INVERNO ARDENTE | Bucky Barne...

By DixBarchester

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Guerra. Hidra. Assassinatos. Pronto para obedecer... O mundo de James Buchanan Barnes estava congelado em vio... More

✎ INTRO
▶ MÍDIA
❝EPÍGRAFE❞
01. SOZINHO
02. SAVANNAH
03. JAMES
04. VIZINHOS
05. SAM
06. CELULAR
07. STEVE
08. ALPINE
09. ABBY
10. QUEBRA-CABEÇAS
11. GUS
12. SOLDIER'S
13. MÚSICA
14. VERDADES
15. AMIGOS
16. JOALHERIA
18. MUDANÇAS
19. CONVERSAS
20. ADEUS
21. RECONCILIAÇÃO
22. AMOR
23. IMPREVISTO
24. LUCIA
25. BEVERLY
26. PRISIONEIROS
27. FOGO
28. ARDENTE
29. TREINAMENTO
30. HERÓIS
31. PEDIDO
32. COMPENSAÇÃO
33. FIM

17. PESADELO

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By DixBarchester

Hello todo mundo!

Antes de começar tenho uma coisa pra falar rapidinho: eu tinha citado o corte de cabelo no anterior, mas acabou que o que tinha que vir antes ficou BEEEMMM maior do que o esperado, e além de ser longo, era muita informação de uma vez só. Por isso dividi o capitulo.

Mas calma, antes de se lamentarem por terem que esperar mais uma semana pra ver o Bucky de visual novo, eu tenho que dizer que dividi sim, mas vou postar a outra hoje ainda, então vai ser meio que uma att dupla (com a segunda parte por volta das 23hrs) 

Além disso, como simplesmente nem vocês nem eu chegamos a um consenso sobre a narração, esses dois capitulos intercalam as perspectivas entre si conforme necessário, eu achei que deu certo por conta da liberdade da terceira pessoa, mas depois vocês me dizem se ficou confuso desse jeito

Então é isso, vamos para a primeira parte "Pesadelo" e logo mais tem "Mudanças"

Boa leitura!

Os sábados no Soldier's eram sempre movimentados, e talvez por isso fossem os dias preferidos de Savannah. Eram quase duas da manhã quando o último cliente foi embora e Joanne começou a subir as cadeiras no salão enquanto Terry fechava o caixa. Eles moravam acima do estabelecimento, então ao menos não tinham que enfrentar as ruas naquele horário.

— Nossa, hoje foi cansativo... — Joanne, suspirou terminando o serviço e olhando o salão por um momento.

— Você acha? — Savannah fechou o zíper do estojo de seu violão e terminou de arrumar o palco. — Foi de boas.

A ruiva encarou seu local de trabalho e sorriu, o movimento satisfatório que a música ao vivo trouxera para o lugar fez com que Terry pedisse que ela viesse também às quintas, o que era o bastante para pagar as contas, por isso Savannah podia dizer com alegria que o Soldier's havia se tornado sua casa. Razão pela qual ela não via motivos para levar Red embora todos os dias.

— Isso é porque você é uma coruja, Savy. — Joanne riu, tirando o avental com o logo do estabelecimento e soltando os cabelos.

Trocou mais algumas palavras com os dois, coisas de rotina, pai e filha pareciam de fato cansados, mesmo que Savannah de fato estivesse totalmente elétrica e nada sonolenta.

— Agora vou chamar meu Uber pra vocês irem descansar. — Ela declarou, logo depois de se despedir dos dois.

— Acho que hoje você não vai precisar de um Uber, minha filha... — Terry comentou, com os olhos presos do lado de fora enquanto Savannah pegava o aparelho no bolso traseiro.

Ela franziu as sobrancelhas para as palavras e seus olhos avelãs seguiram para o lado de fora do bar. Do outro lado da rua, encostado em uma Harley Davison, mãos nos bolsos da jaqueta de couro e cabeça baixa, estava um homem que fez o coração de Savannah bater desconexo.

James...

Um sorriso enorme e involuntário surgiu nos lábios fartos. Aquilo não era algo que ele fazia, muito pelo contrário, geralmente as duas da manhã Barnes estava dormindo, eles costumavam se encontrar entre cinco e seis horas para tomarem café juntos e praticarem Yoga.

Mas nem isso tinham feito nos últimos dias, a semana de Savannah estava bem atarefada e James estava ajudando Gus com as coisas do apartamento novo, então os dois vizinhos não se viam desde quinta-feira. Três dias, quatro se considerassem que já passara da meia-noite, portanto era domingo, mas parecia uma eternidade...

— Boa noite, gente. — Savannah acenou uma última vez, sem conseguir tirar os olhos de sua agradável surpresa.

Não sabia exatamente porque ele estava ali, mas não importava, seja qual fosse o motivo Savannah agradeceu por isso...


