois jovens casal de namorados que estão cochichando na minha frente trocando olhares e sorrindo como se fossem aprontar. Olha aqui, cheguei no nível de segurar vela para eles.

— Amanhã é o seu primeiro dia de aula, está animada querida? — o sorriso amarelo da minha mãe me fez sorrir juntamente com ela.

— Minha garotinha cresceu tão rápido! — papai lamentou dramaticamente — Me lembro bem de quando conheci sua mãe no colégio. — e foi se embora o drama — Assim que coloquei os olhos nela, sabia que teria lindos filhos com ela.

Mamãe abaixou a cabeça com as bochechas vermelhas, enquanto meu pai manteve-se a observando com um radiante sorriso nos lábios. Pode parecer clichê, mas acho muito fofo o carinho que ambos têm um pelo outro. Sem perceber, meu sorriso é radiante e dessa vez, verdadeiro.

— Não tivemos um time de futebol como eu queria.

Meu pai me olhou com os olhos marejados.

— Rick! — a voz suave e autoritária da minha mãe foi de repreensão, mas ela nunca conseguiu ficar com raiva do meu pai de verdade.

— Mas tivemos você minha menina, e convenhamos que você já deu tanto trabalho, mais do que se tivéssemos um time de futebol. — ele piscou sorrindo enquanto deu um breve selinho na mamãe.

É impossível não rir da situação, em parte ele está certo. Já aprontei muito, diria que as minhas travessuras transparecem a de um time de futebol formado até com os reservas, completinho. Resolvi mudar de assunto, antes que o meu velho acabe falando de mais e entregue as minhas travessuras no passado, já que meu pai sempre foi o meu cúmplice.

— Estava onde papai?

Quebrei o clima romântico de harmonia como uma faca quente cortando uma manteiga, ambos me olharam sorrindo, minha mãe com as bochechas coradas e o meu pai contente demais, tenho medo de quando ele fica dessa maneira.

— Ajudando na construção de algumas cabanas para jovens casais, estou tão empolgado, todos da alcateia são bem receptivos e querem preparar uma festa para comemorar a nossa chegada a mando do... — o sorriso do meu pai se desfez, pelo seu olhar fui capaz de entender que ele falou demais.

O observei esperando-o terminar de falar, mas a cada segundo sua empolgação foi sumindo dando lugar para a sua expressão preocupada. Engolir seco abaixando o meu olhar, não querendo contestar o seu silêncio, eu sinto que tenho esse direito, e o meu instinto me fala que talvez eu possa encontrar respostas que não vai me agradar, a grande questão é: até quando, eu vou conseguir manter a calma e não surtar por causa dessa mudança estupida, pelo comportamento dos meus pais, e essa bendita queimação no meu corpo que está me deixando com os nervos a flor da pele — que diabos é uma alcateia, e porquê fazemos parte de uma?

Pior, querem dar uma festa para comemorar a nossa chegada por qual motivo? Minha cabeça latejou e tive medo da resposta que poderia receber, acabei optando pelo silêncio, ao menos agora eu sinto que preciso do silêncio para tentar me acalmar.

***

Será que aquela estupida carta tem relação com as sensações que estou sentindo, esse bendito pedaço de papel pode estar ligado ao comportamento inapropriado dos meus pais — o meu nome foi citado nessa história louca, ser esse for um joguinho do papai, ele se superou, vai ficar me torturando pelo resto da vida. Óbvio que isso não é real, não pode, e, não deve ser real.

Mas e ser não for uma brincadeira do meu pai? Quem sabe tenha existido no passado uma mulher da minha família que se chamou Antonella, isso é bizarro, ao mesmo tempo que parece fazer sentido. Pelos céus, nem tenho 20 anos e já preciso de um bom psiquiatra.

— O que eu faço? — andei de um lado para o outro sacudindo o diário nas mãos.

A inquietação não me deixa ficar sentada para pensar, estou certa de que isso é real, mesmo que a minha consciência tente me enganar em uma falha tentativa de me confortar com o meu subconsciente me dizendo que é uma brincadeira do meu pai.

— Que merda!

