MORDE E ASSOPRA

By mariiafada

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#1 em chicklit 02/05/21 Dez coisas que você precisa saber sobre a Maria Madalena: 1. Ela teve seu coração re... More

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AIDAN
DEZESSEIS
DEZESSETE
DEZOITO
DEZENOVE
VINTE
VINTE E DOIS
VINTE E TRÊS
VINTE E QUATRO
AIDAN - PARTE I
AIDAN - PARTE II
VINTE E CINCO
VINTE E SEIS
VINTE E SETE
VINTE E OITO
VINTE E NOVE
TRINTA
TRINTA E UM
TRINTA E DOIS
TRINTA E TRÊS
TRINTA E QUATRO
TRINTA E CINCO
TRINTA E SEIS
TRINTA E SETE
TRINTA E OITO
TRINTA E NOVE
QUARENTA
QUARENTA E UM
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QUARENTA E TRÊS
QUARENTA E QUATRO
QUARENTA E CINCO
09/09
QUARENTA E SEIS
QUARENTA E SETE
QUARENTA E OITO

VINTE E UM

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By mariiafada

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Aidan solta um pigarro, sem saber como reagir àquele silêncio constrangedor.

—Hã... Boa noite?

Ele é definitivamente mais corajoso do que eu, porque acho que perdi de vez a minha capacidade da fala faz cinco minutos.

Ninguém responde, todos estão tentando entender o que está acontecendo.

Ele aproxima o rosto do meu ouvido e diz:

— Acho que era pra ser uma festa surpresa pra você...

É, acho que isso eu entendi.

— O irônico é que surpresos aqui somos nós! — É claro que a primeira reclamação vem de Babi.

— E quem seria esse rapaz, Leninha? — É o meu pai que pergunta, soando um pouco desconfiado. 

Atrás de mim, sinto Aidan ficar um pouquinho tenso.

De alguma maneira, encontro voz para explicar:

— Ele é só um amigo.

Aidan concorda.

— É, somos amigos... Bons amigos.

E esses simples comentário são o bastante para fazer todos decidirem falar de uma vez só.

— Amigos? Amigos desde quando?!

— Eu não estou entendendo mais nada!

— Mas na festa da Tabboo ela disse que não o suportava...

— Na festa da Tabboo ela esculhambou ele, para ser mais exata!

Enquanto o restante surta, mamãe é a única que se aproxima de Aidan com os olhos brilhando.

É claro que sim, ele é lindo e à primeira vista parece confiável. É como um mocinho das comédias românticas que ela adora.

Exceto que eu me sinto no momento mais em um filme de terror.

— Eu acho ótimo que tenha um amigo novo, filha! — Suas palavras são dirigidas à mim mas sua atenção está toda concentrada em Aidan. — E como você se chama, querido?

Antes que ele possa abrir a boca, Gisele fala por ele:

— Aidan Rael! Eu vou matar você! — Aidan dá um passo para atrás de mim como que querendo manter distância da minha amiga e ela bufa: — Não se lembra do que eu disse sobre arrancar suas bolas se chegasse perto da Madá?!

— Gisele! — A minha mãe a repreende. — Que linguajar é esse, minha filha?

— Desculpa, tia. É que tenho assuntos para resolver com esse cara bem aqui. E não deixe esse rostinho bonito enganar você, ele não presta.

— Gi, não acha que está exagerando? Você mesma disse que Aidan não era tão ruim quanto parecia!

— Com você eu converso depois, Maria Madalena. Primeiro quero ter uma palavrinha com Rael — Ela passa por mim e o agarra pelo braço, arrastando-o na direção do jardim.

— Eu posso explicar, não é como você pensa...

— Não quero ouvir suas desculpas!

— Ai! Estou falando sério! — Ouço Aidan protestar. — Eu não encostei nela, eu juro...

— Só anda logo, Rael! 

Exasperada e sem ter muito o que fazer por Aidan, me volto para o restante do grupo que ainda espera uma explicação.

Alice é a única que parece estar mais com pena de mim do que confusa.

Faz sentido, ela já conhecia a situação toda e aposto não desejaria estar na minha pele agora. Tenho muitas explicações para dar e muitos ânimos para acalmar.

Ou faço isso ou os meus amigos vão pedir pela minha cabeça.

— O que esse hétero insuportável está fazendo aqui, Madá? — Babi exige saber. — Como diabos foi que isso aconteceu? Até onde eu sabia você estava completamente de acordo comigo que esse cara é podre! Tóxico! Saiu diretamente do lixão!

— Bárbara, coitadinho! — A minha mãe intervém. — O garoto parece ser um amor. O que ele fez de errado para vocês o tratarem assim?

— Aidan é um cafajeste, tia Val! Provavelmente só está aqui porque queria se aproveitar da Madá! É isso que ele faz! E ela está caindo na conversa dele!

Mamãe olha para mim, esperando uma explicação.

— Isso é verdade?

Massageio as têmporas, sabendo que aquela noite vai ser longa... E é tudo culpa minha.