Bucky ergueu os olhos azuis quando ouviu o som da porta do Soldierꞌs se abrir e seu coração pareceu derreter, como se finalmente fosse aquecido depois de dias congelado. Os olhos castanho-esverdeados sorriram para ele até mais que os lábios.

Seria estúpido dizer que Savannah estava linda, afinal ela sempre estava, mas foi a primeira coisa em que Bucky conseguiu pensar quando a viu atravessar a rua. Ele se desencostou da moto e tirou as mãos do bolso.

— Sargento... — A voz cantada dela foi como um sopro de felicidade no coração de Bucky.

— Boneca... — Respondeu, sentindo aquele impulso inoportuno de beijar os lábios dela que lhe acometia desde o começo da semana.

Savannah se aproximou mais, os pensamentos de Bucky saíram do foco quando o perfume de mel e frutas vermelhas entorpeceu-lhe a mente e quando a mão delicada tocou seu rosto sem qualquer aviso. Então os lábios femininos estavam sobre sua bochecha em um beijo macio e doce, Bucky tocou a cintura pelo breve momento que o contato durou, usando a mão direita, que não estava enluvada, para isso.

— Achei que a gente só ia se ver amanhã. — Savannah sorriu, e a surpresa nos olhos dela pareceu positiva o bastante para Bucky.

Sabia que não podia dizer que aqueles dias que não tinham se visto haviam sido uma tortura para ele, que sentira falta dela em todos os segundos como um viciado, que as mensagens não tinham sido o bastante, que precisava ver os olhos avelã e o sorriso-sol, que precisava sentir o calor dela por perto — e talvez também com a ponta dos dedos de vibranium — e que a necessidade de sorver o perfume dela, mesmo que ele ainda parecesse impregnado nos lençóis de sua cama, o fazia se sentir como um dependente químico.

Era quase irracional.

— Eu senti falta da minha melhor amiga. — Respondeu com uma versão resumida e menos intensa da verdade e, assim que foi presenteado com um sorriso-sol, ficou feliz por não ter escondido isso.

— Que sorte a minha então... — Savannah tocou-lhe o braço por cima da jaqueta de forma carinhosa e aquele impulso tomar os lábios dela estava ali de novo.

Bucky suspirou, disfarçou isso com um sorriso e entregou a ela um dos capacetes. Depois de colocar o dele subiu na moto e esperou que Savannah fizesse o mesmo, sentindo os braços delicados lhe envolverem a cintura em um tipo de abraço.

Guiou sem presa de volta para o apartamento, usufruindo da companhia em sua garupa como se ela fosse a própria paz encarnada.

Se a felicidade tinha um nome, então era chamada de Savannah...


Quando a moto parou dentro dos limites do prédio em que moravam Savy saltou de imediato, claro que amava andar de moto com James, era o tipo de coisa que só faria com ele, porque tinha uma agonia estrema dos capacetes, mesmo com a viseira aberta.

Ela tirou um segundo para apreciar o homem que também descia da moto, ele alinhou os fios que o capacete tinha bagunçado com os dedos da mão direita e ela prendeu o ar. Na maior parte do tempo controlava a própria mente muito bem, mas às vezes era realmente difícil não erotizar certos movimentos que James fazia. Principalmente quando envolvia as mãos dele, qualquer uma das duas...

Enquanto subiam as escadas, andando lado a lado, falando sobre as aleatoriedades da semana e principalmente sobre o pedido de casamento de Gus, que aconteceria naquele domingo, durante o almoço que inauguraria o apartamento, Savannah tentou não pensar no que tinha acontecido alguns dias antes...

No modo como James havia tocado seu rosto com os dedos metálicos e na forma como os olhos azuis gélidos pareciam tão quentes naquele momento, por um segundo Savannah achou que seria beijada, mas então se foi, como um castelo de areia na praia.

Constantemente ela se pegava pensando se estava entendendo todos os sinais errado ou se havia mesmo algo mais acontecendo entre eles... às vezes tinha vontade de perguntar de uma vez, mas a verdade é que tinha medo de dar um passo que não pudesse ser desfeito, assustar James e simplesmente perdê-lo.

Sabia que não devia se apegar tanto as pessoas, mas era impossível não se apegar a ele. No fundo sabia que era mais que uma paixão passageira, James era mesmo seu melhor amigo, o que tinha com ele não era como o que tinha com Gus, TJ ou Abby, era mais que isso; era um estar confortável em silêncio; uma calmaria acolhedora e pacifica que fazia os dias mais leves; era um estar feliz simples, sem precisar de mais nada pra isso...