Fechei os colocando as mãos sob a minha cabeça tentando controlar uma dor sobrecomum, nunca sentir isso antes, será que estou morrendo, meu corpo esquentou e meus ossos parecem doer como se uma fera quisesse sair para fora. Gemi pela dor, soltei lentamente a minha respiração tentando me recompor. Apertei com força o diário de folhas amareladas sem nada escrito servindo de suporte apenas para a carta.

Suspirei novamente abrindo os olhos e ajeitando o meu cabelo atrás da orelha, estou soando gelado e com uma incomoda tremedeira nos joelhos, olhei para a janela aberta e um vento forte me fez arquear as sobrancelhas. Cada fio do meu corpo arrepiou-se, enquanto fui invadida por uma alucinante vontade de correr para a floresta, já está tarde e eu enlouqueci completamente. Não consigo controlar o meu corpo, nem mesmo à intensidade dessa sensação dentro do meu peito, eu preciso entrar na floresta, preciso sentir a areia contra os meus pés e respirar o ar puro das árvores.

— Dane-se.

Southampton, o que você fez comigo. Deixei o caderno sobre a minha cama, e abrir lentamente a janela para não fazer barulho, meus pais ficaram vendo algum filme romântico para namorarem no sofá e resolvi subi para o meu quarto. Fechei os olhos e coloquei um pé para fora da janela sem me importar com o pijama minúsculo e infantil das meninas superpoderosas. Foda-se que metade da minha bunda esteja exposta, ninguém vai me ver assim mesmo.

Tentei controlar a minha respiração quando meus pés tocaram o telhado velho da mansão, andei com cautela pelas telhas velhas da varanda tentando não fazer muito barulho, na direção da escada encostada na parede ao lado das latas de tintas e dos matéria de construção. Sorrir vitoriosa quando conseguir descer do telhado do segundo andar sem quebra uma perna ou um braço. A única iluminação que tenho é a luz da lua, ela me permite vê perfeitamente o caminho que devo seguir.

Corri para a floresta sentindo a areia nos meus pés, meu corpo se dissipou de qualquer sentimento inferior a felicidade, a euforia me dominou e me fez sorrir na medida que corria pelas árvores sentindo a brisa balança meus cabelos jogando-os contra o vento, arfei me desviando das árvores sentindo a espessura da madeira velha e rachada pelo tempo, a lua parecia me guiar, a areia macia e úmida me acolhia-me como se esse fosse o meu lar.

— Não sei o que estou fazendo.

Confessei com um carregado sussurro me apoiando em uma árvore para recobrar o fôlego, meu peito subia e descia como se seguisse a melodia das folhas contra o vento, olhei para o céu para observar a lua, ela está radiante, mas brilhante do que nunca, parecendo abrir o caminho que eu deveria seguir. "Sim, você sabe o que está fazendo, Antonella" a forte voz da minha consciência bradou forte me dando uma nova descarga de adrenalina.

De repente, Râșnov parece um sonho distante que tive ao qual não quero voltar à viver. As pessoas desse lugar com seus gestos indiscretos quando me olhavam sumiu, era só eu e a mãe natureza. Essa floresta, esse lugar, é lindo, tão envolvente e encantador de uma maneira que me atraiu e me envolveu acolhendo a minha alma.

Somos como uma, eu e a floresta. A essa altura já não sei o caminho de casa, seria amedrontador se não estivesse tão envolvida por esse local. Tentei ajeitar o pedaço de pano que é o meu pijama favorito, e ajeitei os meus cabelos esvoaçado pelo vento. Uma trilha me atraiu atenção, fiz o sensato, preciso voltar para casa e quem sabe essa trilha seja capaz de me levar para a minha propriedade.

Toda essa calmaria está vindo diretamente do meu coração, sinto-me livre como nunca, o vento contra o meu rosto, cabelos balançando sendo manuseados em uma dança sensual no sentido contrário ao vento.

Somente sentia-me livre e feliz, essa é a primeira vez que não amaldiçoei a minha chegada em Southampton. Tenho que correr mais vezes na floresta, se soubesse que isso era tão bom e me acalmaria, teria feito essa loucura antes.