Demorei tempo demais para explicar o que estava se passando e é isso que acontece quando você deixa pessoas que se importam com a sua vida no escuro por tanto tempo.

Entendo a revolta delas, algumas semanas atrás eu costumava ver Aidan do mesmo jeito que as minhas amigas, a preocupação é mais do que válida.

Ele tem a fama de se aproveitar das garotas, de fazer coleção com as suas conquistas e acabar magoando muitas delas no meio do processo.

As minhas amigas não querem que eu seja mais uma, especialmente sabendo o quão frágil eu me encontro depois de terminar o meu namoro com o Luciano.

— Rael só me deu uma carona, gente. Eu bati o carro na estrada e ele me ajudou, chamou o guincho e se ofereceu para me levar até em casa. 

— Você bateu o carro? — Papai fica pálido, chegando mais perto e envolvendo meus ombros com as mãos. — Está tudo bem, minha filha? Está ferida?

Forço um sorriso para tranquilizá-lo.

— Nada grave, estou bem Graças à Aidan. Se não fosse por ele provavelmente ainda estaria congelando na estrada, no meio dessa tempestade.

— Se o garoto cuidou de você ele não deve ser tão ruim quanto parece... — A minha mãe comenta satisfeita em defender Aidan, a quem ela conheceu faz dois segundos.

Mas Babi não parece tão convencida.

— Como ele sabia que você estava lá? Foi coincidência? Ou você por algum motivo já tinha o número dele? Um motivo do qual não sabemos, é claro, porque se eu entendi direito você vem escondendo as coisas da gente.

Droga. Ás vezes eu odeio o quão esperta Babi é.

So que ela está certa, não posso mais continuar mentindo, nem mesmo se quisesse, o que não é caso. Quero explicar tudo, só que sei a reação que isso vai causar e como vou soar idiota dizendo as próximas palavras.

Nunca em toda a minha vida imaginei que me veria na situação de ter que defender Aidan.

E acreditar que estou certa sobre ele.

Mas eu estaria indo contra a maneira como eu me sinto em relação à ele se não fizesse isso.

— Okay. Sendo bem sucinta, Aidan e eu nos conhecemos faz um tempinho...

— Quanto tempo? — Duda pergunta.

— Desde o dia dos namorados.

— Espera aí... Então vocês se conheceram no dia que voltou para Ilha Bela?

— Sim...

— Então aquela cena que ele fez na Taboo...

— Sim — Sinto-me imersa em vergonha admitindo a mentira. — Ele já sabia quem eu era, mas não sabia o meu nome. Eu estava tentando evitá-lo...

— Claramente não está mais, não é?

As palavras cortantes de Babi demonstram insatisfação, mas conhecendo-a bem, sei que é bem pior do que parece.

Ela está magoada, mais por ser Aidan o amigo que venho escondendo do que a mentira em si.

Na época da faculdade Babi teve motivos de sobra para desprezá-lo e ela nunca foi muita boa em desapegar de antigos ressentimentos.

Especialmente ressentimento de homens.

— Eu sei o que vocês estão pensando e eu não sei mais o que dizer. Para ser bem sincera? Gosto da companhia dele, pronto, é isso! Ele não é a má pessoa que eu pensava ser.

Babi ri.

— Você está mesmo falando sério?

Encolho os ombros.

Gostaria de estar errada, gostaria de dizer que alguma parte de mim diz que isso é mentira, mas não é. Desde que conheci Aidan as coisas mudaram drasticamente e nós passamos por algumas situações que me fizeram ter ruma visão mais clara de quem é o cara por trás de todos aqueles boatos.

— Estou.

Babi balança a cabeça e começa a andar de um lado para o outro, incapaz de acreditar.

— Eu pensava que Rael era bom nesse jogo, mas o jeito como ele conseguiu enganar você? Uau, dessa vez ele se superou.

— Ele não me vê como uma conquista, acredite em mim. 

— É claro que vê! Pelo amor de Deus, Madá! Você é mais esperta que isso! Está soando como as outras mil garotas que caíram no papinho dele!

— Se ele quisesse realmente me levar para cama, teria feito quando teve a chance! — Eu grito sem pensar, falando mais mais do que deveria. — Pelo contrário, ele cuidou de mim! E me ajudou mesmo depois que eu o atropelei com o meu carro!

— Espera aí um segundo — Duda se pronuncia pela primeira vez, demorando só alguns segundos para entender o que eu acabei de dizer. — Então era você naquele vídeo?!

A sala cai em um silêncio estrangulado, antecipando os segundos antes de acontecer um dos famoso Surtos Épicos de Cecília Eduarda.

Olho em desespero para Alice, pedindo discretamente a sua ajuda.

— EU NÃO ACREDITO QUE ERA VOCÊ NAQUELE VÍDEO!!!!

Alice e eu avançamos na sua direção ao mesmo tempo e a arrastamos para a outra sala.

— Já voltamos, coisa de meninas, nos ignorem. Relevem tudo que ouviram, não é importante! — Digo aos meus pais enquanto eles observam a cena toda assustados e perdidos.