Era um querer protegê-lo do mundo, ao mesmo tempo em que dava o mundo a ele; era confiar e se sentir segura, e desejar que ele se sentisse da mesma forma. E além de tudo isso, era físico também, porque tinha química entre eles, porque os toques sutis eram explosivos, porque a proximidade era entorpecente e o desejo corria intenso nas veias dela com o mínimo de estímulo.

No entanto, se para mantê-lo por perto tinha que abrir mão do envolvimento físico, Savannah honestamente não se importava...

Estava acostumada com paixões efêmeras que duravam uma noite; um beijo; um orgasmo. Era isso que tivera nos últimos anos, era isso que conhecia tão bem como alguém conhece o próprio rosto no espelho. Porém também conhecia o outro lado da moeda, o "permanecer" de um relacionamento longo.

Savannah sabia que o que sentia por James não era efêmero e fugaz, sabia que o queria dele era mais que uma noite, assim como sabia que esse mesmo sentimento era diferente do segundo exemplo, não era dada a comparações, por isso "diferente" era a palavra apropriada, nem pior, nem melhor...

Porém naqueles últimos dias que tinha ficado longe dele, foi impossível não fazer uma comparação. O que sentia por James era "mais", de alguma forma que Savannah ainda não entendia. Mais intenso talvez, mais urgente com certeza.

Só sabia que quando não estava com ele era como se respirasse errado; como se o mundo ao seu redor parecesse frenético demais de um jeito sufocante; era como estar presa em um engarrafamento, no sol, com os sons se amontoando em sua mente, as horas se arrastavam sem fim... E então, quando finalmente estavam perto, Savannah respirava outra vez, leve, calma, como pegar a estrada vazia com a melhor música tocando e apenas dirigir sem rumo.

Então, se tivesse que deixar de lado o lado físico para estar com ele, faria isso sem piscar. Talvez um dia James estivesse pronto para o próximo passo, ou talvez não. Para Savannah realmente não importava, porque ela não podia imaginar a vida sem ele...

Quando James abriu a porta a lufada de ar trouxe um delicioso aroma que fez o estômago de Savannah despertar faminto e puxá-la bruscamente para a realidade.

— Puta que pariu, que cheiro maravilhoso! — Ela exclamou enquanto ele lhe sedia a passassem primeiro, como um perfeito cavalheiro dos anos 40.

— Já fazia um bom tempo que eu não te ouvia falar um palavrão. — James riu, fechando a porta atrás de si, enquanto Savannah cumprimentava Alpine.

— Eu estava me contendo pra não ofender os ouvidos de nenhum velho de cem anos. — Ela retrucou, erguendo os olhos na direção dele, que tirava a jaqueta e a luva naquele momento.

— Sério? — A voz de James saiu levemente incrédula e Savannah caiu na gargalhada.

Ele revirou os olhos e também cumprimentou a gata com um cafuné antes de seguir para o quarto, certamente para guardar a jaqueta no lugar certo.

— Só pra você saber, senhorita, eu fui para o exército. Seus palavrões não são nada comparados as coisas que aconteciam por lá. — Comentou em um tom descontraído e logo estava de volta para o mesmo cômodo de Savannah.

— "As coisas"? — Ela repetiu e pela primeira vez maliciou um bando de homens juntos no meio da guerra.

James pareceu pensar por um momento, Savannah viu a verdade nos olhos dele antes mesmo que respondesse.

— Muitas coisas... — Declarou em um tom que deixava claro do que estava falando.

Savannah sorriu. Devia ter percebido antes... Não que aquilo mudasse alguma coisa, porque não mudava nada para ela. A sexualidade de alguém nunca foi um fator relevante para Savannah se apaixonasse por essa pessoa, assim como o gênero não era, por isso se identificava como pansexual.

— "Coisas pra caralho", é assim que se fala, Sargento. Como um bom soldado, você devia saber disso. — Corrigiu o linguajar educado dele e a risada de James se espalhou pelo cômodo.

— Você está certa. — O viu assentir algumas vezes, enquanto seguia para a cozinha. — Só não podia falar esse tipo de coisa perto do Steve, porque ele diria, "olha a língua".

Savannah tentou não revirar os olhos para o nome que acabava sendo citado em todas as conversas, mas assim que a sombra do Capitão Rogers surgiu, ela tratou de tomar as rédeas do assunto:

— Mas e então, por que o cheiro maravilhoso? — Deixou Alpine e caminhou até a bancada.

— Eu fiz uma coisa pra você. — James respondeu, dando um sorriso de canto que fez com que Savannah agradecesse estar encostada ali, porque suas pernas ficaram totalmente moles.

Ele se virou de costas e abriu o forno, fazendo com que o vapor quente trouxesse ainda mais daquele aroma para inebriar o olfato de Savannah.

— Ah meu deus, é lasanha! — Ela exclamou, assim que a travessa foi colocada entre os dois, sobre a bancada.