Para acabar com o meu lindo romance com a mãe natureza, meu lado desastrado apareceu como sempre para me estressar, acabei pisando em um galho grande, que me fez cair de cara no chão.

— Mas que merda! — me levantei tentando limpar o meu pijama cheio de terra — Droga, droga, droga.

Conseguir sujar de lama a minha blusa deixando o tecido um pouco transparente, revirei os olhos só por imaginar o sermão que a minha mãe vai me dar por sujar essa roupa. Para melhorar o meu dia, ralei o joelho, nada demais, só estou sentindo um pouco de ardência, com calma tentei tirar a areia que grudou no ralado, fiz uma careta quando doeu.

— Droga, tenho merda na cabeça?

A ficha começou a cair, que diabos eu havia feito. Correr entre as árvores, em uma floresta fechada com animais selvagens a essa hora da noite? Porque diabos eu fiz isso. Olhei em volta sentindo ondas de calafrios que me trouxe um medo dominado pelo meu subconsciente, vejo apenas escuridão e o reflexo da lua sobre algumas árvores — minha mãe vai me matar, isso se eu não morrer antes, disse para que ficasse registrado meu ato histórico de burrice, nem o meu celular eu fui capaz de trazer.

Southampton realmente fritou meus neurônios, manter a calma nessa situação é essencial, já vi muitos documentários de sobrevivência, eu consigo sair dessa.

Comecei a seguir à trilha recebendo uma ajuda da luz lunar, meu único pedido é que nenhuma nuvem apareça e seja capaz de estragar a única iluminação que tenho. Sim, eu sou burra, fiz uma burrice, e me lamentar por isso agora não vai ajudar em nada.

Um longo tempo depois seguindo a trilha e me desviando dos galhos das árvores, arfei alto de cansaço. Estava prestes a desistir e começar a chorar, quando um barulho alto de galhos se quebrando me fez arregalar os olhos e disparar o meu coração, tentei focar meu olhar no lado da floresta que veio o barulho, enxergar um reflexo vermelho foi mais que o suficiente para me fazer correr feito uma condenada sem rumo entre as árvores.

Antonella, você é burra, idiota, babaca, e vai morrer por causa de um animal selvagem. Seria melhor se fosse o Jeff The Killer, sem tempo para piadas internas, para de fazer isso mentalmente, essa idiotice não vai mudar sua situação. Um alto uivo me fez gelar, minhas pernas estão bambas, sei que não vou conseguir correr por muito tempo. Me falta ar, sem mencionar a minha visão turva e à sensação incontrolável voltando a circular por entre minhas veias.

Raposas, lobos, ursos, e o caralho a quatro. Lembro-me bem da Mia me falando que existe esse tipo de animal selvagem nessa região, é isso, esse é o meu fim. Ainda correndo com todas as forças que me resta, arrisquei a olhar para trás, sinto um alívio quando não vejo nada, parei de correr quando a trilha acabou de frente para uma cabana.

Por que diabos teria uma cabana no meio da floresta? Essa situação está indo rápido demais, de animais selvagens, surto psicótico que me levou a correr na floresta, Jeff The Killer, e agora a casa da bruxa do João e Maria. Apoiei as minhas mãos nos meus joelhos puxando o fôlego, preciso me acalmar para conseguir pensar direito.

Tanta iluminação ao lado de fora da cabana me fez suspirar mais aliviada, tive uma visão ampla da floresta e fui capaz de perceber que não existe nenhum animal me perseguindo. Pensei em bater na porta da cabana, mas tantas coisas já deram errado, não posso quebrar mais uma regra clara de sobrevivência e entrar na casa de um estranho, estou acabada, não teria forças para lutar contra ninguém nesse momento.

Rodeei a cabana tentando não fazer barulho, me apoiei em uma janela vendo uma senhora de idade tomando chá com um homem, muito bonito para falar a verdade. Engolir seco e levantei devagarinho o vidro para tentar escutar a conversa, chega dessa palhaçada de cidade misteriosa, por sorte conseguir ouvir a conversa, mesmo que entender o que eles estavam falando seja um jogo de adivinhação.