Acho que depois devo à eles uma explicação também.

— Me larga! — Eduarda olha para Alice furiosa. — Você! Eu sabia que você estava envolvida, as duas sempre ficam agindo nas escondidas quando fazem merda! Suas mentirosas! Sempre deixam as outras de fora! É sempre assim!

— Duda...

— Eu não quero saber, isso é ridículo! Me solta!

— O vídeo que vocês estão falando é aquele que viralizou? — Babi olha para mim completamente em choque. — Você dormiu na casa de Aidan?!

— O mais importante, você dormiu com Aidan?! — Duda complementa.

Ai, Deus me ajude.

— Não! É isso que estou tentando dizer! Isso não aconteceu, eu ia contar tudo...

— Mas não contou! Não contou absolutamente nada!

— Por que eu sabia que vocês iam reagir exatamente assim!

— Nem vem, não tente nos culpar! A culpa é sua por fazer amizade com o pior cara da cidade.

— Eu juro, não é como pensam. Tive que voltar para Salvador e não tive tempo de explicar o que aconteceu...

— Vocês nunca me deixam a par das coisas, sempre sou deixada de fora!

Quero arrancar os cabelos quando vejo que Duda começou a chorar e não faço ideia do que dizer para ajudá-la.

— O que tá rolando aqui? — Gisele surge na sala e nos flagra reunidas ao redor de Duda. — Ai meu Deus, quem foi que fez a Eduarda chorar?

— Alice e Maria Madalena — Babi nos delata. — Alice sabia esse tempo todo sobre o novo amiguinho da Madá! É uma cúmplice.

— Ei! — Alice reclama. — Eu estava tentando ajudar a nossa amiga, vocês não sabem o que aconteceu.

— É claro que não! — Duda berra. — PORQUE FOMOS DEIXADAS DE FORA!

— Espera aí, Gisele sabia — Olho para ela esperando uma explicação. — Aidan contou que estava interessado em mim e você deu a ele o meu endereço! Meu endereço!

Gigi, pega de surpresa, abre a boca para argumentar mas não encontra nada a declarar em sua defesa. Duda para de chorar e olha para nós com os olhos inchados e indignados.

— EU NÃO ACREDITO QUE SEI TUDO DA VIDA DE TODO MUNDO DESSA CIDADE, MENOS DAS MINHAS AMIGAS!

E então as poucas lágrimas de antes se transformam em uma cascata sem fim.

O restante de nós troca um olhar desesperado. O nosso grupo sempre sabe que está em um momento de crise quando Duda abre o berreiro.

Ela era a mais sensível de todas e é claro que odiávamos vê-la assim, especialmente por uma mágoa causada por uma de nós.

Como sempre fazemos quando estamos em crise, esquecemos qualquer outro problema e nos concentramos em acalmá-la.

Nós a abraçamos e passamos uns bons dez minutos tentando em conjunto convencê-la de que ninguém está tentando excluí-la do grupo e ela é sim importante para nós.

É claro que é. Nós a amamos muito.

Eduarda só se vê satisfeita quando eu prometo que depois da minha "festa surpresa" vou sentar e contar tudo que aconteceu desde o começo.

Todas se comprometem em ficar para passar a noite e ouvir o que eu tenho a dizer.

— Pronto, todo mundo acalmou os ânimos agora? — Eu pergunto só para garantir que a crise foi controlada com sucesso.

Elas assentem, mais calmas e menos ariscas.

Olho para Gisele.

— Conservou com Rael? Afinal arrancou as bolas dele ou não?

Ela contém um meio sorriso no rosto.

— Desculpa, eu surtei. É que eu o conheço, somos amigos e sei como ele geralmente vê as mulheres. E não me importava muito com isso até que uma delas se tornou você.

Pego as suas mãos nas minhas e aperto.

— Agradeço a preocupação mas sei bem lidar com Aidan.

— Foi exatamente o que ele me disse. Se tem uma pessoal que consegue colocá-lo na linha, essa pessoa é você.

— E afinal de contas, onde está ele? Foi embora?

— Não, Rael ficou na cozinha com seus pais enquanto eu vinha checar o porquê a gritaria de vocês.

— Você o deixou sozinho com os pais dela?! — Babi ri. — Depois deles terem ouvido sobre a má reputação dele? Essa eu quero ver.  

Curiosa para ver o desempenho de Rael com os meus pais, Babi sai andando na frente. Parece que está bastante empenhada em provar que está certa em relação à Aidan e sei que com o seu jeitinho nada sutil vai transformar a experiência dele esta noite em bem mais difícil.

Com um suspiro cansado, sigo as minhas amigas.

Ao que parece, a minha festa tinha oficialmente começado.

x x x

O tema da festa é junina e a área de lazer da casa está toda decorada à moda de São João, com direito a bandeirolas, chapéus de palha e uma faixa de Rainha do Milho para mim a qual a mamãe me obrigou a colocar.

Que ótimo, perfeito. Pareço ter cinco anos de novo.

Para completar, alguém cometeu o erro terrível de deixar o meu pai escolher a playlist da festa: no momento está tocando as grandes badalas juninas dos anos 90.