— Receita da minha mãe. — James deu de ombros, parecendo um tanto orgulhoso de si mesmo.

— Isso não te queima? — Savannah apontou, vendo que ele tinha usado a mão de vibranium desprotegida para tirar a travessa do forno.

Podia parecer uma pergunta boba, mas ela sabia que o braço conduzia sim algum tipo de experiência sensorial, porque o próprio James havia comentado sobre isso uma vez.

— Eu sinto o calor, mas não a dor, então... é só quente. — Ele explicou, encarando o metal negro azulado da própria palma.

— Eu não acredito que você fez janta e foi me buscar! — Savannah voltou ao assunto principal quando se deu por satisfeita com a explicação. — Eu já te disse que você é o melhor-amigo-barra-namorado-falso do mundo?

James riu, talvez um tanto constrangido, o que deixou Savannah bastante tentada a simplesmente saltar sobre a bancada e se jogar nos braços dele. Certamente o Sargento a seguraria...

Mas ela se conteve como uma boa menina que não tem pensamentos febris e impróprios na frente da lasanha.

— Vai lá se trocar, eu vou colocar a mesa. — Ele declarou, alheio a mente maliciosa de Savannah e ela assentiu.

Antes de sair deu a volta na bancada e se aproximou dele, jogando os dois braços nos ombros fortes e se aproximando o bastante para beijar-lhe o rosto.

— Obrigada por cuidar de mim, James. — Murmurou, ainda com as mãos nele.

James sorriu de canto, os olhos azuis intensos fazendo que o momento parecesse parado no tempo. Savannah pode sentir as duas mãos dele lhe tocarem as costas, exatamente onde a blusa deixava a pele exposta, enquanto o vibranium ainda estava levemente quente, os dedos de carne e osso estavam gelados. O contraste de temperaturas fez um arrepio violento e delicioso correr a espinha da jovem e ela tentou reprimir todos seus átomos de implorarem por um beijo.

— É o que os melhores amigos fazem. — James respondeu, se afastando alguns passos casualmente.

Savannah não se deixou frustrar por isso, apenas sorriu pra ele e deixou o apartamento, afim de ir no próprio lar se trocar.

Não demorou muito, tomou uma ducha rápida, vestiu uma de suas camisetas cortadas e um shorts, prendeu o cabelo pra cima com uma caneta que achou jogada ali e voltou para o bloco de James imediatamente.

Menos de vinte minutos depois os dois já estavam sentados à mesa degustando a lasanha que ele tinha feito, James também já havia se trocado, regata branca e calça de moletom, descalço, exatamente como ficava nas manhãs de Yoga.

— Essa é a melhor lasanha que eu já comi na minha vida! — Savannah exclamou, pegando outro pedaço. — Caralho, tá muito boa mesmo.

— Como você é exagerada, Boneca. — James riu, revirando os olhos e se levantando para pegar um pires.

— O que você está fazendo? — Ela perguntou, ao ver que ele tirou um pequeno pedaço da lasanha.

— Vou colocar um pedaço pra Alpine. — Ele respondeu, como se fosse a coisa mais simples do universo todo.

— Da minha lasanha? — Savannah devolveu, reprimindo um sorriso.

— Você quer que eu vá fazer uma só pra ela? — James argumentou, erguendo os olhos para a jovem.

— Você faria isso, não é? — Ela jogou de volta, sendo incapaz de conter o sorriso daquela vez.

— Ela tá com vontade... — Ele moveu os ombros e apontou Alpine. — Olha, tá pedindo.

De fato, Alpine estava ali pertinho, sentada, encarando os dois com olhos enormes e esperançosos, acompanhando cada movimento de seu dono como se aguardasse uma recompensa.

— Não devia dar comida pra ela... — Savannah tentou argumentar, olhando de James para a gata algumas vezes.

— Ela come ração o tempo todo, um pedacinho de uma coisa que ela está com vontade não vai fazer mal. — Ele tirou um pedaço mínimo da lasanha. — Mal faria se ela ficasse com lombriga por isso.

Savannah riu da resposta e seguiu o Sargento com os olhos. Como alguém podia ser tão fofo?

— Pelo amor de deus James, ela é uma gata, não um bebê. — Comentou, sem conseguir desviar a atenção dele, acompanhando os músculos dos ombros se moverem enquanto James servia Alpine no cantinho que era dela.

— Ela é uma gata e um bebê. — Ele retorquiu, alisando o pelo da gata, quando ela se aproximou do que lhe tinha sido servido. — Olha como ficou feliz.

E Alpine ficou de fato, ela sempre ficava, porque James nunca deixava de dar nada para a gata, principalmente quando se tratava de frutas, o que Savannah achava muito engraçado, porque nunca tinha visto gatos comerem frutas, mas Alpine comia...