— Está confortável nesse corpo? — o homem tatuado perguntou com um presunçoso sorriso.

Que conversa estranha, certo, não posso julgar, estranha sou eu que estou ouvindo a conversa dos outros e perdida na mata, grande dia em.

— Já estive em situação melhores, meu jovem. Esse não é o assunto que devemos tratar agora. — autoridade, era isso que a voz da senhora emanava.

— Certo! Não tenho muito para fazer nessa ocasião, os Johnson's já chegaram e se estalaram, mas devemos esperar o aniversário da Antonella.

Eles estão falando da minha família, pior, estão falando de mim. É pior do que imaginava, isso é uma seita que vão doar a minha alma para o diabo?

— Sim, serão três semanas longas. — ela concordou colocando o chá sobre a mesa de centro — Como o Supremo tem reagido diante disso tudo.

Três semanas, em três semanas eu faço 18 anos.

Que merda está acontecendo aqui?!

— Ele não assume, mas está de cabelos em pé. — a risada do homem tatuado foi amigável — Sua companheira é bonita, e os comentários sobre a sua beleza única tem deixando-o bem possessivo.

Companheira?

Okay.

Eu estou sonhando, é isso.

Sair de perto da janela e comecei entrar dentro da mata de novo, preciso encontrar o caminho de casa, não posso surtar agora, não posso surtar agora. Quando as luzes da cabana estavam longes um rosnado aterrorizante me fez parar de caminhar, mordi a língua e não consegui segurar a minha respiração. Me virei lentamente para ficar frente a frente com a besta gigante que poderia acabar com a minha vida. Tremi de medo deixando escapar um grunhido, estou apavorada e não sei como reagir.

Certamente estou pedindo para morrer. Dei alguns passos para trás até encostar em uma árvore, o gigante lobo negro se aproximou me mostrando os seus dentes pavorosos. Tranquei a respiração e deslizei apoiada na árvore caindo no chão, dor, meu corpo está doendo e esse é de longe o meu maior problema. Péssimo dia para sair de casa, péssima ideia correr pela floresta, que adolescente sensata faz isso pelo amor.

Suspirei fundo e levantei minhas mãos para cima em um gesto lento e claro de rendição, forcei um sorriso acarretado pelo medo.

— Calma, calma, cachorrinho.

A grande besta fez um barulho apavorante, meu corpo tremeu e o meu coração disparou, aquele fervor que me invadiu na cafeteria deu sinais claros de que irá me invadir novamente. Engolir seco olhando para os olhos vermelhos marcados por uma expressão de fúria, eu já os vi em algum lugar, essa bizarra sensação me deixou desorientada.

— Calma, cachorrinho bonzinho — pude jurar que em meio ao grunhido alto do lobo, o animal revirou os olhos.

Um silêncio se estalou no ambiente, levantei minhas mãos, mas alto para demonstrar que não vou atacar, mas novamente ele fez um apavorante barulho entre dentes demonstrando raiva através dos seus olhos vermelhos enquanto me mostrava suas presas afiadas e grandes. Na medida que fui abaixando as mãos seu olhar de fúria foi se dissipando.

Levantei novamente os meus braços observando que isso o irritava. Pisquei repetitivamente quando me toquei que os meus seios estão enrijecidos e a fina blusa do pijama molhada pela lama deixou o meu corpo transparente. Me cobrir com as mãos rapidamente, e puder notar que o meu gesto o agradou.

O Lobo negro de olhos vermelhos eletrizantes se aproximou com calma, me encolhi de medo e fechei meus olhos esperando uma morte rápida, pedindo com todas as minhas forças para que eu não sofresse quando fosse atacar pelo lobo selvagem.

— Ah, — meu corpo tremia, estou amedrontada — O que... — abrir os olhos quando sentir algo molhado e quente sobre o meu joelho machucado.