Como dá pra perceber a minha festa atrasada e não surpresa está sendo um verdadeiro sucesso...

E apesar da óbvio música alegre de quadrilha, o clima não está lá muito festivo. Eu estou sentada na mesa bebericando da minha caipirinha, a cadeira dividindo o perigosíssimo território entre Aidan e as minhas amigas.

Ele nem parece se importar com os olhares hostis que recebe, está ocupado demais se deliciando com a comida da minha mãe e ganhando-a para o seu lado.

Não que Rael precisasse se esforçar muito, Dona Valéria não resiste à um rostinho bonito, especialmente um que alega já estar apaixonado pela sua comida.

É claro que vê-lo arrancar risadinhas e olhares encantados da minha mãe deixa Babi se mordendo de insatisfação.

Se uma mirada se olhos raivosos pudesse matar ela já teria acabado com a vida de Rael faz muito tempo.

Ele é a síntese de tudo que Babi sempre desprezou e sei como deve ser difícil ver um cara que ela odeia e definitivamente não confia tomando conta de um espaço que antes ela considerava seguro.

Duda me cutuca e cochicha no meu ouvido, me tirando do devaneio:

— Como ele faz isso?! É assustador, parece que sabe exatamente o que dizer para conquistar a sua mãe!

Engasgo com a caipirinha, percebendo que talvez eu seja a culpada disso, já que passei as últimas horas detalhando tudo sobre os meus pais para Aidan.

Espero que Babi jamais descubra isso ou seria a mim quem ela gostaria de matar.

— É pura sorte... — Digo à Duda, tentando parecer casual. — Ele sabe ler as pessoas.

Ela estreita os olhos para mim.

— É mesmo? E ele soube ler você?

Para a minha sorte, Babi se pronuncia e Duda perde o interesse na minha resposta.

— Então, Rael — Ela o corta no meio de uma frase. — Já que está aquí acho que essa é a oportunidade perfeita para nos conhecermos melhor.

Alice me lança um olhar preocupado e eu devolvo outro no mesma intensidade.

Babi querendo conhecer a Aidan melhor? Ah, tá. Isso me cheira a armadilha. E mesmo que não fosse, esses dois interagindo é a receita perfeita para o desastre.

— Me conta, como estão as coisas? — Ela finge simpatia enquanto se inclina mais para perto como se estivesse genuinamente interessada em saber tudo sobre ele.

Aidan abre seu sorriso cínico e charmoso de sempre.

— Eu não poderia estar melhor, obrigada.

— É mesmo? E como anda o Hotel? Ele é dono do Pallace, tia Valéria! Sabia disso? Pois é, tão jovem e dono de um negócio tão rico! Bem... Não que tenha sido mérito dele, ganhou de presente do pai mas quem liga?! Ah, a tia adora o restaurante do Pallace!

Mamãe se anima, alheia a grande alfinetada das palavras de Babi.

— É verdade! Eu sempre gostei! Acho a comida de lá incrível...

Gisele, Duda, Alice e eu nos entreolhamos com preocupação, decidindo silenciosamente quem vai intervir e impedir de Babi de continuar com a aquilo.

Eu sei que sou eu e elas também sabem, está óbvio em suas expressões.

— Pois é, e as festas do Pallace são todas produzidas por ele! De festa você entende, não é, Rael?

Aidan olha para ela, percebendo a segunda provocação e levando na esportiva.

— Acho que pode-se dizer que sim, entendo. Mas tenho um time todo que me ajuda com a preparação das festas.

— Não seja modesto, é um festeiro nato desde a época da faculdade! — Babi continua. — Lembra da calourada de Medicina de 2016?

Ele concorda.

— É claro, foi a primeira festa daquele ano.

— Então também se lembra da aposta, não é?

Eu arregalo os olhos, sabendo muito bem do que ela está dizendo. Essa história é ultrajante, e eu tinha me esquecido dela.

Puta merda, Bárbara não vai trazer isso à tona agora, vai? Na frente da minha mãe?

Ah, pelo olhar desafiador em seu rosto, ela vai. Está ligando muito pouco para como a reputação dele com os meus pais vai ficar.

Aidan ergue a sobrancelha.

— Você sabe que essa história é mentira.

Babi ri com sarcasmo.

— Mentira? Eu vi acontecer com os meus próprios olhos.

Ele balança a cabeça, muito paciente.

— Eu nunca fiz parte daquela aposta.

— Espera, primeiro era mentira e agora você não fez parte? Tem que se decidir, Rael: Qual das duas desculpas vai usar?

Prendo a respiração, sabendo que preciso intervir mas incapaz de mover um músculo se não os olhos, revezando entre Babi e Aidan.

Ele abre um sorriso seco e explica lentamente, como se Babi fosse uma criança.

— É mentira o fato de eu participei da aposta. A ideia foi de Hugo. Entendeu agora?

— Mas Hugo era seu amigo na época. Vocês até não se chamavam de "irmãos"?