Depois disso James lavou as mãos e voltou para a mesa, terminaram de jantar com uma conversa amena sobre os preparativos da manhã seguinte: seriam os primeiros a chegar ao apartamento de Gus, preparariam as últimas coisas porque o noivo queria fazer uma surpresa para TJ. Abby devia chegar cedo também, mas tinha um compromisso, então talvez chegasse ao mesmo tempo que os garotos.

Savannah e James concordaram com a melhor hora de sair, enquanto arrumavam a pouca bagunça depois da janta e decidiram ver um filme juntos. Geralmente seria o momento em que iriam para o apartamento da jovem, mas Barnes finalmente tinha colocado uma televisão em seu próprio quarto.

Depois de alguns longos minutos procurando alguma coisa, decidiram por um filme sobre crianças especiais, "O Lar das Crianças Peculiares".

Estavam sentados lado a lado, encostados nos travesseiros e não demorou muito para que James estivesse piscando duro.

— Você está com sono, não é? — Savannah constatou, depois de analisar o rosto dele por alguns segundos. — Podemos deixar o filme pra outro dia. Vai dormir um pouco, eu venho te chamar quando der a hora de irmos para o Gus.

Se moveu para levantar da cama, mas James segurou seu braço sem qualquer força antes que ela pudesse de fato se levantar.

— Não... — A resposta dele mais pareceu o resmungo de uma criança mimada. — Eu não vou dormir. Pode ficar.

— Tudo bem. — Savannah assentiu, voltando a se sentar, sabia que ele dormiria, mas honestamente não se importava com isso.

Por que queria ficar ali também...

✪ ✪ ✪ ✪ ✪

Saudade. Enferrujado. Dezessete. Aurora. Fornalha. Nove. Benigno. Regresso à pátria. Um. Vagão de Carga.

Bom dia, Soldado.

"Pronto para obedecer".

O livro com a estrela negra na capa foi deixado de lado. Unhas vermelhas e o som do salto contra o piso metálico. O Soldado respirava de modo pesado, o gelo ainda impregnado em cada músculo, o frio por toda a parte.

— Finalmente você é meu, querido Quebra-Nozes. — Como sempre as palavras estavam em russo, mas isso não fazia diferença aos ouvidos do Soldado.

Assim como o toque permissivo subindo por seu braço não fez qualquer diferença em seu corpo frio. O Soldado Invernal era indiferente a qualquer toque, mas Bucky se lembrava daquela voz e das unhas vermelhas.

Se lembrava da garotinha de vestido branco crescendo nos corredores metálicos. Mas seu rosto era um grande borrão.

Uma sequência de flashes indecifráveis, memorias perdidas no tempo. Ele a conhecia. Sempre querendo coisas que não podia ter. A filha do Barão...

Bucky sabia que ela não podia estar com o caderno vermelho, sabia que ela não podia dizer as palavras, mas o Soldado não se importava com isso, se as palavras fossem ditas lá estava ali, pronto para obedecer. Então a Bucky restava apenas assistir a tudo preso dentro da própria mente.

— Eu tenho uma missão pra você, Quebra-Nozes. — A voz feminina sussurrou-lhe, perto demais pra que se sentisse confortável. — Você vai me dar o mundo hoje...

A memória se foi em meio a nevasca, não estava mais lá, estava na neve, uma pequena cidade, uma grande casa. Podia ouvir a própria respiração através da máscara negra, podia ver suas botas afundarem na neve a cada passo.

O Soldado Invernal tinha uma missão e em sua obstinação fria essa só nisso que pensava.

A Estrela Cadente. Localização e extração a qualquer custo. Não havia necessidade de prisioneiros ou sobreviventes. Todo e qualquer obstáculo devia ser eliminado.

Estava ali pela Estrela Cadente. Era isso que a filha do Barão queria...

E então os gritos, vindos de toda a parte. Enfeiteis de natal destruídos. Crianças correndo.

Crianças.

"Por que tem crianças aqui?"

Bucky se debatia na própria mente, tinha que parar.

Crianças.

"Por favor, para, não faz isso" Era tudo que gritava para si mesmo, mas o Soldado no controle só tinha um objetivo, completar a missão.

Sem prisioneiros. Sem sobreviventes. Os obstáculos deviam ser eliminados. Todos eles.

Crianças.

Gritos apavorados.

Sangue na neve

Estava em perseguição.

Olhos dourados e um sorriso infantil.

O gelo rachando sob seus pés.

A água em seus pulmões.

Bucky se debateu para voltar a superfície, mas aquilo era apenas um instinto dentro de si, estava se deixando afundar... Queria isso.

— James... — Ouviu a voz longe, a paisagem ao redor começou a se desfazer...

A gelo deu lugar ao Sol...

Acordou em um salto, a respiração pesada, o suor escorrendo por seu corpo, o pavor correndo gelado por suas veias e mãos quentes e delicadas tocando seu rosto.