Paralisei, não consegui me mexer, fiquei de boca aberta vendo o imenso animal lambendo meu machucado e cheirando a minha perna, só a sua língua cobrir metade da minha perna, que tipo de lobo é esse, um gigante, em seguida ele se levantou balançando sua pelagem e andou calmamente por entre as árvores. Céus, esse animal não é normal, ele é enorme e deve ser algum lobo que vai parar no livro de recordes. Eu fico tão pequena perto dele, como isso é possível.

— Cachorrinho, espera!

Ele se virou na minha direção rugindo como um leão enfurecido. Me aproximei com cautela me abraçando, não sinto mais medo, não sei explicar, apenas sinto que estou segura ao lado desse animal.

— Certo, certo, não gosta que eu o chame de cachorrinho... — novamente o seu olhar de superioridade me fez arquear as sobrancelhas.

Essa vermelhidão, eu já vi em algum lugar, mas a onde? Porque não consigo me lembrar. O lobo me ignorou e voltou a caminhar por entre as árvores deixando sua marca por onde passava, senti que deveria segui-lo, e assim eu fiz. O segui mantendo uma distância saudável, não consigo entender o que está acontecendo comigo, mas tenho a certeza de esse lugar não é normal. Andei bastante seguindo o lobo negro, tanto que a minha respiração está desregulada e os meus pés estão latejando de dor.

As vezes o lobo se vira a para trás parecendo observar se eu estava bem, a presença de uma besta gigante quatro vezes maior que é o meu conforto. Quando notei de longe a minha casa sorrir e suspirei de alívio, o animal fez um aceno para que eu passasse por ele e fosse para a minha propriedade.

Calmamente andei passando do seu lado apertando os meus ombros com medo, sair da floresta observando que o lobo se agachou como se fosse um leão pronto para dar atacar uma presa e me observou. Continuei andando de frente para ele dando curtos passos de costas.

— Obrigada cachorrinho.

Sua expressão se fechou e a besta me mostrou os dentes afiados de novo. Dessa vez não fiquei com medo, apenas sorrir e o encarei o olhando nos olhos.

— Obrigada por me mostrar o caminho de casa.

Me virei e sai correndo para a porta da mansão. O silêncio foi preenchido pelos meus suspiros, fechei os olhos e abri a porta de casa com força, todas as luzes estão apagadas — estou em um filme de terror, fechei a porta com força com a respiração ofegante, os passos pesados e desajeitados da minha mãe segurando uma vela preencheu o som do saguão.

— Achei ela, Rick! — mamãe gritou berrando como uma corneta — Onde estava, estamos a horas te procurando?

— Eu, eu, eu...

Tentei pensar em algo, mas nenhuma mentira parecia que seria boa o suficiente.

— Menina, você está toda suja de lama, Antonella! — repreendeu-me com uma feição de fúria — Vá agora se trocar, pelos deuses, está fedendo a cachorro molhado garota.

— O que aconteceu?

Segurei à vontade de rir, e perguntei me referindo a escuridão.

— A energia caiu, seu pai já está dando um jeito — mamãe me olhou de cima a baixo — Tome, vá tomar um banho, desse jeito irá pegar um resfriado.

Minha mãe afirmou me entregando a vela que segurava e começou a me empurrar para as escadas.

***

Mesmo que negasse a ajuda da mamãe no banho, ela fez o papel de ficar em pé segurando uma lanterna para que eu tomasse um banho rápido. O seu silêncio me agradou ao mesmo tempo que me assustou, quando me dei conta já estava deitada na cama com uma vela iluminando o quarto sobre o criado, por mais que eu tente, a minha mente está uma bagunça, arfei virando de um lado para o outro, avistei o caderno antigo no pé da cama e o peguei com desdém. Então é verdade, toda essa história de alcateia, de Supremo e Alfas. Então lobos existem, e eu estou no meio deles? Como eu que

Não, isso seria loucura demais.

Rir dos meus pensamentos me recusando a acreditar no que estou pensando. Peguei a vela com calma e me sentei na cama puxando a coberta, abri o caderno, mas o meu sorriso desfez-se lentamente quando apontei a pouca iluminação que vinha da vela na direção das folhas do diário. Elas estão escritas, e só aparecem com o reflexo do fogo. O que, espera, não pode ser.

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