— Ele deixou de ser qualquer coisa minha depois dessa merda. Você ainda me vê andando com ele?

— Não estou entendendo nada — Mamãe reclama. — E porque essa história de tantos anos atrás é tão importante?

—  Algo que Babi acha que eu fiz a incomoda — Rael explica. — E ela quer me confrontar sobre isso. Tudo bem, o que você quer saber? Não sou de me ofender com facilidade então aproveita a chance.

Bárbara arfa.

— Não se faça de cínico. Eu sei o que aconteceu e sei que você participou daquilo. Você e Hugo apostaram para ver quem conseguiria levar uma garota específica para cama! Porque é esse o tipo de coisa que você faz! Trata as mulheres feito lixo!

Fico ereta na cadeira, mas Aidan rebate com uma calma fria:

— Eu já disse, não estava sabendo dessa aposta e nem participei dela.

— É, mas quem foi que saiu da festa com a garota naquela noite? Você.

— Você não sabe o que está dizendo...

Babi se inclina com ambas as mãos espalmadas sobre a mesa, fogo brilhando dos seus olhos.

— Eu ouvi da própria boca de Hugo sobre a aposta. Você não me engana, você não é o bom moço aqui! O que fez foi indefensável e eu tenho toda a razão em não querê-lo perto da minha amiga. Você só se safou de todas as burradas que fez durante todos esses anos porque é rico e o seu papai deve ter limpado a sua barra. Mas a mim você não engana, Aidan Rael. Não mesmo.

Até um segundo atrás Aidan parecia indiferente ao ataque de Babi.

Porém no instante que ela falou do seu pai, a máscara dele vacilou e pude ver seu maxilar trincando.

Aposto qualquer coisa pela certeza de que por baixo da mesa os punhos de Aidan estão cerrados.

O silêncio entre eles é cortante e incisivo. Babi está forte no seu posicionamento e no que acredita, já ele não parece nem com raiva nem intimidado.

Não faço a mínima ideia de como Aidan se sente, para ser sincera.

E esse é o momento o meu pai chegar com a posta de carne.

É na palmão da mão, é na sola da bota... —Ele cantarola erradi a música que está tocando, alheio à torta de climão já servida na mesa. — Quem quer picanha?!

Depois de alguns minutos constrangedores, Alice se compadece do meu pai e diz:

—Eu, tio! Pode encher o meu prato!

Eu me levanto e deixo a capirinha pela metade na mesa, incapaz de aguentar mais daquilo.

— Aidan, pode vir comigo? Acho que o meu pai precisa de mais carvão para o churrasco, me ajuda a buscar?

Seus olhos verdes focam em mim e a tensão do seu rosto suaviza.

— É claro.

— Ótimo.

Passo pela cadeira dele e o trago pelo braço para a cozinha. Quando chegamos eu o solto e paro na sua frente.

— Você está bem? Desculpe pela Babi, ela... Tem opiniões muito fortes.

Aidan me encara e uma risada baixa escapa da sua garganta.

— Relaxa, anjo. Morei com o meu pai por anos. Comparada à ele, Babi sendo passiva agressiva é fichinha, sei como lidar. E não é como se eu não merecesse as provocações dela.

Pisco, um pouco surpresa.

— Então é verdade? O ela falou sobre a aposta?

— Não, não isso! Essa história... — Aidan se vira e encosta no balcão. — Essa história é exatamente o porquê eu te disse que Alice deveria ficar longe de Hugo quando entreouvi a conversa de vocês duas no carro. Ele é nojento. Deveria estar preso.

Sinto o meu estômago afundar em receio.

— Do que está falando? O que aconteceu?

Ele balança a cabeça, o rosto fechado.

— A história é bem mais pesada do essa que Babi conhece. Essa versão que foi parar na boca de todo mundo é a versão que Hugo espalhou para me fazer sair como o babaca — Ele sorri de um jeito amargo do qual eu não gosto, faz seus traços geralmente tão bonitas se corromperem em algo sombrio. — Hugo ficou com raiva porque estraguei seus planos.

— E por que você não disse isso? Por que não conta o que realmente aconteceu?

Aidan morde o canto da boca e se afasta, como se esse fosse o seu mecanismo de defesa automático.

— O meu pai conhece o pai de Hugo. Tive que manter a boca calado ou...

Ele não completa a frase, a deixa se perder no ar. Mas eu entendo o que isso quer dizer.

Fico calada por um momento, percebendo o tipo de poder silencioso e destrutivo que Abraão Rael tem sobre o filho. Sinto o mesmo aperto que senti mais cedo no carro, acho que esse incômodo vem de algum sentimento reprimido de proteção.

— Sinto muito por isso.

— Está tudo bem.

Estalo a língua.

— Para de dizer que está tudo bem quando não está, porra. Você não precisa bancar o inabalável comigo!

Ele olha para mim, com uma expressão que é surpresa e graça.

— Você é adorável quando perde a paciência comigo.

Engasgo.

— O quê? O que isso tem a ver?

— Não tem, mas eu quis dizer.

— Ou seja, quis mudar de assunto.