— Tudo bem... Acabou agora. — Ouviu a voz feminina dizer de forma doce. — Foi só um pesadelo, James.

Savannah... A realidade veio de uma vez só. Ele piscou algumas vezes e encontrou os olhos avelãs alagados de preocupação.

— Eu não... — E então se afastou dela, vendo seu rosto com mais clareza na penumbra do quarto. — Eu te machuquei?

A examinou com o desespero batendo forte no peito, Savannah estava bem ao lado durante um pesadelo, podia ter perdido o controle, podia...

— Não. — Ela respondeu simples, estendendo a mão para tocar a dele.

Bucky não se convenceu, segurou o braço de Savannah e a examinou com mais cautela, procurado por roxos ou ferimentos, podia ter quebrado o pescoço dela em um segundo. Deus...

— James. — Savannah o tocou com a mão livre e fez com que olhasse pra ela. — Você não me machucou. Eu prometo.

O olhar dela passou firmeza e sinceridade para suas palavras, Bucky assentiu devagar, ainda desnorteado demais para ter pensamentos conexos.

— Me desculpa. — Foi tudo que conseguiu dizer.

— Tudo bem... Já passou. — Sentiu Savannah acariciar seu rosto suavemente por cima da barba. — Não é sua culpa, James. Nada disso é sua culpa.

Respirou fundo. Quis acreditar nela, mas não conseguiu. Apenas se levantou e se afastou, caminhando para o banheiro e jogando água no rosto suado.

Não conseguia tirar o grito das crianças de sua mente. Não conseguia deixar de pensar no que podia ter feito com elas. Era desesperador, o impedia de se acalmar e respirar.

Apoiou na pia tentando encontrar uma maneira de controlar a forma descompassada como o próprio coração batia, foi quando viu a figura feminina iluminar o cômodo com seus fios ruivos e se encostar no batente da porta.

— Eu acho que você estava certa, melhor você ir... — Ele tentou suar natural, passar a noite juntos tinha sido um erro. Era perigoso demais. — Amanhã a gente se encontra antes de ir para o Gus.

Tentou fugir dos olhos castanho-esverdeados, saindo do banheiro.

— James... — Savannah não o deixou passar, quando colocou o braço atravessado no caminho. — Eu não vou pra lugar nenhum. Não vou te deixar sozinho. Principalmente agora. Não é isso que os melhores amigos fazem.

Ela parecia a própria calmaria naquele momento, mas Bucky não conseguia encará-la, não quando se sentia sujo, indigno, um assassino sem escrúpulos.

— Eu podia ter machucado você, Savannah. — Seu maxilar enrijeceu, enquanto seus olhos azuis focavam em um ponto fictício longe dela.

— E eu podia morrer amanhã atropelada por um carro, enquanto atravesso a rua. — A resposta veio sem qualquer alteração na voz calma, era quase um sopro de alento, mas Bucky não sentia que merecia isso naquele momento. — A vida é cheia de possibilidades assustadoras, "podia's" e "se's", o que não podemos fazer é viver com medo do que vai dar errado, porque isso afasta também tudo que "podia" dar certo.

Ela tocou o braço dele, o de vibranium, subindo o toque lentamente, uma caricia doce que Bucky podia sentir através do metal. Ele tremia, talvez de frio por ainda sentir o gelo em seus ossos, talvez por medo das coisas que tinha feito. Coisas que ainda não lembrava totalmente e lhe assombravam.

Savannah tirou a mão do batente e colocou os dedos sobre a barba dele, fazendo um pouco de pressão para que os olhos dos dois se encontrassem.

— Eu só vou sair se você precisar de espaço. — Ela declarou compassiva. — Então seja honesto comigo, você precisa que eu saia pra você se sentir melhor? Ou você só quer que eu saia por causa de um monte de probabilidades assustadoras?

Bucky sabia que ela devia ir, que era o certo e o seguro. Por que, como alguém como ele podia merecer alguém como Savannah em sua vida? Ela devia correr pra longe e nunca mais olhar pra trás. Mas Savannah não faria isso.

Ela não iria a lugar nenhum.

E honestamente Bucky estava cansado demais de tentar afastá-la todas as vezes, não sentia que tinha mais forças pra isso. Será que era egoísmo admitir que a queria por perto, mesmo que soubesse que não merecia isso?

— Eu preciso que você... fique. — Murmurou, sentindo que o peito pesava cem quilos e que o ar doía em seus pulmões.

Savannah assentiu, movendo a cabeça devagar, antes de se aproximar mais alguns passos e envolver Bucky em um abraço. Ele passou os braços ao redor dela lentamente, afundando o rosto nos fios ruivos e deixando que todo o ar saísse de seus pulmões, como se de alguma forma isso fosse amenizar o peso em seu peito.

Uma parte dele talvez jamais fosse capaz de entender o motivo pelo qual ela permanecia, assim como não entendia a necessidade que tinha de manter Savannah por perto, mesmo sabendo o quanto podia ser perigoso e errado. Mas decidiu que aquela noite não faria perguntas sobre isso, tinha medo das respostas...

Porque ali, enquanto escondia o rosto no cabelo de Savannah, Bucky sentia que os próprios horrores não podiam lhe alcançar, como se o sol que ela era pudesse expurgar todos os muitos pecados do Soldado Invernal.

Savannah se afastou alguns passos e puxou Bucky delicadamente para fora do banheiro, mas não voltaram para a cama, ao invés disso ela pegou os travesseiros e os jogou no chão da sala, sobre o tapete felpudo, logo abaixo da janela.

Quando se acomodaram ali, sob a luz da luz que entrava pelos vidros, nada disseram por um longo tempo, apenas ficaram deitados no chão, virados um para o outro, em silêncio, enquanto os dedos de Savannah corriam pelo rosto de Bucky, como se ele fosse apenas uma criança que precisa de alento.

— Quer falar sobre isso? — Ela perguntou, depois de vários minutos.

Bucky suspirou, sabia que podia apena dizer que não, mas a verdade é que as imagens se amontoavam em sua mente e estrangulavam sua garganta. Ele se virou, costas no chão e olhos no teto. Savannah fez o mesmo então, então envolveu a mão direita dele, entrelaçando os dedos, sem insistir em nada.

Nunca falava sobre o Soldado Invernal com ela, na verdade nunca falava sobre isso com ninguém, mas Sam tinha dito há alguns dias que compartilhar os pesadelos podia fazer com que tivessem menos impacto... Bucky sabia que Savannah conhecia os crimes do Soldado por cima, mas falar sobre isso parecia assustador naquele momento.

Ele virou o rosto na direção dela, os olhos correndo as linhas faciais delicadas, que pareciam beijadas pela lua naquele momento. Decidiu que podia tentar, só tentar... Voltou a encarar o teto então, respirando fundo uma vez mais antes de começar.

— Tem essa mulher... Eu nunca vejo o rosto dela. Mas ela é... terrível. — Sentiu que as palavras se formavam em sua garganta quase como se implorassem para sair. Savannah apertou um pouco mais sua mão, passando-lhe algum conforto e confiança. — Eu nunca entendi bem porquê... mas essa noite ela disse as palavras de ativação do Soldado Invernal e deu as ordens, ela queria algo chamado "Estrela Cadente"... Eu não sei o que é, não consigo me lembrar, não sei por que ela queria tanto ou o que isso faz... E eu não vi o rosto dela outra vez, mas a presença dela ainda é... apavorante.

Bucky sentia que suas palavras não faziam muito sentido, e percebeu que o sonho também não fazia, era a sensação que vinha junto que o aterrorizava de alguma forma.

— Tudo bem James, ninguém mais pode te machucar. — Savannah se virou na direção dele, mas não soltou sua mão, apenas apoiando a outra sobre o braço masculino e o esfregando em um gesto de conforto.

Ele franziu as sobrancelhas, sentindo que por estar lúcido, as palavras traziam um certo tipo de pressentimento. Franziu as sobrancelhas com as novas informações e sentimentos que foram se formando em sua mente.

— Eu não acho que ela me machucou. Eu achei no começo, porque tinha asco da sensação do toque dela... mas agora eu acho.... — Ele engoliu em seco e virou o rosto na direção dela. — Savannah, eu sei que ela me mandou fazer uma coisa terrível. E acho que eu fiz...

Lágrimas involuntárias começaram a escorrer dos olhos azuis. Crianças. Ele tinha matado crianças, por isso aquela mulher o aterrorizava tanto, não era apenas o desrespeito por espaço pessoal que ela tinha, não era o modo como o tocava, era o que ela tinha mandado o Soldado Invernal fazer... Bucky tinha nojo do que se tornara por causa dela.

— Olha pra mim. — Savannah se aproximou mais, apoiada no cotovelo, o rosto pairando acima do dele, os dedos delicados apoiados no maxilar masculino. — Não foi você. Nada do que aconteceu foi sua culpa, James.

Ele negou algumas vezes, fechando os olhos para conter as lágrimas. Nunca se odiou tanto quanto naquele momento.

— Como não foi minha culpa? — Riu irônico, movendo a cabeça de um lado para o outro, dizendo a si mesmo que era melhor ter mandado que Savannah fosse embora. — Eu sou só um assassino. Eu sou uma arma.

Abriu os olhos finalmente e encarou Savannah, mas o que viu nas orbes avelãs não foi o que esperava. Ela não estava triste, brava ou decepcionada, sequer estava com pena. Na verdade, Bucky não conseguiu decifrar o que tinha nos olhos dela.