Ele ri, sabendo o peguei.

— Tá, tudo bem. Você quer que eu seja sincero sobre essa história toda? Vou ser: É uma merda o que aconteceu e eu odeio por ter demorando tanto tempo para perceber que Hugo é tão desprezível assim. E Babi pode até ter escolhido a história errada mas qualquer outra que ela escolhesse provavelmente seria verdade. Então não a culpo por me odiar ou me querer bem longe de você. Eu provavelmente faria o mesmo no lugar dela.

Meu cenho se franze.

Vejo-me preocupada com a perspectiva de ele talvez reconsidere se afastar de mim. Não gosto dessa ideia, justo agora que estava me acostumando com a ideia de tê-lo por perto...

— Faria? Se afastaria de mim se fosse ela?

— É claro... Mas eu não sou ela — Sua voz decai um pouco e tom de voz fica mais provocativo. — E não quero ficar longe de você.

Um alívio inesperado me atinge.

Isso é bom, me pego pensando.

É ridículo ver sinceridade nele? Acreditar nas suas palavras? Porque é isso que está acontecendo e parte de mim tem medo de se arrepender depois, mesmo que a outra parte confie completamente nesse instinto de ver autenticidade no que Aidan me demonstra.

Acho que já passamos por provações o suficientes para eu ter certeza de que nem tudo que julguei sobre ele era verdade.

Eu respiro fundo, um pouco mais tranquila.

— Não te deixa bravo sair como culpado por algo que não fez? Não tem vontade de fazer Hugo desmentir essa história?

— Bravo? Não, não mais. Para ser sincero as opniões dos outros passaram a ser irrelevantes para mim quando ganhei essa "reputação". — Aidan finalmente deixa os olhos caírem nos meus. — Eu já fiz muita merda, anjo.

Assinto, mostrando que estou ciente disso.

— Eu sei.

—Muita coisa ficou no passado mas muita coisa foi tipo... Semana passada.

Eu ergo a sobrancelha.

— O que você fez semana passada?

Ele ri.

— Isso foi um exemplo. Não quis dizer realmente semana passada, mas quero dizer que até pouco tempo atrás eu agia como se não desse a mínima. Tentava não magoar as garotas com quem me relacionava mas no final tirava a minha culpa se isso acontecesse. Eu avisei, certo? Isso deveria bastar.

Quase me assusta vê-lo falando assim, realmente reavaliando as atitudes antigas.

—E o que te fez mudar assim?

Ele hesita. Pelo modo como desvia os olhos dos meus sei que não vou ganhar uma resposta 100% sincera.

— Alguns choques de realidade ajudaram... Não é como se passasse de Casa Nova para o Padre Adamastor de repente, não sou nenhum santo — Uma risada lhe escapa. — Mas estou tentando ser melhor.

Pisco, genuinamente surpresa.

— Você quer dizer... está tentando ser melhor em relação às garotas?

Ele torce os lábios.

—É... Tipo isso.

Eu abro um sorriso suave.

— E como funciona? Como é que você tenta seduzir mas continuar sendo um cara decente? Eu não sabia que existia um meio termo nisso.

— Não é um meio termo, é a porra de uma corda bamba na qual eu preciso me equilibrar o tempo inteiro. E geralmente eu caio.

— Bela metáfora mas eu gostaria de exemplos reais.

Aidan olha para mim, os olhos estreitos.

— Está me pedindo para que eu seduza você feito um cavalheiro?

Quero rir porque a ideia dele tentar isso é hilária. Não deu muito certo da última vez que Rael tentou me seduzir e o resultado foi ele seminu em um banheiro público e eu indo embora sem a minha dignidade.

— É claro que não, não foi isso que eu quis dizer!

— Porque da última vez que eu tentei te seduzir...

— É, eu sei. Podemos não falar desse episódio na casa dos meus pais?

Sinto meu rosto esquentar só de imaginar algum deles descobrindo o que eu fiz.

Para superar esse assunto, abro a porta da geladeira e pego duas cervejas.

— Vem comigo.

Aidan me segue até o jardim de fora onde subimos a escada de mármore para terraço. Apoio as cervejas no muro e apresento à ele meu lugar favorito da casa.

Dali geralmente temos uma vista bonita e ampla da cidade e do céu, por conta da chuva de mais cedo o céu ainda está nublado, mas não deixa de ser bonito ver os prédios brilhando ao longe no escuro da noite.

— Tarã! A melhor vista da casa.

Ele sorri.

— Não vamos voltar para a sua festa?

— Não agora, vamos deixar Babi esquecer da sua existência por mais um pouquinho.

Aidan gargalha.

— Acho difícil ela esquecer da única coisa que quer matar.

Solto um suspiro preocupado.

— Não sei o que fazer para convencê-la de que estou bem e não é como ela pensa.

— Deixa comigo, anjo. Vou dar um jeito nisso. Até o final do mês Babi vai me amar.

Torço o rosto em uma expressão de descrença.

— Vai tentar conquistar a confiança dela?

— E há outro jeito?