— Então você é uma arma? — Savannah perguntou em um tom neutro demais para a situação.

— Sim. — Bucky respondeu com amargor.

— Certo. — Ela se afastou repentinamente e isso fez com que ele se sentasse para ver onde estava indo.

Savannah saiu da sala e Bucky ouviu uma das gavetas do quarto ser aberta logo em seguida. Franziu as sobrancelhas tentando entender o que estava acontecendo, mas nenhuma de suas teorias mentais o preparou para o momento em que ela voltou, segurando a Glock que ficava guardada ao lado da cama.

— Isso é uma arma, certo? — Ela moveu as mãos para mostrar o objeto, usando um tom quase irônico.

— Está carregada, você vai se machucar. — Foi tudo que Bucky conseguiu dizer ou pensar naquele momento. — Isso é perigoso.

Savannah ajoelhou na frente dele e com uma destreza impressionante, puxou a trava e tirou o pente, sem esquecer da bala que ficava engatilhada e a tirando também.

— Essa é uma simples, semiautomática, sem mira, munição normal... — Ela colocou as peças no chão como se fossem nada. Bucky com certeza não tinha ideia de que ela sabia mexer com armas. — Foi uma dessas que matou a minha mãe, sabia?

— Não... — Ele murmurou, ainda tentando processar tudo que estava acontecendo ali.

— Claro que não, porque eu não te disse "uma Glock G47 matou minha mãe", eu disse "meu pai matou a minha mãe". E ele teria matado com uma Glock, uma faca de caça, um martelo de carne ou um taco de basebol. — Ela declarou de forma amargurada. — As armas podem até facilitar a ação, mas armas não matam pessoas, James, é quem está com o dedo no gatilho que mata.

Bucky entendeu então do que se tratava, mas não esperava ser confrontado daquela forma. Abriu a boca para dizer alguma coisa, mas Savannah não permitiu.

— Você era uma arma, e o seu gatilho eram essas "palavras de ativação" que você mesmo citou, quem quer que dizia as palavras e dava as ordens era responsável por cada morte, não você. Entendeu? — Ela foi muito didática no como como dizia as coisas. — Não é uma opinião, é lógica básica. Ninguém pode discordar de lógica básica.

Não esperava que Savannah usasse o aquele tipo de argumento, porque era algo difícil de refutar, já que usava como princípio uma coisa que o próprio Bucky tinha dito de si.

As mãos delicadas seguraram-lhe o rosto uma vez mais, as duas, uma de cada lado, porque Savannah parecia querer que os olhos e atenção dele fossem totalmente dela.

— Você não é os horrores do seu passado, James. — Declarou firme. — Confia em mim nisso.

E ele quis acreditar nisso, porque com certeza confiava nela, talvez fosse a pessoa viva em quem mais confiasse.

— Se eu não sou o produto do meu passado, quem eu sou então? — Ele jogou cansado, segurando as duas mãos de Savannah, para tirá-las de seu rosto.

— Você é, quem você quiser ser. — Ela retrucou de imediato. — Porque o passado não importa, porque ele já se foi; e o futuro não importa também, porque ainda não chegou.

Bucky franziu as sobrancelhas, Steve tinha dito aquelas mesmas palavras na carta... Não podia ser coincidência.

— Quem te disse isso? — Ele perguntou, enquanto os dois ainda estavam na mesma posição.

— Ninguém, é só uma coisa que eu digo às vezes. — Savannah moveu os ombros casualmente.

Parecia coincidência demais, porém Bucky por algum motivo tomou isso como um sinal; as duas pessoas mais importantes pra ele, tinham dito exatamente a mesma coisa.

Bucky desejou que fosse mesmo um sinal, e depois que Savannah guardou a arma de volta no lugar e os dois deitaram novamente no tapete felpudo ele decidiu que tentaria dar uma chance para essa filosofia de vida.

Podia aceitar que Savannah e Steve estavam certos e que ele próprio estava errado...



Tenham um namorade pra buscar vcs no serviço e fazer jantinha, mas tbm tenham um namorade que console e apoie nos piores momentos (eu amo esses dois é isso)

Eles são tão couple goals que é até injusto com a gente kkkkkkkk SÓ SE CASEM LOGO!

Rolou um certo avanço do Bucky aqui, com questão ao Soldado Invernal, (eu sou muito orgulhosa desses progressos dele) e tbm rolou mais um pedacinho do quebra-cabeças que rola nos sonhos deles, vão montando as teorias de vocês.

Lembrando que a segunda parte desse capitulo eu posto mais tarde.

Beijos e até!

PS: Fluiu bem a narrativa desse jeito ou vcs acharam que ficou truncada?

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