— Meu amigo, você está subestimando a Bárbara e capacidade que ela tem de odiar um homem. Não a conhece.

— E você está me subestimando. Aguarde e verá.

— Posso saber o que tem em mente?

— O plano está em formação. Quando tiver algo concreto você será a primeira a saber. 

— Não tenho certeza se gosto disso.

— Ei, se queremos fazer isso aqui dar certo tenho que me dar bem com as suas amigas, não é?

— E do seu lado? Também não temos que trabalhar para que seus amigos gostem de mim?

— Meus amigos não gostam de você, ele te veneram. Esqueceu do show que deu no Náufragos? O Nescau até hoje não cala a boca sobre isso, vive implorando para convidá-la novamente.

Abro um sorrisinho afetado, feliz por saber daquilo.

— É sério?

— Aham.

Tomo um gole da minha cerveja.

— Talvez eu te deva dar umas aulas de como ser uma pessoa gostável.

Aidan arqueja.

— Como é que é? Por acaso me viu com a sua mãe? Nós já somos carne e unha, duas metades inseparáveis! É capaz de que ela goste mais de mim do que de vocês!

Eu o empurro.

— Não exagera! E o seu charminho de galã não vai funcionar com a Babi.

— É, nisso você tem razão. Com ela vai ter que ser artilharia pesada. Vou ter que mostrar o ser humano sensível e confiável que eu sou — Apesar da dramatização exagerada, sei que ele realmente está considerando agir assim.

— Isso vai difícil, pra começar terá que convencê-la de que é realmente um ser humano. Porque ela nem o enxerga como um.

Aidan ri.

— Vai dar certo, anjo. Não se preocupe. Paciência de Jó, como dizia a minha avô.

— Foi assim comigo? Sua ideia era me vencer pelo cansaço?

Ele abre um pequeno sorriso, como se escondesse um milhão de segredos.

— Não. Com você foi completamente diferente, não insisti em me aproximar porque queria algo de você.

— Então por qual motivo foi?

Sua resposta demora alguns segundos. Posso ver que não é algo fácil para ele ser tão aberto e vulnerável.

Aidan pode até parecer que é indiferente, que tudo não passa de uma grande brincadeira, mas estou começando a aprender que ele só um bom ator.

Tem muito mais acontecendo por baixo daquela máscara.

— Eu insisti em você porque não podia suportar a ideia de que me odiasse, de que pensasse que eu era realmente tão escroto quanto as circunstâncias me fizeram parecer.

Não sei descrever exatamente o que se passa, se meu coração estremece ou amolece mas definitivamente algo acontece no meu peito.

— Pensei que você não ligasse para o que as pessoas achavam de você — Comento, meus olhos analisando cuidadosamente cada reação dele.

Aidan me presenteia com um sorriso irônico, quase desconfortável.

— Pois é, princesa... Imagine a minha surpresa quando me vi agindo feito um idiota só para tentar ganhar sua aprovação.

Ergo a sobrancelha, relutante em acreditar, mas ele reforça:

— É serio, não ache que eu planejo como me comporto perto de você... Acho que ainda ainda tenho medo de que você me odeie.

Ergo a cabeça, supresa. Ele está evitando contato visual, como se admitir mais essa fraqueza o deixasse desconcertado.

Eu me aproximo mais.

— Não odeio você — Digo suavemente, quase como um sussurro.

Espero ver uma reação positiva mas acho que ele simplesmente não acredita em mim.

— Aidan, eu não odeio você. Nem mesmo se tentasse, nem mesmo se quisesse. Pelo contrário, contra todas as expectativas, odiar você é a mais improvável das chances.

Ele vira o corpo na minha direção e em momentos como esse me dou conta de como é ele alto e como o seu corpo bagunça qualquer atividade sensorial que eu tenha.

Tudo que posso detectar é Aidan. Por todos os lados de todos os jeitos. Seu cheiro, sua presença, sua respiração.

Fecho os olhos na esperança de recobrar os sentidos mas falho miseravelmente.

— Você pode me prometer isso?

— O quê? — Pergunto, meio zonza, o mundo se tornado apenas uma lembrança longínqua.

— Prometer que nunca vai me odiar. Acho que eu não suportaria se isso acontecesse.

Engulo em seco.

— Eu nunca vou te odiar, Aidan.

Ouço seu sorriso de alívio e sinto sua mão roçar no meu cabelo, depois por debaixo dele... Se antes o mundo era um borrão ele se dissolve por completo quando sinto a mão de Aidan se alojar do meu pescoço.

— É um alívio ouvir isso, Madá. Você não faz ideia.

Olho para cima.

— Está satisfeito agora?

Ele faz a menção de concordar mas algo chama sua atenção.

— Quase...

A mão de Aidan escorrega do meu pescoço até o bolso traseiro da minha calça. Sinto-o tirar o meu celular de lá e o estender para mim.

— Tem alguém ligando para você.

É como se eu recebesse um banho de água fria que me traz de volta para a realidade. Pisco, tentando ver sentindo no celular nas mãos dele.

Estava tocando? Mas eu nem mesmo ouvi!

Aidan olha para a tela e abre um sorriso azedo.

— E é claro que só podia ser ele.

— Quem é?

Ele me entrega o celular, meio irritado.

— Lucimar, o idiota.

— Luciano — Corrijo por força do hábito.

— Tá, me desculpe. A partir de de agora só vou chamá-lo só de idiota.

Olho para o celular, sem saber o que fazer. Não quero atender aquela ligação.

— Vou te dar um mais pouco de privacidade com ele.

Aidan se vira para deixar o terraço.

— Espera!

Ele não me escuta. Rejeito a ligação e corro atrás dele, perseguindo-o pelas escadas:

— Para onde está indo?

— Embora.

— Por quê?!

— Está tarde.

— Não está tão tarde assim.

— O cachorro não gosta de ficar sozinho em casa.

Eu puxo seu braço, forçando a parar.

— Que tipo de desculpa ridícula é essa?

Ele não responde, apenas para e encara o chão enquanto tento entender como seu comportamento pode ter mudado em questão de segundos.

— Qual o problema?

— Nenhum.

Aidan.

Ele suspira, seus ombros caindo.

— Não é nada com você, anjo — Ele finalmente admite. — Sou eu.

— Seja mais claro.

Ele passa a mão pelos fios loiros, desalinhando-os.

— Nós somos amigos, não somos?

— Sim, é claro. É isso que eu quero.

Ele fecha os olhos e balança a cabeça.

— Era isso que eu precisava saber.

Pisco, ainda sem entender nada.

— O problema foi a ligação? O Luciano te incomoda tanto assim?

— Não. O timming irritante dele me incomoda mas dessa vez estou até agradecido. Se não fosse por ele eu poderia ter feito uma besteira, poderia ter estragado tudo.

— Ah — É a única coisa que eu consigo dizer.

Aidan olha o relógio.

— Eu realmente preciso ir agora.

Apenas aceno em concordância e o guio até a porta.

— Te vejo amanhã? — Pergunto esperançosa quando abro a porta e me movo para deixá-lo passar.

Aidan para por um momento no batente, hesitante.

Se ele mudar de ideia quanto ao que combinamos mais cedo sobre ir juntos à oficina, vou protestar.

— Esteja pronta às nove... E use uma roupa preta.

Abro um sorriso.

— Sim, senhor!

Ele imita o meu gesto e vai se afastando de devagar.

— Tchau, Madá.

— Tchau...

Só que no meio do caminho até o carro Aidan para. Observo sem entender enquanto ele volta até a mim e planta um beijo cálido e inesperado na minha testa.

— Desculpe se agi estranho, eu só não quero cometer mais erro nenhum com você, tá legal? Não posso correr esse risco.

Fico petrificada no lugar, assistindo-o caminhar novamente até o carro e ir embora.

E simples assim, sou deixada ali com todas aquelas um milhão de dúvidas que ele acabou de plantar em mim.

Estremeço, soltando o ar que eu nem percebi que estava prendendo e esmagando meus pulmões. Já é um costume de praxe: sufocar o ar e sufocar os meus sentimentos.

Sim. Sentimentos. Não sei exatamente quais mais são eles. Estão aqui e é culpa de Aidan.

Sinto minha a cabeça pulsar de dor só de começar pensar em como isso é complicado. O meu primeiro instinto é renegar qualquer possibilidade de que isso seja possível — de ter sentimentos concretos por Aidan.

Atração física é uma coisa... Isso aqui?

Isso é diferente, porra.

Isso perigoso. E não há nenhuma sombra de dúvida que vá acabar mal... E mesmo assim ignoro todos os alarmes, porque de alguma maneira a minha vida parece mais clara com ele nela — e também mais caótica.

Mas Aidan Rael e o caos são um pacote só. Não tem como ter um sem o outro.

E pela primeira vez na vida o caos nunca me pareceu tão tentador.

x x x

Volteiiii LEIAM O AVISO:

Desculpem pelo sumiço, anjos. Juntou a minha vida corrida com uma bola de inseguridade e bloqueio e certos comentários que eu li aqui... Enfim muita coisa aconteceu e eu acabei perdendo o foco e um pouquinho da animação com o livro.

Mas não se preocupem, não pretendo parar!!! Apesar da minha vida mega corrida, as postagens vão voltar ao normal. Talvez terei que diminuir pra um dia da semana por causa da faculdade (que mesmo nessa pandemia não parou o calendário então to tendo que estudar REAL mesmo em casa. Só imagina aprender anatomia sem poder VER UM CADÁVER DE VERDADE).

Vou tirar essa semana pra me organizar quanto às postagens e deixo vocês à par! Pra compensar meu sumiço e ajudar vocês no tédio da quarentena temos esse capítulo aí bem gradinho com #Maidan bem fofos.

O nosso shipp foi escolhido em uma enquete no instagram e os próprios leitores votaram HAHAHAHHA.

É isso, FIQUEM EM CASA PELO AMOR DE DEUS, NÃO ESCUTEM O JUMENTO DO BOLSONARO. Bjos.

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